Monday, December 05, 2005

Plano de Vôo (Flightplan, 2005)




Logo nos primeiros minutos de “Plano de Vôo”, o diretor Robert Schwentke apresenta à platéia tudo o que ela precisa saber sobre a Sra. Pratt (Jodie Foster, voltando ao cinema depois de três anos de “aposentadoria”). A imagem que vemos é a de uma mulher perdida e que olha para o nada. Com certeza, a Sra. Pratt não estava preparada para o que iria fazer em seguida: ir ao necrotério de Berlim para reconhecer o corpo do marido, que morreu depois de cair do telhado do apartamento aonde morava com a família (o filme não entra em mais detalhes sobre o ocorrido, por isso a platéia não irá saber se ele cometeu suicídio ou se a morte foi somente um acidente).

Os momentos que se seguem à ida ao necrotério deixam claro que a Sra. Pratt está passando por um grande trauma. Mas, se vendo diante do seu novo papel de chefe da família, encara todo o sofrimento como uma verdadeira fortaleza – ela consola a filha Julia e, nos momentos de solidão, encontra o seu próprio conforto ao tomar calmantes e remédios para controlar a ansiedade – e se encarrega sozinha de todas as providências necessárias para que o traslado do corpo de seu marido seja feito de Berlim para os Estados Unidos sem maiores problemas.

Se o vôo para os Estados Unidos já seria o mais longo da vida da Sra. Pratt, imagine então quando ela perceber que Julia desapareceu em pleno vôo. A Sra. Pratt vai, portanto, do entorpecimento ao pânico em poucos minutos e, durante a busca pela filha, faz com que todos que estão no avião – na medida em que eles vão descobrindo o que está levando a Sra. Pratt aos Estados Unidos – a tomem como uma mulher louca e desesperada; quando, na realidade, ela estava somente liberando todos os seus sentimentos de angústia, de dor e de dúvidas pela perda do marido e, agora, da filha.

“Plano de Vôo” é o segundo filme de suspense de 2005 a abordar o ambiente claustrofóbico dos aviões – o primeiro foi o ótimo “Vôo Noturno”, de Wes Craven. No caso particular de “Plano de Vôo”, o filme – num primeiro momento – se torna ainda mais intrigante, pois ninguém (inclusive nós, da platéia) consegue compreender como uma criança de seis anos desaparece em pleno ar, sem deixar quaisquer rastros. Como “Plano de Vôo” retrata a busca de uma mãe por sua filha, é nesse momento que se sobressai, no filme, a figura de Jodie Foster, uma atriz especialista em interpretar mulheres que querem demonstrar que tudo anda bem quando, por dentro, elas estão se desmoronando.

No entanto, o que difere “Plano de Vôo” de “Vôo Noturno” é que o segundo filme tem um roteiro bem mais engenhoso do que o primeiro. “Plano de Vôo” prefere seguir a norma básica dos filmes de suspense que são produzidos atualmente; por isso, nele, nada é o que parece. E é justamente a reviravolta que impulsiona os momentos finais de “Plano de Vôo” que tira muito da graça do filme. Isto não é culpa do diretor Robert Schwentke, que demonstra ter um bom estilo visual; e sim da própria indústria cinematográfica com a sua eterna necessidade de filmes com finais moralistas e nos quais o herói consegue a sua redenção. Nem sempre é interessante de se assistir a filmes assim - e “Plano de Vôo” é a prova viva disso.

4 comments:

Anonymous said...

eu adoro a Jodie Foster, Kamila..superverdadeira a descrição da maioria das personagens dela que vc fez..queria muito ver esse filme, mas acho que não vai passar no moviec*.

Estou com abuso do moviec*
E com ódio porque o cinemark só vai abrir em abril:((((

Assistir king kong ali ninguém merece..=/ E tão se achando...vendendo king kong antecipado..uma piada..;p

Mulher, pensei que vc ia continuar online..foi embora..:(

beijoo

Justin Quayle said...

Uala!
É, eu também gosto da Jodie Foster.
Gostei muito desse filme, apesar dos graves furos de roteiro.
Mas mesmo assim concordo com o que escreveste, muito bem exposto por sinal. Esse filme seria o meu guilty pleasure. Adoro ver uma mãe desesperada nas telas, ainda mais com uma boa interpretação, que é o caso de Jodie Foster.
É isso!

Kamila said...

Romeika, todas nós estamos com abuso do Moviecom. Depois que eles se tornaram o único cinema da cidade, estão se achando! Tadinha de nós nas férias escolares! Quer apostar quanto que só vamos assistir porcarias???

Que o cinemark venha logo!!!!!

Justin, concordo com o que você disse. O filme tem graves furos de roteiro. Mas, por causa da Jodie, esses erros quase não são notados. O filme seria perfeito se não fosse o final ridículo. Odeio as redenções dos personagens. Seria tão interessante que eles tivessem apostado nesse filme como um thriller psicológico.

Pedro Henrique Gomes said...

Que filme chato.