Wednesday, October 31, 2007

Brando (2007)

Em 1955, quando dava uma entrevista ao programa “Person to Person”, que era apresentado pelo jornalista Edward R. Murrow (o mesmo do excelente “Boa Noite, e Boa Sorte”, de George Clooney), o ator Marlon Brando disse que não poderia e nem tentaria descrever quem ele era. O documentário indicado ao Primetime Emmy Awards 2007, “Brando”, das diretoras Mimi Freedman e Leslie Greif, e que foi produzido pelo canal Turner Classic Movies, tenta oferecer uma resposta mais digna a este questionamento.

O filme – através de depoimentos do próprio Marlon Brando, de familiares, de amigos, colegas de trabalho e admiradores – conta um pouco sobre a tumultuada vida pessoal do ator e fala bastante sobre seu trabalho no cinema e no teatro. Dando um enfoque mais que especial ao impacto que a sua maneira de atuar iria causar em toda uma nova geração de atores norte-americanos – dentre os quais podemos destacar os nomes de Robert de Niro, Meryl Streep, Al Pacino e Robert Duvall (que são descendentes diretos de Brando e, por si sós, influências aos atores da atualidade).

No documentário, as diretoras destacam também as circunstâncias que fizeram de Marlon Brando o maior ator norte-americano de todos os tempos. Na realidade, ele deve este título a dois encontros muito especiais. O primeiro deles, com Stella Adler, a descobridora do Método ensinado por escolas como o Actors Studio, e que foi a grande professora e mentora do ator. O segundo deles, com o diretor Elia Kazan, com quem Brando realizaria trabalhos relevantes – tanto no cinema, como no teatro – e com quem o ator alcançaria um nível de atuação que ele só conseguiria repetir naquela que foi a sua grande volta depois de vários fracassos consecutivos, no filme “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola.

A maior qualidade de “Brando” reside no fato de que o documentário parece uma reunião de amigos que se sentam juntos para relembrar alguém que eles amavam e com quem se divertiam bastante. As histórias que nomes como Elia Kazan, James Caan, Robert Duvall, Al Pacino, Arthur Penn, Johnny Depp, Cloris Leachman e seu marido George Englund, entre outros, compartilham conosco são deliciosas e oferecem toda uma nova perspectiva sobre o mito que Marlon Brando é. No entanto, nenhuma dessas intervenções se compara às que são feitas pelo ator John Turturro – um grande fã de Brando e que parece uma criança falando de alguém que é mais que um ídolo para ele. O brilho nos olhos de Turturro ao falar de Marlon Brando é a maior prova do legado que o ator deixou para toda uma série de pessoas que entram em contato com a sua obra.

Cotação: 7,0

Brando (2007)
Direção:
Mimi Freedman e Leslie Greif
Roteiro: Mimi Freedman
Com os depoimentos de: Marlon Brando, Ellen Adler, Jane Fonda, George Englund, John Turturro, Al Pacino, Martin Landau, Dennis Hopper, Johnny Depp, Karl Malden, Eli Wallach, Quincy Jones, Cloris Leachman, Jon Voight, Tennessee Williams, Martin Scorsese, Budd Schulberg, Arthur Penn, Sean Penn, Edward Norton, Harry Dean Stanton, John Gielgud, entre outros.

Tuesday, October 30, 2007

Rapidinhas Sobre a Awards Season 2008

- No Rome Film Festival, o grande vencedor foi a comédia “Juno”, do diretor Jason Reitman (“Obrigado por Fumar”), que, aos poucos, vem construindo sua trajetória rumo ao Oscar 2008. O júri composto por 50 cinéfilos reconheceu também o filme “Hafez”, do diretor iraniano Abolfazl Jalili e o diretor Sean Penn, que ganhou o Sponsor’s Award pelo trabalho no filme “Into the Wild”.

- Além do prêmio no Rome Film Festival, Sean Penn conquistou a estaueta de melhor diretor do ano pelo seu trabalho em “Into the Wild”, no 19th Palm Springs International Film Festival. O filme é o quarto a ser dirigido pelo ator e ainda recebeu o prêmio de melhor atuação masculina para o jovem Emile Hirsch. Outros vencedores do Palm Springs International Film Festival são: Marion Cotillard (Melhor Atriz por “Piaf – Um Hino ao Amor”) e Nikki Blonsky (Revelação por “Hairspray – Em Busca da Fama”). Os prêmios serão entregues no dia 05 de Janeiro de 2008.

- O ator espanhol Javier Bardem receberá o Montecito Award no Santa Barbara Film Festival. O prêmio “reconhece um ator ou atriz que deu uma série de clássicas e destacadas performances”. Bardem é um dos favoritos a estar na lista do Oscar pela sua interpretação no filme “No Country for Old Men”, dos irmãos Joel e Ethan Coen. Além deste filme, poderá ser visto também na adaptação de “Amor em Tempos de Cólera”, do diretor Mike Newell. Atualmente, o ator espanhol está em negociações para interpretar o papel principal de “Nine”, musical inspirado pela obra “8 ½”, de Federico Fellini, e que será dirigido por Rob Marshall (“Chicago”). Javier Bardem receberá o Montecito Award numa cerimônia que acontece no dia 28 de Janeiro de 2008.

Monday, October 29, 2007

Hairspray - Em Busca da Fama (Hairspray, 2007)

Quem vivia, no final dos anos 50, na cidade de Baltimore, aprendeu, desde cedo, que ser diferente era muito errado. Por lá, negros e brancos viviam completamente separados. Enquanto estes poderiam fazer de maneira aberta todas as atividades normais do dia-a-dia, aqueles eram obrigados a se esconder nas salas de suspensão ou nos bairros distantes. A realidade era a mesma no programa mais popular da TV de Baltimore, o “The Corny Collins Show”. Por mais que o apresentador (James Marsden) defendesse a integração racial, quem mandava mesmo era a diretora da emissora, a ex-Miss Baltimore Crabs Velma Von Tussle (Michelle Pfeiffer, ótima como a vilã), e os negros tinham somente um dia no mês para mostrar sua cultura, em um programa comandado por Motormouth Maybelle (Queen Latifah).

Inserida nesta realidade, podemos dizer que a jovem Tracy Turnblad (a estreante Nikki Blonsky) era também completamente diferente. Não, ela não era negra; e sim, possuía uma aparência rechonchuda, que fugia dos padrões de beleza vistos no seu tão amado “The Corny Collins Show” – alguma diferença para os dias de hoje?. A característica principal de Tracy é que ela mantém o otimismo e é extremamente sonhadora. Ela acredita piamente que, um dia, poderá fazer parte do grupo descolado de jovens que dançam diariamente no programa de TV. Com o total apoio do pai, Wilbur (Christopher Walken), que a encoraja a ir em busca de seus sonhos; Tracy tem que lidar com o realismo de sua mãe, Edna (John Travolta, numa performance como há muito tempo não se via dele), que não quer que a filha se decepcione.

Baseado no filme de John Waters e no popular musical da Broadway vencedor de oito prêmios Tony, “Hairspray – Em Busca da Fama”, do diretor Adam Shankman, acompanha a pequena revolução que acontece na cidade de Baltimore quando a jovem de pensamento aberto Tracy Turnblad consegue fazer com que seu maior sonho se realize. Entretanto, aqui, a roteirista Leslie Dixon (de “Sexta-Feira Muito Louca” e “A Corrente do Bem”) foge do erro cometido por Bill Condon (que adaptou “Dreamgirls – Em Busca de um Sonho”, um outro popular musical da Broadway, e inseriu a luta dos movimentos sociais negros na história de seu filme). Ao tratar da discussão de integração racial, ela aborda o tema com a característica maior do musical: a alegria e a verdade, de um jeito que a situação não fique solta dentro da história de “Hairspray – Em Busca da Fama”.

De vez em quando, o cinema nos apresenta filmes que fazem com que a gente se sinta bem mais leve e totalmente felizes. “Hairspray – Em Busca da Fama” é um desses filmes. Nele, o diretor Adam Shankman – cujo currículo, até agora, constava de filmes bastante regulares, como “Operação Babá”, “O Casamento dos Meus Sonhos” e – o mais famoso deles – “Um Amor Para Recordar” – realiza um trabalho surpreendente com reconstituição de época perfeita e números musicais extremamente vibrantes e muito bem executados.

Além disso, a maior força de “Hairspray – Em Busca da Fama” vem do seu elenco – que está excelente nas cenas dramáticas e musicais. E, no grupo, quem brilha é a estreante Nikki Blonsky. A personalidade de sua Tracy lembra em muito a de outra deslocada famosa do momento: a adorável Betty Suarez (America Ferrera), personagem principal do seriado “Ugly Betty”. As duas vêm de uma família que possui fortes valores; são inocentes, mas não ingênuas; acreditam na verdade e no talento; e, principalmente, aceitam – e se orgulham – de suas diferenças. É impossível não torcer por Tracy ou por Betty. Ainda mais quando o que elas nos dizem é que o mais importante é sermos nós mesmos, não importa o que os outros tenham a dizer.

