Friday, August 31, 2007

Música: Carrie Underwood - "Carnival Ride"

Parece que foi ontem que Carrie Underwood saiu do Kodak Theatre, em Los Angeles, como vencedora da quarta temporada do programa "American Idol". No entanto, já se passaram três anos desde este dia. Ao longo destes anos, muita coisa mudou na vida de Carrie, sendo que a maior dela foi a possibilidade de se tornar conhecida em todo mundo e, é claro, poder ganhar a vida fazendo aquilo que ela mais gosta: cantando.

Com o seu primeiro álbum, "Some Hearts", que foi lançado em 2005, Carrie confirmou o seu nome como uma das novas estrelas do gênero country e conquistou a maioria dos prêmios possíveis distribuídos pela indústria, como o AMA, CMA, CMT, Billboard Music e, o mais importante deles, o Grammy de Artista Revelação. Além disso, provou ser uma artista de crossover enorme, conseguindo uma indicação ao Video Music Awards 2007, da MTV (emissora que não é muito aberta ao gênero country), e se transformando na Idol que mais vendeu discos até hoje - ultrapassando Kelly Clarkson (a vencedora da primeira temporada de "American Idol") e seu "Breakaway" (2004).

E é justamente com toda esta bagagem que Carrie Underwood espera manter a boa fase, ao enfrentar justamente o seu maior teste: o lançamento de seu segundo álbum, "Carnival Ride", no dia 23 de outubro. "Você entra nesse passeio que se chama vida, e é uma coisa louca que você não sabe aonde vai dar, mas embarca da mesma forma. Você faz o possível para tomar novas direções e para ir aonde você deseja chegar, mas tudo continua se movendo ao nosso redor. É por isso que "Carnival Ride" é o nome do meu novo álbum, porque descreve essa loucura maravilhosa em que a minha vida se transformou nos últimos dois anos", explica Carrie.

O primeiro single do álbum, "So Small" (que Carrie Underwood co-escreveu), estreou com sucesso nas rádios dos EUA - e já anda conquistando uma posição importante na parada da Billboard. A música mostra que Carrie vai tentar repetir a fórmula bem-sucedida de "Some Hearts": boas composições, produção caprichada e vocais poderosos. Tem tudo para dar certo.

Para escutar "So Small":



O clipe de "So Small" acaba de ser gravado, sob a direção de Roman White (o diretor de todos os clipes anteriores da Carrie), e deve estrear em duas semanas nos canais especializados.

"Carnival Ride" (2007)

Artista: Carrie Underwood
Gravadora: Arista
Para comprar o álbum, em sistema de pré-venda, clique
aqui.

Thursday, August 30, 2007

Operação Limpeza (Code Name - The Cleaner, 2007)

Desde a primeira cena de “Operação Limpeza”, do diretor Les Mayfield, o personagem Jake Rodgers (interpretado pelo comediante Cedric the Entertainer, que também produz o filme) só se mete em encrencas. Logo na abertura do filme, ele acorda em um quarto de hotel ao lado de um agente do FBI – que está morto. Em seguida, depois de fugir de Diane (Nicollette Sheridan, a Edie Britt do seriado “Desperate Housewives”), uma mulher que dizia ser sua esposa, ele se disfarça de dançarino holandês – e ainda tem que dar um show no mesmo hotel em que ele estava na cena de abertura de “Operação Limpeza”.

Mas, não é só em encrencas que Jake Rodgers irá se meter. Quando ele acorda no quarto de hotel, ele percebe que perdeu a memória. Sem ter o discernimento para saber quais são as pessoas que querem lhe ajudar ou lhe prejudicar, ele começa a refazer o seu itinerário do dia anterior para saber por quê tantas pessoas estão atrás dele. Para isto, ele terá a ajuda da garçonete Gina (Lucy Liu, também produtora executiva do filme), uma pessoa que – aparentemente – conhece detalhes profundos de sua rotina diária.

A impressão que fica para quem assiste ao filme “Operação Limpeza” é a de que a película tem um roteiro básico (que foi escrito por Robert Adetuyi e George Gallo), que coloca Jake Rodgers na posição de homem que luta contra um bocado de vilões para salvar o mundo; mas, a maioria de suas cenas, é o claro fruto de improvisações – fato que seria mais do que normal quando se têm em tela atores cômicos como Cedric the Entertainer, Niecy Nash e DeRay Davis. O problema é que estas improvisações são alguns dos piores momentos de “Operação Limpeza” – um filme que com um fiapo de roteiro, comediantes chatos e cenas altamente constrangedoras faz concorrência ferrenha com “Deu a Louca em Hollywood” pela briga de pior filme de 2007.

Cotação: 0,0

Tuesday, August 28, 2007

Estrada Maldita (Wind Chill, 2007)

Chega um determinado momento em qualquer filme de suspense/terror em que o herói ou a heroína alcançam um estado em que começam a se arrepender de ter tomado alguma decisão – a qual foi responsável por ter colocado-o (a) na situação de perigo que eles vivem nos filmes. Em “Estrada Maldita”, do diretor Gregory Jacobs, isto acontece logo no início, quando uma estudante de engenharia (Emily Blunt) se arrepende de ter pego uma carona para casa com um garoto (Ashton Holmes) que ela mal conhecia, ao invés de ter pego um ônibus.

Ainda no início de “Estrada Maldita”, a estudante comenta – pelo telefone – com uma amiga que já estava morrendo de tédio ao lado de seu companheiro de viagem. Quase que em seguida, este marasmo acaba. Após abastecerem o carro, o rapaz decide pegar um atalho para aproveitar a vista de uma estrada. Acontece que ele não previu que, minutos depois, ele se envolveria em um acidente de carro e ficaria preso, no meio do nada, com sua irritada “amiga”. As desgraças não acabam por aí: enquanto esperam amanhecer o dia para procurarem por um resgate, o casal começa a ser atormentado por uma série de criaturas que não chegam a ser assustadoras, mas estão ligadas a um misterioso acidente de carro que ocorreu no mesmo local há mais de cinqüenta anos.

“Estrada Maldita” é um filme muito ruim, com um roteiro que parece um episódio de quinta categoria do seriado “Arquivo X”. O diretor Gregory Jacobs, que é o encarregado da segunda unidade dos filmes de Steven Soderbergh (o qual é produtor executivo do filme, ao lado de seu parceiro na Section Eight, George Clooney), só prova algum tipo de talento na hora de arrancar boas interpretações de sua dupla de atores central. Tanto Emily Blunt, como Ashton Holmes estão ótimos em seus papéis – e é só por causa dos dois mesmo que o espectador vai conseguir agüentar assistir aos 90 minutos de “Estrada Maldita”.

Cotação: 1,0

Sunday, August 26, 2007

O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum, 2007)

Existe um elemento recorrente nos três filmes que formam a trilogia sobre o espião da CIA Jason Bourne (Matt Damon). Todos os personagens de todos os filmes estão em busca de algo e servem às suas próprias motivações. No caso particular de Jason Bourne, em “A Identidade Bourne”, do diretor Doug Liman, ele tenta descobrir quem ele é. Em “A Supremacia Bourne”, do diretor Paul Greengrass, Bourne deixa a sua primeira busca de lado e passa a ser motivado pela vingança – ele quer causar dor àqueles que mataram a sua namorada, Marie (Franka Potente). Já em “O Ultimato Bourne”, novamente sob a direção de Paul Greengrass, Jason Bourne espera fechar um ciclo para poder, enfim, viver em paz.

