Monday, January 28, 2008

O Gângster (American Gangster, 2007)

Eles podem estar em dois lados diferentes da lei, mas Frank Lucas (Denzel Washington) e Richie Roberts (Russell Crowe) possuem muito em comum. O principal é que ambos levam uma vida que segue à risca os princípios que eles aprenderam. O primeiro, ex-motorista do gângster Bumpy Johnson (Clarence Williams III), constrói todo um império baseado no senso de família. O segundo, detetive de polícia e advogado, foge do estereótipo dos colegas de força e, evita, a todo custo se transformar em um profissional corrupto – ele passa a ser persona-non-grata no trabalho depois que devolve um milhão de dólares apreendidos em uma operação.

A trama de “O Gângster”, filme do diretor Ridley Scott, se passa nos anos 70, em pleno ápice da Guerra do Vietnã, e acompanha a jornada de Frank Lucas, que, após a morte do chefe, vai até o país asiático atrás de um fornecedor para que ele possa comercializar heroína pura no bairro do Harlem, em Nova York. Chama a atenção o fato de que Lucas tem uma enorme capacidade para alterar as configurações da máfia local, se transformando logo no substituto de Bumpy Johnson como benfeitor da comunidade.

Em paralelo à história da ascensão de Frank Lucas, temos um eixo narrativo na polícia. De um lado, encontramos policiais corruptos (liderados pelo Detetive Trupo de Josh Brolin), pessoas doidas para arrancar um pouquinho dos lucros obtidos por Frank Lucas. De outro, temos o recém-criado esquadrão antidrogas da polícia de Essex, comandado por Richie Roberts. Interessados nos peixes grandes do negócio do tráfico de drogas, é graças à inteligência de Roberts que o grupo irá chegar ao nome de Lucas e prendê-lo será a prioridade para o esquadrão.

“O Gângster” tem uma ótima parte técnica (com destaque para a edição de Pietro Scalia, a fotografia de Harris Savides e a direção de arte indicada ao Oscar 2008), atuações excelentes da dupla Russell Crowe e Denzel Washington (o que não dá para entender é a indicação ao Oscar 2008 de Atriz Coadjuvante obtida por uma Ruby Dee que aparece, no máximo, cinco minutos e não tem uma cena especial) e uma direção competente por parte de Ridley Scott. O filme peca no roteiro de Steven Zaillian (com base no artigo de Mark Jacobson). Se tivesse seguido o caminho de desenhar as trajetórias de dois homens tão parecidos, mas, ao mesmo tempo, tão diferentes, o filme seria perfeito. O problema é que, já perto do final, Zaillian inventa de romantizar um pouco o personagem Frank Lucas. Ao cooperar com a lei e devolver o dinheiro obtido com a venda de drogas, ele não fez nada mais do que sua obrigação e isso não deve apagar aquilo que de mal ele fez enquanto foi o maior gângster do bairro do Harlem.

Cotação: 7,3

O Gângster (American Gangster, EUA, 2007)
Diretor(es): Ridley Scott
Roteirista(s): Steven Zaillian com base no artigo de Mark Jacobson
Elenco: Denzel Washington, Russell Crowe, Chiwetel Ejiofor, Josh Brolin, Lymari Nadal, Ted Levine, Roger Guenveur Smith, John Hawkes, RZA, Yul Vazquez, Malcolm Goodwin, Ruby Dee, Ruben Santiago-Hudson, Carla Gugino, Skyler Fortgang

14th Annual Screen Actors Guild Awards 2008 - Comentários e Vencedores

Quando foi uma das poucas premiações a terem sido autorizadas pelo Writers Guild of America (WGA) para continuar a sua produção de forma normal, o Screen Actors Guild Awards – por ser um dos shows precursores do Oscar e na falta do Globo de Ouro 2008 – teve a grande oportunidade de se firmar realmente como um grande e prestigioso show de premiação.

No entanto, a falta de emoção (salvo pelo belíssimo discurso de Daniel Day-Lewis em homenagem ao ator australiano Heath Ledger) e de entusiasmo dos atores presentes à premiação, davam a impressão de que eles gostariam de estar em qualquer outro lugar, menos ali.

Como esperado, a noite teve um quê de apoio aos roteiristas em greve. Tina Fey e Steve Carell (dois atores/roteiristas que foram um dos primeiros a parar a produção de seus respectivos seriados, “30 Rock” e “The Office”) e muitas palavras dos vencedores aos roteiristas, “sem os quais não estaríamos aqui”. Até mesmo o presidente do WGA/East saiu das negociações para participar da festa.

O que fica do SAG Awards para as futuras premiações, especialmente o Oscar?

- Daniel Day-Lewis (“There Will Be Blood”), Javier Bardem (“No Country for Old Men”) e Julie Christie (“Away From Her”) – a qual, milagrosamente, deixou sua aversão pelos prêmios de lado e estava presente para pegar a sua estatueta – podem ir preparando seus discursos para a premiação da Academia.

- A categoria de Melhor Atriz Coadjuvante está completamente indefinida. Amy Ryan, a favorita da crítica, ainda tem que confirmar seu status. Cate Blanchett, vencedora do Globo de Ouro, continua forte na briga. Até Tilda Swinton tem chances de vencer. No entanto, o cenário menos agradável dessa disputa seria vermos, no prêmio da Academia, a repetição do que aconteceu ontem à noite: a vitória de Ruby Dee, uma atriz que está em somente 3 cenas de “American Gangster” e não faz nada de especial.

Outra coisa que não deu para entender no SAG Awards 2008 foi a vitória de Edie Falco para Melhor Atriz em Série Dramática. Na última temporada de “The Sopranos”, a atriz teve pouquíssimo material, e nem poderia ter sido considerada na categoria principal, já que foi mesmo uma coadjuvante de luxo. Vê-la vencer no lugar de uma Kyra Sedgwick (que teve uma terceira temporada estupenda no seriado “The Closer”) ou de uma Glenn Close (que, provavelmente, será a vencedora desta categoria no Emmy 2008) foi, provavelmente, o pior momento da noite. Ainda bem que a própria Edie reconheceu isso quando disse que “isto não era para ter acontecido”.

A lista completa de vencedores da 14ª edição do Screen Actors Guild Awards:

Outstanding Performance by a Male Actor in a Leading Role
DANIEL DAY-LEWIS / Daniel Plainview – There Will Be Blood (Paramount Vantage)

Outstanding Performance by a Female Actor in a Leading Role
JULIE CHRISTIE / Fiona – Away From Her (Lionsgate)

Outstanding Performance by a Male Actor in a Supporting Role
JAVIER BARDEM / Anton Chigurh – No Country For Old Men (Miramax Films)

Outstanding Performance by a Female Actor in a Supporting Role
RUBY DEE / Mama Lucas – American Gangster (Universal Pictures)

Outstanding Performance by a Cast in a Motion Picture
NO COUNTRY FOR OLD MEN (Miramax Films)

Outstanding Performance by a Male Actor in a Television Movie or Miniseries
KEVIN KLINE / Jacques – As You Like It (HBO)

Outstanding Performance by a Female Actor in a Television Movie or Miniseries
QUEEN LATIFAH / Ana – Life Support (HBO)

Outstanding Performance by a Male Actor in a Drama Series
JAMES GANDOLFINI / Tony Soprano – The Sopranos (HBO)

Outstanding Performance by a Female Actor in a Drama Series
EDIE FALCO / Carmela Soprano – The Sopranos (HBO)

Outstanding Performance by a Male Actor in a Comedy Series
ALEC BALDWIN / Jack Donaghy – 30 Rock (NBC)

Outstanding Performance by a Female Actor in a Comedy Series
TINA FEY / Liz Lemon – 30 Rock (NBC)

Outstanding Performance by an Ensemble in a Drama Series
THE SOPRANOS (HBO)

Outstanding Performance by an Ensemble in a Comedy Series
THE OFFICE (NBC)

Outstanding Performance by a Stunt Ensemble in a Motion Picture
THE BOURNE ULTIMATUM (Universal)

Outstanding Performance by a Stunt Ensemble in a Television Series
24 (FOX)

Os maiores vencedores do SAG Awards nas categorias de cinema foi o filme "No Country for Old Men", com 2 prêmios. Do lado de TV, o maior vencedor foi "The Sopranos", que conquistou as três estatuetas nas categorias para séries dramáticas.

Friday, January 25, 2008

14th Annual Screen Actors Guild Awards 2008 - Previsões

Como foi aliado de primeira hora dos roteiristas durante a greve que ainda se arrasta em Hollywood, o Screen Actors Guild (SAG) garantiu a produção de seu show anual de premiação, que acontece no domingo, dia 27 de janeiro. Com o clássico tapete vermelho e o luxo de astros e estrelas, a noite promete ser, não só uma grande celebração ao trabalho de atuação, como também um ato de apoio enorme àqueles que dão aos atores e atrizes a matéria-prima de sua arte: os roteiristas.

A grande novidade para a 14ª edição dos prêmios SAG Awards, com certeza, é a premiação – pela primeira vez – dos dublês. Além disso, teremos uma homenagem ao ator Charles Durning, que receberá um prêmio pelo conjunto de sua obra.