Cotação: 9,6

Hairspray - Em Busca da Fama (Hairspray, EUA, 2007)
Diretor(es): Adam Shankman
Roteirista(s): Leslie Dixon
Elenco: John Travolta, Michelle Pfeiffer, Christopher Walken, Amanda Bynes, James Marsden, Queen Latifah, Brittany Snow, Zac Efron, Elijah Kelley, Allison Janney, Nicole Blonsky, Taylor Parks, Paul Dooley, Jerry Stiller, Darren Frost

Friday, October 26, 2007

As Leis de Família (Derecho de Familia, 2006)

Em uma das cenas do drama “As Leis de Família”, do jovem roteirista e diretor argentino Daniel Burman (que foi co-produtor de “Diários de Motocicleta”, filme do brasileiro Walter Salles), o advogado Ariel Perelman (o ator uruguaio Daniel Hendler, numa ótima atuação) pergunta à esposa Sandra (Julieta Díaz) o por quê de ela ter se apaixonado por ele. A resposta dela: enquanto ela ainda estava perdida, sem saber ao certo o que seria; ele já tinha certeza do que era e passava uma segurança tremenda para os outros.

Na realidade, como nós bem veremos no decorrer do filme, Ariel pouco sabe sobre ele mesmo. Ele seguiu a mesma profissão que o pai, Bernardo Perelman (Arturo Goetz, também em uma ótima atuação): a advocacia; mas, na essência, os dois são muito diferentes um do outro. Enquanto este leva uma vida alegre, atendendo a uma série de pequenos – e fiéis – clientes; aquele leva uma vida completamente organizada e sem muitas emoções ao desempenhar as funções de defensor público e de professor universitário – para termos uma idéia, o momento em que Ariel mais se arriscou foi quando quis conquistar Sandra, que foi sua ex-aluna na faculdade e deixou os estudos para se tornar professora de Pilates.

A trama de “As Leis de Família” segue um momento particular da vida de Ariel em que ele está com bastante tempo livre, por causa da interdição do prédio aonde ele trabalha. Sabendo disso, seu pai começa a procurá-lo com mais urgência, querendo dividir seu dia-a-dia com ele e interessado em uma maior proximidade. E a esposa Sandra começa a exigir que seu marido participe mais da vida escolar e das atividades extraclasses do filho Gastón (o fofíssimo Eloy Burman). E, entre um e outro, Ariel descobre a sua verdadeira identidade, aquilo que ele é de verdade.

O cinema é cheio de histórias que retratam a tão peculiar relação que se estabelece entre uma mãe e uma filha – “Lembranças de Hollywood”, “Laços de Ternura”, “Um Amor Verdadeiro”, “Lado a Lado”, “Minha Mãe Quer que Eu Case” e “Volver” são somente alguns exemplos de filmes assim. No entanto, foram poucas as obras que exploraram a relação entre pai e filhos – “O Sol Nasce Para Todos”, “Kramer vs Kramer”, “Sobre Pais e Filhos”, “Tempo de Recomeçar” e “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas” podem ser citados nesse grupo. “As Leis de Família” é um filme que aborda um diferente lado da relação entre pai e filho. Quando fala da dinâmica entre Ariel e Bernardo, vemos o filho como uma extensão do pai. Quando mostra a relação entre Gastón e Ariel, exalta a tentativa do que um dia virá a ser esta influência do pai – ela não pode ser forçada, tem que ser natural. E o filme é um daqueles que vão pegando a gente aos poucos, a ponto de chegarmos na última cena (que mostra a encenação da pecinha escolar da turma de Gastón) e não podermos segurar as lágrimas.

Cotação: 8,0

As Leis de Família(Derecho de Familia, Argentina, Itália, Espanha, França, 2006)
Diretor(es):
Daniel Burman
Roteirista(s): Daniel Burman
Elenco: Daniel Hendler, Arturo Goetz, Eloy Burman, Julieta Díaz, Adriana Aizemberg, Jean Pierre Reguerraz, Dmitry Rodnoy, Luis Albornoz, Darío Lagos, Damián Dreizik, Gerardo del Águila, Eduardo Santoro, Ismael Troitiño, Pablo Razuk, Marcos Montes

Thursday, October 25, 2007

Instinto Secreto (Mr. Brooks, 2007)

Em “Manhunt”, um dos episódios da – até agora – fantástica terceira temporada do seriado “The Closer”, a equipe da Deputy Chief Brenda Leigh Johnson (Kyra Sedgwick) tenta desvendar a identidade de um famoso serial killer da região que havia passado alguns anos sem fazer novas vítimas. O que a equipe descobre é que, enquanto esteve casado, o assassino deixou de atuar, voltando à ativa somente após descobrir que sua esposa iria se casar novamente.

No caso do serial killer – e personagem principal do filme “Instinto Secreto”, do diretor Bruce A. Evans (que co-escreveu o roteiro do filme ao lado de Raynold Gideon) – Earl Brooks (Kevin Costner), a pausa nos crimes se deu pela vontade de levar uma vida normal e que não oferecesse riscos à esposa Emma (Marg Helgenberger, atriz do seriado “C.S.I. – Crime Scene Investigation”) e à filha Jane (Danielle Panabacker). No entanto, o estopim para a sua volta não foi uma razão sentimental, e sim o instinto mesmo que ele tem de matar outras pessoas.

Brooks é extremamente cuidadoso em seus crimes e age de maneira nada suspeita, tendo em vista que é um empresário famoso, o Homem do Ano na cidade aonde mora, um marido amoroso e um pai compreensivo. Toda essa “invisibilidade” é colocada em risco quando ele é fotografado pelo Sr. Smith (Dane Cook, num papel completamente diferente de tudo o que ele fez até agora na carreira) em uma das cenas de crime. O Sr. Smith tem um peculiar interesse pelo hobby do Sr. Brooks e, em troca da manutenção de seu segredo, pede que este o leve em todas as suas expedições criminosas.

“Instinto Secreto” encontra seus melhores momentos quando aborda a rotina diária da família Brooks e todo o relacionamento que se estabelece entre o Sr. Brooks, Marshall (William Hurt) – que é uma espécie de voz interior do serial killer – e o Sr. Smith. O filme, no entanto, por vezes se perde em uma trama paralela que envolve a tentativa de acordo de divórcio entre a Detetive Tracy Atwood (Demi Moore) – a encarregada pela investigação dos crimes cometidos por Brooks – e o interesseiro Jesse Vialo (Jason Lewis).

Se os melhores momentos do filme são aquelas cenas em que vemos a vida dupla do Sr. Brooks, fica óbvio que quem brilha no filme é a dupla Kevin Costner e William Hurt. Deliciosamente irônicos e, algumas vezes, completamente exagerados, os dois formam um par completamente inusitado e que faz com que “Instinto Secreto” não seja metade da bomba que prometia ser.

Cotação: 4,0

Instinto Secreto (Mr. Brooks, EUA, 2007)
Diretor(es): Bruce A. Evans
Roteirista(s): Bruce A. Evans, Raynold Gideon
Elenco: Kevin Costner, Demi Moore, Dane Cook, William Hurt, Marg Helgenberger, Ruben Santiago-Hudson, Danielle Panabaker, Aisha Hinds, Lindsay Crouse, Jason Lewis, Reiko Aylesworth, Matt Schulze, Yasmine Delawari, Michael Cole, Jim Farnum

Wednesday, October 24, 2007

Saneamento Básico - O Filme (2007)

Praticar arte no Brasil é muito difícil. Fazer cinema, então, nem se fala. Para os cineastas, não basta seguir a idéia romântica de “idéia na cabeça e uma câmera na mão”. A partir do momento em que se tem o roteiro, se tem início a uma verdadeira jornada em busca de financiamento (na maior parte, estatal, com complementos de patrocínios privados). Muitas vezes, até chegar à grande tela, o processo de se completar um filme pode levar até cinco anos, por exemplo. “Saneamento Básico – O Filme”, do diretor e roteirista Jorge Furtado, faz uma crítica a todo essa dificuldade que é imposta àqueles que tentam estabelecer uma indústria cinematográfica no Brasil.

Cansados de esperar que a Prefeitura local faça uma obra de construção de uma fossa na cidade aonde moram – o rio da localidade exala um cheiro terrível –, moradores de uma comunidade gaúcha de descendentes de imigrantes italianos resolvem apelar para uma saída esperta e tipicamente brasileira. Seguindo a sugestão de uma funcionária da sub-prefeitura, a comissão de habitantes formada pelo casal Marina (Fernanda Torres) e Joaquim (Wagner Moura) decide conseguir a verba para a construção de outra forma: ao usar os 10 mil reais que serão destinados ao projeto vencedor para fazer um filme de ficção de teor educativo.

A grande graça do filme é ter que assistir a este grupo de habitantes, que não tem a mínima noção de linguagem cinematográfica ou da dificuldade que é criar um roteiro, conseguir patrocínio (como o dinheiro do financiamento estatal será totalmente destinado à obra, para manter a farsa eles precisarão de um patrocínio externo), entre outras coisas, tentando colocar a idéia deles em prática. O filme que eles criam – e que possui papel tão importante na narrativa quanto qualquer outro personagem de “Saneamento Básico – O Filme” – e que se chama “O Monstro do Fosso”, segue Silene (Camila Pitanga) e seu namorado Fabrício (Bruno Garcia) em uma noite tenebrosa no rio da comunidade, na qual eles serão atormentados pelo monstro interpretado por Joaquim.

“Saneamento Básico – O Filme” é uma comédia que tem várias críticas sutis. A primeira delas é à burocracia que a comissão enfrenta para poder ver seu projeto ser qualificado como o vencedor do concurso. A segunda é aos políticos oportunistas que investem, no caso do filme, em obras necessárias ao bem-estar da população ou em projetos culturais somente no momento em que for conveniente para eles. Jorge Furtado cria um dos filmes mais engraçados – e irônicos – do ano, em que brilha o seu ótimo elenco – além dos atores já citados, passam na tela atores como Paulo José, Lázaro Ramos, Tonico Pereira, Lúcio Mauro Filho, dentre outros.

