Wednesday, March 29, 2006

Espíritos - A Morte Está ao seu Lado (Shutter - They Are Around Us, 2004)



Nos últimos anos, as platéias de cinema de todo o mundo têm descoberto o cinema produzido no oriente. Alguns críticos consideram o tipo de cinema produzido nos países orientais como o mais inovador da atualidade. A verdade é que os filmes orientais já começam a produzir seus efeitos na maior indústria cinematográfica mundial – a hollywoodiana –, tendo em vista que muitos de seus filmes já foram ou estão em processo de serem refeitos pelos profissionais norte-americanos. Um dos gêneros mais populares do cinema oriental no mundo ocidental é o de terror – que foi bem representado pelos filmes japoneses “Ringu” e “Dark Water”. Agora, os cinéfilos têm a oportunidade de conhecer um outro filme desse gênero, “Espíritos – A Morte Está ao Seu Lado”, do diretor Banjong Pisanthanakun, que foi produzido na Tailândia.

O filme começa quando um grupo de quatro amigos está reunido para comemorar o casamento de um deles. No final da festa, o casal formado pelo fotógrafo Tun e por Jane está voltando para casa quando atropelam acidentalmente uma mulher. Assustados, os dois fogem da cena do crime. Nos dias seguintes ao acidente, Tun e Jane serão atormentados por pesadelos e visões; e as fotos tiradas por Tun começam a aparecer desfocadas e manchadas.

Com o objetivo de tentar entender tudo o que está acontecendo com eles, Tun e Jane começam a investigar o caso. Os dois voltam à cena do atropelamento e não visualizam nenhum rastro do crime que cometeram. O casal também irá encontrar, na sua busca, outras fotografias com o aparecimento de pessoas que já estão mortas e, em decorrência disso, procuram especialistas em retratos de espíritos, para que eles possam explicá-los como um espectro de alguém pode aparecer no meio de uma foto. A explicação que é oferecida para Tun e Jane é bem simples: um espírito aparece, às vezes, pois não consegue ficar longe daqueles a quem ama ou então porque ele tem uma mensagem a transmitir para aqueles que ainda estão vivos.

O tempo mostrará para Tun e Jane que o que está lhes atormentando é uma pessoa do passado de Tun – uma ex-namorada que o amou muito, mas que não foi correspondida da maneira que imaginava e, por isso, foi abandonada por ele. A partir dessa descoberta, começa uma nova luta: a para fazer com que essa ex-namorada de Tun seja libertada antes que o espírito dela se apodere das vidas de Tun e Jane.

“Espíritos – A Morte Está ao Seu Lado” é um típico terror psicológico, com poucas imagens realmente assustadoras – e quando elas aparecem estão relacionadas a temas icônicos dos filmes de terror do oriente, como o perigo da água e as mulheres apavorantes escondidas por trás de enormes cabelos. No entanto, “Espíritos – A Morte Está ao Seu Lado” sai de um lugar comum quando consegue um diálogo com filmes como “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado” ao mostrar que, mais cedo ou mais tarde, toda má ação não passará impune. Alguém sempre irá cobrar o preço daquilo que foi feito.

Crédito Foto: Cinepop

Tuesday, March 28, 2006

Uma Comédia Nada Romântica (Date Movie, 2006)


Os filmes da série “Todo Mundo em Pânico” recuperaram, ainda no início desta década, um gênero que andava meio desaparecido: aquele que se propõe a fazer paródias de situações que foram retratadas em filmes que fizeram muito sucesso nas bilheterias. O alvo especial dos criadores dessa série eram os filmes de terror. Com “Uma Comédia Nada Romântica”, filme do diretor Aaron Seltzer (que também co-roteirizou o filme ao lado de Jason Friedberg), as comédias românticas – talvez o gênero cinematográfico mais popular – passaram a ser os objetos de piadas.

As paródias são inseridas como um meio de ilustrar a história das duas personagens principais do filme: a garçonete Julia Jones (Alyson Hannigan, que fez a série “American Pie”), uma mocinha romântica à moda antiga – e que acredita que o príncipe encantado vai aparecer com sua armadura prateada num cavalo branco; e Grant Funckyerdoder (Adam Campbell), a pessoa que Julia acredita ser o seu príncipe encantado.