A nossa lista de palpites para os vencedores da premiação nas categorias de cinema e televisão são:

FILM

Outstanding Performance by a Male Actor in a Leading Role
Daniel Day-Lewis, "There Will Be Blood"

Outstanding Performance by a Female Actor in a Leading Role
Julie Christie, "Away From Her"

Outstanding Performance by a Male Actor in a Supporting Role
Javier Bardem, "No Country for Old Men"

Outstanding Performance by a Female Actor in a Supporting Role
Amy Ryan, "Gone Baby Gone"

Outstanding Performance by a Cast in a Motion Picture
"No Country for Old Men"

Outstanding Performance by a Stunt Ensemble in a Motion Picture
The Bourne Ultimatum

TELEVISION:

Outstanding Performance by a Male Actor in a Television Movie or Miniseries

Kevin Kline, "As You Like It"

Outstanding Performance by a Female Actor in a Television Movie or Miniseries
Queen Latifah, "Life Support"

Outstanding Performance by a Male Actor in a Drama Series
Michael C. Hall, "Dexter"

Outstanding Performance by a Female Actor in a Drama Series
Glenn Close, "Damages"

Outstanding Performance by a Male Actor in a Comedy Series
Steve Carell, "The Office"

Outstanding Performance by a Female Actor in a Comedy Series
Tina Fey, "30 Rock"

Outstanding Performance by an Ensemble in a Drama Series
"Mad Men"

Outstanding Performance by an Ensemble in a Comedy Series
"30 Rock"

Outstanding Performance by a Stunt Ensemble in a Television Series
24

O 14th Annual Screen Actors Guild Awards será transmitido pela TNT, neste domingo, dia 27 de Janeiro, a partir da 23hs. No entanto, a festa começa mais cedo, a partir das 21hs., quando o tapete vermelho será coberto pelo canal E! Entertainment Television.

Wednesday, January 23, 2008

Lendo - "O Véu Pintado"

“Pensara a princípio que ele realmente não tinha aquela intenção, e até iniciarem viagem, não muito depois, até desembarcarem do vapor e tomarem as cadeirinhas para atravessar a região, julgava que o marido com seu risinho costumeiro lhe diria que não precisava ir. Não poderia imaginar o que ele tinha em mente. Não era possível que lhe desejasse a morte, pois a amava tão desesperadamente. Ela agora sabia o que era o amor e lembrava-se de mil coisas que revelavam o quanto ele a adorava. Na verdade ela era tudo para ele, o bom e o mau tempo. Era impossível que não a amasse mais. Deixamos de amar alguém quando esse alguém nos trata cruelmente?” (p. 98)

De autoria do escritor inglês W. Somerset Maugham, “O Véu Pintado” é um livro que faz jus às grandes obras da Literatura Inglesa. Pode não ser uma grande história de amor como “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen, mas trata do mesmo tema com profundidade, ao mergulhar fundo nas motivações da sua anti-heroína, a deslumbrante – e superficial – Kitty Fane.

A princípio, Kitty é somente mais uma jovem inglesa criada por uma tradicional mãe para arranjar um bom casamento, um relacionamento que trouxesse prestígio à sua família. Não lhe faltam pretendentes e Kitty sempre os dispensou em busca de uma proposta melhor. No entanto, quando os anos começam a bater em sua porta, o desespero invade Kitty e sua mãe. Ela precisa se casar urgentemente, ainda mais depois que sua irmã mais nova, Doris, arruma um casamento vantajoso.

É esta realidade que leva Kitty a aceitar o pedido feito pelo bacteriologista Walter Fane. Ele a amava profundamente. Ela estava, por sua vez, mais interessada naquilo que Walter iria lhe oferecer: uma vida longe da Inglaterra e, principalmente, da mãe – com quem ela tinha um relacionamento bastante difícil. Quando o casal já está com a morada estabelecida em Hong Kong, a Sra. Fane inicia um caso com o sedutor Charles Townsend. A descoberta da relação por Walter leva-o a tomar uma drástica decisão: ir de mala e cuia para uma região remota da China, onde ocorre um surto de cólera.

Aqui é importante começar a falar a respeito do filme “O Despertar de uma Paixão”, adaptação mais recente de “O Véu Pintado”. Se o filme de John Curran ressalta a distância que se estabelece entre os dois como um ponto de partida para a descoberta do amor; o livro de W. Somerset Maugham enfatiza que a distância entre Kitty e Walter é irreversível e o perdão impossível.

W. Somerset Maugham, ao contrário do roteirista Ron Nyswaner (de “O Despertar de uma Paixão”), não romantiza Kitty e, muito menos, dá a possibilidade para ela se redimir de seus erros. No livro, as falhas de caráter de Kitty são nítidas e, ao final da leitura, a gente realmente se pergunta se ela se transformou e aprendeu com todos os seus equívocos. Enfim, Maugham nos apresenta uma mulher completamente diferente daquela que vemos nas ruas de Londres nos momentos derradeiros de “O Despertar de uma Paixão”.

Para ler:
“O Véu Pintado” (1925)
Autor:
W. Somerset Maugham
Editora: Record

Para assistir:
“O Despertar de uma Paixão” (2006)
Diretor:
John Curran
Roteiro: Ron Nyswaner
Elenco: Edward Norton, Naomi Watts, Liev Schreiber, Diana Rigg, Toby Jones

Tuesday, January 22, 2008

80th Annual Academy Awards 2008 - Indicações

A atriz Kathy Bates e Sid Ganis, o presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, acabam de anunciar os indicados para a 80ª edição dos Academy Awards.

A lista é cheia de surpresas. Algumas delas: Laura Linney (“The Savages”) para Melhor Atriz, Tommy Lee Jones (“In the Valley of Elah”) para Melhor Ator, “Surf’s Up” para Melhor Filme de Animação e Jason Reitman (“Juno”) para Melhor Diretor. As maiores omissões foram para “Into the Wild”, do diretor Sean Penn, que só conseguiu duas indicações ao Oscar. Infelizmente, “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”, não conseguiu a indicação para Melhor Filme Estrangeiro.

“No Country for Old Men” e “There Will Be Blood” são os filmes com o maior número de indicações: ao todo foram oito para cada um. “Atonement” (que foi indicado à Melhor Filme) e “Michael Clayton” vêm em seguida com sete indicações cada.

A lista de indicados para o Oscar 2008, nas categorias principais são:

Melhor Ator
George Clooney, “Michael Clayton”
Daniel Day-Lewis, “There Will Be Blood”
Johnny Depp, “Sweeney Todd – The Demon Barber of Fleet Street”
Tommy Lee Jones, “In the Valley of Elah”
Viggo Mortensen, “Eastern Promises”

Melhor Ator Coadjuvante
Casey Affleck, “The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford”
Javier Bardem, “No Country for Old Men”
Hal Holbrook, “Into the Wild”
Philip Seymour Hoffman, “Charlie Wilson’s War”
Tom Wilkinson, “Michael Clayton”

Melhor Atriz
Cate Blanchett, “Elizabeth – The Golden Age”
Julie Christie, “Away from Her”
Marion Cotillard, “La Vie en Rose”
Laura Linney, “The Savages”
Ellen Page, “Juno”

Melhor Atriz Coadjuvante
Cate Blanchett, “I’m Not There”
Ruby Dee, “American Gangster”
Saoirse Ronan, “Atonement”
Amy Ryan, “Gone Baby Gone”
Tilda Swinton, “Michael Clayton”

Melhor Filme de Animação
Persepolis
Ratatouille
Surf’s Up

Melhor Diretor
Julian Schnabel, “The Diving Bell and the Butterfly”
Jason Reitman, “Juno”
Tony Gilroy, “Michael Clayton”
Joel Coen e Ethan Coen, “No Country for Old Men”
Paul Thomas Anderson, “There Will Be Blood”

Melhor Filme
Atonement
Juno
Michael Clayton
No Country for Old Men
There Will Be Blood

Melhor Roteiro Adaptado
Atonement
Away From Her
The Diving Bell and the Butterfly
No Country for Old Men
There Will Be Blood

Melhor Roteiro Original
Juno
Lars and the Real Girl
Michael Clayton
Ratatouille
The Savages

O Academy Awards 2008 acontecerá no dia 24 de Fevereiro, em Los Angeles, com a apresentação de Jon Stewart.

Para ler a lista completa de indicados, clique
aqui.

Monday, January 21, 2008

Eu Sou a Lenda (I Am Legend, 2007)

No filme, “Náufrago”, de Robert Zemeckis, o ator Tom Hanks interpreta Chuck Noland, um funcionário da FedEx que se torna o único sobrevivente de um acidente envolvendo o avião da empresa e, em conseqüência, o solitário habitante de uma ilha deserta. Enquanto aguarda o momento de ser resgatado, acompanhamos a jornada de Noland em busca da adaptação a uma vida num local – a princípio – inóspito. Sem uma companhia para conversar, Chuck faz uma amizade com uma bola de vôlei que ganha o nome de Wilson. Ao voltar ao convívio em sociedade, começa uma nova jornada para Noland, que desaprendeu a conviver com as modernidades e o conforto de nosso dia-a-dia.

Em “Eu Sou a Lenda”, do diretor Francis Lawrence, veremos o astro Will Smith passar por uma experiência parecida. No filme, ele interpreta o Dr. Robert Neville, que, em 2012, é o habitante solitário de uma Nova York destruída. A humanidade, aparentemente, é uma espécie em extinção desde que um vírus infectou as pessoas – o maior sintoma da doença é a raiva excessiva e a vontade de destruir tudo o que se encontra pela frente. Enquanto procura uma cura para a enfermidade, acompanhamos a dura luta diária de Neville, que, na companhia da cadela Sam, tem que enfrentar vários obstáculos para se manter vivo, ao mesmo tempo em que tenta conservar a esperança de que tudo vai ficar melhor.

