Monday, September 18, 2006

Xeque-Mate (Lucky Number Slevin, 2006)


Toda grande história de vingança do cinema envolve um homem que perdeu aquilo que ele mais amava na vida. Esse também é o caso da maioria dos personagens de “Xeque-Mate”, filme do diretor Paul McGuigan. O diretor começa o seu filme destilando uma série de cenas que mostram a morte de diversas pessoas.

Logo após, a platéia encontra Goodkat (Bruce Willis) em uma cena que poderia ser classificada como o prólogo de “Xeque-Mate”. Goodkat conversa com um homem enquanto ele aguarda o horário de sua viagem. Ele conta a história de um golpe que aconteceu da seguinte maneira: Max era um homem que sonhava em ter uma casa com um bonito jardim. Num belo dia, seu tio escuta uma história de um homem, que, por sua vez, escutou de outro, e assim por diante; que afirmava que um senhor havia dopado um cavalo e que apostar nesse animal era lucro na certa. Max vê, nessa oportunidade, a sua chance de ouro e aposta tudo aquilo que tinha na corrida. O problema foi que o cavalo morreu no meio do páreo e ele passou a dever mais do que o que tinha apostado. Sem poder pagar sua dívida, Max, além de ser morto, viu a sua família ser assassinada também.

Desta pequena história partimos para uma outra – aquela que seria a principal trama de “Xeque-Mate”. Slevin (Josh Hartnett) perdeu o emprego, a namorada e o apartamento tudo num mesmo dia. Ele decide, então, viajar para outra cidade para ficar no apartamento de seu amigo Nick Fisher. Chegando na nova cidade, Slevin é assaltado e vê que sua maré de azar não acabou definitivamente quando dois mafiosos – Chefe (Morgan Freeman) e Rabino (Ben Kingsley) – o confundem com o próprio Nick – que desapareceu – e cobram uma dívida de jogo. Para se livrar da morte, Slevin tem que matar o filho de Rabino para vingar a morte do filho do Chefe.

Num primeiro momento, todas as linhas narrativas de “Xeque-Mate” são independentes uma da outra. No entanto, na medida em que o roteiro de Jason Smilovic vai se desenrolando, a platéia começa a ver a conexão entre tudo o que aconteceu. Nesse sentido, o roteiro de “Xeque-Mate” é um dos pontos altos do filme, pela sua criatividade e capacidade de surpreender. O outro ponto positivo do filme é a direção de Paul McGuigan – que estreou no irregular “Paixão à Flor da Pele”, que também contava com Josh Hartnett no elenco. McGuigan bebe na fonte de Quentin Tarantino e, apesar de criar uma cópia, deixa seu filme com um certo ar de originalidade.

Também é bom destacar as excelentes atuações do elenco de “Xeque-Mate”. Josh Hartnett, um ator que já pecou muito nas escolhas de papéis (“Divisão de Homicídios” e “Pearl Harbor”), empresta para Slevin todo um carisma e faz com que a platéia nunca sinta pena do seu personagem por ele ter estado no local errado na hora errada. Ben Kingsley e Morgan Freeman estão perfeitos como os dois chefões da máfia local. Até Lucy Liu (que interpreta o interesse amoroso do personagem de Hartnett) tem a oportunidade de mostrar seu talento. A única peça destoante é Bruce Willis. Depois de começar 2006 bem, com uma ótima atuação em “16 Quadras”, de Richard Donner, Willis está apenas burocrático como Goodkat.

Cotação: 8,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies

5 comments:

Anonymous said...

Pra mim, nota 9,0, . Bjs!

Kamila said...

Sua nota também é justíssima, Felipe!

Bob: o filme lembra muito Tarantino. Se você gosta dos filmes dele, irá adorar "Xeque-Mate".

Museu do Cinema said...

Kamila, só agora assisti a Xeque-Mate, e gostei muito do que escreveu, achei que fez uma sinopse muito legal, apesar de ser dificil demais fazê-la.

Só discordo em uma coisa, acho que o filme nada tem de Tarantino, todos estão comentando isso, mas acho que da originalidade e cinematografia do Quentin, não tem nada.

Ah, e Paixão à Flor da Pele não é o filme de estreia de Paul McGuigan, e sim o filme Gangster, que é muito bom, com o Paul Bettany, alias, ele ficou famoso com esse papel.

Kamila said...

Valeu pelo comentário e pela correção ao meu texo, Cassiano. Não sabia que o Paul McGuigan tinha um filme anterior ao Paixão à Flor da Pele.

Museu do Cinema said...

Então te indico para assistir Kamila, realmente vale a pena, como vc gostou de Xeque Mate, veja esse.