O filme parte de uma série de reportagens que Simon Ross (Paddy Considine, que esteve no belíssimo “Terra de Sonhos”) faz sobre a Operação Blackbiar (que substituiu a Operação Treadstone da qual Jason Bourne fazia parte), revelando toda a origem e a história de Jason Bourne após ele se transformar no alvo principal da CIA. É a partir das informações que o repórter consegue que Jason retoma toda a sua busca pela sua identidade, pela recuperação de sua memória. E, mais uma vez, ele irá se deparar com os mesmos oponentes de sempre em cenas que acontecem ao redor do mundo – mais precisamente nas cidades de Moscou, Londres, Turim, Tangier e Nova York.

“O Ultimato Bourne” reforça muitos dos elementos que assistimos nos dois filmes anteriores da série: um roteiro que não dá descanso à platéia, cenas de ação de tirar o fôlego, perseguições de veículos orquestradas com perfeição e o clima tenso – o qual é completamente enfatizado pela câmera de Paul Greengrass que se coloca no meio da ação, como se fosse uma personagem do filme, aproximando a platéia da busca de Bourne e dos obstáculos por ele enfrentados.

Mas, é claro que o filme também oferece elementos novos. O mais interessante deles é o personagem vivido pelo ator David Strathairn. Ele interpreta Noah Vosen, o diretor da poderosa divisão antiterrorismo da CIA e que tem carta livre para fazer o que bem entender com Jason Bourne – a quem ele considera uma ameaça tão ou mais letal aos EUA do que os terroristas da Al-Qaeda, por exemplo. É Vosen, talvez, o maior inimigo que Bourne teve que enfrentar nos três filmes da série e ele tem muito a ver com a busca principal dele.

“O Ultimato Bourne” é um filme que fecha - muito bem, por sinal - o ciclo da série. O que fica para aqueles que acompanharam a saga de Jason Bourne é a sensação de que a busca pela sua identidade já estava liquidada há muito tempo. Jason Bourne sempre soube quem ele era de verdade – ele tinha plena consciência de que era um homem que não matava por qualquer propósito; ele tem remorso e sentimentos conflitantes com o trabalho que tinha que desempenhar. A grande busca dele era tentar entrar em contato com o que ele tinha se transformado. Descobrir isto era o preço de sua liberdade. A questão que fica sem resposta e que, talvez, possa ser retomada em filmes futuros – não que haja a necessidade deles – é a seguinte: Jason Bourne algum dia vai ser livre para viver sua própria vida?

Cotação: 9,5

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Friday, August 24, 2007

Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos e Blog de Ouro

O dia 23 de Agosto passa a ser uma data mais do que especial para todos aqueles que possuem blogs sobre cinema, afinal este é o dia que marca a fundação da Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos, uma organização que tem como objetivo unir os blogueiros cinéfilos e mostrar que o trabalho que realizamos, em nossos respectivos blogs, é digno de muito valor e resultado do amor por um tema que é interesse comum entre todos nós: o cinema.

O ponto alto da Sociedade é a criação de um prêmio chamado Blog de Ouro, no qual os blogueiros cinéfilos vão se manifestar sobre o que de melhor foi produzido em cada ano, no cinema e na televisão.

Organizado por Otavio Almeida (do blog “
Hollywoodiano”), Vinícius Pereira (do “Blog do Vinícius”) e pela blogueira que vos fala, o Blog de Ouro é muito simples. A cada ano, o (a) blogueiro (a) vai fazer sua lista de cinco melhores em 19 categorias de cinema e 14 de televisão.

CINEMA
• MELHOR FILME • DIRETOR • ROTEIRO ORIGINAL • ROTEIRO ADAPTADO • ATOR • ATRIZ • ATOR COADJUVANTE • ATRIZ COADJUVANTE • ELENCO • ANIMAÇÃO • TRILHA SONORA • CANÇÃO • FOTOGRAFIA • DIREÇÃO DE ARTE • FIGURINO • MONTAGEM • MAQUIAGEM • EFEITOS VISUAIS • SOM

TV
• MELHOR SÉRIE (DRAMA) • MELHOR SÉRIE (COMÉDIA) • ATOR (DRAMA) • ATOR (COMÉDIA) • ATRIZ (DRAMA) • ATRIZ (COMÉDIA) • ATOR COADJUVANTE (DRAMA) • ATOR COADJUVANTE (COMÉDIA) • ATRIZ COADJUVANTE (DRAMA) • ATRIZ COADJUVANTE (COMÉDIA) • ELENCO (DRAMA) • ELENCO (COMÉDIA) • MELHOR EPISÓDIO (DRAMA) • MELHOR EPISÓDIO (COMÉDIA)

Os mais votados farão parte da lista de indicados e, a partir desta primeira etapa, começará uma nova votação, a qual resultará na lista de vencedores.

Contamos com a participação de todos os blogueiros cinéfilos. Se você quer fazer parte de nossa iniciativa, pode entrar em contato diretamente no site da Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos, ou através do e-mail
ottavioalmeida@hotmail.com, deixando seu nome, o título do seu blog e seu endereço de e-mail.

Thursday, August 23, 2007

Estréia da 3a. Temporada de "The Closer" na TNT

A televisão norte-americana tem oferecido, nos últimos anos, às atrizes mais maduras, aquilo que o cinema tem lhes negado: a possibilidade de interpretar papéis desafiantes. Foi este o caso de Glenn Close, que, depois de uma temporada no seriado policial “The Shield”, estreou sua própria série, chamada “Damages”. Também é este o caso de Sally Field, que encabeça o excelente elenco de “Brothers & Sisters”. No entanto, Kyra Sedgwick pode se orgulhar de ter sido uma das primeiras a trocar a grande tela pela telinha.

No seriado “The Closer”, que ostenta o posto de programa da televisão paga mais assistido nos Estados Unidos em todos os tempos, Sedgwick interpreta a Deputy Chief Brenda Leigh Johnson, uma profissional que abandonou a cidade de Atlanta e foi para Los Angeles, a convite de seu ex-amante, para ser a líder de um esquadrão especializado em homicídios prioritários – que seriam aqueles crimes cuja resolução são prioridade máxima para a LAPD. Brenda é um prato cheio para qualquer atriz e Sedgwick a interpreta de uma maneira soberba e que passa pelo forte sotaque sulista (o jeito como ela fala o “thank you” já virou uma marca registrada de sua personagem) até à maneira como ela lida com os membros de seu esquadrão. Brenda é extremamente observadora e os roteiros de cada episódio de “The Closer” colocam a personagem resolvendo crimes que, de alguma forma, sempre acabam cruzando com elementos de sua própria vida.

Se na primeira temporada de “The Closer”, o tema principal era a adaptação de Brenda à nova cidade, ao novo posto e à sua nova equipe e a segunda temporada tratou da competição que passou a existir entre o Esquadrão de Homicídios Prioritários e o Departamento de Homicídios da LAPD; a terceira – que estréia neste sábado, dia 25 de Agosto, na TNT, no ingrato horário das 14hs. – falará sobre o corte no orçamento do Esquadrão de Homicídios Prioritários e vai aprofundar ainda mais a abordagem do relacionamento entre Brenda e Fritz.

No episódio que abre a terceira temporada de “The Closer”, “Homewrecker”, Brenda e sua equipe investigam um crime triplo: o de um casal e sua filha adolescente. O principal suspeito: Eric, o único filho do casal, que é encontrado com vida preso no sótão da residência de sua família. Nesta cena, Brenda interroga Eric e reencena um triplo homicídio usando dois copos plásticos. Impossível? Não para Brenda e sua excelente intérprete Kyra Sedgwick, que, pela segunda temporada de “The Closer”, ganhou o Globo de Ouro 2007 de Best Actress in a Drama Series e está indicada ao Emmy 2007 de Lead Actress in a Drama Series.