Julia e Grant se apaixonam num programa estilo “The Bachelor” e planejam o seu casamento, o que faz com que o filme seja considerado uma paródia de “Entrando Numa Fria” e “Entrando Numa Fria Maior Ainda”, tendo em vista que, neste processo, os dois irão conhecer as suas respectivas famílias. No entanto, no meio da história de amor de Julia e Grant ainda encontramos cenas pontuadas de referências aos filmes de comédia romântica que mais obtiveram sucesso nos últimos anos, como: “O Diário de Bridget Jones”, “Doce Lar”, “Casamento Grego”, “Um Casamento à Indiana”, “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, “Uma Linda Mulher”, “Penetras Bons de Bico”, “Um Lugar Chamado Notting Hill”, “Sr. e Sra. Smith”, “Sintonia de Amor”, dentre outros.

“Uma Comédia Nada Romântica” ainda faz referências a comerciais de TV, como o de uma rede de lanchonetes dos Estados Unidos e que foi protagonizado pela socialite Paris Hilton e que também foi recentemente parodiado no clipe “Stupid Girls”, da cantora Pink; e a programas de TV, como “Pimp My Ride”, da MTV, que transforma carros velhos em máquinas novas, potentes e modernas. E ainda recebe a participação especial de personalidades que só se destacam nesse tipo de filme, como a dublê de atriz Carmen Electra.

"Uma Comédia Nada Romântica” é um filme que tem a mesma estrutura das películas da série “Todo Mundo em Pânico” – por isso não faz questão de ter nexo algum, é uma diversão descompromissada e que se apóia basicamente naquelas situações de comédia escatológica e nas piadas de extremo mau gosto. Se você gosta desse tipo de filme, então irá aguardar com ansiedade o mês de abril, quando “Todo Mundo em Pânico 4” estréia na salas de cinema de todo o Brasil. Mas, se você quer fugir de filmes como “Uma Comédia Nada Romântica”, então assista ao brasileiro “Como Fazer um Filme de Amor”, de José Roberto Torero, que brinca com os filmes de comédia romântica de maneira bem mais inteligente – ao mostrar a receita para se fazer um bom filme do gênero.

Crédito: Yahoo! Movies

Saturday, March 25, 2006

O Plano Perfeito (Inside Man, 2006)


A narrativa de “O Plano Perfeito”, novo filme de Spike Lee, está dividida em três eixos. Todas as três histórias possuem uma característica em comum: as personagens estão colocando em prática um plano. Como veremos no decorrer do filme, cada um desses planos, à sua maneira, é perfeito; e seguem duas premissas básicas: a de que uma ação – não necessariamente ela precisa ser boa ou ruim – justifica a outra e a de que os fins justificam os meios – tendo em vista que as personagens principais do filme farão de tudo para conquistar aquilo que desejam.

Dalton Russell (o ator inglês Clive Owen, que passa a maior parte do filme escondido por trás de uma máscara) é o líder de uma quadrilha de assaltantes que decidiu roubar o Manhattan Trust Bank, que fica localizado na cidade de Nova York. Dalton é, sem dúvida, a personagem que é mais revelada no filme e o seu plano é o mais nítido de todos – uma vez que a colocação do assalto ao banco em prática é a trama principal de “O Plano Perfeito”.

Keith Frazier (Denzel Washington) é um detetive de polícia que está com a carreira profissional em risco desde que se tornou suspeito de ter desviado um dinheiro apreendido em uma operação policial. A oportunidade que ele esperava para reconstruir a sua carreira – e receber a tão sonhada promoção a detetive de primeiro escalão – aparece quando seu chefe o designa – junto com o seu parceiro Bill Mitchell (Chiwetel Ejiofor, de “Coisas Belas e Sujas”) – para liderar as negociações entre os policiais e os assaltantes do Manhattan Trust Bank.

Madeleine White (Jodie Foster) é a personagem mais misteriosa de “O Plano Perfeito”. Nós não temos certeza do que ela faz, mas ela tem conexões muito importantes e, aparentemente, socorre as pessoas mais ricas quando elas estão querendo solucionar discretamente um grande problema. Madeleine entra no eixo principal de “O Plano Perfeito” quando Arthur Case (Christopher Plummer), o presidente do Manhattan Trust Bank, pede para que ela tente evitar que um documento que ele guarda a sete chaves num cofre particular no banco seja revelado – e que mostra que toda a sua fortuna foi construída a partir de um relacionamento comercial que ele estabeleceu com os nazistas.