A primeira hora de “Eu Sou a Lenda” enfoca muito a personalidade do Dr. Robert Neville – e isto é importante para que possamos entender a meia hora final do filme. Ele perdeu esposa (Salli Richardson) e filha (Willow Smith, que segue o caminho do irmão Jaden Smith e faz sua estréia como atriz num filme do pai) na epidemia. Acostumou-se a não ter alguém com quem conversar e dividir os problemas e, por isso, não sabe mais lidar com as pessoas. Neville acredita em pouca coisa. Deixou, por exemplo, de ter fé; mas, no fundo, crê na possibilidade de mudança – este é um elemento percebido, no filme, pelo vício do personagem nas músicas do cantor Bob Marley. Ao encontrar um vestígio de humanidade nas figuras da babá paulistana Anna (Alice Braga, fazendo sua estréia num grande filme hollywoodiano) e do garotinho Ethan (Charlie Tahan) entende, finalmente, o seu propósito, o seu papel na guerra.

Refilmagem de “A Última Esperança da Terra”, “Eu Sou a Lenda” é um filme que coloca para baixo os mitos relacionados aos filmes “arrasa-quarteirões”. O mais importante na película de Francis Lawrence não são as cenas de ação grandiosas, os merchandisings de produtos modernos ou a vontade de destruição – quem for assistir ao filme esperando isso sairá decepcionado –, e sim as pessoas (em especial Robert Neville). O roteiro de Akiva Goldsman e Mark Protosevich deixa bem claro que “Eu Sou a Lenda” é um filme sobre um homem que se sacrifica para oferecer a possibilidade de existência de gerações futuras. É uma obra muito interessante e que conta com um Will Smith inspirado – a cena em que ele tenta estabelecer uma comunicação com uma manequim de loja dentro de uma vídeo-locadora, logo após sofrer um grande baque emocional, é de cortar o coração.

Cotação: 8,7

Eu Sou a Lenda (I Am Legend, EUA, 2007)
Diretor(es): Francis Lawrence
Roteirista(s): Mark Protosevich e Akiva Goldsman com base no livro de Richard Matheson e no roteiro de John William Corrington e Joyce Corrington
Elenco: Will Smith, Salli Richardson, Dash Mihok, Paradox Pollack, Alice Braga, Sterling Wolfe, Charlie Tahan, Michael Ciesla, Thomas J. Pilutik

Sunday, January 20, 2008

80th Annual Academy Awards 2008 - Previsões (Parte 2)

Dando continuidade à nossa lista de previsões para os indicados ao 8oth Annual Academy Awards, saímos das categorias técnicas e entramos naquela que são as principais, as que realmente causam um grande suspense. E este ano promete, com o equilíbrio entre favoritos como "There Will Be Blood", de Paul Thomas Anderson, e "No Country for Old Men", dos irmãos Joel e Ethan Coen.

No entanto, a grande pergunta a ser respondida nesta terça-feira é: "Atonement" será o "Cold Mountain" e "Dreamgirls" desse ano, ou confirmará o favoritismo antecipado e conseguirá a indicação ao Oscar de Melhor Filme? Com a palavra, a Academia.

Por enquanto, nos resta especular. E estas são as previsões do Cinéfila por Natureza:

Performance by an Actor in a Leading Role
George Clooney, Michael Clayton
Daniel Day-Lewis, There Will Be Blood
Johnny Depp, Sweeney Todd – The Demon Barber of Fleet Street
Emile Hirsch, Into the Wild
Viggo Mortensen, Eastern Promises

Performance by an Actress in a Leading Role
Amy Adams, Enchanted
Julie Christie, Away from Her
Marion Cotillard, La Vie en Rose
Angelina Jolie, A Mighty Heart
Ellen Page, Juno

Performance by an Actor in a Supporting Role
Casey Affleck, The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford
Javier Bardem, No Country for Old Men
Hal Holbrook, Into the Wild
Tommy Lee Jones, No Country for Old Men
Tom Wilkinson, Michael Clayton

Performance by an Actress in a Supporting Role
Cate Blanchett, I’m Not There
Ruby Dee, American Gangster
Catherine Keener, Into the Wild
Amy Ryan, Gone Baby Gone
Tilda Swinton, Michael Clayton

Best Animated Feature Film of the Year
Bee Movie
Persepolis
Ratatouille

Achievment in Directing
Joe Wright, Atonement
Julian Schnabel, The Diving Bell and the Butterfly
Sean Penn, Into the Wild
Joel Coen and Ethan Coen, No Country for Old Men
Paul Thomas Anderson, There Will Be Blood

Best Motion Picture of the Year
Into the Wild
Juno
Michael Clayton
No Country for Old Men
There Will Be Blood

Adapted Screenplay
Christopher Hampton, Atonement
Ronald Harwood, The Diving Bell and the Butterfly
Sean Penn, Into the Wild
Joel Coen, Ethan Coen, No Country for Old Men
Paul Thomas Anderson, There Will Be Blood

Original Screenplay
Steven Knight, Eastern Promises
Diablo Cody, Juno
Nancy Oliver, Lars and the Real Girl
Tony Gilroy, Michael Clayton
Brad Bird, Ratatouille

O E! Entertainment Television transmitirá, para toda a América Latina, as indicações para a 80a. edição dos Academy Awards nesta terça-feira, dia 22 de Janeiro, a partir das 11h30.

Saturday, January 19, 2008

80th Annual Academy Awards 2008 - Previsões (Parte 1)

No ano de 2008, acontece a 80a. edição dos prêmios Oscar. Uma ocasião mais do que especial e que merece uma festa de grande porte. No entanto, a comemoração ameaça nem acontecer no seu formato normal, afinal, devido à greve dos roteiristas, a noite mais importante da indústria do cinema está em risco.

Por enquanto, existe uma certeza forte de que o show irá continuar. Mas, de que maneira? A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas prepara, na atualidade, dois shows: um, que aconteceria no formato que conhecemos; o segundo seria um programa alternativo, em que a Academia gravaria segmentos com astros do cinema ao redor do mundo. Uma coisa meio chata, né?

A segunda certeza é a de que a largada para o 80th Annual Academy Awards será dada nesta terça-feira, dia 22 de janeiro, quando a AMPAS irá anunciar a lista de indicados à premiação mais cobiçada por aqueles que estão na indústria do cinema.

O Cinéfila por Natureza publica, então, a sua lista de palpites para aqueles que farão parte do Oscar Family Album para o ano cinematográfico que terminou no dia 31 de Dezembro de 2007.

Nesta primeira parte, publicaremos aqueles que, acreditamos, estarão relacionados nas categorias técnicas da premiação. São eles:

Achievment in Art Direction
Sarah Greenwood, Nick Gottschalk, Niall Moroney, Atonement
Guy Dyas, David Allday, Christian Huband, Jason Knox-Johnston, Phil Simms, Andy Thomson, Frank Walsh, Elizabeth - The Golden Age
Stuart Craig, Andrew Ackland-Snow, Mark Bartholomew, Alastair Bullock, Gary Tomkins, Harry Potter and the Order of the Phoenix
Francesca Lo Schiavo, Dante Ferretti, Sweeney Todd – The Demon Barber of Fleet Street
Jack Fisk, David Crank, There Will Be Blood

Achievment in Cinematography
Roger Deakins, The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford
Seamus McGarvey, Atonement
Janusz Kaminski, The Diving Bell and the Butterfly
Roger Deakins, No Country for Old Men
Robert Elswit, There Will Be Blood

Achievment in Costume Design
Jacqueline Durran, Atonement
Alexandra Byrne, Elizabeth - The Golden Age
Rita Ryack, Hairspray
Marit Allen, La Vie en Rose
Colleen Atwood, Sweeney Todd – The Demon Barber of Fleet Street

Achievment in Film Editing
Pietro Scalia, American Gangster
Paul Tothill, Atonement
John Gilroy, Michael Clayton
Ethan Coen, Joel Coen, No Country of Old Men
Tatiana S. Riegel, Dylan Tichenor, There Will Be Blood

Achievment in Makeup
“La Vie en Rose”
“Pirates of the Caribbean: At World’s End”
“Sweeney Todd The Demon Barber of Fleet Street”

Achievment in Music Written for Motion Pictures (Original Score)
Dario Marianelli, Atonement
Howard Shore, Eastern Promises
Alexandre Desplat, Lust, Caution
James Newton Howard, Michael Clayton
Jonny Greenwood, There Will Be Blood

Achievment in Music Written for Motion Pictures (Original Song)
“Come So Far (Got So Far to Go)”, performed by Queen Latifah, Nikki Blonsky and Zac Efron, Hairspray
“Do You Feel Me”, performed by Anthony Hamilton, American Gangster
“Falling Slowly”, performed by Glen Hansard and Marketa Iglova, Once
“Guaranteed”, performed by Eddie Vedder, Into the Wild
“That’s How You Know”, performed by Amy Adams, Enchanted

Achievment in Sound Editing
300
The Bourne Ultimatum
I Am Legend
Pirates of the Caribbean – At World’s End
Transformers

Achievment in Sound Mixing
300
The Bourne Ultimatum
I Am Legend
Pirates of the Caribbean – At World’s End
Transformers

Achievment in Visual Effects
I Am Legend
Pirates of the Caribbean: At World's End
Transformers

Documentary Feature
“Autism: The Musical”
“Body of War”
“No End in Sight”
“Sicko”
“War/Dance”

Best Foreign Language Movie of the Year
Austria, “The Counterfeiters”
Brazil, “The Year My Parents Went on Vacation”
Canada, “Days of Darkness”
Poland, “Katyn”
Russia, “12”

Amanhã, a lista com os palpites para as indicações nas categorias principais do Oscar 2008.