“The Closer”
Série
Onde: TNT
Quando: Sábados, às 14hs. Com reprise nas segundas-feiras, às 14hs.

Wednesday, August 22, 2007

Extermínio 2 (28 Weeks Later, 2007)

Em 2002, quando estreou nos cinemas de todo o mundo, o filme “Extermínio”, do diretor Danny Boyle, mostrou um grupo de jovens sob pressão, tendo que lutar pela sobrevivência em meio a uma Londres dominada por uma epidemia de zumbis. Cinco anos após a estréia do primeiro filme, Danny Boyle assume o posto de produtor e repassa a direção de “Extermínio 2”, para o diretor espanhol Juan Carlos Fresnadillo, que co-escreveu o roteiro do filme com Rowan Joffe e Jesús Olmo.

A trama de “Extermínio 2” se passa 28 semanas depois da de “Extermínio”. A epidemia de zumbis foi completamente controlada e, aos poucos, o Exército que serve de governo da Inglaterra começa a repovoar o país. A Dra. Scarlet (a atriz australiana Rose Byrne, de “Tróia”) recebe os habitantes de volta e demonstra preocupação com uma dupla de londrinos que só se salvou da epidemia, porque estavam em uma viagem escolar: os irmãos Tammy (Imogen Poots) e Andy (Mackintosh Muggleton) – aqueles que seriam os habitantes mais jovens do Reino Unido e que logo reencontram o pai Don (Robert Carlyle), um dos poucos sobreviventes da epidemia, mas que acabou perdendo a esposa Alice (Catherine McCormack).

Como bem reforçava a trama de “Extermínio”, mesmo com uma aparente calma ao seu redor, aqueles que estão livres da epidemia, nunca podem achar que estão salvos do perigo dos zumbis, afinal eles podem estar presentes em qualquer lugar e disfarçados em qualquer corpo. Quando a epidemia volta a acontecer, o Exército é obrigado a colocar em prática um plano de extermínio de todos os seres (saudáveis ou não). O que implica na luta da Dra. Scarlet – que conta com a ajuda do soldado Doyle (Jeremy Renner) – para preservar a vida de Tammy e Andy – que, o roteiro revela, podem ser peça fundamental para o encontro de uma cura para a epidemia de zumbis.

O diretor Juan Carlos Fresnadillo cria, com “Extermínio 2”, um filme agoniante, de sensações claustrofóbicas. Sua câmera – nas cenas de, digamos assim, maior ação – é esquizofrênica, tremida. A edição com cortes rápidos só reforça esta sensação. E o diretor consegue ser extremamente gráfico em todas as cenas, abusando da vontade de nos causar choque. Ao mesmo tempo em que cria este estilo visual no seu filme, ele destila uma série de influências, que passam desde, é claro, o primeiro “Extermínio”, por “Filhos da Esperança” até chegar “A Bruxa de Blair” (naquela que é, provavelmente, uma das melhores seqüências do filme).

Cotação: 3,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Tuesday, August 21, 2007

Alpha Dog (Alpha Dog, 2007)

O filme “Alpha Dog”, que foi escrito e dirigido por Nick Cassavetes, apresenta uma série de antíteses. A primeira delas vem logo nos créditos iniciais do filme, quando escutamos uma versão belíssima da clássica música “Over the Rainbow”, cantada por Eva Cassidy, embalando uma série de vídeos caseiros, com imagens de crianças fazendo coisas comuns e aparentando ingenuidade. Logo em seguida, na primeira cena de “Alpha Dog”, vemos estes mesmos meninos – agora bem crescidinhos – exalando uma segurança, arrogância e nenhum ar ingênuo. Eles, na realidade, fazem agora parte de um grupo que trafica drogas sob a liderança de Johnny Truelove (Emile Hirsch).

Os garotos podem estar crescidos, mas falta a eles ainda muita maturidade. A trama criada por Nick Cassavetes define muito bem o perfil destes jovens – além de Johnny, temos em destaque, Tiko Martinez (Fernando Vargas), Frankie Ballenbacher (Justin Timberlake, ótimo), Elvis Schmidt (Shawn Hatosy), Bobby “911” (Alex Solowitz), Keith Stratten (Christopher Marquette), dentre outros. Eles são filhos de lares desfeitos e que foram criados sem qualquer imposição de limites. Os jovens não possuem noção clara de responsabilidade e agem, basicamente, pelo impulso. É justamente num desses rompantes que Johnny tem uma idéia que vai mudar para sempre o destino do grupo do qual faz parte. Para ter uma garantia de que vai receber uma dívida de drogas de Jake Mazursky (Ben Foster, excelente), ele decide seqüestrar o irmão mais novo dele, que se chama Zack (Anton Yelchin).

É a partir deste momento que entramos em contato com a segunda antítese presente em “Alpha Dog”. Zack, ao contrário dos outros garotos, vem de um lar sólido. Ele tem hora para chegar em casa e uma mãe (Sharon Stone) zelosa. Aos 15 anos, ele está começando a entrar naquela fase em que começa a se rebelar um pouco contra os cuidados paternos. Para ele, é um sonho tornado realidade estar ali em contato com aqueles jovens que fazem tudo aquilo que querem. Em outras palavras, Zack parece estar em uma colônia de férias, ao invés de estar sendo seqüestrado.

Baseado na história real de Jesse James Hollywood, um traficante que fez uma pequena fortuna na Califórnia e que foi preso em 2005, na praia de Saquarema, no Rio de Janeiro; “Alpha Dog” é um filme que analisa de maneira perfeita o estilo de vida inconseqüente que muitos jovens teimam em viver, enquanto seus pais – se enxergam isso – fingem não notar que nada de errado vai acontecendo à sua volta. Fica claro para quem assiste ao filme que o diretor e roteirista Nick Cassavetes, com a sua obra, não quer passar a mão em cima da cabeça de quem faz o tipo de coisa feita por Johnny Truelove e seu bando. E é justamente esta parcialidade o que mais prejudica “Alpha Dog”. Cassavetes explora muito bem seus atores e personagens jovens, mas se esquece daqueles que poderiam fornecer os momentos mais poderosos ao filme: os pais desses garotos.

Cotação: 7,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Monday, August 20, 2007

Os Simpsons - O Filme (The Simpsons Movie, 2007)

Depois de 18 temporadas bem-sucedidas na televisão norte-americana, finalmente o seriado animado “Os Simpsons”, que foi criado por Matt Groening, recebe a sua adaptação cinematográfica. O filme, que é dirigido por David Silverman (que também foi o diretor de filmes como “Monstros S.A.” e “O Caminho Para El Dorado”), segue bem o caminho do seriado, que tem como objetivo fazer uma crítica ao estilo de vida da sociedade norte-americana. Ao mesmo tempo, o filme aprofunda aquela que é uma das marcas registradas da animação: a abordagem irônica de assuntos relacionados à moral e à atualidade.

Num mundo em que os cuidados com o meio-ambiente causam, cada vez mais, reflexões, a história de “Os Simpsons – O Filme” fala sobre a preocupação de Springfield com a poluição do rio principal da cidade. Quando Homer Simpson coloca os dejetos de seu porquinho de estimação no rio, toda a população da cidade é penalizada e Springfield é colocada sob isolamento e Homer e sua família – a esposa Marge e os filhos Bart, Lisa e Maggie – são declaradas personas non gratas na cidade. Acuados, os Simpsons fogem para o Alaska, aonde tentam começar nova vida. Mas, quando descobrem os planos diabólicos do dirigente da Agência Nacional de Meio-Ambiente do governo dos EUA para a cidade de Springfield, os Simpsons voltam à cidade para tentar sair da condição de vilões, e atingir a de heróis.