O roteiro do estreante Russell Gewirtz é muito engenhoso e prega várias brincadeiras na platéia (no roubo do Manhattan Trust Bank, por exemplo, os ladrões e os reféns vestem as mesmas roupas e a platéia nunca sabe ao certo quem é bandido ou quem é refém; o mesmo acontece com Frazier e Mitchell, que, ao tomarem os depoimentos daqueles que estavam no banco, não sabem se estão lidando com os criminosos ou com as vítimas). No entanto, se os planos particulares de Dalton, Frazier e Madeleine são perfeitos, o roteiro de Russell Gewirtz sofre com algumas falhas – especialmente na trama da personagem interpretada por Jodie Foster.

“O Plano Perfeito” pode ter despertado algumas dúvidas nos fãs da filmografia do diretor Spike Lee, afinal nunca alguém iria imaginar que o diretor nova-iorquino poderia se aventurar num cinema mais mainstream e que conta a história de um assalto à banco. Mas, Spike Lee não decepciona e dirige o filme com competência. No meio de uma ação de primeira linha, Lee ainda consegue inserir sua assinatura particular em alguns momentos de “O Plano Perfeito”, como numa cena em que vemos um close de um cartaz que diz que os nova-iorquinos “nunca vão esquecer” (numa referência clara aos atentados de 11 de setembro – as conseqüências dos atos terroristas na vida dos nova-iorquinos foi tema de fundo do seu último filme “A Última Noite”) e quando vemos questões raciais emboladas no meio da trama de “O Plano Perfeito” – um funcionário de origem sikh do Manhattan Trust Bank, quando é libertado pelos assaltantes, é confundido logo com um terrorista árabe, por isso, automaticamente, os policiais pensam que ele carrega consigo uma bomba.

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Wednesday, March 22, 2006

Anjos da Noite - Evolução (Underworld - Evolution, 2006)


Quando “Anjos da Noite – Underworld”, filme do diretor Len Wiseman, estreou nas salas de cinema do Brasil em 2004, o filme deu a impressão geral de que fazia um apanhado de todos os elementos visuais que estão presentes em filmes dignos da era da alta tecnologia como “Matrix” e as animações japonesas; ao mesmo tempo em que utilizava personagens (vampiros e lobisomens) de tradição milenar. “Anjos da Noite – Underworld”, é verdade, reunia essas idéias velhas e as apresentava como novas, mas não foi um filme marcante na época – apesar do sucesso que fez nas bilheterias de todo o mundo.

Eis que, em 2005, estréia a continuação deste filme, chamada “Anjos da Noite – Evolução”, do mesmo diretor Len Wiseman. A segunda parte repete basicamente a premissa do primeiro filme: há 8 séculos, os vampiros e os lobisomens se debatem em uma guerra sangrenta. A diferença agora é que Len Wiseman nos apresenta o por quê desta guerra acontecer: os dois filhos de Alexander Corvinus, Marcus (um ser híbrido, ou seja, metade vampiro e metade lobisomem) e William (um lobisomem) se digladiavam entre si, liderando as suas respectivas raças. Quem solucionou – por um primeiro momento – esta guerra foi Viktor (Bill Nighy), aquele que, em “Anjos da Noite – Underworld”, era o líder maior dos vampiros. Foi justamente desta guerra entre irmãos que saíram todas as crenças nas quais os vampiros acreditavam e quem assistiu ao primeiro filme bem sabe que Selene (a atriz inglesa Kate Beckinsale) desmascarou tudo aquilo que Viktor ensinou aos vampiros.

“Anjos da Noite – Evolução” retoma a história da vampira Selene e do híbrido Michael Corvin (Scott Speedman) – um descendente direto de Alexander Corvinus – do momento em que “Anjos da Noite – Underworld” terminou: da morte de Viktor. Selene agora, depois de servir fielmente aos vampiros por 6 séculos, passa a lutar sozinha, tentando restabelecer a ordem e acabando com o caos instalado por Viktor e seu servo Kraven no primeiro filme. Já Michael tenta lidar com a sua nova condição e tenta aprender a controlar a sua força e seus instintos. Mas, assim como no primeiro filme, Selene e Michael têm que enfrentar mais um inimigo que quer unir as duas raças inimigas e transformá-las numa combinação poderosa. Agora é Marcus quem renasce das cinzas e quer encontrar o corpo de William e se tornar o Deus de uma nova raça mais forte e imbatível.