Friday, January 18, 2008

Entre o Céu e o Inferno (Black Snake Moan, 2007)

Um dos filmes de premissa mais interessante, em 2007, “Entre o Céu e o Inferno”, do diretor e roteirista Craig Brewer, tem uma trama centrada em dois personagens que sofrem pelo amor perdido. Lazarus (Samuel L. Jackson, numa ótima atuação) acabou de ser abandonado pela esposa, que o trocou pelo seu irmão. Já Rae (Christina Ricci, também ótima) teve que se despedir do namorado (Justin Timberlake, que não mostra aqui o mesmo talento visto em “Alpha Dog”), que foi servir o Exército e, conseqüentemente, lutar na guerra.

Quando entramos em contato com estes dois personagens, percebemos que eles estão vivendo uma fase muito difícil e, para enfrentar isso, decidem se agarrar àquilo que lhes é mais familiar. Enquanto Lazarus se devota ao trabalho na plantação de sua casa, Rae volta à antiga vida de “piranha da cidade”. Num dia, Lazarus encontra Rae toda arrebentada na beira da estrada e coloca a garota sob seus cuidados. Na medida em que vai conhecendo Rae, ele ganha a vontade de purificá-la e de fazer com que ela abandone os hábitos vergonhosos – o método adotado por Lazarus é, no mínimo, inusitado e consiste em amarrar Rae a uma corrente, de forma que ela fique longe dos prazeres carnais.

Assim como fez no seu trabalho anterior, “Ritmo de um Sonho”, o diretor e roteirista Craig Brewer usa a música como voz de personagens oprimidos. Se o rap era o ritmo em que Djay (Terrence Howard, numa atuação que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator) fazia uma crônica de seu dia-a-dia como “pimp” (cafetão); em “Entre o Céu e o Inferno”, o blues entra em cena. É nesse gênero musical, que surgiu dos lamentos dos amores perdidos, que Lazarus encontra a verdadeira purificação e mostra o caminho da libertação para Rae.

Cotação: 7,5

Entre o Céu e o Inferno (Black Snake Moan, USA, 2007)
Diretor:
Craig Brewer
Roteiro: Craig Brewer
Elenco: Samuel L. Jackson, Christina Ricci, Justin Timberlake, S. Epatha Merkerson, John Cothran Jr., David Banner, Michael-Raymond James, Adriane Lenox

Thursday, January 17, 2008

Conduta de Risco (Michael Clayton, 2007)

Nas suas próprias palavras, Michael Clayton (George Clooney) não é somente um advogado de um dos maiores – e melhores – escritórios de advocacia de Nova York. Ele é um faxineiro, ou seja, ele é aquele sujeito que você quer que esteja ao seu lado nos momentos mais críticos, porque ele apaga rastros e deixa aquela sensação de que nada aconteceu de verdade. No entanto, quando se trata de sua própria vida pessoal, Clayton é um péssimo faxineiro – afinal ele não consegue afastar o irmão dos vícios ilícitos, nem a si próprio do hábito do jogo e muito menos os credores de baterem na porta de seu falido restaurante cobrando as dívidas que ele deixou.

As listas de problemas de Michael Clayton não acabam por aí. No decorrer de “Conduta de Risco”, filme do diretor e roteirista Tony Gilroy, o advogado baterá de frente com a crise de consciência pela qual passa a grande estrela do escritório aonde ele trabalha. Arthur Edens (Tom Wilkinson) é maníaco-depressivo, deixa de tomar os seus remédios e coloca em risco seis anos de muito trabalho em um caso de grandes proporções envolvendo um dos maiores clientes do escritório: a U-North, uma empresa do ramo de agricultura.

A crise de consciência pela qual passa Arthur Edens afetará diretamente, não só Michael Clayton (que vê aqui uma oportunidade única de mostrar seu valor aos grandes chefes), como também a consultora jurídica Karen Crowder (Tilda Swinton), uma profissional que acabou de assumir o cargo e está em pânico com tanta responsabilidade e com as conseqüências das ações de Edens. Ao longo de “Conduta de Risco” fica claro que falta a Crowder a experiência e, principalmente, a malandragem que Clayton possui na resolução de situações de crise.

“Conduta de Risco” é um dos filmes que mais conquistou elogios da crítica no ano de 2007. Portanto, é normal que esperemos a obra com certa expectativa. No entanto, ao assistir ao filme, fica aquela sensação de que este é um filme que tem carência de uma qualidade especial. Se Tony Gilroy (fazendo sua estréia na direção de um longa-metragem) surpreende ao criar uma história original e com um excelente desfecho; o elenco do filme está bem, mas, por exemplo, Tom Wilkinson exagera, às vezes, no tom do seu personagem e George Clooney só brilha mesmo na cena final. A única que justifica tanto barulho é Tilda Swinton, que está ótima.

Cotação: 6,5

Conduta de Risco (Michael Clayton, EUA, 2007)
Diretor(es): Tony Gilroy
Roteirista(s): Tony Gilroy
Elenco: George Clooney, Sean Cullen, Tom Wilkinson, Tilda Swinton, Sydney Pollack, Michael O'Keefe, Ken Howard, Denis O'Hare, Robert Prescott, Austin Williams, Merritt Wever, David Lansbury, Bill Raymond, David Zayas, Skipp Sudduth

Wednesday, January 16, 2008

O Diário de uma Babá (The Nanny Diaries, 2007)

Existe um quê de “Meninas Malvadas” no filme “O Diário de uma Babá”. Se, no primeiro, Lindsay Lohan interpretava uma jovem acostumada a estudar em casa e que, depois, se vê enfrentando a verdadeira selva que é o High School norte-americano; no segundo, Scarlett Johansson dá vida a uma jovem que vai encarar uma tribo bem poderosa: os ricaços do Upper East Side, em Nova York.

Quem sou eu? É a partir desta complexa pergunta que toda a trama de “O Diário de uma Babá”, dos diretores Shari Springer Berman e Robert Pulcini (que escreveram o roteiro tendo como base o livro de Emma McLaughlin e Nicola Kraus), se concentra. Annie Braddock (Johansson, ótima) é uma garota que foi criada por uma mãe solteira (Donna Murphy) e que acaba de se formar na universidade. Pressionada a seguir o caminho normal (agarrar um emprego em uma empresa consolidada), Annie parte para uma rota alternativa – e bastante inesperada – e virá babá de Grayer (Nicholas Reese Art, um ator-mirim fofo e de talento), um garotinho infernal.

Ao acompanhar o dia-a-dia da família X (durante o filme, Annie nunca se referirá às pessoas de seu convívio profissional pelos seus nomes verdadeiros), a jovem acaba fazendo um longo estudo sobre o comportamento humano da classe alta. A Sra. X (Laura Linney, excelente), que vive para as obras de caridade, e ignora o filho e o fracasso de seu casamento – bem como os casos de seu marido. O Sr. X (Paul Giamatti), workaholic confesso, que só pára em casa para breves descansos. Com pais como esse, não é surpresa ver o por quê de Grayer ter a personalidade que tem. E é aí que entra Annie, oferecendo uma dose de realidade na vida da família X – sem perceber que ela própria está fugindo de seu rumo.

Colocando no papel, a impressão que se tem é a de que “O Diário de uma Babá” é um filme super sério. Ledo engano. O roteiro da película é irônico, mas nunca perde aquele senso de verossimilhança. Chega até a ser uma surpresa ver que este é o projeto seguinte da dupla Shari Springer Berman e Robert Pulcini após o excelente “Anti-Herói Americano”. “O Diário de uma Babá” é um filme cativante e cujo maior ponto forte é o seu excelente elenco – o qual é acima da média se comparado aos outros filmes do mesmo gênero.

Cotação: 6,7

O Diário de uma Babá(The Nanny Diaries, EUA, 2007)
Diretor(es):
Shari Springer Berman, Robert Pulcini
Roteirista(s): Shari Springer Berman, Robert Pulcini com base no livro de Emma McLaughlin e Nicola Kraus
Elenco: Scarlett Johansson, Donna Murphy, John Henry Cox, Alicia Keys, Lewis Payton Jr., Sonnie Brown, Georgina Chapman, Nicholas Reese Art, Jodi Michelle Pynn, Mike Rad, Laura Linney, Joanna Heimbold, Marla Sucharetza, Phoebe Jonas, Allison Sarofim

Monday, January 14, 2008

Desejo e Reparação (Atonement, 2007)

O ofício principal de um escritor é ser o observador dos acontecimentos e relatá-los de maneira que se faça clara para o leitor. Briony Tallis (interpretada aqui pela talentosíssima irlandesa Saoirse Ronan – anotem este nome), uma garota de 13 anos, e que engatinha seus primeiros passos no mundo da escrita, não se contenta em ser uma observadora passiva dos fatos. Ela quer participar da ação e a história de “Desejo e Reparação”, filme do diretor Joe Wright, passa por essa vontade de Briony e, mesmo quando ela não se faz presente em cena, nós podemos senti-la através das conseqüências de seus atos na vida de toda a sua família.

O filme começa no ano de 1935, quando, no dia mais quente do ano na Inglaterra, veremos a reunião familiar dos Tallis (a mansão está cheia de filhos, amigos e primos). O final de semana promete ser de consagração para Briony, que terminou de escrever a sua primeira peça (chamada “Arabella em Apuros”) e prepara a encenação da mesma para a platéia familiar. Como veremos, o final de semana também será importante para a irmã mais velha de Briony, Cecilia (Keira Knightley, no seu segundo trabalho com Joe Wright), a qual reencontrará Robbie Turner (James McAvoy) – amigo de infância e filho da governanta (Brenda Blethyn) dos Tallis –, um rapaz com quem ela tem uma relação mal-resolvida e com quem entrará em termos numa das cenas mais belas do ano de 2007.