O tempo todo, “Os Simpsons – O Filme” brinca com a questão de que é um filme baseado em um seriado de TV. Somos deparados, logo no início do filme, com um questionamento de Homer: “quem irá querer assistir a um filme se pode ver o programa toda semana de graça na TV?”. A resposta é simples: quando se tem uma família como Os Simpsons, que brincam com elementos do nosso dia-a-dia, que são politicamente incorretos, que tiram uma onda com a chamada cultura pop, toda oportunidade de se assistir a algo novo deles é válida.

No caso de “Os Simpsons – O Filme”, a adaptação cinematográfica aprofunda alguns elementos da série: como a relação existente entre Bart e Homer, o espírito engajado de Lisa, a paciência e o amor de Marge. A única coisa que é meio diferente é que, no filme, os personagens coadjuvantes do seriado, como Montgomery Burns, o palhaço Krusty, Moe, Milhouse não possuem muito espaço na trama – com exceção do vizinho Ned Flanders, que tem até uma trama paralela bem interessante com Bart. O foco total é nos Simpsons, especialmente na figura cheia de contradições chamada Homer Simpson.

Cotação: 6,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Saturday, August 18, 2007

Luzes do Além (White Noise 2 - The Light, 2007)

O suspense “Vozes do Além”, do diretor Geoffrey Sax, estreou nos cinemas em 2005 atingindo um relativo sucesso – e uma arrecadação geral de 55 milhões de dólares na bilheteria – ao contar uma história bem interessante: um viúvo chamado Jonathan Rivers (Michael Keaton) recebe mensagens da esposa falecida via EVP (Electronic Voice Phenomenom). As mensagens têm como objetivo alertar Jonathan sobre o perigo que outras pessoas estão passando de ter o mesmo destino trágico que ela. Ou seja, Jonathan tenta salvar a vida dessas pessoas.

A continuação “Luzes do Além”, do diretor Patrick Lussier (um habitual colaborador do diretor Wes Craven, um mestre do gênero de terror), utiliza essa mesma história, sendo que, no lugar do EVP temos as experiências de quase-morte, quando as pessoas são atraídas pela força de uma luz branca brilhante antes de serem ressuscitadas. No filme, Abe Dale (Nathan Fillion) é a versão de Jonathan Rivers. Ele tinha um casamento feliz com a esposa Rebecca (Kendall Cross), um ótimo relacionamento com o filho Danny (Joshua Ballard), até que os dois são assassinados por Henry Caine (Craig Fairbass).

Em seguida à morte de sua família, Abe chega à conclusão de que não vale a pena mais viver e tenta cometer suicídio, mas é salvo pela equipe médica. Ao viver uma experiência de quase-morte, ele passa a ter uma sensibilidade para enxergar quais as pessoas que estão próximas de sua morte. Talvez ao querer prevenir que outras pessoas passem pelo mesmo sofrimento que ele, Abe começa a evitar que suas premonições se tornem realidade – e é a partir desse momento que “Luzes do Além” começa a dialogar com “Premonição”, quando Abe percebe que nunca podemos enganar a morte. Mesmo que ele salve uma pessoa aqui, ele estará só adiando o inevitável destino que ela terá.

“Vozes do Além” mesmo tendo uma premissa interessante, era um filme completamente perdido dentro da própria trama criada pelo roteirista Niall Johnson. “Luzes do Além”, pelo contrário, tem uma trama que vai se desenvolvendo muito bem até chegarmos aos 10 minutos finais de filme, quando o último ciclo de salvações de Abe Dale termina. O diretor Patrick Lussier e o roteirista Matt Venne abusam um pouco do uso dos clichês e estragam o que poderia ser um filme bastante tenso e cheio de passagens realmente assustadoras.

Cotação: 3,8

Crédito Foto: E-Pipoca

Thursday, August 16, 2007

Sem Reservas (No Reservations, 2007)

A atriz Abigail Breslin conseguiu um de seus primeiros papéis de destaque no filme “Um Presente Para Helen” (2004), do diretor Garry Marshall, em que Kate Hudson interpreta uma jovem que trabalha na indústria da moda e que, após a morte de sua irmã e cunhado, é denominada a tutora de seus três jovens sobrinhos (além de Abigail, seu irmão Spencer Breslin e Hayden Panettiere) – numa experiência que vai mudar a sua vida e obrigá-la a amadurecer e a encarar responsabilidades. Tendo isto em mente, chega até a ser curioso tentar saber o por quê de Abigail ter decidido fazer “Sem Reservas”, filme do diretor Scott Hicks e o primeiro projeto da atriz após receber sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pelo filme “Pequena Miss Sunshine”.

“Sem Reservas” também é o projeto que marca a volta de Catherine Zeta-Jones ao cinema, depois de dois anos ausentes da grande tela. No filme, ela interpreta Kate Armstrong, uma cozinheira de um badalado restaurante nova-iorquino que leva uma vida cheia de regras e pouca emoção. A rotina dela é bem simples: de casa para o trabalho, do trabalho para casa – com pausas rápidas para uma sessão de terapia que ela acha completamente dispensável. Entretanto, Kate se depara com o imprevisível quando recebe a notícia de que sua irmã, que viajava com a filha Zoe (Abigail Breslin), sofreu um acidente de carro e acabou falecendo.

Acostumada a responsabilidade de dirigir uma grande cozinha todas as noites – onde ela tem uma personalidade forte, digna de uma leoa que protege seu território –, Kate fica completamente perdida quando se depara com a tarefa permanente de criar a sobrinha Zoe. O descontrole de Kate ficará ainda mais nítido quando sua chefe (Patricia Clarkson) contrata um novo cozinheiro chamado Nick (Aaron Eckhart) para ajudá-la. Tantas mudanças importantes farão com que Kate fique cada vez mais vulnerável e ela terá que encontrar uma maneira de deixar de pensar menos nela para criar um ambiente familiar favorável à sua sobrinha.

Baseado no filme “Simplesmente Martha”, da diretora Sandra Nettleback, “Sem Reservas” é um daqueles filmes cujo desfecho e situações são completamente previsíveis; mas, mesmo assim, de alguma maneira, eles acabam nos envolvendo demais com sua história. Catherine Zeta-Jones, Aaron Eckhart e Abigail Breslin estão muito bem juntos e fazem com que o familiar se torne novo. Além disso, é quase impossível não se identificar com uma história que fala sobre como é bom o sabor de viver e de ser feliz –especialmente se a felicidade vem depois de uma grande dose de sofrimento.

Cotação: 7,8

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Tuesday, August 14, 2007

Quebra de Confiança (Breach, 2007)

O diretor Billy Ray tem se especializado num determinado gênero: o de relato de histórias reais de pessoas que viviam na mentira. No seu primeiro filme, o ótimo “O Preço de uma Verdade” (2003), Ray falava sobre Stephen Glass, um jornalista que, nos anos 90, trabalhava na revista “The New Republic”, aonde cometeu o crime de fraude jornalística – ao redigir matérias que eram fruto de sua fértil imaginação. O segundo filme do diretor, “Quebra de Confiança”, vai um pouco além desse tema e fala sobre Robert Hanssen, agente do FBI que também era um espião da União Soviética e foi o responsável pelo maior crime de vazamento de informações da história do Bureau.