“Anjos da Noite – Underworld” foi um sucesso surpreendente em todo o mundo. Em decorrência disso, para fazer “Anjos da Noite – Evolução”, o diretor Len Wiseman teve um orçamento bem mais generoso. A continuação é uma produção bem mais caprichada e com efeitos visuais bem melhores do que aqueles vistos no primeiro filme. “Anjos da Noite – Evolução” continua a ser uma fórmula requentada, mas, acredite se quiser, esse não foi o maior erro cometido por Len Wiseman. Apesar de “Anjos da Noite – Evolução” fazer muitas referências à trama do primeiro filme, a continuação só irá fazer sentido para aqueles que assistiram “Anjos da Noite – Underworld”. Do contrário, o espectador que assiste a esta história pela primeira vez ficará completamente confuso. Isso não é um bom sinal quando você se propõe a fazer uma continuação e, a julgar pela intenção dos produtores de fazer um terceiro filme da série, é bom que eles prestem atenção nisto na terceira parte de “Anjos da Noite”.

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Friday, March 17, 2006

Mulheres do Brasil (2006)


O filme “Mulheres do Brasil”, de Malu de Martino, conta a história de cinco mulheres espalhadas por cinco estados brasileiros. Todas essas histórias irão revelar um aspecto característico de nossas mulheres – com ênfase especial ao caráter sonhador, amoroso e dedicado de cada uma delas. A primeira é Esmeralda (Camila Pitanga). Como filha única de um casal baiano, Esmeralda sempre teve tudo o que quis: fez aulas de balé, de piano, de inglês e estudou em colégios católicos. Esmeralda parece um personagem saído de um romance de Nelson Rodrigues e, enquanto tinha uma postura recatada perante sua família, fora de casa se revelava uma mulher fatal, que sofreu com as armas do jogo da conquista amorosa.

A segunda mulher é a alagoana Ana (Luana Carvalho, filha da cantora Beth Carvalho). Assim como Esmeralda, Ana nasceu em uma família que lhe proporcionou tudo aquilo que ela queria. Todos os passos de sua vida foram planejados exaustivamente pelos seus pais. E, quando Ana se vê prestes a terminar uma faculdade (de turismo) que não a entusiasma, ela começa a sentir a necessidade de conhecer o mundo e de tentar entender quem ela realmente é e quais os rumos que ela gostaria de dar à sua vida.

A terceira é a carioca Telma (Roberta Rodrigues, que foi revelada no filme “Cidade de Deus”). Ao contrário de Ana e Esmeralda, Telma tem uma vida muito sofrida: mora em uma favela, cuida de sua mãe cega e de sua irmã caçula e trabalha conferindo o estoque de um supermercado. Como se isso não fosse suficiente, Telma ainda carrega uma grande responsabilidade: a de, na condição de porta-bandeira da Acadêmicos da Grande Rio, empunhar o pavilhão da escola no desfile das escolas de samba e ajudá-la a se tornar a grande campeã do carnaval carioca.

A quarta é a paranaense Martileide (Carla Daniel, filha do diretor Daniel Filho), que, como muitas mulheres trabalhadoras brasileiras, está cansada do seu dia-a-dia e sonha com uma vida melhor para si. Martileide quer encontrar um grande amor, um homem que fizesse com que ela levasse uma vida, literalmente, de princesa.

E, finalmente, a quinta mulher é a paulista Laura (Bete Coelho), uma recém-divorciada, que está na casa dos quarenta anos, desempregada, e luta desesperadamente para recolocar a sua vida (profissional e pessoal) nos eixos.

"Mulheres do Brasil” tem uma estrutura narrativa muito interessante, a qual mistura ficção com documentário – uma vez que cada uma das cinco histórias são ilustradas com depoimentos de pessoas reais (as romeiras de Bom Jesus da Lapa na história de Esmeralda; as rendeiras do Pontal na de Ana; as portas-bandeiras na de Telma; as prostitutas de Curitiba na de Martileide e as mães viúvas, solteiras e desquitadas na de Laura). Nem sempre essa mistura irá funcionar e a impressão que a platéia tem é a de que o filme não tem um elo definido e as suas histórias estão soltas.