Por ter somente 13 anos de idade e uma experiência de vida ainda em processo, Briony não entende o que está acontecendo à sua volta. Cega pela paixonite que alimenta por Robbie e ansiosa pelo desejo da atenção que lhe foi negada, Briony comete o ato definitivo de sua vida ao acusar Robbie de um bárbaro crime que ele não cometeu. É justamente este acontecimento que fundamenta toda a trama de “Desejo e Reparação”.

Se o primeiro – e brilhante – ato do filme é o do desejo; o segundo e o epílogo final são o da reparação. As conseqüências da ação cometida por Briony serão sentidas ao longo dos anos e vão pontuar cada decisão tomada pelo trio Robbie, Cecilia e Briony. Quando reencontramos os três, em plena II Guerra Mundial, fica claro o quanto a mágoa, o ressentimento, a raiva, a covardia e o arrependimento estão presentes em cada um deles. O engraçado é que eles seguem caminhos idênticos e de puro sacrifício, já que Robbie está no front de batalha, enquanto que as irmãs Cecilia e Briony (agora interpretada pela também talentosa Romola Garai) se tornam enfermeiras e cuidam dos feridos em combate.

“Desejo e Reparação” é uma película sobre uma história de amor, que tem como ponto principal a jornada de amadurecimento de Briony Tallis. É ela a personagem mais importante do filme e todo o destaque tem que ser dado às três atrizes que a interpretam. É incrível como Saoirse Ronan, Romola Garai e Vanessa Redgrave (a dona da personagem no epílogo final) estão uma a extensão da outra. As passagens de tempo mostram uma única Briony: o mesmo corte de cabelo, o mesmo broche no mesmo lugar, o sinal de nascença no exato local, a voz macia, o olhar distante e que foge do contato com os outros e os ombros levemente encurvados (como se ela carregasse um peso enorme sobre eles).

Um segundo destaque pode ser dado ao ator James McAvoy. O Robbie Turner dele é um personagem completamente diferente daquele visto no livro de Ian McEwan. McAvoy o mostra como um homem que concentra toda a sua raiva e mágoa como forças em direção a um necessário – e aguardado – recomeço de vida ao lado de Cecilia. É uma belíssima atuação que encontra um contraponto interessante com a “performance de uma nota só” oferecida por Keira Knightley.

Compreender que esta é a jornada de Briony Tallis é fundamental para entender “Desejo e Reparação”. O roteiro de Christopher Hampton mantém a estrutura narrativa de Ian McEwan e o diretor Joe Wright não facilita o trabalho da platéia ao oferecer as múltiplas perspectivas sobre um mesmo acontecimento e ao pular (e voltar) no tempo para mostrar os respectivos momentos de vida do trio Robbie, Cecilia e Briony – essa decisão, por exemplo, custa ao segundo ato do filme o brilhantismo visto no primeiro. “Desejo e Reparação” é uma adaptação corajosa e que termina de forma comovente no epílogo protagonizado por Vanessa Redgrave. O monólogo dela contém a chave para o entendimento daquela que é uma das personagens mais fascinantes já vistas no cinema: Briony Tallis, garota que vivia no seu próprio mundo e que pagou o preço por tal decisão.

Cotação: 9,0

Desejo e Reparação (Atonement, Inglaterra, 2007)
Diretor(es): Joe Wright
Roteirista(s): Christopher Hampton com base no livro de Ian McEwan
Elenco: Keira Knightley, James McAvoy, Romola Garai, Saoirse Ronan, Brenda Blethyn, Vanessa Redgrave, Juno Temple, Alfie Owen-Allen, Nonso Anozie, Andrew Appleyard, Jamie Beamish, Robert Alan Bishop, Benedict Cumberbatch, Michelle Duncan, Vivienne Gibbs

Producers Guild of America 2008 - Indicados

Mais cedo, em nosso post com comentários sobre a 65a. edição dos Golden Globe Awards, falamos a respeito de que, como uma premiação que se auto-entitula o maior precursor dos Oscars, os prêmios da Hollywood Foreign Press Association (HFPA) estavam cada vez mais se afastando daquilo que reina como escolha final da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

"Atonement" e "Sweeney Todd - The Demon Barber of Fleet Street", os dois filmes vencedores na categoria principal do Golden Globe Awards 2008, ficaram de fora da lista de indicados ao Producers Guild of America, prêmio que é entregue pelos produtores ao melhor filme de cada ano.

No entanto, essa não é uma má notícia para os produtores dos filmes de Joe Wright e Tim Burton - afinal, nos últimos três anos, o vencedor do PGA Awards não é o mesmo que acaba com o Oscar de Melhor Filme nas mãos.

A lista completa de indicados ao Producers Guild of America é:

PRODUCER OF THE YEAR AWARD IN THEATRICAL MOTION PICTURES
"The Diving Bell and the Butterfly" (Miramax)
"Juno" (Fox Searchlight)
"Michael Clayton" (Warner Bros.)
"No Country for Old Men" (Miramax/Paramount Vantage)
"There Will Be Blood" (Paramount Vantage/Miramax)

PRODUCER OF THE YEAR AWARD IN ANIMATED THEATRICAL MOTION PICTURES
"Bee Movie" (Dreamworks Animation)
"Ratatouille" (Walt Disney Pictures/Pixar Animation)
"The Simpsons Movie" (20th Century FOX)

PRODUCER OF THE YEAR AWARD IN DOCUMENTARY THEATRICAL MOTION PICTURES
"Body Of War" (Phil Donahue Productions/Mobilus Media)
"Hear And Now" (HBO)
"Pete Seeger: The Power Of Song" (The Weinstein Company)
"Sicko" (The Weinstein Company)
"White Light/Black Rain: The Destruction Of Hiroshima And Nagasaki" (HBO)

THE DAVID L. WOLPER PRODUCER OF THE YEAR AWARD IN LONG-FORM TELEVISION
"Bury My Heart At Wounded Knee" (HBO)
"The Bronx Is Burning" (ESPN)
"High School Musical 2" (The Disney Channel)
"Jane Eyre" (PBS/BBC)
"The Starter Wife" (USA Network)

Os vencedores serão anunciados em uma cerimônia que acontece no dia 02 de Fevereiro.

65th Annual Golden Globe Awards 2008 - Vencedores

Foi uma conferência de imprensa fria e direta. Sem estrelas, piadinhas ou discursos de agradecimento. Mas, quando jornalistas da área de entretenimento se uniram para anunciar os vencedores da 65ª edição dos Golden Globe Awards, não ficamos livres das surpresas.

As maiores delas aconteceram nas categorias de Melhor Direção, Melhor Roteiro (onde a favorita Diablo Cody foi preterida), Melhor Série Dramática, Melhor Ator em Série Dramática, Melhor Série de Comédia, Melhor Atriz em Série Cômica, Melhor Filme ou Minissérie para a TV e Melhor Atriz Coadjuvante em TV (onde a “it girl” Katherine Heigl não saiu vencedora).

No entanto, o que a lista de vencedores do Golden Globe Awards 2008 mostra é a falta de sintonia da premiação com os outros shows. A Hollywood Foreign Press Association (HFPA) fugiu das tendências e, nas categorias principais, premiou “Atonement” e “Sweeney Todd – The Demon Barber of Fleet Street” – filmes que, em conseqüência, voltam com tudo para a corrida ao Oscar. Aliás, tanto o filme de Joe Wright como o de Tim Burton foram os líderes de prêmios ao lado de “No Country for Old Men” e “The Diving Bell and the Butterfly”, com duas estatuetas cada. Do lado de TV, “Longford” foi o grande vencedor, com três prêmios.

A lista de completa de vencedores do Golden Globe Awards 2008:

Melhor Filme Drama
"Desejo e Reparação"

Melhor Filme - Comédia ou Musical
"Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet"

Melhor atriz - Drama
Julie Christie ("Longe Dela")

Melhor ator - Drama
Daniel Day-Lewis ("Sangue Negro")

Melhor atriz - Comédia ou Musical
Marion Cotillard ("Piaf - Um Hino ao Amor")

Melhor ator - Comédia ou Musical
Johnny Depp ("Sweeney Todd")

Melhor Ator Coadjuvante
Javier Bardem ("Onde os Fracos não têm Vez")

Melhor Atriz Coadjuvante
Cate Blanchett ("I'm Not There")

Melhor Diretor
Julian Schnabel ("O Escafandro e a Borboleta")

Melhor Roteiro
Onde os Fracos não têm Vez ("Joel Coen, Ethan Coen")

Melhor Filme em Língua Estrangeira
"O Escafandro e a Borboleta" (França, EUA)

Melhor Filme de Animação
"Ratatouille"

Melhor canção
"Into the Wild" ("Guaranteed")

Melhor Trilha Sonora
"Desejo e Reparação" (Dario Marianelli)

Televisão

Melhor série dramática
"Mad Men"

Melhor série cômica
"Extras"

Melhor minissérie ou filme para televisão
"Longford"

Melhor ator em minissérie ou filme para televisão
Jim Broadbent ("Longford")

Melhor atriz em minissérie ou filme para televisão
Queen Latifah ("Life Support")

Melhor ator em série cômica
David Duchovny ("Californication")

Melhor atriz em série cômica
Tina Fey ("30 Rock")

Melhor ator em série dramática
Jon Hamm ("Mad Men")

Melhor atriz em série dramática
Glenn Close ("Damages")

Melhor ator coadjuvante em série, minissérie ou filme para TV
Jeremy Piven ("Entourage")

Melhor atriz coadjuvante em série, minissérie ou filme para TV
Samantha Morton ("Longford")

Sunday, January 13, 2008

Lendo - "A Tenda Vermelha"

“O Egito apreciava o Lótus porque sua flor nunca morre. Também é assim com as pessoas que são amadas. Basta algo insignificante como um som, um nome – duas sílabas, uma alta, a outra suave – para trazer de volta os incontáveis sorrisos e lágrimas, suspiros e sonhos de uma vida humana” (p. 377)

A Bíblia, talvez, é o livro mais importante – e lido – da história da humanidade. Um relato de acontecimentos vividos e testemunhados pelos homens. Com exceção dos pedaços marcantes vivenciados por Maria, Maria Madalena e Eva, suas passagens são todas protagonizadas por pessoas do sexo masculino. O livro “A Tenda Vermelha”, de Anita Diamant, faz um retrato ficcional da vida das mulheres de Jacó – o filho de Rebeca e Isaac, neto de Abraão e Sara –, que, com os doze filhos, foi personagem principal de capítulos do Livro do Gênese.