A trama do filme – que foi escrita por Billy Ray, Adam Mazer e William Rotko – apresenta a história sob o ponto de vista de Eric O’Neill (Ryan Phillippe), um jovem funcionário do FBI, responsável pelo monitoramento de pessoas que são suspeitas de cometer atos de terrorismo. Eric alimenta o sonho de se tornar um agente e, ao receber um chamado de Kate Burroughs (Laura Linney), para uma misteriosa missão, ele vê a oportunidade perfeita para mostrar serviço e conseguir aquilo que quer.

Aparentemente, o caso que Eric tem que investigar é bem simples. Um agente experiente do FBI chamado Robert Hanssen (Chris Cooper) é acusado de manter uma conduta imprópria no trabalho (leia-se, mandar arquivos pornográficos). O que Kate Burroughs precisa é de uma prova dessa conduta, que pode manchar um pouco a imagem do FBI. Com o tempo, Eric percebe que o caso é mais sério do que ele pensava e é a partir desse momento que Kate revela para ele as verdadeiras suspeitas em cima de Hanssen: um agente com mais de 25 anos de serviço no Bureau, mas que é o responsável pelo vazamento de informações que causaram a morte de diversas fontes dos EUA na Rússia, bem como atrapalharam as relações diplomáticas entre o país e alguns de seus aliados.

“Quebra de Confiança”, assim como o filme anterior de Billy Ray, mostra até que ponto a mentira vai consumindo uma pessoa a ponto de ela não saber mais quem ela é. Trabalhar no caso Hanssen transforma Eric numa pessoa vulnerável. Ele lida com sentimentos contraditórios – a admiração que sente por Hanssen e a repulsa por aquilo que ele fez. Além disso, Eric tem uma visão de como seria sua vida se ele realmente se transformasse num agente – ele colocaria seu casamento em risco ao ter que, obrigatoriamente, manter segredos da esposa Juliana (Caroline Dhavernas).

E é justamente ao mostrar – num pano de fundo – o conflito entre o lado público e o lado privado dessas pessoas que, diariamente, convivem com a responsabilidade tremenda de manter a segurança de um país como os EUA que “Quebra de Confiança” atinge um de seus pontos altos. O filme ratifica uma imagem que é muito passada por este atual governo norte-americano: a de que o risco pode estar presente aonde você menos imagina (Hanssen era um católico fervoroso, um avô amado pelos netinhos). Billy Ray faz um filme que chega a ser bem próximo da perfeição, com um roteiro muito bem escrito, com atuações inspiradas (especialmente da dupla Ryan Phillippe e Chris Cooper) e um desfecho intenso.

Cotação: 9,5

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Sunday, August 12, 2007

Lendo - "Grace"

“A face pública de Grace foi sua criação suprema, e sua maior virtude, num mundo muitas vezes falso e artificial, a de realmente ter se esforçado para parecer tão boa quanto parecia. Foi um ser humano falível, mas estava sempre pronta para aprender através de seus erros, fazendo mudanças reais em sua vida, à medida que começava a perceber o vazio e o custo do sonho que foi programada para perseguir. Manter para o público a imagem ilusória de felicidade junto a um homem que muitas vezes só lhe trazia desgosto fora a maior de suas performances, e ela desempenhou esse papel até o fim porque fizera um juramento – e também porque sabia que a felicidade em geral é complicada, e raras vezes satisfaz todos os desejos que uma pessoa pode ter. Grace Kelly, a princesa Grace de Mônaco, era autêntica. Sua beleza física refletia suas maiores qualidades, não era uma camuflagem. Teve sorte com a aparência, mas levou uma vida à altura de sua beleza física”. (Robert Lacey, “Grace”, pág. 336)

Grace Patricia Kelly foi predestinada a viver um conto de fadas. Nascida no dia 12 de novembro de 1929, na Filadélfia, ela cresceu no meio de uma família rica (dona de uma empresa de construção que fez fortuna ao conseguir contratos com o governo dos EUA) e cheia de glória. O pai, Jack Kelly, foi campeão olímpico no remo. A mãe, Ma Kelly, uma das poucas mulheres de sua época a cursar faculdade. Os Kelly sempre foram muito cobrados e Grace, que possuía uma personalidade submissa e cheia da necessidade de agradar e, principalmente, ser amada, foi um dos membros da família a ser mais suscetíveis a esse tipo de pressão e cobrança.

A biografia “Grace”, escrita por Robert Lacey em 1994, e que foi lançada no Brasil no ano seguinte pela editora Nova Fronteira, mostra que a vida de Grace foi marcada por muita intensidade. E foi com esse ardor que Grace se apaixonou pela atuação (por influência do Tio George, um famoso dramaturgo), fez seu nome como modelo quando morava em Nova York, viveu seus – muitos – amores e cresceu de forma impressionante em Hollywood. A intensidade também se fez presente no seu romance fulminante com o príncipe Rainier (1923-2005), de Mônaco, com quem ela se casou em 1956. E foram acontecimentos intensos (provavelmente uma briga com sua filha caçula Stephanie) aqueles que antecederam a sua morte, no dia 14 de Setembro de 1982, quando o carro em que ela dirigia caiu no meio das montanhas que rodeiam Mônaco.

Entretanto, um dos elementos mais interessante da biografia é a maneira como Robert Lacey revela aquilo que Alfred Hitchcock chamava de “as incongruências de Grace”. O diretor inglês foi um dos poucos a perceber que, por baixo de tanta neve, existia um vulcão – e ele soube explorar como nenhum outro a imagem de Grace como mulher de classe, elegância, mas que poderia ser sensual, sim, nos momentos menos esperados. Estas incongruências aparecem em alguns elementos muito interessantes da personalidade de Grace, como:

- Católica fervorosa, do tipo que estudou em colégio de freiras (até a morte, Grace manteve contato com as religiosas que as educaram) e que recorria à fé nos momentos mais difíceis de sua vida, Grace viveu – muitas vezes – “em pecado”, ao ter casos com homens casados (Ray Milland foi o mais notável deles) e perder a virgindade antes do casamento (passagens do livro relatam a preocupação de Grace, antes de se casar com Rainier, com um exame médico que revelaria a sua “condição”).

- A manutenção de uma imagem virginal e pura, quando, na realidade, Grace foi um furacão para os seus namorados, que se impressionavam com a sua sexualidade exacerbada – o livro tem inúmeros detalhes sobre as escapadelas sexuais de Grace Kelly e sobre como ela deixava todos os homens que a conheciam completamente loucos por ela.

- Grace sempre foi uma mulher extremamente independente. Saiu da casa dos pais cedo e começou a se sustentar sozinha também muito jovem. Peitou a MGM, lutando pela sua liberdade artística, quando o estúdio decidiu impor a ela as condições do contrato que ela havia assinado com eles. Mesmo assim, Grace mantinha uma posição submissa à vontade dos pais. Fazia tudo o que eles desejavam (desde acabar namoros; se afastar de companhias indesejáveis; tentar uma carreira no teatro, ao invés do cinema), mesmo que isso causasse a sua própria infelicidade, porque o que era mais importante para ela era causar orgulho especialmente no seu pai.


Robert Lacey ainda vai além ao dizer que o grande temor de Grace Kelly era o de que ela fosse desmascarada – que as pessoas, de alguma maneira, perdessem a crença nela como aquele ser modelo de elegância e de pureza. Quanta decepção ela teve quando sua própria mãe, nas vésperas de seu casamento com Rainier, lançou uma série de reportagens contando sobre seus casos amorosos. Quanto alívio ela teve quando Gwen Robyns (a escritora de uma de suas biografias) resolveu omitir seus inúmeros casos. Quantas vezes a própria Grace teve que fingir manter a vida de conto de fadas da Princesa com seu Príncipe que tanto inspirava jovens de todo mundo.