Cotação: 6,5

Saneamento Básico, O Filme (Saneamento Básico, O Filme, Brasil, 2007)
Diretor(es):
Jorge Furtado
Roteirista(s): Jorge Furtado
Elenco: Marcelo Aquino, Irene Brietzke, Felipe De Paula, Bruno Garcia, Paulo José, Sérgio Lulkin, Janaína Kremer, Wagner Moura, Margarida Leoni Peixoto, Tonico Pereira, Camila Pitanga, Sandra Possani, Lázaro Ramos, Fernanda Torres, Milene Zardo

Tuesday, October 23, 2007

Awards Season 2008 - Hollywood Awards

E a corrida ao Oscar começou para valer em Hollywood. No dia 22 de Outubro, além do anúncio dos indicados à 17a. edição do Gotham Awards, prêmio que celebra o melhor da indústria cinematográfica independente, aconteceu a entrega dos prêmios Hollywood Awards, um evento que encerra a programação da 11a. edição do Hollywood Film Festival e que é visto, em Hollywood, como a primeira parada obrigatória antes do Oscar.

Num jantar de gala que reuniu mais de 1200 membros da indústria, foram premiados, nas seguintes categorias:

- "300" (People's Choice Awards)
- "Ratatouille" (Hollywood Animation of the Year)
- "Hairspray - Em Busca da Fama" (Hollywood Ensemble Acting of the Year)
- Richard Gere, "O Vigarista do Ano" (Hollywood Actor of the Year)
- John Travolta, "Hairspray - Em Busca da Fama" (Hollywood Supporting Actor of the Year)
- Casey Affleck, "O Assassinato de Jesse James" e "Gone Baby Gone" (Hollywood Breakthrough Actor of the Year)
- Marion Cotillard, "La Vie en Rose" (Hollywood Actress of the Year)
- Jennifer Connelly, "Reservation Road" (Hollywood Supporting Actress of the Year)
- Ellen Page, "Juno" (Hollywood Breakthrough Actress of the Year)
- Marc Forster, "O Caçador de Pipas" (Hollywood Director of the Year)
- Ben Affleck, "Gone Baby Gone" (Hollywood Breakthrough Director of the Year)
- Christopher Hampton, "Desejo e Reparação" (Hollywood Screenwriter of the Year)
- Diablo Cody, "Juno" (Hollywood Breakthrough Screenwriter of the Year)
-Neil Maron e Craig Zadan, "Hairspray - Em Busca da Fama" e "The Bucket List" (Hollywood Producers of the Year)
- "Transformers" (Hollywood Visual Effects of the Year)

Os prêmios em homenagem à carreira foram entregues ao diretor de fotografia Stephen Goldblatt ("Charlie Wilson's War"), ao editor Joe Hutsching ("Lions for Lambs"), ao compositor Mark Isham ("Reservation Road" e "Lions for Lambs") e ao diretor de arte Dante Ferretti (um habitual colaborador do diretor Martin Scorsese e que trabalhou no filme "Sweeney Todd - The Demon Barber of Fleet Street").

Nos últimos quatro anos, os recipientes do Hollywood Awards conquistaram o total de 54 indicações ao Oscar, das quais 12 terminaram na conquista da estatueta.

Monday, October 22, 2007

Superbad - É Hoje (Superbad, 2007)

Na década de 80, filmes como os da série “Porky’s” popularizaram um tipo de história: a que retratava jovens estudantes do colegial que estavam loucos para perder a sua virgindade. Filmes como esse, que viriam ficar bem populares nas tão famosas sessões da tarde, eram marcantes também pelo humor juvenil, com piadas de teor sexual ou de duplo sentido. Uma fórmula que foi resgatada, no final da década de 90, pelos filmes da série “American Pie” – sendo que agora, além do humor juvenil, tínhamos também aquelas cenas escatológicas (a mais famosa seria a que o personagem de Jason Biggs tentava transar com uma torta).

A comédia “Superbad – É Hoje”, que foi escrita pela dupla de amigos Seth Rogen (visto recentemente em “Ligeiramente Grávidos”) e Evan Goldberg, e dirigida por Greg Mottola (seus créditos mais conhecidos incluem a direção de episódios das séries “Arrested Development” e “The Comeback”), tenta justamente recuperar o espírito de filmes como “Porky’s”. Nela, acompanhamos a história de dois amigos de infância, Seth (Jonah Hill, também visto em “Ligeiramente Grávidos”) e Evan (Michael Cera). A dupla está prestes a se separar – tendo em vista que vão cursar faculdades diferentes – e decidem aproveitar as duas últimas semanas de aula para tentar conquistar uma namorada para passar o Verão e chegar na faculdade como mestres na arte do amor.

O problema é que Seth e Evan não são do tipo que recebem inúmeros convites para as festas. Portanto, quando Jules (Emma Stone), a garota na qual Seth está de olho, o convida para sua festa; os dois amigos chegam à conclusão de que esta é a oportunidade de ouro para conseguir o que querem. Sendo que as táticas de conquistas deles são bem diferentes. Seth acredita que embebedar Jules será a receita certa para conseguir o que quer. Já Evan, que está caidinho por Becca (Martha MacIsaac), acha que a melhor saída é ser honesto com ela a respeito de seus sentimentos. A princípio, a tática de Seth vencerá e, para conseguir as bebidas para a festa de Jules, os dois amigos irão precisar da ajuda de Fogell (o estreante Christopher Mintz-Plasse) – o único do grupo que possui identidade falsa.

No geral, a trama de “Superbad – É Hoje” acompanha Seth, Evan e Fogell no dia da festa de Jules e todas as confusões em que eles irão se envolver – o caminho deles até irá se cruzar com os dos policiais Slater (Bill Hader) e Michaels (Seth Rogen). O filme tem cenas divertidíssimas, sem nunca apelar para o mau gosto, e se apóia nas boas performances de seu jovem elenco. De todas as caras novas que vemos na tela durante o filme, é bom prestar atenção na de Michael Cera. Um ator que foi revelado no excelente seriado “Arrested Development” e que, em 2007, tem tido um excelente ano no cinema. Além de “Superbad – É Hoje” (a comédia de maior sucesso no ano), o nome de Cera pode ser visto no elenco de “Juno”, o segundo filme do diretor Jason Reitman (de “Obrigado por Fumar”), e que foi a grande sensação do Toronto International Film Festival (de onde saiu cotadíssimo para o Oscar 2008).

Cotação: 6,5

Superbad - É Hoje (Superbad, EUA, 2007)
Diretor(es):
Greg Mottola
Roteirista(s): Seth Rogen, Evan Goldberg
Elenco: Jonah Hill, Michael Cera, Christopher Mintz-Plasse, Bill Hader, Seth Rogen, Martha MacIsaac, Emma Stone, Aviva, Joe Lo Truglio, Kevin Corrigan, Clement E. Blake, Erica Vittina Phillips, Joseph A. Nunez, Dave Franco, Marcella Lentz-Pope

Friday, October 19, 2007

A Pele (Fur - An Imaginary Portrait of Diane Arbus, 2006)

Quando encontramos Diane Arbus (Nicole Kidman), na primeira cena de “A Pele”, do diretor Steven Shainberg, ela está a caminho de um campo de nudismo, local que seria o objeto principal de sua próxima série de fotografias. Os adeptos do naturalismo foram somente um dos personagens da obra de Arbus. Ela também entrou em contato com anões, pessoas com sérios distúrbios mentais, homens que se travestiam de mulher; bem como retratou elementos rotineiros, como uma decoração de Natal e um jovem em plena passeata pró-Guerra do Vietnã, entre tantos outros.

Todos estes personagens, de uma certa maneira, estão representados pela figura de Lionel Sweeney (Robert Downey Jr.), o vizinho de Diane Arbus, e pessoa que – de acordo com o roteiro de Erin Cressida Wilson, tendo como base o livro de Patricia Bosworth – marcará a grande virada na vida de Arbus: o momento em que ela deixa de ser a assistente de seu marido Allan (Ty Burrell) no estúdio fotográfico familiar que eles mantinham, e vai procurar escutar a sua própria voz, fazendo as suas próprias fotografias.

“A Pele” não é uma biografia convencional, ou seja, não retrata a vida de Diane Arbus pela ótica de seu ambiente familiar (do contato com os pais ricos e donos de uma loja que vendia casaco de peles e roupas femininas; ou do relacionamento estabelecido com o marido Allan e as duas filhas Grace e Sophie), de seu sucesso profissional (a obra de Arbus foi marcada pelo interesse no indivíduo, pela vontade de trocar experiências e de se conectar com outros seres) e de seu trágico fim (ela cometeu suicídio em 1971, aos 48 anos). O objetivo de Erin Cressida Wilson e do diretor Steven Shainberg é fazer um retrato imaginário do momento em que Diane Arbus assumiu o seu gosto pelos indivíduos que viviam às margens da sociedade e que ofereciam um retrato bem mais interessante do que o mundo da cultura de consumo e das necessidades materiais, de riqueza e de luxo (leia-se o mundo em que ela mesma vivia e que era difundido pelas fotografias de seu marido). Neste sentido, o ponto forte do filme se encontra no tipo de troca que Diane estabelece com Lionel e seu estranho grupo de amigos.