Se, aos meninos, cabia a responsabilidade de aprender com seus pais o valor do trabalho braçal e de sentimentos como honra e respeito; as garotas aprendiam com as mulheres da família a serem as guardiãs dos segredos e dos acontecimentos marcantes da história do clã. E é justamente a única filha de Jacó, Dinah, a narradora de “A Tenda Vermelha” – o título do livro se refere ao local aonde as mulheres se reuniam num determinado período do mês para celebrarem a sua maturidade e a capacidade de fertilidade –, um livro que segue toda uma geração de mulheres da casa do patriarca Jacó.

A história criada por Anita Diamant é dividida em dois atos. No primeiro, acompanhamos as “mães” de Dinah: Lia, Raquel, Zilpah e Bilah. As quatro esposas de Jacó amam a filha profundamente e a escolhem como sucessora, como aquela que vai guardar para sempre seus ensinamentos, sua devoção à família e, principalmente, o amor que possuíam uns pelos outros – independente das diferenças existentes entre eles.

No segundo ato, acompanhamos a jornada solitária de Dinah no Egito, quando ela, já uma mulher adulta, viúva e com um filho para criar, tem que encarar o legado marcado pela conquista, rivalidade, dor, sofrimento, amor e medo que sua família deixou de forma que ela possa vislumbrar um futuro feliz para si própria.

“A Tenda Vermelha” é um livro que vai melhorando na medida em que a leitura progride. Por se tratar de um relato de histórias de mulheres em diferentes gerações, a prosa de Anita Diamant se revela um tanto irregular. As melhores partes do livro acontecem quando encontramos Dinah já amadurecida, chegando perto do final de sua vida. São nesses momentos que a mensagem do livro (o qual é um grande tributo à força, à sensibilidade e ao sacrifício impostos às mulheres) ganha um significado ainda mais especial.

“A Tenda Vermelha” (2001)
Autora:
Anita Diamant
Editora: Sextante

Thursday, January 10, 2008

Golden Globe Awards 2008 - Previsões

Neste ano, não veremos um salão cheio de estrelas ou teremos um tapete vermelho. Mesmo com toda a controvérsia que levou ao cancelamento da 65ª edição dos Golden Globe Awards, a Hollywood Foreign Press Association (HFPA), com o auxílio do canal NBC News, promete tentar compensar a falta de uma premiação convencional com uma boa dose de entretenimento.

No domingo, dia 13 de Janeiro, acontece o programa especial que anunciará os vencedores do prêmio, com apresentação de Billy Bush e Nancy O’Dell (que fazem o “Access Hollywood”). Mas, antes dele, teremos um especial chamado “Going for Gold”, que será apresentado pelo jornalista Matt Lauer (do programa “Today Show”), e que contará com entrevistas de indicados, como James McAvoy, Sally Field, Amy Adams, Ellen Page, Kyra Sedgwick, Patricia Arquette, William Shatner e Nikki Blonsky; e os comentários da comediante Kathy Griffin, que, alguns anos atrás, cobriu o tapete vermelho do evento para o canal E! Entertainment Television.

Apesar de todo o desapontamento pela falta do Globo de Ouro no ano de 2008, afinal a premiação – com seu caráter informal, mesas grandes, bebidas e jantar – garante cenas engraçadíssimas, o Cinéfila por Natureza não poderia deixar de publicar a sua lista de previsões para os grandes vencedores da noite. E são eles:

Best Motion Picture – Drama
No Country for Old Men

Best Performance by an Actress In A Motion Picture – Drama
Julie Christie, Away From Her

Best Performance by an Actor In A Motion Picture – Drama
Daniel Day-Lewis, There Will Be Blood

Best Motion Picture - Musical Or Comedy
Juno

Best Performance by an Actress In A Motion Picture - Musical Or Comedy
Marion Cotillard, La Vie en Rose

Best Performance by an Actor In A Motion Picture - Musical Or Comedy
Johnny Depp, Sweeney Todd

Best Performance by an Actress In A Supporting Role In A Motion Picture
Amy Ryan, Gone Baby Gone

Best Performance by an Actor In A Supporting Role in a Motion Picture
Javier Bardem, No Country for Old Men

Best Animated Feature Film
Ratatouille

Best Foreign Language Film
The Diving Bell and the Butterfly

Best Director - Motion Picture
Joel and Ethan Coen, No Country for Old Men

Best Screenplay - Motion Picture
Diablo Cody, Juno

Best Original Score - Motion Picture
Dario Marianelli, Atonement

Best Original Song - Motion Picture
"That's How You Know", Enchanted

Best Television Series – Drama
Damages

Best Performance by an Actress In A Television Series – Drama
Glenn Close, Damages

Best Performance by an Actor In A Television Series – Drama
Hugh Laurie, House

Best Television Series - Musical Or Comedy
Pushing Daisies

Best Performance by an Actress In A Television Series - Musical Or Comedy
Christina Applegate, Samantha Who?

Best Performance by an Actor In A Television Series - Musical Or Comedy
Steve Carell, The Office

Best Mini-Series Or Motion Picture for Television
Bury My Heart At Wounded Knee

Best Performance by an Actress In A Mini-Series Or Motion Picture Made for Television
Bryce Dallas Howard, As You Like It

Best Performance by an Actor In A Mini-Series Or Motion Picture Made for Television
Jim Broadbent, Longford

Best Performance by an Actress In A Supporting Role In A Series, Mini-Series Or Motion Picture Made for Television
Katherine Heigl, Grey's Anatomy

Best Performance by an Actor In A Supporting Role In A Series, Mini-Series Or Motion Picture Made for Television
Jeremy Piven, Entourage

O prêmio Cecil B. de Mille, que seria entregue ao diretor e produtor Steven Spielberg, foi adiado para o Globo de Ouro 2009.

O canal TNT havia anunciado a transmissão da 65ª edição do Globo de Ouro para toda a América Latina, a partir das 20h30 deste domingo, dia 13 de Janeiro. Após o anúncio do cancelamento do prêmio, o canal não se pronunciou a respeito da transmissão do programa especial que anunciará os vencedores. A melhor aposta, nesse caso, é ficar de olho na programação do canal na noite de domingo.

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Em outra notícia relacionada à temporada de premiação, a greve do Writers Guild of America (WGA) não impediu o grupo de anunciar os indicados à premiação anual do sindicato. Para saber quais foram os roteiros selecionados, clique aqui.

P.S. Eu Te Amo (P.S. I Love You, 2007)

Quando você tem alguém muito importante em sua vida e, num determinado momento, essa pessoa morre, é possível dizer que pensar no futuro passa a ser uma tarefa bastante complicada. Não existe uma cartilha que nos ajude a encarar a perda, os conselhos recebidos acabam não sendo úteis e a verdade é que a gente aprende sozinho a superar a perda. Com o tempo, ficamos sabendo que a dor da saudade nunca termina, mas a ausência física de alguém – aos poucos – começa a ser uma sensação da qual acabamos nos desligando.

No filme “P.S. Eu Te Amo”, do diretor Richard LaGravenese (que, em 2007, também fez “Escritores da Liberdade”), assistiremos à personagem Holly Kennedy (Hilary Swank, também protagonista do outro filme do diretor, em 2007) passar por uma experiência deste tipo. Nas vésperas de completar 30 anos, ela perde o marido – e primeiro amor de sua vida – Gerry Kennedy (Gerard Butler). Porém, Holly não estará sozinha após perder Gerry. Acontece que ele, antes de morrer, escreveu uma série de cartas para que ela pudesse se acostumar à idéia de recomeçar a sua vida sem ele. É assim que nos tornaremos os cúmplices de Holly em uma jornada na qual ela terá o apoio da mãe (Kathy Bates), da irmã (Sherie Rene Scott), das amigas Denise (Lisa Kudrow) e Sharon (Gina Gershon) e de Daniel (Harry Connick Jr.), um homem que trabalha no bar de sua mãe e que pode vir a ser um possível interesse amoroso para Holly.

Se formos desculpar alguns momentos desnecessários e constrangedores, como a cena em que a personagem de Hilary Swank tenta imitar Judy Garland cantando “The Man That Got Away” na clássica cena de “Nasce uma Estrela”, do diretor George Cukor, ou o momento em que Holly canta num karaokê para desafiar o marido; “P.S. Eu Te Amo” se revela uma experiência encantadora. O roteiro de Richard LaGravenese e Steven Rogers (com base no livro de Cecelia Ahern) relata a jornada de Holly Kennedy com uma simplicidade que chega a ser comovente em determinados instantes. Além disso, é uma agradável surpresa ver Hilary Swank – uma atriz acostumada aos papéis mais densos – interpretando uma mulher contemporânea com conflitos comuns e que só quer, no fundo, reencontrar aquilo que nos faz querer seguir em frente.