O mais curioso na trajetória de vida de Grace Kelly não foi a sua busca pela constante adulação ou pelo amor. Foi a maneira pela qual ela, de certa maneira, se reinventou ao longo dos anos. Grace herdou do pai essa garra, essa luta para buscar seus sonhos. Ela moldou seu sotaque, criou seu estilo (com a ajuda da visão de Alfred Hitchcock), abandonou a sua carreira no auge, mudou de vida, agarrou com afinco as obrigações de seu novo papel e, logo perto do fim, ensaiava a sua volta aos palcos, como leitora de poesias. E, se o maior medo de Grace era ser desmascarada, chega até a ser curioso o fato de ela ter morrido quando estava cheia de planos e tinha reencontrado o prazer de viver. Ela não tinha mais o medo de ser descoberta. Ela só queria ser feliz.

"Grace"
Autor: Robert Lacey
Editora: Nova Fronteira

Saturday, August 11, 2007

Primo Basílio (2007)

“O Primo Basílio”, livro do escritor português Eça de Queiroz que foi lançado em 1878, faz uma pequena análise da típica família de classe média, que vivia nas grandes cidades. Para a adaptação cinematográfica dirigida por Daniel Filho e escrita por Euclydes Marinho e Rafael Dragaud, a ação da trama sai de Lisboa e vai para São Paulo, no ano de 1958, logo após o Brasil ter ganhado o seu primeiro título mundial no futebol e o anúncio da construção de Brasília, pelo então presidente Juscelino Kubitscheck.

A primeira seqüência do filme acontece no teatro, enquanto Luísa (Débora Falabella), seu marido Jorge (Reynaldo Gianecchini) e seu amigo Sebastião (Guilherme Fontes) estão assistindo a uma ópera. Num dos intervalos da apresentação, Luísa – que sempre parece estar em busca de alguém – reencontra o seu primo Basílio (Fábio Assunção), que voltou ao Brasil a trabalho depois de anos vivendo na Europa. No passado, ainda antes de conhecer Jorge, Luísa e Basílio mantiveram um romance.

Luísa tem uma vida sem muitas surpresas. Tem uma casa confortável, comandada por duas empregadas – Joana (Zezeh Barbosa) e Juliana (Gloria Pires) –, um marido amoroso e compreensível. Os momentos mais emocionantes de seus dias acontecem quando ela recebe a visita da amiga Leonor (Simone Spoladore), uma mulher casada como Luísa, mas que se diverte com vários amantes. A volta de Basílio traz novamente para Luísa um pouco daquela sensação de novo – mesmo que o novo, neste caso, seja representado por alguém do passado e com quem suas relações ainda estão mal resolvidas.

Um romance entre Luísa e Basílio começa a ser inevitável, ainda mais depois que o engenheiro Jorge é convocado por Lúcio Costa (um dos responsáveis pela construção de Brasília ao lado de Oscar Niemeyer) para trabalhar na edificação da nova capital do Brasil. Sozinha e carente, é com o primo que ela vai passar esses dias livres e “sem marido”. As coisas fogem do controle de Luísa quando Juliana encontra as cartas de amor trocadas pelos dois e começa a chantagear a sua patroa, com o objetivo de garantir a sua aposentadoria.

“Primo Basílio” é uma aula de como não se fazer um filme. A película é uma série de erros após o outro. A começar, o roteiro de Euclydes Marinho e Rafael Dragaud é muito ruim. A escalação do elenco foi péssima – Débora Falabella que começa tão bem como Luísa, se perde a partir do momento em que sua personagem fica nervosa demais com o jogo de chantagem de Juliana; Reynaldo Gianecchini irrita com seu sotaque; Fábio Assunção é a apatia em pessoa. A direção de Daniel Filho não tem nada de especial. A trilha criada por Guto Graça Mello irrita. Do desastre só se salva mesmo Gloria Pires e sua grande atuação como Juliana.

Cotação: 1,0

Crédito Foto: Yahoo! Cinema

Friday, August 10, 2007

Napoleon Dynamite (2004)

A comédia “Napoleon Dynamite”, do diretor Jared Hess, foi mais um dos filmes descobertos no Festival de Cinema de Sundance, que foi criado por Robert Redford e acontece todos os anos na cidade de Park City (Utah). Quando estreou no festival, em 2004, o filme recebeu ótimas críticas e, em Agosto do mesmo ano, foi lançado nos cinemas dos Estados Unidos, arrecadando uma bilheteria de quase 45 milhões de dólares. Ou seja, considerando o seu baixo orçamento, o filme foi um enorme sucesso. No entanto, como acontece com a maioria dos filmes de comédia lançados recentemente nos EUA, “Napoleon Dynamite” nem chegou aos cinemas brasileiros, que ainda preferem filmes de gente mais conhecida, como Ben Stiller, Owen Wilson e Vince Vaughn, e foi lançado direto em DVD.

O roteiro do filme, que foi escrito por Jared Hess e Jerusha Hass (tendo como base um curta-metragem de autoria deles) segue a rotina de Napoleon Dynamite (Jon Heder), um jovem que vai todos os dias ao colégio num ônibus escolar cheio de alunos do ensino fundamental, e que, basicamente, leva uma vida muito solitária até conhecer os não menos isolados Pedro (Efren Ramirez) e Deb (Tina Majorino). Com eles, Napoleon tenta reverter um pouco o ambiente escolar repressivo em que vive (com aqueles retratos já bem estereotipados de “populares” de um lado e “freaks” sendo humilhados de outro) ao participar da campanha para eleger Pedro como o presidente da classe e ao convidar Trisha (Emily Tindall), uma das meninas mais populares do colégio, para ser seu par no baile.

Além dessa trama principal, “Napoleon Dynamite” tem algumas situações paralelas envolvendo a bizarra família de Napoleon e que é formada pela avó (Sandy Martin) de espírito aventureiro que cria uma cabrita; o irmão Kip (Aaron Ruell), que passa o dia em frente ao computador conversando com a namorada virtual; e o tio Rico (Jon Gries), que tem uma obsessão pelo ano de 1982 e tenta – a todo custo – introduzir o sobrinho Kip no seu negócio de vendas de Tupperware.

Antes de assistir a este filme, a impressão que eu sempre tive era a de que “Napoleon Dynamite” era um filme engraçadíssimo, daqueles que nos fazem chorar de tanto rir. Ledo engano. Por ficar indo de uma trama a outra, o filme perde cadência e não causa uma única risada sequer. O melhor momento de “Napoleon Dynamite” é a dança que Napoleon faz após o discurso final de Pedro na campanha para ser eleito presidente da classe – o vídeo está no You Tube para quem quiser ver, com mais de oito milhões de acessos.



Cotação: 2,5

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Tuesday, August 07, 2007

Correndo Com Tesouras (Running With Scissors, 2006)

Em um determinado momento de “Correndo com Tesouras”, filme do diretor e roteirista Ryan Murphy, Deirdre Burroughs (Annette Bening) olha para o seu psiquiatra, o Dr. Finch (Brian Cox), e fala sobre a sua ansiedade. Ela se sente sufocada, oprimida e, por causa disso, não consegue colocar para fora tudo aquilo que ela é. Essa definição não só se aplica a Deirdre, como também a todos os personagens que fazem parte desta trama baseada no livro de memórias de Augusten Burroughs. Pessoas que se apóiam na loucura, em estereótipos, em certas atitudes que, na realidade, escondem o que estas pessoas sentem ou são.