É através do relacionamento entre Lionel e Diane que vemos também um dos elementos principais da personalidade da Diane fotógrafa e da Diane mulher. Ela não criava um ambiente para as suas fotografias. Arbus ia onde a foto estava e abordava seus personagens em bares, clubes e ruas. Diane se interessava pelas histórias de vida daqueles a quem ela fotografava. Ela conversava com eles, os deixava completamente à vontade; para, só depois, flagrá-los naquilo que os teóricos chamam de momento decisivo para se fazer a fotografia. Assim como acontecia com a obra de Diane Arbus, com “A Pele”, o diretor Steven Shainberg faz um filme muito interessante do ponto de vista visual (aqui, podemos destacar também o ótimo trabalho do diretor de fotografia Bill Pope, do diretor de arte Nick Ralbovsky e do figurinista Mark Bridges) e que mostra uma visão de mundo diferente e nada imaginária. Ela é totalmente verdadeira com o seu personagem principal.

Cotação: 7,5

A Pele (Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus, EUA, 2006)
Diretor(es):
Steven Shainberg
Roteirista(s): Erin Cressida Wilson
Elenco: Nicole Kidman, Robert Downey Jr, Ty Burrell, Harris Yulin, Jane Alexander (1), Emmy Clarke, Genevieve McCarthy, Boris McGiver, Marceline Hugot, Mary Duffy, Emily Bergl, Lynne Marie Stetson, Gwendolyn Bucci, Christina Rouner, Matt Servitto

Thursday, October 18, 2007

Stardust - O Mistério da Estrela Cadente (Stardust, 2007)

Os roteiros de filmes de aventura, na sua maioria, colocam um herói ou uma heroína fora do local que eles chamam de lar, vivendo uma jornada que irá marcar a vida dele (a) para sempre. O roteiro de “Stardust – O Mistério da Estrela Cadente”, que foi escrito por Jane Goldman e Matthew Vaughn (tendo como base a graphic novel de Neil Gaiman e Charles Vess), possui a mesma estrutura. Tristan (Charlie Cox) vive em uma pequena cidade do interior, aonde leva uma vida simples morando com o pai e trabalhando como balconista em uma loja de mantimentos. Ele se apaixonou por Victoria (Sienna Miller) e fará tudo para conquistar o amor dela. Numa bela noite, enquanto olham a paisagem, o jovem casal vê uma estrela cadente caindo. É aí que vem a promessa que irá mudar a vida de Tristan: se ele trouxer a estrela cadente para Victoria, terá a mão dela em casamento.

Portanto, “Stardust – O Mistério da Estrela Cadente”, filme do diretor Matthew Vaughn, segue a jornada de Tristan em um reino misterioso que fica localizado atrás das muralhas de sua cidade. Nesta viagem, Tristan irá amadurecer, descobrirá o que é amor verdadeiro, terá uma surpresa agradável – a estrela aparece para ele na forma de Yvaine (Claire Danes) –, encontrará figuras interessantes – o Capitão Shakespeare (Robert de Niro) e sua trupe de piratas, o vendedor Ferdy (Ricky Gervais) – e, para defender Yvania, enfrentará alguns inimigos – a bruxa Lamia (Michelle Pfeiffer) e o príncipe Septimus (Mark Strong).

“Stardust – O Mistério da Estrela Cadente” era um filme que deveria ter sido dirigido por Terry Gilliam, mas, como ele havia acabado de fazer “Os Irmãos Grimm”, não queria repetir o tema de conto de fadas. A decisão dos produtores em contratar Matthew Vaughn (do ótimo “Nada é o que Parece”) se revelou a mais acertada. O diretor inglês realiza um bom trabalho, em um filme que tem uma produção bem caprichada e que se apóia no carisma de seus atores. Charlie Cox, Michelle Pfeiffer e Robert de Niro brilham em um filme que, se não repetiu o sucesso de outros filmes do gênero (tendo em vista que arrecadou quase 39 milhões de dólares somente nos EUA), com certeza não faz feio se comparado a estas obras.

Cotação: 7,0

Stardust - O Mistério da Estrela Cadente (Stardust, Inglaterra, EUA, 2007)
Diretor(es): Matthew Vaughn
Roteirista(s): Jane Goldman, Matthew Vaughn
Elenco: Charlie Cox, Claire Danes, Robert De Niro, Sienna Miller, Michelle Pfeiffer, Jason Flemyng, Rupert Everett, Ian McKellen, Peter O'Toole, Henry Cavill, Ricky Gervais, Ben Barnes, Dexter Fletcher, Sarah Alexander, Mark Strong

Wednesday, October 17, 2007

Rio de Janeiro Recebe "The Incredible Hulk"

Depois da cidade de São Paulo (que foi locação para cenas de “Blindness”, a nova produção estrangeira do diretor brasileiro Fernando Meirelles), chegou a vez do Rio de Janeiro receber as filmagens de uma produção norte-americana. De acordo com o site “Omelete”, na primeira semana de novembro, a equipe do diretor francês Louis Leterrier desembarca na Favela de Tavares Bastos, que fica localizada no Cadete, para a filmagem de cenas que fazem parte da primeira parte do blockbuster da Marvel Comics, “The Incredible Hulk”.

“O Brasil é um dos locais onde o Dr. Banner pesquisa uma cura para a sua condição, testando remédios com ervas locais. Quando um produto nos EUA, oriundo do Brasil, tem teores de radiação gama identificados na sua composição, o exército comandado pelo General Ross desembarca por aqui atrás do Hulk”, afirma o jornalista Marcelo Hessel na matéria do site “Omelete”.

Do elenco principal do filme, devem viajar para o Brasil os atores Edward Norton (que interpreta Bruce Banner) e Tim Roth (que será o oficial Emil Blonsky, o futuro vilão Abominável). Além dos dois, ainda estão no elenco do filme os atores Liv Tyler, William Hurt, Tim Blake Nelson e Christina Cabot. “The Incredible Hulk” estréia, nos EUA, no dia 13 de Junho de 2008.

Tuesday, October 16, 2007

Longford (2006)

Em 1964, a polícia londrina desvendou aquele que seria chamado de “o crime do século” no país. Um casal, formado por Ian Brady (Andy Serkis, o homem por trás da criatura Gollum, na trilogia “O Senhor dos Anéis”) e Myra Hyndley (Samantha Morton), foi responsável pela morte de cerca de oito crianças. Um crime brutal e que comoveu a opinião pública inglesa.

Um dos personagens mais importantes na discussão desses crimes foi o Lorde Frank Longford (interpretado por um irreconhecível Jim Broadbent), membro proeminente da sociedade inglesa, bem como da Câmara dos Lordes. O telefilme “Longford”, do diretor Tom Hooper (da minissérie “Elizabeth I”) e do roteirista Peter Morgan (o mesmo de “A Rainha” e “O Último Rei da Escócia”), segue o trabalho que Longford realizava com os presos ingleses e, em especial, o relacionamento que estabeleceu com Myra Hyndley – durante anos, ele iria lutar a favor da liberdade condicional para ela.

O roteirista Peter Morgan utiliza a personalidade e o trabalho do Lorde Frank Longford para fazer um importante debate: existe a possibilidade de reinserção na vida em sociedade, no caso de uma assassina fria – e calculista – como Myra Hyndley? Ou criminosos como ela têm mais é que mofar na cadeia? Para ilustrar essa discussão, Tom Hooper e Morgan utilizam imagens de arquivo, de noticiários e programas sobre o caso (com entrevistas dos pais das crianças que foram vítimas do casal); bem como dos fortes argumentos de Longford – que vira uma persona non grata dentro de seu próprio país, além de colocar em risco o relacionamento com sua família.

Do ponto de vista estético, a direção de Tom Hooper se assemelha muito ao trabalho que Stephen Frears realizou em “A Rainha”. Tudo em “Longford” é muito discreto e chama a atenção o fato de que o trabalho de reconstituição de época é simplesmente perfeito – a competência do telefilme foi reconhecida com as cinco indicações conquistadas no Emmy 2007. No entanto, o grande trunfo de “Longford” são mesmo o roteiro de Peter Morgan e as excelentes atuações do trio Jim Broadbent, Samantha Morton e Lindsay Duncan (que interpreta Lady Elizabeth, a esposa de Longford).

“Longford” marca mais uma investida do roteirista Peter Morgan no segmento dos filmes com temas políticos e sociais. Sendo que, ao invés de uma rainha dividida entre o seu papel e o que o seu povo deseja, ou um jovem médico seduzido – e, depois, atormentado – pelo poder, temos um homem deveras comum, de aparência frágil e fala mansa. Ele pode, à primeira vista, parecer ingênuo, mas, na realidade, é um homem extremamente otimista. Lorde Frank Longford acreditava na possibilidade de redenção e, principalmente, no poder da segunda chance.

Cotação: 9,0

Longford (Longford, 2006)
Diretor(es):
Tom Hooper
Roteirista(s): Peter Morgan
Elenco: Jim Broadbent, Samantha Morton, Lindsay Duncan, Andy Serkis, Kate Miles, Sarah Crowden, Robert Pugh, Caroline Clegg, Alex Blake, Roy Barber, Ian Connaughton, Charlotte West-Oram, Roy Carruthers.

Monday, October 15, 2007

Tropa de Elite (2007)

Para citar uma frase bastante usada pelo nosso presidente, o Sr. Luís Inácio Lula da Silva, “nunca antes na história deste país” se houve uma crise ética tão profunda. O brasileiro não mais acredita nas suas instituições e, pior, chegou ao ponto em que não mais se espanta quando vê uma notícia sobre violência ou corrupção. Isto já está tão enraizado na nossa sociedade que passamos a achar tudo muito normal – o que é bastante perigoso e alarmante. É justamente aí que entra o Capitão Nascimento (interpretado de forma brilhante por Wagner Moura), o personagem principal – e narrador – de “Tropa de Elite”, filme do diretor José Padilha.