“Mulheres do Brasil” estreou nas salas de cinema de todo o país na semana em que se comemorou o Dia Internacional da Mulher. O filme é realmente um grande esforço feminino – tendo em vista que a maior parte da equipe técnica do filme, sem contar aquelas pessoas que vemos na frente das câmeras, são mulheres. No entanto, “Mulheres do Brasil” sofre claramente com a ausência de um aspecto fundamental para qualquer filme: ele não emociona a platéia e não faz com que ela se envolva com a história que ele pretende contar. As mulheres brasileiras mereciam uma homenagem muito melhor do que essa.

Crédito Foto: Yahoo! Cinema

Saturday, March 11, 2006

O Matador (The Matador, 2005)


Julian Noble (Pierce Brosnan, numa performance que lhe deu uma indicação ao Globo de Ouro 2006 de Melhor Ator num Filme de Comédia ou Musical) só tem a nobreza no nome. Ele é um ser humano frio (a ponto de esquecer o seu próprio aniversário) e calculista que ganha a vida assassinando pessoas (ou, como o próprio Julian prefere dizer, ele é um facilitador – de negócios especialmente, uma vez que ele elimina os obstáculos para que acordos dos seus clientes sejam assinados). Em decorrência de sua profissão e até mesmo da sua personalidade, Julian é um homem solitário, de amigos e amores passageiros. Seu consolo são as bebidas e as mulheres.

Danny Wright (Greg Kinnear), na superfície, é uma pessoa mais completa. Tem a sua própria empresa de vendas e um casamento feliz com Bean (a excelente Hope Davis, que tem seu talento mal aproveitado neste filme). Mas, na realidade, Danny está quase chegando ao fundo do poço: perdeu o emprego (e, por isso, montou a sua empresa), o filho único em um acidente de ônibus e vê o seu negócio prestes a ir para a falência.

São estes dois personagens completamente opostos que comandam a narrativa do filme “O Matador”, do diretor Richard Shepard. Julian e Danny irão se conhecer no México, onde estão a trabalho – Julian para assassinar uma mulher e Danny para tentar assinar um contrato de vendas que será vital para a continuação da existência de sua empresa. E, contra todas as previsões, os dois se tornarão grandes amigos – afinal, tanto Julian quanto Danny enxergam um no outro aquilo que eles nunca serão ou terão coragem para fazer.

O encontro de Julian e Danny faz nascer uma estranha ligação emocional entre os dois, que influenciará o modo pelo qual os dois começaram a encarar a vida dali em diante. A mudança maior se dará em Danny, que trará para o seu dia-a-dia a ética do matador – no filme, os roteiristas aliam a ética do assassino à de um toureiro, ao mostrar que ambos tentam dar às suas vítimas fins mais honrosos, o que significa fazer com que essas vítimas morram sem sentir dor. Já Julian passará a sentir mais o peso das conseqüências dos atos que comete em nome de sua profissão.

No final de 2005, foi anunciada a decisão dos produtores da franquia James Bond sobre a saída de Pierce Brosnan do papel principal – e que lhe alçou à fama mundial. De acordo com os produtores, a mudança era necessária para reciclar a franquia e torná-la mais atraente ao público jovem. Talvez esses produtores não tenham assistido à “O Matador”, um filme com elementos bastante atuais – a começar pela linguagem visual, pela trilha sonora e pela constante ironia de seu roteiro, que agradará à platéia de todas as idades. Definitivamente, “O Matador” marca um novo ciclo na carreira de Pierce Brosnan e, se ele seguir este caminho, com certeza ele terá um excelente futuro longe da franquia do espião mais famoso do mundo.

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Friday, March 10, 2006

Firewall - Segurança em Risco (Firewall, 2006)


O ator norte-americano Harrison Ford pautou a sua carreira em cima de homens comuns que são obrigados a virar o jogo por causa de situações adversas que acabam enfrentando em suas vidas. No filme “Firewall – Segurança em Risco”, do diretor Richard Loncraine (o mesmo de “Wimbledon – O Jogo do Amor”), ele interpreta mais um desses personagens: Jack Stanfield, o vice-presidente de segurança de um banco multinacional. No início de “Firewall – Segurança em Risco”, Jack está cheio de problemas para lidar – todos eles relacionados à fusão do banco em que trabalha com outro grupo financeiro. Mas, no decorrer do filme, ele terá que enfrentar um problema ainda maior: o seqüestro de sua esposa Beth (Virginia Madsen, conhecida pelo seu papel no filme “Sideways – Entre Umas e Outras”) e de seus dois filhos.