“Correndo com Tesouras” é narrado por Augusten (Joseph Cross), filho de Deirdre e Norman Burroughs (Alec Baldwin), um garoto que, desde cedo, foi muito acostumado a um ambiente familiar incomum. A mãe, que era mais preocupada em escrever algo especial e alcançar a fama; e o pai, um alcoólatra, não eram os melhores exemplos. Mesmo assim, o garoto Augusten se espelha – até demais – na sua mãe. Portanto, imagine a decepção do garoto quando ela – sob orientação do Dr. Finch – o deixa na casa do psiquiatra e de sua família – a esposa Agnes (Jill Clayburgh) e os filhos Hope (Gwyneth Paltrow), Natalie (Evan Rachel Wood) e Neil (Joseph Fiennes) –, a qual Augusten verá que também é cheia de problemas.

A questão que o filme aborda é até interessante. Enquanto muitos jovens sonham em crescer num tipo de ambiente como o que Augusten viveu (livre, sem limites ou imposições), chega um momento em que o que Augusten quer é justamente o contrário. Ele quer ser normal, quer ter um horário para chegar em casa, quer ser colocado de castigo, quer receber um “não”, enfim, ele quer ser preparado para o mundo. Mas, antes de chegar neste estágio, o primordial para Augusten é sobreviver no meio de tanta loucura.

Para colocar esta trama na tela, realmente não poderia ser outra pessoa que não o diretor e roteirista Ryan Murphy. A marca registrada de seu trabalho é colocar elementos que fazem parte do nosso dia-a-dia, como o colegial (na subestimada série “Popular”), um mundo em que a beleza é fundamental (no seriado “Nip/Tuck”) e, no caso de “Correndo com Tesouras”, o ambiente familiar; e mostrá-los de uma maneira um tanto exagerada, mas, nem por isso, menos real. Ele retrata pessoas que – ao lutarem para passar uma imagem daquilo que não são – só estão em busca de sua verdadeira identidade.

Em “Correndo com Tesouras”, para alcançar este efeito, Ryan Murphy precisava ter um bom elenco, que mostrasse de maneira adequada esta linha delicada que separa o exagero do real. E, para a sorte dele, todos os atores do filme (com exceção de uma apática Gwyneth Paltrow) estão muito bem. Os destaques positivos, além de Annette Bening (uma quase especialista na interpretação de tipos como os de Deirdre Burroughs), são Brian Cox, Jill Clayburgh e a revelação Joseph Cross.

Cotação: 6,5

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Monday, August 06, 2007

Trailer - "Lions for Lambs"

Depois de 9 anos ausentes da cadeira de diretor, quando dirigiu o filme "O Encantador de Cavalos", o ator, diretor e produtor Robert Redford volta ao posto com o filme "Lions for Lambs", um drama escrito por Matthew Michael Carnahan (o irmão do diretor Joe Carnahan, do filme "Narc") que reúne - bem ao estilo "Syriana - A Indústria do Petróleo" - várias histórias sobre o envolvimento dos EUA no Afeganistão.

Na primeira delas, um senador (Tom Cruise) discute a crise atual vivida no Afeganistão com a repórter (Meryl Streep) que fez a sua carreira. Na segunda, um professor (Robert Redford), que ensina Ciências Políticas, tenta convencer seu mais brilhante estudante a não desistir do curso - e, para isso, usa como exemplo dois de seus ex-alunos que se alistaram por vocação no Exército norte-americano. Na terceira, o roteiro segue os dois ex-alunos do professor (Michael Peña e Derek Luke), que estão combatendo no Afeganistão.

O filme é a grande aposta da MGM e de Tom Cruise (que ainda sonha com sua estatueta dourada) para o Oscar 2008.

O trailer de "Lions for Lambs":



"Lions for Lambs" (2007)
Direção: Robert Redford
Elenco: Tom Cruise, Meryl Streep, Robert Redford, Michael Peña, Derek Luke, Peter Berg
Lançamento: 09 de Novembro, nos EUA.

Saturday, August 04, 2007

A Volta do Todo Poderoso (Evan Almighty, 2007)

Quando “Todo Poderoso”, filme do diretor Tom Shadyac, estreou em 2003, o comediante Steve Carell ainda lutava para ser um nome reconhecido na indústria. O filme abriu portas para ele, que, desde então, se transformou em um ator bastante requisitado e conhecido pelo seu trabalho não só no cinema (em filmes como “O Virgem de 40 Anos” e “Pequena Miss Sunshine”), como também na televisão (na adaptação norte-americana do seriado “The Office”). Com a recusa de Jim Carrey em participar da seqüência do filme, era mais do que natural que o nome de Carell fosse colocado como um dos possíveis substitutos do ator. E é justamente ele que encabeça o elenco de “A Volta do Todo Poderoso”, novamente sob a direção de Tom Shadyac.

No filme, Steve Carell interpreta o mesmo personagem que fez na primeira película, o do âncora de TV Evan Baxter. Ele se prepara para sofrer grandes mudanças em sua vida, tendo em vista que acaba de ser eleito deputado e está indo viver permanentemente em Washington ao lado de sua família, que é formada pela esposa June (Lauren Graham, do seriado “Gilmore Girls”) e pelos três filhos Dylan (Johnny Simmons), Jordan (Graham Phillips) e Ryan (Jimmy Bennett). A mudança vem cheia de expectativas na família Baxter, que espera que o marido e pai Evan participe mais do dia-a-dia familiar.

Assim como acontece com o personagem interpretado por Jim Carrey em “Todo Poderoso”, a partir do momento em que Evan Baxter consegue aquilo que ele realmente deseja, sua vida vira de pernas para o ar. Como se ele já não tivesse enormes responsabilidades no papel de marido, pai e deputado, Deus (mais uma vez interpretado por Morgan Freeman) aparece pedindo-o que construa uma Arca de Noé e salve animais e humanos de um aparente dilúvio que está por vir. Totalmente incompreendido pelas pessoas (até mesmo pela sua família), Evan fica sozinho, vestido e caracterizado como um homem da antiguidade e sendo taxado de louco.

Quem for assistir “A Volta do Todo Poderoso” esperando encontrar um filme que cause inúmeras risadas, pode se decepcionar. O filme foge da questão tocada no primeiro filme (o egoísmo de um homem que, deparado com um poder enorme, decide usá-lo a seu favor) e tenta abordar algo maior (Evan usa o poder que Deus lhe dá para o bem de todos, pois só assim ele mesmo pode encontrar a sua própria felicidade). Com um elenco formado, basicamente, de ótimos comediantes (além de Steve Carell e Lauren Graham, podemos encontrar na tela John Goodman, a excelente Wanda Sykes, John Michael Higgins e Molly Shannon), os poucos momentos cômicos que Tom Shadyac dedica ao seu elenco soam até forçados demais – o que é uma pena. Se você quiser rir, é melhor esperar os créditos finais, em que todo mundo parece soltar o humor que ficou preso durante o filme todo.

Cotação: 4,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Trailer - "Atonement"

O segundo semestre do ano é sempre uma época muito aguardada pelos cinéfilos, pois, geralmente, é a partir dele que os filmes que irão brigar pela estatueta do Oscar começam a ser lançados. Neste sentido, um dos filmes mais aguardados - e comentados - é "Atonement", do diretor Joe Wright (de "Orgulho e Preconceito"). Adaptação do aclamado livro de Ian McEwan (que se chama "Reparação", e foi lançado pela Companhia das Letras no Brasil), "Atonement" conta uma história que se passa no Verão de 1933, quando uma garota de 13 anos (Saoirse Ronan, a jovem atriz que vai ter a grande responsabilidade de interpretar Susie Salmon na esperada adaptação de "The Lovely Bones", a ser dirigida por Peter Jackson) começa a observar o jogo de flertes que se desenvolve entre a sua irmã mais velha (Keira Knightley) e o filho de um dos empregados da casa (James McAvoy).