Nascimento é um dos líderes do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), um grupo de elite da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Policial por vocação e por instinto, ele odeia corrupção e sente mesmo que o seu dever é combater todo o sistema podre – para ele, os traficantes, os policiais corruptos e os usuários de drogas são todos inimigos que merecem ser encarados da mesma maneira. No entanto, quando encontramos o Capitão, no início de “Tropa de Elite”, ele está em uma encruzilhada: a sua esposa Rosane (Maria Ribeiro) está grávida do primeiro filho do casal e exige que ele saia do BOPE e tenha uma vida mais calma.

Para a vaga de Nascimento, temos dois candidatos: os aspirantes da Polícia Militar – e amigos de infância – Neto (Caio Junqueira) e André Matias (o estreante André Ramiro). O primeiro é muito parecido com Nascimento: age com a emoção e tem instinto e vocação para ser policial. O segundo encara a polícia como um caminho temporário que ele tem que percorrer, enquanto não se forma em Direito. Em dois atos, “Tropa de Elite” nos mostra todo o funcionamento da Polícia Militar: o sistema corrupto; aquele que tenta fazer a coisa funcionar; a divisão entre policiais que se corrompem, se omitem e os que decidem ir para a guerra e a dura rotina de trabalho e de treinamento do BOPE (grupo que não aceita corrupção nos seus quadros). Além disso, o roteiro do filme – que foi escrito por José Padilha, Rodrigo Pimentel e Bráulio Mantovani (tendo como base o livro “Elite da Tropa”, de André Batista, Rodrigo Pimentel e Luís Eduardo Soares) – não se exime de criticar a sociedade hipócrita que compra maconha no morro, faz passeata contra a violência e trabalha em ONGs; mas que é tão culpada pelo caos da violência urbana, pois financia de forma direta o tráfico que domina as mais de 700 favelas do Rio de Janeiro.

“Tropa de Elite” é o filme mais marcante a ser produzido pelo cinema brasileiro desde a produção de “Cidade de Deus”, do diretor Fernando Meirelles, e do documentário “Ônibus 174”, do mesmo José Padilha. Em comum entre esses filmes, além da alta qualidade da produção, o fato de que eles tratam de problemas que são permanentes na história do Brasil. Mas, ao contrário de “Cidade de Deus” ou “Ônibus 174”, que falam sobre a ascensão da violência ou as causas sociais por trás da formação de um criminoso, “Tropa de Elite” é um filme bem mais atual ao momento em que estamos vivendo e é muito difícil ficar indiferente a ele.

Cotação: 9,0

Tropa de Elite (Tropa de Elite, Brasil, 2007)
Diretor(es):
José Padilha
Roteirista(s): Bráulio Mantovani, José Padilha, Rodrigo Pimentel
Elenco: Wagner Moura, Caio Junqueira, André Ramiro, Milhem Cortaz, Luiz Gonzaga de Almeida, Fernanda de Freitas, Bruno Delia, André Mauro, Thelmo Fernandes, Emerson Gomes, Bernardo Jablonsky, Fábio Lago, Daniel Lentini, Fernanda Machado, Alexandre Mofatti

Friday, October 12, 2007

Lendo - "O Caçador de Pipas"

“Hassan sabia. Sabia que eu tinha visto tudo o que aconteceu naquele beco; sabia que eu estava parado lá e não tinha feito nada. Sabia que tinha sido traído e estava me salvando mais uma vez; a última, quem sabe. Naquele momento eu o amei; mais do que jamais amei qualquer outra pessoa, e quis dizer a todos que eu é que era a serpente oculta na grama, o monstro no fundo do lago. Não merecia aquele sacrifício; era um mentiroso, um impostor, e um ladrão. E teria feito isso mesmo, se não fosse o fato de uma parte de mim estar feliz. Feliz porque logo, logo tudo aquilo estaria terminado. Meu pai os mandaria embora; haveria algum sofrimento, mas a vida poderia continuar. Era isso que eu queria: seguir em frente, esquecer, começar uma vida nova. Queria ter condições de respirar novamente”. (p. 110)

Assim como acontece no livro “Reparação”, de Ian McEwan, a história de “O Caçador de Pipas”, do escritor Khaled Hosseini, trata do sentimento de culpa. Sendo que, no livro de Hosseini, a culpa não vem do ato cometido, e sim da omissão. Do fato de que uma pessoa faltou com outra, que sempre esteve disponível para defendê-la.

O livro conta a história dos amigos Amir e Hassan, que, apesar das origens étnicas, sociais e econômicas diferentes, foram criados juntos como irmãos e compartilhando das brincadeiras e, principalmente, do amor que ambos os seus pais possuíam por eles. Usando como pano de fundo o Afeganistão (país que fica localizado no subcontinente indiano), o escritor Khaled Hosseini trata de temas como a amizade, a traição, a coragem, a dignidade e a honra.

“O Caçador de Pipas” tem uma estrutura bem complexa que segue as conseqüências do ato de omissão de Amir ao longo dos anos e das mudanças ocorridas no Afeganistão (a invasão dos soviéticos e a conseqüente expulsão deles pelo Taliban, que dominou o país posteriormente em um regime marcado pela intolerância) e que levaram Amir e seu pai a abandonarem o luxo e a riqueza que possuíam para irem recomeçar a vida nos Estados Unidos.

A história contada por Khaled Hosseini será adaptada em um filme escrito por David Benioff e dirigida por Marc Forster (de “A Última Ceia”, “Em Busca da Terra do Nunca” e “Mais Estranho que a Ficção”), a estrear no dia 14 de dezembro, nos Estados Unidos. A adaptação tem sido tratada com bastante cuidado, principalmente por causa de uma cena crucial envolvendo os personagens Hassan e Assef, para evitar maiores polêmicas. Mas, é inegável o material denso e emocionante que os envolvidos no filme têm em mãos. “O Caçador de Pipas” é um livro triste, que só peca pela previsibilidade de alguns de seus trechos, e que mostra que o momento certo de se fazer o bem é agora.

“O Caçador de Pipas” (2003)
Autor:
Khaled Hosseini
Editora: Nova Fronteira

Thursday, October 11, 2007

O Homem que Desafiou o Diabo (2007)

José Araújo Filho (Marcos Palmeira) poderia ser o personagem principal de um romance do escritor baiano Jorge Amado. Mas, é bom frisar a palavra poderia... Apesar de ser um bonachão, amante de cabarés, das doses de cachaça e do cangote de uma mulher, chega o momento em que Araújo vira o jogo. Isso acontece quando, cansado de ser dominado pela esposa ciumenta Dualiba (a ótima Lívia Falcão) – com quem foi obrigado a se casar –, ele decide recomeçar a vida com outro nome (Ojuara) e com o propósito de ser o guerreiro que luta em prol do amor e da liberdade.

O filme “O Homem que Desafiou o Diabo”, do diretor Moacyr Góes, segue justamente as aventuras fantásticas de Ojuara, que vai andar pelo sertão nordestino provando sua reputação de herói bom de cama, de briga e de conversas de bar. Nas suas andanças, além de encontrar uma musa inspiradora – a prostituta Genifer (Fernanda Paes Leme) – e de dar de cara com o Diabo (Helder Vasconcelos), Ojuara vai se deparar com muitas outras figuras, como o Zé Tabacão (o cantor Otto), um assassino corcunda (Leon Góes, o irmão do diretor Moacyr Góes), Zé Pretinho (Leandro Firmino da Hora, o Zé Pequeno de “Cidade de Deus”), Mãe de Pantanha (Flávia Alessandra), uma bailarina de um circo (Juliana Porteous), o Coronel Ruzivelte (Sérgio Mamberti) e vários outros que ajudarão a criar esse mito em torno da pessoa de Ojuara.

Baseado no romance “As Pelejas de Ojuara”, do escritor potiguar Nei Leandro de Castro, “O Homem que Desafiou o Diabo” foi inteiramente filmado em locações no Estado do Rio Grande do Norte. O diretor de fotografia Jacques Cheuiche soube muito bem aproveitar o material natural que tinha em mãos e realiza um excelente trabalho. O diretor Moacyr Góes, que tem uma carreira no cinema tão contestada, não compromete. Mas, o final do filme, quando Ojuara tem seu confronto definitivo com o diabo, parece um tanto solto dentro da narrativa adaptada por Góes e Bráulio Tavares. A impressão que fica é a de que “O Homem que Desafiou o Diabo” seria uma obra perfeita para ser transformada em minissérie e muito mais adequada ao universo de um diretor como Guel Arraes, o qual é um mestre no relato de histórias tipicamente nordestinas.

Cotação: 4,0

O Homem que Desafiou o Diabo (O Homem Que Desafiou o Diabo, Brasil, 2007)
Diretor(es):
Moacyr Góes
Roteirista(s): Moacyr Góes, Bráulio Tavares
Elenco: Flávia Alessandra, Marcos Palmeira, Fernanda Paes Leme, Sérgio Mamberti, Lívia Falcão, Renato Consorte, Helder Vasconcelos, Giselle Lima, Antonio Pitanga, Rui Rezende, Juliana Porteous, Deborah Kalume, Leandro Firmino da Hora, Igor Orlando, Otto Ferreira

Wednesday, October 10, 2007

High School Musical 2 (2007)

Filmes como “Meninas Malvadas”, do diretor Mark Waters, se esforçam em fazer o retrato do colegial como um ambiente de rivalidade, humilhação e traumático. Quem assiste a obras como essa, pode até se assustar quando entra em contato com o universo do filme original do Disney Channel, “High School Musical”, do roteirista Peter Barsocchini e do diretor Kenny Ortega, no qual o colegial é retratado como um lugar de festa, amor, dança e música.