Cotação: 7,0

P.S. Eu te Amo (P.S. I Love You, EUA, 2007)
Diretor(es): Richard LaGravenese
Roteirista(s): Richard LaGravenese e Steven Rogers com base no livro de Cecelia Ahern
Elenco: Hilary Swank, Gerard Butler, Lisa Kudrow, Harry Connick Jr., Gina Gershon, Kathy Bates, Jeffrey Dean Morgan, James Marsters, Dean Winters, Tony Devon, Mike Doyle, Marcus Collins, Stephen Singer, Eliezer Meyer, Sal Longobardo

Wednesday, January 09, 2008

Reine Sobre Mim (Reign Over Me, 2007)

Nos três filmes que lançou, o diretor e roteirista Mike Binder trabalhou com um tema em comum: seus personagens principais eram pessoas que estavam tentando descobrir algo sobre si mesmas de forma que possam seguir um caminho definitivo em suas vidas. Na sua obra mais recente, “Reine Sobre Mim”, encontramos dois seres nessa situação: os amigos Alan Johnson (Don Cheadle) e Charlie Fineman (Adam Sandler), que, por uma dessas circunstâncias do destino, acabam se reencontrando anos depois de terem se visto pela última vez.

O encontro acontece numa hora bastante propícia para os dois. Alan está naquela fase em que conseguiu – no lado pessoal e profissional – tudo aquilo que podia. Ele se sente sufocado no casamento com Janeane (Jada Pinkett Smith) e precisa de um tempo para si mesmo e o passará ao lado de Charlie. O amigo de Alan, por sua vez, perdeu a esposa e as três filhas nos atentados terroristas de 11 de Setembro e, desde então, vive como se nada tivesse acontecido. Charlie está anestesiado e Alan toma como missão fazer com que o amigo supere o trauma e reencontre a vontade de viver.

Em “Reine Sobre Mim”, Mike Binder retoma um caminho que ele iniciou com “Um Cara Quase Perfeito”. Ou seja, ele deixa de lado todo o exagero, sarcasmo e ironia vistos em “A Outra Face da Raiva” e se propõe a fazer um drama intimista, voltado para os conflitos vividos pelos seus dois personagens principais. Se comparado ao seu último filme, “Reine Sobre Mim” é um bom avanço. O roteiro de Binder é comovente e engraçado quando tem que ser. O principal aqui é que ele deixa o seu elenco completamente livre – especialmente a dupla Adam Sandler e Don Cheadle. Os dois estão ótimos, nos fazem acreditar na amizade que une seus personagens e na vontade de mudar, de querer enxergar algo que está além daquilo que podemos ver.

Cotação: 6,7

Reine Sobre Mim (Reign Over Me, EUA, 2007)
Diretor(es): Mike Binder
Roteirista(s): Mike Binder
Elenco: Adam Sandler, Don Cheadle, Jada Pinkett Smith, Liv Tyler, Saffron Burrows, Cicely Tyson, Robert Klein, Melinda Dillon, Camille LaChe Smith, Mike Binder, Ted Raimi, Imani Hakim, Paula Newsome, Rae Allen, Paul Butler

Tuesday, January 08, 2008

Directors Guild of America 2007 - Indicados

O presidente do Directors Guild of America, Michael Apted, acaba de anunciar os nomes dos cinco diretores indicados à premiação anual do Sindicato. E eles são:

Paul Thomas Anderson, There Will Be Blood


Joel e Ethan Coen, No Country for Old Men

Tony Gilroy, Michael Clayton

Sean Penn, Into the Wild

Julian Schnabel, The Diving Bell and the Butterfly

Chama a atenção a ausência de Ridley Scott ("American Gangster") e Tim Burton ("Sweeney Todd - The Demon Barber of Fleet Street"), diretores que vinham sendo bem cotados para esta premiação. No mais, acho que veremos essa mesma lista no Oscar, com exceção de Tony Gilroy. Acredito que Sidney Lumet ("Before the Devil Knows You're Dead"), ou até mesmo os esquecidos Burton e Scott, possam ser indicados em seu lugar.

O vencedor do Directors Guild of America será anunciado no dia 26 de Janeiro. Desde 1949, quando o DGA começou a sua premiação, somente seis dos ganhadores do prêmio do Sindicato não chegaram a vencer o Oscar na categoria correspondente.

Monday, January 07, 2008

Critics Choice Awards 2007 - Vencedores

E os críticos da Broadcast Film Critics Association conseguiram o que a Hollywood Foreign Press Association falhou em alcançar. Acabou de terminar, em Los Angeles, a 13a. edição dos Critics Choice Awards.

A noite, que teve a apresentação do comediante D.L. Hughley, contou com a presença de alguns astros importantes como Brad Pitt e Angelina Jolie, George Clooney, Don Cheadle, Sean Penn, Emile Hirsch, Marion Cotillard, Ellen Page, Queen Latifah, Nikki Blonsky, Javier Bardem, Casey Affleck, dentre outros.

No entanto, algumas ausências marcantes foram notadas, como as das atrizes Julie Christie, Amy Ryan, Amy Adams e Cate Blanchett; além dos diretores Joel e Ethan Coen.

A lista completa de vencedores:

Best Ensemble
Hairspray

Best Writing
Diablo Cody, Juno

Best Young Actor
Ahmad Khan Mahmoodzada, The Kite Runner

Best Young Actress
Nikki Blonsky, Hairspray

Best Comedy Film
Juno

Best Composer
Jonny Greenwood, There Will Be Blood

Best Song
“Falling Slowly”, Once

Best Supporting Actress
Amy Ryan, Gone Baby Gone

Best Foreign Language Picture
The Diving Bell and the Butterfly

Joel Siegel Award
Don Cheadle

Best Animated Feature
Ratatouille

Best Family Film
Enchanted

Best Documentary
Sicko

Best Supporting Actor
Javier Bardem, No Country for Old Men

Best Motion Picture Made for Television
Bury My Heart at Wounded Knee

Best Actor
Daniel Day-Lewis, There Will Be Blood

Best Actress
Julie Christie, Away From Her

Best Director
Joel and Ethan Coen, No Country for Old Men

Best Picture
No Country for Old Men

Em mais notícias relacionadas à temporada de premiações foi anunciada, pela Hollywood Foreign Press Association, o cancelamento do Golden Globe Awards 2008, devido à greve dos roteiristas do Writers Guild of America. Os vencedores da premiação serão anunciados em uma conferência de imprensa que deverá acontecer no dia 13 de Janeiro, a data prevista anteriormente para a premiação. No entanto, como existe o boicote dos atores ao prêmio, uma outra data será marcada para que, numa espécie de programa especial, os vencedores possam pegar suas estatuetas e fazerem seus discursos.

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou a pré-lista de filmes que estão concorrendo às indicações na categoria de Melhor Maquiagem na próxima edição do Oscar. São eles: “The Diving Bell and the Butterfly”, “Harry Potter and the Order of the Phoenix”, “La Vie en Rose”, “Norbit”, “Pirates of the Caribbean: At World’s End”, “Sweeney Todd - The Demon Barber of Fleet Street” e “300”. A lista de indicados ao Oscar 2008 será divulgada no dia 22 de Janeiro.

O Amor nos Tempos do Cólera (Love in the Time of Cholera, 2007)

Baseado no aclamado romance do vencedor do prêmio Nobel de Literatura, o colombiano Gabriel García Márquez, o filme “O Amor nos Tempos do Cólera”, do diretor inglês Mike Newell, tem como personagem principal um homem que lembra muito o protagonista daquele que, talvez, seja o último bom romance visto no cinema: “Diário de uma Paixão”, do diretor Nick Cassavetes. Assim como Noah Calhoun (Ryan Gosling), Florentino Ariza (Unax Ugalde quando jovem e o espanhol Javier Bardem quando mais velho) é considerado de origem inferior à da mulher que ama. Assim como Noah, Florentino passará a sua vida sendo fiel ao sentimento que possui por ela. Assim como Noah, Florentino viverá uma jornada em que se transformará em um homem de valor perante a sociedade, de maneira que possa – enfim – ser digno de sua amada.

Se pudéssemos definir “O Amor nos Tempos do Cólera”, poderíamos usar a expressão “épico romântico”, pois o roteiro de Ronald Harwood (que, em 2007, roteirizou também a adaptação “O Escafandro e a Borboleta”, do diretor Julian Schnabel) segue a história de encontro e, principalmente, desencontro entre Florentino Ariza e sua amada Fermina (a atriz italiana Giovanna Mezzogiorno) ao longo dos anos. Os dois se conhecem quando ele, um telegrafista, vai entregar uma correspondência na casa do pai dela (John Leguizamo). Como este tem outros interesses para a filha (leia-se um casamento com alguém que seja importante), o amor dos dois é logo amaldiçoado. É aqui que o filme ameaça ficar interessante, pois enquanto Florentino fica cada vez mais atraído por esse sentimento, Fermina encara-o como uma grande ilusão de jovens e é este pensamento que a leva ao casamento com o médico Juvenal Urbino (Benjamin Bratt), o responsável por erradicar a cólera de Cartagena, uma cidade colombiana.

Do ponto de vista técnico, “O Amor nos Tempos do Cólera” é um filme primoroso – o destaque pode ser dado à fotografia, direção de arte e figurinos. A música do brasileiro Antonio Pinto (com letras da cantora colombiana Shakira) é linda e consegue capturar a aura romântica que uma história de amor como essa tanto necessita. O grande problema do filme se encontra no roteiro de Ronald Harwood, na direção de Mike Newell e na edição de Mick Audsley, que condensam o clássico livro em uma história que não passa qualquer sentimento ou faz com que a platéia se conecte com o casal Florentino e Fermina. Nesse caso, é melhor ficar com o livro de Gabriel García Márquez, ou com “Diário de uma Paixão”, ou esperar pela estréia de “Desejo e Reparação”, filme de Joe Wright que estréia nas salas de cinema do Brasil no dia 11 de Janeiro.