O trailer mais recente do filme - que será lançado mundialmente no Festival de Cinema de Veneza, que começa no dia 29 de agosto - confirma as excelentes expectativas que são colocadas em cima do filme. Uma trilha sonora marcante de Dario Marianelli, uma direção de arte e figurinos sofisticados, uma história que tem ecos de "Cold Mountain" (um amor que vai para a guerra e a mocinha prometendo esperá-lo). Ainda é cedo para se falar sobre as atuações do filme, mas, as primeiras reações daqueles que já assistiram "Atonement", dirigem os olhares para possíveis indicações de Keira Knightley, James McAvoy e alguns chegam até a indicar um favoritismo para Romola Garai ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2008. É esperar para ver.



Atonement (England, 2007)
Diretor: Joe Wright
Elenco: Keira Knightley, James McAvoy, Romola Garai, Brenda Blethyn, Vanessa Redgrave, Saoirse Ronan, Juno Temple, Michelle Duncan.
Data de Lançamento: 07 de Setembro de 2007, na Inglaterra.

Thursday, August 02, 2007

Em Nome da Honra (Catch a Fire, 2006)

Quando uma pessoa se depara com um regime autoritário, ela pode agir de duas maneiras. Na primeira, mesmo se não concordar com os preceitos do regime, a pessoa decide viver sua vida normalmente, de maneira pacífica, como se nada de anormal estivesse acontecendo. Na segunda, ao invés de ficar presa ao conformismo, a pessoa decide agir e tenta contestar e/ou modificar o que está acontecendo. Na África do Sul dominada pelo Apartheid, Patrick Chamusso (numa atuação fantástica de Derek Luke) faz parte do grupo que age da primeira maneira. Ele tem um bom emprego, é casado com Precious (Bonnie Henna, excelente) e pai de duas garotinhas. Com elas, vive em uma casa própria, tem o seu carro e alguns luxos. A sua atitude mais controversa é manter um segredo de sua esposa: ele tem um filho com uma mulher com quem ele teve um caso extraconjugal.

Tudo isto vai mudar quando Patrick é acusado, injustamente, de orquestrar um ataque terrorista na empresa aonde trabalhava. Mantido prisioneiro por vários dias e depois de muita tortura (até a esposa dele é vítima dos temidos agentes do governo da África do Sul), Patrick é, finalmente, liberado por Nic Vos (Tim Robbins, ótimo) – o líder dos agentes – e volta para casa. Mas, a vida dele nunca será a mesma. Num ímpeto, Patrick decide ir para Moçambique e se alista no exército revolucionário para receber treinamento e aí sim fazer aquilo de que foi erroneamente acusado de cometer.

Os cinéfilos costumam prestar muita atenção nos filmes que recebem espaço na mídia e, por conseqüência, tem uma abertura maior no mercado dos exibidores de cinema. No entanto, existe muito filme bom sendo produzido por aí sem receber a devida atenção de imprensa e, principalmente, da indústria. “Em Nome da Honra” é um deles. O filme é a terceira investida do diretor australiano Phillip Noyce no terreno das tramas políticas. E ele tem se saído muito bem nesse “gênero”, provando que é um dos melhores diretores em atividade. Somente em 2002, ele lançou dois filmes nesse estilo: “Geração Roubada”, que conta a história de três meninas aborígenes que seguem o caminho de uma enorme cerca em busca de sua tribo; e “O Americano Tranquilo”, que relata o conflito que se estabelece entre um repórter inglês no Vietnã e um médico que lutam pela mesma mulher.

Baseado na história real de Patrick Chamusso, “Em Nome da Honra” investe em cima do Apartheid, regime adotado a partir de 1948, na África do Sul e que colocava os brancos (minoria) como detentores do poder, enquanto que os povos restantes eram obrigados a viver de forma separada e seguindo uma série de regras. Tal regime só acabou quando Nelson Mandela foi declarado o presidente do país, em 1994. A partir deste contexto social e político, o roteirista Shawn Slovo e o diretor Phillip Noyce constroem um filme brilhante sobre um tipo de herói como Paul Rusesabagina (que foi retratado no filme “Hotel Ruanda”, de Terry George) ou Oskar Schindler (que foi nos apresentado no filme “A Lista de Schindler”, de Steven Spielberg): aquele que defende o que é correto e que não espera que o pior aconteça. Ele age no agora.

Cotação: 10,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Wednesday, August 01, 2007

Ela é a Poderosa (Georgia Rule, 2007)

“Você sabe para onde está indo?”
“Mãe, eu estou no inferno!”

Não, esse não foi um diálogo travado recentemente pela atriz Lindsay Lohan e sua mãe e empresária Dina. Estas falas fazem parte da primeira cena do filme “Ela é a Poderosa”, do diretor Garry Marshall, em que Lindsay Lohan interpreta uma garota chamada Rachel Wilcox – ou seria ela mesma? Afinal Rachel é uma jovem mimada, irresponsável e que não mede as conseqüências de seus atos. Além disso, Rachel não respeita sua mãe ou qualquer outra pessoa que seja mais velha do que ela – uma prova de que a sua mãe foi mal-sucedida em impor limites à sua filha.

A cena que abre “Ela é a Poderosa” coloca Rachel ao lado de sua mãe, Lilly (Felicity Huffman, no seu primeiro papel no cinema depois da indicação ao Oscar de Melhor Atriz por “Transamérica”), quando esta, cansada de mais um ato de rebeldia de sua filha, decide enviá-la para o “inferno”, ou seja, uma pequena cidade do Estado de Idaho, aonde ela vai ficar hospedada na casa da temida e odiada avó, Georgia (Jane Fonda), uma mulher que segue fielmente as regras que impôs à sua vida e que espera que as pessoas que fazem parte de seu círculo mais próximo também as sigam.

No entanto, a grande surpresa é que a vida de Rachel na pequena cidade do Idaho vai se revelar tudo menos um inferno. A avó, na realidade, se mostra uma pessoa sensível às necessidades de Rachel naquele momento: um equilíbrio entre ternura, disciplina e discernimento para saber o momento certo em que ela precisa ficar sozinha. A mãe Lilly, ao decidir colocar em pratos limpos todos os seus problemas de relacionamento com Georgia, consegue, de alguma maneira, melhorar o seu relacionamento com a própria filha. E Rachel, com sua personalidade avançada e – como ela gosta de dizer – “única”, vira a rotina da cidade de cabeça para baixo, especialmente a de dois homens: o veterinário viúvo Simon Ward (Dermot Mulroney) e o jovem religioso Harlan (Garrett Hedlund).

“Ela é a Poderosa” é um filme que, mesmo com atuações convincentes de seus atores, tem um problema muito sério: o roteiro de Mark Andrus se perde no meio de tanta verdade e mentira criada por Rachel que chega um determinado momento em que a platéia fica confusa para saber se o que estamos vendo corresponde à realidade de Rachel ou não. No mais, a data de lançamento brasileira do filme segue um timing primoroso. Nos sets de “Ela é a Poderosa”, Lindsay Lohan começou um longo calvário que veio ter um estopim recentemente com suas constantes idas à reabilitação e passagens pela prisão. A arte pode ensinar muito a vida e o que Lindsay precisa, neste momento, é de alguém que imponha a ela as “Regras de Georgia”.

Cotação: 2,5

Crédito Foto: Yahoo! Movies