Se o primeiro filme da série tinha influências de “Grease – Nos Tempos da Brilhantina”, do diretor Randal Kleiser, a continuação bebe na fonte de “Dirty Dancing – Ritmo Quente”, do diretor Emile Ardolino. Os alunos da escola East High – que são interpretados pelo grupo formado por Zac Efron, Vanessa Hudgens, Ashley Tisdale, Lucas Grabeel, Corbin Bleu, Monique Coleman, Chris Warren Jr., Ryne Sanborn, Olesya Rulin, Kaycee Stroh, entre outros – se preparam para as férias de Verão. Preocupados com o futuro (leia-se a faculdade e as altas mensalidades de algumas das universidades mais prestigiadas), grande parte do grupo arruma um emprego no resort Lava Springs – que pertence à família dos irmãos Sharpay (Tisdale) e Ryan (Grabeel) Evans. Envolvidos entre trabalho, diversão e um pouquinho de intriga, todos eles guardam suas energias para o ápice das férias: o show de talentos do resort, no qual hóspedes e funcionários têm que preparar uma apresentação especial.

O diretor Kenny Ortega é um coreógrafo bastante renomado – seus créditos incluem “Dirty Dancing – Ritmo Quente”, “Curtindo a Vida Adoidado”, “A Garota de Rosa Shocking”, “O Primeiro Dia do Resto de Nossas Vidas”, entre outros. Em “High School Musical 2”, a evolução mais notável é justamente nas cenas de danças, que são bem mais complexas e interessantes. No mais, o filme repete tudo o que deu certo na obra anterior: o foco na dupla Troy Bolton (Efron) e Gabriella Montez (Hudgens), que namoram na vida real e formam até um casal bem bonitinho. No entanto, quem brilha em “High School Musical” é Ashley Tisdale, que prova ter talento para poder ser uma boa atriz de comédia no futuro.

O Disney Channel é um verdadeiro celeiro de novos talentos. O canal é responsável pela descoberta de artistas como Keri Russell, Justin Timberlake, Britney Spears, Christina Aguilera, Shia LaBeouf, Ryan Gosling, Lindsay Lohan, Hilary Duff, entre outros. Nos últimos anos, o canal voltou ao mapa ao revelar uma série de jovens talentos como os do elenco de “High School Musical” (os nomes de Zac Efron e Vanessa Hudgens são os mais proeminentes dentre o grupo), a banda Jonas Brothers e a atriz e cantora Miley Cyrus (estrela do seriado “Hannah Montana” e cuja turnê está se encaminhando para ser a mais lucrativa do ano de 2007). Todos adolescentes colocados sob os holofotes e o assédio da imprensa, dos fãs e dos papparazi. Mais do que o sucesso e o reconhecimento, o que estes jovens precisam é de apoio para vencer em uma indústria tão volúvel como a do show business.

Cotação: 5,5

High School Musical 2 (High School Musical 2, EUA, 2007)
Diretor(es):
Kenny Ortega
Roteirista(s): Peter Barsocchini
Elenco: Zac Efron, Vanessa Hudgens, Ashley Tisdale, Lucas Grabeel, Corbin Bleu, Monique Coleman, Chris Warren Jr., Ryne Sanborn, Olesya Rulin, Kaycee Stroh, Mark L. Taylor, Bart Johnson, Robert Curtis Brown, Jessica Tuck

Tuesday, October 09, 2007

Ligeiramente Grávidos (Knocked Up, 2007)

Desde o momento em que descobre a sua gravidez, chama a atenção o fato de que Alison Scott (a ótima Katherine Heigl, vencedora do Emmy 2007 de Melhor Atriz Coadjuvante em Séries de Drama por sua performance em “Grey’s Anatomy”) nunca se arrepende do que aconteceu. Claro que ela sente um certo desespero diante da notícia. Claro que a gravidez não poderia acontecer em um pior momento – já que ela acaba de ser promovida a repórter do canal de televisão aonde trabalha. Mas, junto com o pai da criança, Ben Stone (Seth Rogen, em uma boa atuação), ela vai fazer de tudo para que este momento dê certo e para que tudo termine bem.

Como mostra a comédia romântica “Ligeiramente Grávidos”, do diretor e roteirista Judd Apatow, este desejo de Alison não será nada fácil. Ao contrário de Alison (que tem uma carreira profissional em ascensão e uma vida, até certo ponto, estável), Ben não tem onde cair morto. Ele vive de uma indenização que conseguiu após ser atropelado por um carro do governo canadense, não trabalha e passa o dia se drogando ao lado dos amigos. No entanto, assim que recebe a notícia da gravidez de Alison (a noite de amor dos dois foi fruto de uma bebedeira mútua), Ben também se esforça para mostrar que está com a parceira para o que der e vier, mas o estilo de vida que ele leva não condiz com a responsabilidade do papel que ele está prestes a assumir.

Esta discrepância entre responsabilidade e imaturidade está muito bem representada em “Ligeiramente Grávidos”. Os dois casais centrais do filme – Alison e Ben; e Debbie (Leslie Mann, excelente) e Pete (Paul Rudd) – são formados por uma metade madura e uma outra meio inconseqüente. Nos dois casos, as mulheres são quem colocam os homens na rédea curta, controlando, exigindo mudanças e pedindo uma maior participação. Ao vivenciar o dia-a-dia da irmã Debbie com o marido, Alison enxerga também esse outro lado: uma vida de infelicidade que ela não quer para si, nem para a criança que ela quer colocar no mundo.

Quando a gente faz essa análise da trama de “Ligeiramente Grávidos” fica difícil de acreditar que o filme é uma comédia romântica. Mas, é isso mesmo. Judd Apatow faz uma comédia, com pitadas de drama e de romance, que trata de temas como responsabilidade, companheirismo e comprometimento com uma sensibilidade incrível. “Ligeiramente Grávidos” é um filme sobre amadurecimento. Há quem diga que as melhores comédias são as feitas pela turma de Ben Stiller, Owen Wilson, Will Ferrell, John C. Reilly, Vince Vaughn, entre outros. No entanto, como “O Virgem de 40 Anos”, “Ligeiramente Grávidos” e “Superbad – É Hoje” (o filme mais lucrativo do gênero, em 2007) mostram, a verdadeira – e boa – comédia vêm do talentoso grupo de Judd Apatow.

Cotação: 9,5

Ligeiramente Grávidos (Knocked Up, EUA, 2006)
Diretor(es):
Judd Apatow
Roteirista(s): Judd Apatow
Elenco: Seth Rogen, Katherine Heigl, Paul Rudd, Leslie Mann, Jason Segel, Jay Baruchel, Jonah Hill, Martin Starr, Charlyne Yi, Iris Apatow, Maude Apatow, Joanna Kerns, Harold Ramis, Alan Tudyk, Kristen Wiig

Monday, October 08, 2007

O Despertar de uma Paixão (The Painted Veil, 2006)

Assim como muitas heroínas românticas – em uma época em que o casamento era visto como uma verdadeira obrigação para as mulheres –, Kitty Fane (Naomi Watts) colocou na sua cabeça que só se casaria por amor. No entanto, na medida em que ficava mais velha, maior era a preocupação (especialmente de sua mãe) com o fato de que Kitty continuava solteira. Quando a irmã mais nova dela consegue um noivo, Kitty acorda para a realidade e aceita a proposta de casamento do bacteriologista Walter Fane (Edward Norton) – um homem que ela mal conhece e, principalmente, não ama.

Começar uma vida nova a dois é sempre muito difícil, não importa a circunstância. Imagine então se você for “obrigada” a ir a um novo país (China), aonde você não conhece a língua, a cultura e se sente entediada. A vida de Kitty se torna um pouco mais interessante quando ela conhece Charlie Townsend (Liev Schreiber), um homem completamente diferente de Walter e com quem Kitty começa a ter um romance. Walter, que mantinha as esperanças de que, um dia, Kitty viesse a amá-lo também cai na realidade e, num ato totalmente intransigente, embarca com sua esposa para um vilarejo chinês completamente arrasado por uma epidemia de cólera.

É a partir deste momento que o filme “O Despertar de uma Paixão”, do diretor John Curran, começa a ficar bem interessante. A partir do ato da traição, Curran começa a trabalhar com vários temas que foram vistos em seu trabalho anterior, o drama “Tentação” (que também contava com Naomi Watts no elenco). São eles: a culpa que Walter sente por ter sido tolo em acreditar que poderia ser feliz ao lado de Kitty; e a visão um tanto realista que Kitty tem sobre toda a vida que leva ao lado de Walter – chama a atenção o fato de que, em nenhum momento, ela demonstra arrependimento pelos seus atos. O verdadeiro interesse dela é tentar convencer Walter de que é a distância existente entre os dois a principal causa pela infelicidade profunda que eles experimentam.

No geral, “O Despertar de uma Paixão” é um filme sobre a jornada de Kitty, que deixa de ser uma mulher mimada, e cresce para se tornar alguém que entende que amor e obrigação andam um ao lado do outro. O filme consegue passar isso de maneira perfeita para a platéia, através da congruência das atuações excelentes de Edward Norton e Naomi Watts (bem como do elenco de apoio formado por Liev Schreiber, Toby Jones e Diana Rigg), da ótima direção de John Curran, da belíssima fotografia de Stuart Dryburgh e da trilha sonora vencedora do Globo de Ouro composta por Alexandre Desplat – “A La Claire Fontaine” não é uma música do compositor francês, mas a parte final de “O Despertar de uma Paixão” ao som desta canção tem que ser uma das mais belas sequências do ano passado: as palavras “Il y a longtemps que je t’aime. Jamais je ne t’oublierai” ficaram comigo por um bom tempo.

