Saturday, November 12, 2005

Vinicius de Moraes: Quem Pagará o Enterro e as Flores se eu me Morrer de Amores? (2005)


A música popular brasileira é cheia de talentos e de artistas que foram fundamentais para a sua transformação e consolidação como uma das escolas mais respeitadas e amadas no mundo todo. O documentário “Vinícius”, do diretor Miguel Faria Jr., como o próprio título confirma, irá falar de Vinícius de Moraes, um dos maiores destaques da música nacional e autor de poemas e de canções que se tornariam clássicas.

“Vinícius” cobre toda a vida do poetinha, desde o seu nascimento em 1913, no Rio de Janeiro, até os momentos que antecederam a sua morte. No entanto, o filme acerta ao dar mais ênfase à importância que Vinícius de Moraes teve para a música brasileira. Por isso, entre uma informação e outra sobre a sua vida pessoal, ficamos sabendo como a atividade musical foi aos poucos invadindo e tomando por completo a vida do diplomata aficionado pelas mulheres.

Para falar sobre Vinícius de Moraes, o diretor Miguel Faria Jr. reuniu um time de primeira: os cantores, compositores e, em alguns casos, parceiros musicais Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Carlos Lyra, Edu Lobo, Carlinhos Vergueiro, Toquinho; as cantoras Miucha e Maria Bethânia; a atriz Tônia Carrero; os escritores Ferreira Gullar e Antonio Candido; além de suas quatro filhas (Susana, Georgiana, Luciana e Maria); dentre tantos outros. Todos eles irão revelar o caráter de Vinícius, descrito por todos como sendo um homem de uma eterna busca. O poetinha vivia perseguindo o amor, a paixão e queria fugir da solidão (temas esses que foram recorrentes em suas composições e poemas). Ao mesmo tempo, estes ilustres amigos revelam o grande conflito da vida de Vinícius: a figuração de sua obra entre os terrenos do erudito e do popular – fato que levou muitos críticos a diminuírem o seu excelente trabalho.

Em paralelo aos relatos e registros de pontos da vida de Vinícius de Moraes, o diretor Miguel Faria Jr. faz uso de um recurso anteriormente utilizado no filme “De-Lovely - Vida e Amores de Cole Porter”, que retratava a vida de Cole Porter, um outro compositor que cantou as dores e as alegrias do amor. Pontuando estes relatos e registros, os atores Camila Morgado e Ricardo Blat participam de um pocket show e declamam poesias de Vinícius; enquanto artistas como Zeca Pagodinho, Mart’Nália, Mônica Salmaso, Olívia Byington, Adriana Calcanhotto, Mariana de Moraes e o violonista Yamandú Costa interpretam canções do poetinha.

Vinícius de Moraes foi fundamental em dois momentos históricos da música popular brasileira: na criação da Bossa Nova e, durante o período denominado de Pós-Bossa, criando um estilo, em parceria com o violonista Baden Powell, que ganhou o nome de Afro-Samba. No entanto, Vinícius transitou por todos os estilos da música – e da cultura – brasileira. “Vinícius”, neste sentido, é mais do que um tributo à vida e à obra do poetinha; e sim um registro de uma época áurea da nossa música. Lembrar de figuras como ele, nos dias atuais, é constatar o estado de agonia em que vive a música popular brasileira, que clama urgentemente pela presença de um sangue novo, de pessoas audazes e verdadeiras como o próprio Vinícius de Moraes.

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