O seqüestro da família de Jack foi planejado por Cox (Paul Bettany) – um criminoso que fez bem o seu dever de casa, uma vez que ele conhece bem a rotina, os pontos fracos, os pontos fortes e as maiores vulnerabilidades de cada membro da família de Jack. O plano de Cox e de seus comparsas é aparentemente perfeito e visa a um único objetivo: fazer com que Jack quebre todos os sistemas de segurança que ele desenvolveu para o banco e roube o total de 100 milhões de dólares das contas dos clientes mais ricos da instituição.

É a partir desse momento em que o personagem de Harrison Ford entra no seu maior conflito. Se por 20 anos Jack protegeu os acionistas, correntistas e todo o banco no qual trabalha das fraudes cometidas pelos hackers e outros criminosos virtuais; agora, ao ver a sua família ameaçada de morte e seqüestrada, ele tem que tomar uma atitude, a qual implica deixar de lado a condição de homem de família e de funcionário exemplar para se transformar em um verdadeiro leão, que está disposto a tudo para ver a sua família salva – bem como a sua própria pele, tendo em vista que os seqüestradores criaram uma complexa conspiração para incriminar Jack.

Um filme como “Firewall – Segurança em Risco” depende muito de um bom roteiro, que torne plausíveis os acontecimentos que a platéia vê serem retratados na tela. Nesse sentido, o roteiro de “Firewall – Segurança em Risco” é muito bem amarrado e sempre oferece à platéia as respostas para alguma coisa que não ficou claramente bem explicada. O roteiro ainda ganha uma força extra em decorrência da excelente atuação do vilão Paul Bettany (o que deixará muita gente ansiosa para ver o que ele irá fazer na pele de Silas, o grande antagonista de “O Código da Vinci”) e da eficiente presença de Harrison Ford, que prova que ainda tem fôlego para fazer filmes de ação.

“Firewall – Segurança em Risco” é um filme que aborda um tema muito atual: as altas tecnologias. Histórias como as retratadas no filme são bastante conhecidas do público brasileiro – basta dar uma olhada em qualquer telejornal para ver que seqüestros de famílias de gerentes de banco são uma situação comum por essas bandas. A diferença aqui é que estamos assistindo a uma peça de ficção, com uma edição caprichada, uma trilha sonora (do ótimo Alexandre Desplat) que sabe acentuar os momentos de maior tensão da história e, é claro, com aquele habitual final feliz.

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Wolf Creek - Viagem ao Inferno (Wolf Creek, 2005)


O roteiro do suspense “Wolf Creek – Viagem ao Inferno”, do diretor Greg McLean, além de ser baseado em fatos reais, tem como premissa fundamental uma estatística altamente verdadeira: 90% das pessoas que desaparecem na Austrália são encontradas em um mês, enquanto os 10% restantes nunca serão encontrados. No caso particular de “Wolf Creek – Viagem ao Inferno”, os roteiristas preferem dar um enfoque na taxa percentual menor para contar a história de três mochileiros: o australiano Ben Mitchell (Nathan Phillips) e as turistas inglesas Liz Hunter (Cassandra MaGrath) e Kristy Earl (Kestie Morassi). Os três fazem amizade em uma praia da Austrália e decidem ir juntos em uma viagem de duas semanas pelo país, com uma parada rápida para conhecerem o Parque Nacional Wolf Creek, que abriga a segunda maior cratera do mundo, e fica localizado no coração do país australiano, em uma área completamente isolada do mundo.

A estrutura narrativa adotada pelo diretor Greg McLean para contar a história de “Wolf Creek – Viagem ao Inferno” acaba dividindo o filme em dois momentos distintos. O primeiro deles acontece durante a primeira hora do filme, quando o diretor privilegia o relacionamento que se estabelece entre Ben, Liz e Kristy. Como qualquer jovem em férias, o trio prefere se dedicar a muita diversão e muita paquera; e só interrompem os momentos de farra para irem conhecer a cratera de Wolf Creek, um lugar que se revelará fascinante e deslumbrante.