Cotação: 8,7

O Despertar de uma Paixão (The Painted Veil, China, EUA, 2006)
Diretor(es): John Curran
Roteirista(s): Ron Nyswaner
Elenco: Naomi Watts, Edward Norton, Liev Schreiber, Toby Jones, Diana Rigg, Catherine An, Bin Li, Anthony Wong Chau-Sang, Bin Wu, Alan David, Marie-Laure Descoureaux, Sally Hawkins, Juliet Howland, Lorraine Laurence, Johnny Lee

Friday, October 05, 2007

Six Feet Under - "Everyone's Waiting"

PS: Atenção para spoilers.

Existem certas séries que marcam um determinado período. “Six Feet Under” é uma delas. Quando estreou na programação da HBO, em 2002, o seriado era só uma das provas da ascensão que o canal teve naquela época, como sinônimo de qualidade – as outras foram “Sex and the City”, “The Sopranos” e “The Wire” – e que se converteram em elogios da crítica e reconhecimento da indústria.

A segunda marca que o seriado deixou foi a confirmação do brilhantismo de Alan Ball, roteirista do premiado filme “Beleza Americana” e criador de “Six Feet Under”. Se no filme, Ball abordava – de maneira irônica – o American Way of Life; no seriado, ele se aproxima de um tema mórbido, como a morte – mas utiliza o falecimento das pessoas como mote principal para falar sobre a vida.

“Six Feet Under” acompanha o dia-a-dia da família Fisher, que é dona de uma funerária. O seriado começa com a morte de Nathaniel (Richard Jenkins), o pai, e mostra de que maneira o falecimento dele vai afetar a vida de todos os Fisher. A esposa, Ruth (a excelente Frances Conroy, vencedora do Globo de Ouro e do SAG Awards de Melhor Atriz em uma Série Dramática pelo seu trabalho na série), vai começar a experimentar uma série de coisas novas. O filho mais velho, Nate (Peter Krause), tem que abandonar toda a sua vida e suas aspirações para assumir – totalmente a contragosto – o papel do pai. O filho do meio, David (Michael C. Hall, cuja primeira temporada de sua nova série, "Dexter", acabou de ir ao ar no canal FOX), começa a não querer viver na mentira e assume a sua homossexualidade para toda a família. Ao mesmo tempo, a série trata da trajetória errante e, muitas vezes, autodestrutiva de Claire (a maravilhosa Lauren Ambrose), a filha mais nova dos Fisher – uma jovem que irá se envolver com drogas, em relacionamentos extenuantes do ponto de vista emocional e em experiências típicas de jovens que estão querendo se encontrar.

A quinta – e última – temporada de “Six Feet Under” tem como tema principal o acerto de contas. Nate – que agora está casado com Brenda (a atriz australiana Rachel Griffiths, que foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por sua performance em “Hilary & Jackie”) – se vê chegando aos 40 anos e não realizando metade do que gostaria de ter feito na vida. Aos poucos, ele vai abandonando o dia-a-dia na funerária dos Fisher e vai em busca daquilo que ele quer.

David vive uma boa fase no relacionamento com Keith Charles (Mathew St. Patrick) e, com ele, se prepara para dar um grande passo: ter um filho.

Ruth se vê diante da doença de seu segundo marido, George Sibley (James Cromwell), mas ela - em um primeiro momento - não vai querer se sentir presa a isso - afinal, já havia ficado presa durante muito tempo durante o casamento com Nathaniel. Ela sabe que viver é muito mais importante.

Já Claire, após abandonar a faculdade de Artes Plásticas, enfrenta uma crise no relacionamento com a mãe – que não quer que ela perca as oportunidades e termine como ela – e se depara com duas perguntas que todos nós enfrentamos em algum momento de nossas vidas: quem sou eu? O que eu quero ser?

No belíssimo series finale de “Six Feet Under”, “Everyone’s Waiting” (que rendeu duas indicações ao Emmy 2006 para o roteirista e diretor Alan Ball), a família Fisher ainda está lidando com o grande choque da quinta temporada: a morte de Nate (que acontece no episódio “Ecotone”). Mais do que o falecimento de Nathaniel, foi a precoce e abrupta partida de Nate o grande golpe sofrido pelos Fisher, que, literalmente, perdem o chão. Ruth perde seu grande parceiro. David, a figura paterna. Claire, o irmão que ela mal conhecia e tinha tanto para mostrar para ela.

Assim como acontecia com os – muitos – mortos com os quais os Fisher lidaram nas cinco temporadas de “Six Feet Under”, o espectro de Nate se fará presente na vida de sua família, como se ele fosse uma testemunha de tudo aquilo que eles estão pensando e fazendo. Em “Everyone’s Waiting”, ele se relaciona especialmente com Claire, que recebe a oportunidade de uma vida toda: uma proposta de trabalho em Nova York. Com medo do novo (quem diria que Claire teria medo do desconhecido) e de deixar a sua família para trás, ela enfraquece. Nate, que sabe como a vivência longe de casa lhe foi benéfica, entra em ação e a “encoraja” a embarcar nesta nova viagem. E é ao som da linda canção “Breathe Me”, da cantora Sia, que Claire se aventura; e, enquanto “Six Feet Under” vive os seus momentos finais, somos nós que temos o filme da vida dos Fisher diante dos nossos olhos – naquela que é a seqüência mais bela de um episódio final de um seriado de TV. Impossível não se emocionar.



É justamente “Everyone’s Waiting”, o episódio que o Warner Channel transmite na noite deste domingo, dia 07 de Outubro, a partir das 22hs. Uma oportunidade única de vivenciar novamente uma das horas dramáticas mais brilhantes da história recente da TV norte-americana, bem como um dos melhores series finale de todos os tempos – simplesmente porque nos mostra a continuidade da vida. “Six Feet Under” não poderia terminar de outra maneira.

“Six Feet Under”
Onde: Warner Channel
Quando: Domingos, às 22hs.
Elenco: Peter Krause, Frances Conroy, Michael C. Hall, Lauren Ambrose, Rachel Griffiths, James Cromwell, Freddy Rodriguez, Justina Machado, Mathew St. Patrick.

“Everyone’s Waiting”
Episódio escrito e dirigido por Alan Ball

Thursday, October 04, 2007

Cão Sem Dono (2007)

Todos os dias, quando chega na porta do edifício aonde mora, Ciro (Júlio Andrade) se depara com a mesma cena: um cão vira-lata; um cão sem dono; um cão sem nome está à sua espera. É com ele que Ciro passa as suas noites, o oferecendo um teto para dormir e um pouco de comida. Tanto altruísmo só pode ser explicado pelo fato de que Ciro tem muito em comum com o animal que abriga todas as noites. Assim como o cão, ele é sem dono, está perdido e também anda sem rumo pelas ruas de Porto Alegre.

É o cotidiano deste jovem que iremos acompanhar no filme “Cão Sem Dono”, dos diretores Beto Brant e Renato Ciasca (também co-autores do roteiro do filme ao lado de Marçal Aquino). Ciro, além de ser o amigo número um do cãozinho abandonado, é um tradutor que vive sozinho em um apartamento minúsculo. Ele vive no sacrifício, mas recusa todas as propostas de emprego que recebe. Almoça freqüentemente com seus pais (Roberto Oliveira e Sandra Possani). Visita também com regularidade o porteiro de seu prédio, um pintor chamado Elomar (Luiz Carlos V. Coelho). E, principalmente, está envolvido em um romance com a modelo Marcela (Tainá Muller). É quando a sua vida sofre um revés e Ciro precisa encontrar o eixo, o sentido que estava perdido.

Baseado no livro “Até o Dia em que o Cão Morreu”, do escritor gaúcho Daniel Galera, “Cão Sem Dono” é um filme que possui uma estrutura narrativa muito interessante. Ao invés de uma história linear, o que os diretores Beto Brant e Renato Ciasca nos apresentam são vários retratos de instantes da vida de Ciro. É como se – ao juntarmos cada um desses pedaços – estamos nós mesmos encontrando o eixo da vida de Ciro, aquilo que o faz querer seguir em frente. "Cão Sem Dono" é um filme único (e um belo trabalho de edição por parte de Manga Campion), que está apoiado nas ótimas interpretações da dupla central de atores formada por Júlio Andrade e Tainá Muller – o primeiro tem seu primeiro papel de destaque no cinema, enquanto a segunda faz a sua estréia como atriz.

Cotação: 7,3

Cão Sem Dono (Cão Sem Dono, Brasil, 2007)
Diretor(es): Beto Brant, Renato Ciasca
Roteirista(s): Marçal Aquino, Beto Brant, Renato Ciasca
Elenco: Júlio Andrade, Tainá Muller, Marcos Contreras, Luiz Carlos V. Coelho, Roberto Oliveira, Janaína Kremer, Sandra Possani

Wednesday, October 03, 2007

Zodíaco (Zodiac, 2007)

No final dos anos 60, um criminoso que se autodenominava Zodíaco, começou a atormentar o norte da Califórnia ao cometer uma série de assassinatos – ao todo foram confirmadas cinco vítimas e dois sobreviventes dos seus ataques. O Zodíaco ganhou notoriedade não só por causa dos crimes que cometeu, como também porque ele gostava de se vangloriar para a imprensa, enviando cartas para os jornais mais populares da cidade de São Francisco – notadamente o San Francisco Chronicle. Mesmo com alguns fortes suspeitos, a identidade do Zodíaco continua desconhecida até hoje, na medida que o caso continua sem resolução.