Cotação: 6,0

O Amor nos Tempos do Cólera (Love in the Time of Cholera, EUA, 2007)
Diretor(es):
Mike Newell
Roteirista(s): Ronald Harwood com base no livro de Gabriel García Márquez
Elenco: Javier Bardem, Salvatore Basile, Alicia Borrachero, Benjamin Bratt, Adriana Cantor, Patricia Castañeda, Angie Cepeda, Hector Elizondo, Laura Harring, John Leguizamo, Ernesto Leszek, Rubria Marcheens Negrao, Marcela Mar, Giovanna Mezzogiorno, Fernanda Monteneg
ro

Sunday, January 06, 2008

Critics Choice Awards 2007 - Previsões

Apesar da greve do Writers Guild of America (WGA), a indústria do cinema e da TV tem dado provas de que não irá ceder aos apelos dos grevistas. A maior prova disso está na intenção deles de fazer com que os shows de premiação continuem. Enquanto a Hollywood Foreign Press Association (HFPA) e a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) ainda lutam para conseguir a autorização que o Sindicato forneceu ao Screen Actors Guild Awards e ao Independent Spirit Awards, os críticos da Broadcast Film Critics Association vão dar o seu recado na segunda-feira, dia 07 de Janeiro, quando o canal norte-americano VH-1 transmite a 13ª edição dos Critics Choice Awards (ou Broadcast Film Critics Association Awards).

A cerimônia, que acontecerá no Santa Monica Civic Auditorium, terá a apresentação do comediante D.L. Hughley (que fazia parte do elenco do seriado “Studio 60 on the Sunset Strip”) e a expectativa dos membros do BFCA por um índice recorde de comparecimento de atores, atrizes, diretores, roteiristas e compositores - ainda mais em se tratando de toda a incerteza que está rondando o Golden Globe Awards. No entanto, o presidente do SAG, o ator Alan Rosenberg, entrou em contato com os colegas de profissão indicados e, ao que tudo indica, teremos mais boicotes.

O Cinéfila por Natureza apóia a greve dos roteiristas norte-americanos (cuja importância para a indústria do cinema é tão importante quanto a daqueles que ganham salários astronômicos, muitas vezes, sem merecer), mas também é fã do show de premiações e torce para que as reivindicações dos roteiristas sejam atendidas e as premiações possam seguir em frente. Por isso, deixamos aqui a nossa lista de previsões para o 13th Annual Critics Choice Awards:

Best Picture
No Country for Old Men

Best Actor
Daniel Day-Lewis, There Will Be Blood

Best Actress
Julie Christie, Away From Her

Best Supporting Actor
Javier Bardem, No Country for Old Men

Best Supporting Actress
Amy Ryan, Gone Baby Gone

Best Acting Ensemble
No Country for Old Men

Best Director
Joel Coen and Ethan Coen, No Country for Old Men

Best Writer
Diablo Cody, Juno

Best Animated Feature
Ratatouille

Best Young Actor
Michael Cera, Juno

Best Young Actress

Saoirse Ronan, Atonement

Best Comedy Movie
Juno

Best Family Film
Enchanted

Best Picture Made for Television
The Company

Best Foreign Language Film
The Diving Bell and the Butterfly

Best Song
"Falling Slowly", Once

Best Composer
Dario Marianelli, Atonement

Best Documentary
Darfur Now

É importante lembrar que “Into the Wild”, filme dirigido por Sean Penn, recebeu o maior número de indicações a esta premiação e que o Broadcast Film Critics Association tem se revelado como o grande precursor do Oscar, muito mais até do que o seu “parente” mais famoso, o Golden Globe Awards.

Saturday, January 05, 2008

National Society of Film Critics Awards 2007 - Vencedores

Os 61 críticos que fazem parte da National Society of Film Critics se reuniram na noite de hoje, num restaurante, em Nova York, para fazerem a votação anual da premiação que leva seu nome e que, ao lado do New York Film Critics Association Awards e do Los Angeles Film Critics Association Awards, são os prêmios da crítica que mais são levados em conta pelos votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que, por sua vez, entregam os prêmios Oscar.

Para o ano cinematográfico de 2007, o grande vencedor do prêmio outorgado pela National Society of Film Critics foi o épico “There Will Be Blood”, do diretor e roteirista Paul Thomas Anderson. O filme conquistou 4 prêmios: melhor filme, diretor, ator e fotografia.

A lista completa de ganhadores:

Melhor Filme
There Will Be Blood

Melhor Diretor
Paul Thomas Anderson, There Will Be Blood

Melhor Ator
Daniel Day-Lewis, There Will Be Blood

Melhor Atriz
Julie Christie, Away From Her

Melhor Ator Coadjuvante
Casey Affleck, The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford

Melhor Atriz Coadjuvante
Cate Blanchett, I’m Not There

Melhor Roteiro
Tamara Jenkins, The Savages

Melhor Fotografia
Robert Elswit, There Will Be Blood

Melhor Filme Estrangeiro
4 Months, 3 Weeks and 2 Days (Romênia)

Melhor Documentário
No End in Sight

A premiação confirma as tendências já percebidas pelos outros shows de premiação: “There Will Be Blood” e “No Country for Old Men” brigam pelo Oscar de Melhor Filme, Daniel Day-Lewis e Julie Christie (nesta premiação somente três votos separaram a atriz inglesa de sua maior concorrente, a francesa Marion Cotillard) firmam seu favoritismo nas categorias principais de atuação; enquanto que, nas categorias de ator e atriz coadjuvante, a situação continua bastante indefinida com os nomes de Javier Bardem, Casey Affleck, Amy Ryan e Cate Blanchett se destacando.

Em mais notícias relacionadas à temporada de premiação, a Academia liberou a lista com os sete filmes finalistas para a categoria de Efeitos Visuais. São eles: “The Bourne Ultimatum”, “Evan Almighty”, “The Golden Compass”, “I Am Legend”, “Pirates of the Caribbean – At World’s End”, “300” e “Transformers”.

Friday, January 04, 2008

A Bússula de Ouro (The Golden Compass, 2007)

Não tem o fascínio da Terra Média. Ou a magia de Nárnia. Mas, o universo no qual se situa a história de “A Bússula de Ouro”, do diretor Chris Weitz (que também escreveu o roteiro baseado na obra de Philip Pullman), tem seu próprio charme. Por mais que nele habitem grupos exóticos, feiticeiras, animais com vida e vontade próprias e exista aquela obrigatória profecia, chama a atenção o fato de que o mundo de “A Bússula de Ouro” é muito próximo daquilo que chamamos de realidade.

E este não seria um mundo se não tivesse um grande conflito. O de “A Bússula de Ouro” concentra dois elementos que são bastante contraditórios: a fé e a ciência. De um lado, o Magistério com sua vontade de controlar os seres humanos. De outro, os estudiosos que lembram ao primeiro time que a influência deles não será aceita tão facilmente.

No meio disso, encontramos a garota órfã Lyra Belacqua (a talentosa Dakota Blue Richards, que faz a sua estréia como atriz). Criada pelo tio Lorde Asriel (Daniel Craig) na Faculdade Jordan, Lyra – como toda criança – é bastante curiosa e tem avidez pelo conhecimento. Quando é tomada como protegida por Marisa Coulter (Nicole Kidman), criadora do projeto que molda crianças de acordo com a vontade do Magistério, Lyra se revela uma predestinada. Escolhida como a guardiã da última Bússula de Ouro do universo (o objeto é bastante cobiçado pelos membros do Magistério, pois tem a capacidade de revelar a verdade absoluta), Lyra tem como primeira luta acabar com o projeto de Coulter – e, conseqüentemente, resgatar seus dois amigos Billy Costa (Charlie Rowe) e Roger (Ben Walker).

“A Bússula de Ouro” não é uma adaptação tão redonda quanto a trilogia “O Senhor dos Anéis”. Ou possui uma história tão violenta quanto “As Crônicas de Nárnia – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”. E isso, necessariamente, não é um bom sinal. A excelência técnica do filme – em que se destacam a fotografia de Henry Braham; a direção de arte de Dennis Gassner, Richard L. Johnson, Chris Lowe e Andy Nicholson; os figurinos de Ruth Myers e os efeitos visuais – não consegue mascarar o grande problema de “A Bússula de Ouro”: o roteiro. Com exceção de Lyra Belacqua e do urso cachaceiro Iorek Byrnison (dublado por Ian McKellen), os personagens restantes são muito mal construídos. Isso é notável nos casos de Marisa Coulter, Lorde Asriel e da feiticeira Serafina Pekkala (a francesa Eva Green). Se os produtores de “A Bússula de Ouro” prestarem atenção ao filme, saberão que este é o elemento a melhorar nas continuações.

Cotação: 6,5

A Bússola de Ouro (The Golden Compass, EUA, Inglaterra, 2007)
Diretor(es):
Chris Weitz
Roteirista(s): Chris Weitz com base no livro de Philip Pullman
Elenco: Nicole Kidman, Daniel Craig, Dakota Blue Richards, Ben Walker, Nonso Anozie, Eva Green, Jim Carter, Tom Courtenay, Charlie Rowe, Clare Higgins, Steven Loton, Sam Elliott, Simon McBurney, Jack Shepherd, John Bett