É justamente quando Ben, Liz e Kristy decidem continuar a sua jornada de duas semanas pela Austrália que “Wolf Creek – Viagem ao Inferno” dá uma virada e entra no seu segundo momento. A visita à cratera de Wolf Creek termina cheia de mistério, quando os três amigos notam que os seus relógios e o carro no qual eles estão viajando pararam de funcionar repentinamente. Os três entram em pânico, mas logo se acalmam quando recebem a ajuda de um motorista de caminhão, que decide levá-los até seu acampamento. Lá, a viagem de Ben, Liz e Kristy se tornará um terrível pesadelo recheado de atos de extrema crueldade e onde o perigo estará sempre à espreita.

Quando “Wolf Creek – Viagem ao Inferno” entra de vez no gênero do suspense, podemos notar uma série de influências de filmes recentes do gênero. A fotografia do filme remete ao visual documentarista e meio visceral de “O Massacre da Serra Elétrica” e “Madrugada dos Mortos” – e acertadamente coloca em primeiro plano as paisagens desertas da Austrália, o que contribui para a sensação que a platéia tem de que os três amigos estão longe de obterem a salvação. A edição passa a ter um ritmo ágil e não deixa escapar os momentos mais gráficos dos atos cometidos pelo caminhoneiro-assassino do filme. No entanto, a eficiência de “Wolf Creek – Viagem ao Inferno” em envolver a platéia na sua trama é comprometida pelo final do filme. A impressão que se tem é a de que o diretor Greg McLean estava com muita pressa em terminar a sua história. Em conseqüência disso, o final de “Wolf Creek – Viagem ao Inferno” é muito aberto e a platéia, além de ficar com a necessidade de maiores informações sobre tudo o que aconteceu, não ficará convencida de que assistiu a um filme com começo, meio e fim.


Crédito Foto: Yahoo! Movies


Friday, March 03, 2006

Previsões Oscar 2006

Em decorrência da falta de boas estréias nas salas de cinema da minha querida cidade Natal; e para o blog não ficar parado, vou falar hoje da 78a. entrega dos Academy Awards, que irá acontecer no domingo, 05 de março, com transmissão ao vivo da TNT e da Rede Globo (com aquela terrível tradução simultânea. Sorte sua, se você tiver tecla sap na sua TV).

Neste ano, iremos acompanhar um Oscar diferente. Há, nitidamente, uma mudança de pensamento da Academia. Ela, aparentemente, está mais aberta a um cinema mais independente, mais político e mais controverso. Cada filme indicado reflete um pouco da sociedade atual na qual estamos vivendo.

No entanto, é bom que nós, amantes do cinema, não fiquemos otimistas. O Oscar, apesar da abertura, continua a ser um prêmio de mercado. E os vencedores do prêmio serão aqueles que mais se adequem ao chamado sistema hollywoodiano.

Vamos, então, às minhas previsões para a noite mais importante do cinema:

Ator: Philip Seymour Hoffman, Capote
Ator Coadjuvante: Paul Giamatti, A Luta Pela Esperança
Atriz: Reese Witherspoon, Johnny & June
Atriz Coadjuvante: Rachel Weisz, O Jardineiro Fiel
Filme de Animação: Wallace & Gromit - A Batalha dos Vegetais
Direção de Arte: Memórias de uma Gueixa
Fotografia: Memórias de uma Gueixa
Figurinos: Memórias de uma Gueixa
Diretor: Ang Lee, O Segredo de Brokeback Mountain
Documentário: Murderball
Documentário de Curta-Metragem: God Sleeps in Rwanda
Edição: Crash - No Limite
Filme Estrangeiro: Tsotsi, África do Sul
Maquiagem: As Crônicas de Nárnia - O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa
Trilha Sonora Original: Memórias de uma Gueixa
Música Original: Travelin' Thru, Transamerica
Filme: O Segredo de Brokeback Mountain
Curta de Animação: One Man Band
Filme Curta-Metragem: Our Time is Up
Edição de Som: King Kong
Som: King Kong
Efeitos Visuais: King Kong
Roteiro Adaptado: O Segredo de Brokeback Mountain
Roteiro Original: Crash - No Limite

A sorte está lançada...