O filme “Zodíaco”, do diretor David Fincher, não faz um retrato do assassino, e sim da jornada vivida pelos homens que tentaram descobrir a sua identidade, desde o final dos anos 60 até a década de 90, quando o maior suspeito de ser o assassino, um homem chamado Arthur Leigh Allen (John Carroll Lynch), faleceu. De um lado, os policiais – que são representados pelos personagens de David Toschi (Mark Ruffalo), Bill Armstrong (Anthony Edwards), Jack Mulanax (Elias Koteas), Marty Lee (Dermot Mulroney), Ken Narlow (Donal Logue), Sherwood Morrill (Philip Baker Hall) e George Bawart (James LeGros). De outro, os profissionais que trabalhavam no San Francisco Chronicle – o cartunista Robert Graysmith (Jake Gyllenhaal) e o jornalista Paul Avery (Robert Downey Jr.). Além de várias outras figuras que entraram em contato com o Zodíaco, como o advogado Melvin Belli (Brian Cox).

Baseado no livro de Robert Graysmith, o roteiro de “Zodíaco”, que foi escrito por James Vanderbilt, coloca o foco na dificuldade da investigação do caso do Zodíaco, um assassino que não tinha um perfil muito bem definido (ele não atacava o mesmo tipo de vítimas, por isso os policiais não podiam prever quais seriam os seus próximos passos). Ao mesmo tempo, Vanderbilt mostra como a tentativa da descoberta da identidade do assassino vai, aos poucos, consumindo a vida de todos os envolvidos – a ponto de eles negligenciarem todo o resto e colocar todas as suas energias em uma única direção.

“Zodíaco” é um filme cheio de pontos positivos. A começar pela direção de David Fincher, cuja estética única pode ser vista em cada cena da película. A fotografia de Harris Savides também é excelente e o elenco do filme está perfeito (com destaque para a dupla Mark Ruffalo e Jake Gyllenhaal). No entanto, o filme sofre um pouco com o roteiro de James Vanderbilt. A história que ele conta é cheia de pulos no tempo e, em determinados momentos, os personagens desaparecem para retornar algum (ou muito) tempo depois. Quando se tem um caso como esse, fica difícil de a platéia acompanhar ou retomar a história de onde ela parou – ou seja, seria necessária uma transição melhor entre as cenas, entre as diferentes fases da investigação.

Cotação: 7,0

Zodíaco (Zodiac, EUA, 2007)
Diretor(es): David Fincher
Roteirista(s): James Vanderbilt
Elenco: Jake Gyllenhaal, Mark Ruffalo, Anthony Edwards, Robert Downey Jr., Brian Cox, John Carroll Lynch, Richmond Arquette, Bob Stephenson, John Lacy, Chloë Sevigny, Ed Setrakian, John Getz, John Terry, Candy Clark, Elias Koteas

Tuesday, October 02, 2007

Escorregando Para a Glória (Blades of Glory, 2007)

Em 1994, as famosas patinadoras Nancy Kerrigan e Tonya Harding (dos EUA) se envolveram em uma série de acontecimentos que poderia estar muito bem em um ótimo filme de suspense. Rivais nas pistas de patinação artística e companheiras na seleção norte-americana do esporte, as duas ganharam notoriedade – da maneira errada – quando Harding mandou seu ex-marido contratar um homem para atacar Kerrigan. O homem atingiu a patinadora no joelho, forçando-a a deixar uma competição e, em conseqüência, o caminho livre para que Harding atingisse a glória. Após descoberta a armação, a confederação de patinação artística baniu Harding do esporte, enquanto Kerrigan continuou com sua bem-sucedida carreira e, no mesmo ano do ataque, conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Inverno de Lillehammer.

A dupla Chazz Michael Michaels (Will Ferrell) e Jimmy MacElroy (Jon Heder, do sucesso “Napoleão Dynamite”) são os equivalentes masculinos de Nancy Kerrigan e Tonya Harding. Excelentes patinadores; os dois, fora da pista de patinação, vivem se envolvendo em ataques verbais e provocações normais de quem está em uma constante luta pela vitória. Em uma competição, no ano de 2002, Chazz e Jimmy dividem a medalha de ouro, mas, no pódio, a situação se complica quando eles começam uma briga horrorosa. Resultado: a confederação de patinação artística confisca a medalha que eles conquistaram e os proíbe de participar de qualquer competição promovida por eles.

Após esse pequeno contratempo, a trama de “Escorregando Para a Glória”, dos diretores Josh Gordon e Will Speck, começa a seguir a decadência de Chazz – que se entrega de vez ao vício em álcool e trabalha num show de patinação de quinta categoria – e de Jimmy – que trabalha como vendedor em uma loja de artigos esportivos – até que o último decide tentar mais uma vez a patinação artística, dessa vez atuando em uma dupla. A situação sofre um revés quando o técnico (Craig T. Nelson) de Jimmy decide chamar Chazz para fazer uma dupla com ele, o que faz dos dois inimigos o primeiro par completamente masculino da história da patinação artística – e que fará concorrência direta com os irmãos imbatíveis Stranz (Will Arnett, do seriado “Arrested Development”) e Fairchild Van Waldenberg (Amy Poehler, do “Saturday Night Live”).

“Escorregando Para a Glória” é um filme que encontra seus melhores momentos nas cenas em que Chazz e Jimmy estão em confronto direto. Os dois têm personalidades muito diferentes e têm que aprender a trabalhar estas diferenças em prol da dupla que eles formaram. Além dessas cenas, o trabalho desenvolvido pelos atores e pelos diretores nas cenas que retratam as competições e as rotinas de patinação artística são simplesmente sensacionais e engraçadíssimas. “Escorregando Para a Glória” é um filme que não se leva a sério e seu charme é justamente esse.

Cotação: 7,3

Escorregando para a Glória (Blades of Glory, EUA, 2007)
Diretor(es): Josh Gordon, Will Speck
Roteirista(s): Busy Philipps, John Altschuler, David Krinsky, Craig Cox, Jeff Cox
Elenco: Will Ferrell, Jon Heder, Will Arnett, Amy Poehler, Jenna Fischer, William Fichtner, Craig T. Nelson, Romany Malco, Nick Swardson, Scott Hamilton, Andy Richter, Greg Lindsay, Rob Corddry, Nick Jameson, Tom Virtue

Monday, October 01, 2007

Motoqueiros Selvagens (Wild Hogs, 2007)

Em 1969, estreou nos cinemas de todo o mundo, um road movie chamado “Sem Destino”, dirigido por Dennis Hopper (que co-escreveu o roteiro do filme ao lado de Peter Fonda e Terry Southern). O filme contava a história de dois jovens chamados Billy (Hopper) e Wyatt (Fonda) que – após conseguirem um bom dinheiro com venda de drogas – decidem tomar a estrada com suas motos, em busca de liberdade e da cidade de Nova Orleans (mais precisamente, da popular festa do Mardi Gras, o carnaval de lá). “Sem Destino”, além de ter causado um impacto na indústria cinematográfica da época, foi um marco da cultura dos anos 60, com seus ideais de liberdade sexual e de muito rock ‘n roll.

Os tempos atuais são bem diferentes e os motoqueiros não são mais os mesmos. Em “Motoqueiros Selvagens”, do diretor Walt Becker, encontramos o grupo formado por: Doug Madsen (Tim Allen), Woody Stevens (John Travolta), Bobby Davis (Martin Lawrence) e Dudley Frank (William H. Macy). Eles são pessoas que vivem presas à sua rotina inflexível e que encaram o motociclismo como um hobby de final de semana. Num anseio de fugir de todo o marasmo de seus dia-a-dia (Doug vive para o trabalho, Woody está falido, Bobby é dominado pela esposa e Dudley é um nerd sem vida amorosa), eles decidem partir em uma viagem com suas motos, sem destino prévio – cujo princípio maior será o lema: “iremos aonde a estrada nos levar”.

No entanto, ao contrário de “Sem Destino”, “Motoqueiros Selvagens” não é um filme que tem como objetivo fazer um retrato de uma juventude ou de um determinado momento da cultura. O filme de Walt Becker é uma comédia, que coloca o seu grupo de motoqueiros em situações desconfortáveis, como o encontro com o policial interpretado por John C. McGuinley (do seriado “Scrubs”) e com um grupo de motoqueiros barra-pesada liderado por Jack (Ray Liotta). Ao mesmo tempo, o filme coloca os quatro amigos em uma cidadezinha do interior, aonde eles irão achar tudo aquilo que estavam procurando.

“Motoqueiros Selvagens” tem alguns bons momentos e todos eles acontecem no segundo ato do filme, quando Doug, Woody, Bobby e Dudley estão na cidade de Madrid (não confundir com a capital espanhola), participando de uma festa temática e tentando fugir das encrencas que arrumaram com o grupo de Jack. No mais, o filme repete uma série de clichês dos filmes que abordam a situação de homens que estão em uma crise de meia-idade e que querem reencontrar a imprevisibilidade da juventude. “Motoqueiros Selvagens” pode não ser uma obra permanente como “Sem Destino”, mas, definitivamente, não vai passar vergonha dentre os lançamentos do ano de 2007.

Cotação: 4,0

Motoqueiros Selvagens (Wild Hogs, EUA, 2007)
Diretor(es): Walt Becker
Roteirista(s): Brad Copeland
Elenco: Tim Allen, John Travolta, Martin Lawrence, William H. Macy, Ray Liotta, Marisa Tomei, Kevin Durand, M.C. Gainey, Jill Hennessy, Dominic Janes, Tichina Arnold, Stephen Tobolowsky, Jason Sklar, Randy Sklar, Drew Sidora