Tuesday, April 24, 2007

Hannibal - A Origem do Mal (Hannibal Rising, 2007)


Existem alguns personagens que são maiores do que os filmes que estrelaram. Hannibal Lecter, o perigoso e inteligente psicopata criado pelo escritor Thomas Harris, é um deles. Ele já deu as caras em cinco filmes e foi interpretado por três atores diferentes, mas deve a sua fama ao ator galês Anthony Hopkins. Em “O Silêncio dos Inocentes”, filme de Jonathan Demme premiado com os cinco Oscars principais (filme, diretor, ator, atriz e roteiro) em 1992, Hopkins emprestou um certo carisma à loucura de Lecter, fazendo com que o personagem conquistasse a admiração dos cinéfilos.

Em todos os filmes estrelados por Hannibal Lecter – além do já citado “O Silêncio dos Inocentes”, temos “Dragão Vermelho”, de Michael Mann; “Hannibal”, de Ridley Scott; e “Dragão Vermelho”, de Brett Ratner – existe uma mesma dinâmica. As tramas exploram o relacionamento que se estabelece entre Lecter e os representantes da lei (todos eram policiais). Estes precisam que aquele os ajude a desvendar um caso criminal e, aos poucos, vão sendo consumidos pelo jeito frio, calculista, magnético e intuitivo do psicopata.

Este não é o caso de “Hannibal – A Origem do Mal”, do diretor Peter Webber. O filme tem o mesmo papel de uma reportagem que quer apresentar o perfil psicológico de um criminoso. Portanto, conheceremos a história de vida de Hannibal Lecter – aonde ele nasceu, como era a sua família e, principalmente, qual o fato que o fez se transformar naquilo que ele passou a ser.

“Hannibal – A Origem do Mal” começa em plena II Guerra Mundial, na Lituânia, quando o menino Hannibal Lecter (Aaron Thomas) e sua família abandonam o castelo aonde viviam e partem para uma casa de campo em busca de sossego. Os soldados nazistas logo descobrem o esconderijo da família Lecter e estabelecem uma prática que é muito comum nas guerras: se apossam das terras, da riqueza e assassinam a família inteira. Só sobrevivem o menino Hannibal e sua irmã Mischa (Helena Lia Tachovska) – a qual será, mais tarde, assassinada e devorada pelos famintos soldados.

Não precisa nem dizer que as lembranças destes dias vão transformar e atormentar Hannibal Lecter para sempre. E, quando o reencontramos, oito anos depois (já com o ator francês Gaspard Ulliel na sua pele), ele é um estudante de Medicina que vive com a tia (Gong Li) na França, enquanto elabora o plano de sua vingança sob o olhar atento do Inspetor Popil (Dominic West).

É esta atmosfera meio “Kill Bill” que domina “Hannibal – A Origem do Mal”. O diretor Peter Webber se esforça em imprimir uma aura sofisticada ao seu filme. Isso é conseguido – em parte – graças à fotografia de Ben Davis, que distingue bem os momentos de luz e os de trevas na vida de Hannibal Lecter. No entanto, Webber peca em dois pontos fundamentais: no roteiro do escritor Thomas Harris, que é muito fraco e na escalação de Gaspard Ulliel como o famoso Lecter. O ator francês não está preparado para fazer um papel desse tipo e, na tentativa de emular a interpretação já antológica de Anthony Hopkins, dando ênfase à voz e ao olhar, Ulliel só consegue arrancar risos da platéia. O que é uma pena.

Cotação: 4,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Monday, April 23, 2007

Ó Paí Ó (2007)


O bairro do Pelourinho é uma das regiões mais conhecidas do Centro Histórico da cidade de Salvador, na Bahia. A arquitetura barroca e a forte presença cultural (o local é sede de grupos como a Casa de Jorge Amado, o Grupo Gay da Bahia e o Insituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural) são apenas alguns dos atrativos para milhares de turistas que vêm de todo o Brasil e do mundo para conhecer a capital baiana. É nesse local que se dá também a ação da comédia musical “Ó Pai Ó”, da diretora Monique Gardenberg.

O filme se passa durante o Carnaval – a maior manifestação popular da Bahia – e acompanha a vida de um grupo de pessoas que mora em um cortiço. São eles: o pintor e aspirante a cantor Roque (Lázaro Ramos), a imigrante que mora na Suíça Psilene (Dira Paes), o malandro Boca (Wagner Moura, na pior atuação dele no cinema), o comerciante Seu Jerônimo (Stênio Garcia), a religiosa Dona Joana (Luciana Souza), a provocante Rosa (Emanuelle Araújo, ex-vocalista da Banda Eva), o mulherengo Reginaldo (Érico Brás) e os meninos Cosme (Vinícius Nascimento) e Damião (Felipe Fernandes), dentre outros.

“Ó Pai Ó” retrata, através de seus personagens, características que são comuns, não só ao povo baiano, como ao brasileiro. Os personagens são pessoas pobres, porém esforçadas, que tentam viver o seu dia-a-dia com muito humor, ironia, criatividade e música. Neste último caso, são utilizadas – além das canções originais compostas por Caetano Veloso e Davi Moraes -, músicas que já fazem parte da história da Axé Music como “Vem Meu Amor” e “I Miss Her”, do Olodum; “Lili”, do astro do reggae maranhense Edson Gomes; “O Araketu é Bom Demais”, do Ara Ketu; e “Protesto do Olodum”, da Banda Mel.

Baseado na peça de Márcio Mello que foi encenada pelo Bando de Teatro do Olodum, a maior qualidade do filme “Ó Pai Ó” (uma expressão que, em puro baianês, significa “olhe para isso, olhe”) é colocar atores que são gente como a gente e com os quais a identificação é imediata. A diretora e roteirista Monique Gardenberg, na maior parte do tempo, se fixa na idéia de fazer uma crônica da vida desse grupo de pessoas que tem tanta coisa em comum. Os problemas começam já no quarto final do filme, quando Gardenberg passa para o terreno da crítica social, ao abordar a violência que já é tão comum nos bairros mais populares das grandes metrópoles brasileiras. Num filme que era para ser uma ode ao jeito baiano ou brasileiro de ser, esta crítica fica meio perdida.

Cotação: 3,8

Crédito Foto: E-Pipoca

Saturday, April 21, 2007

A Colheita do Mal (The Reaping, 2007)


No livro do Êxodo, que faz parte do Antigo Testamento da Bíblia Sagrada, podemos encontrar um relato sobre as dez pragas que assolaram o Egito e que foram enviadas por Deus para as mãos de Moisés para que o Faraó libertasse o povo israelense e reconhecesse a unicidade de Deus. As dez pragas, na ordem em que aconteceram, foram: as águas do Rio Nilo foram tingidas de sangue, rãs cobriram a terra, mosquitos atormentando homens e animais, moscas escurecendo o ar e atacando homens e animais, uma peste atingindo os animais, pústulas cobrindo homens e animais, uma chuva de granizo que destruiu as plantações, uma nuvem de gafanhotos atacando as plantações, escuridão encobrindo o sol pelo período de três dias e, finalmente, a morte dos primogênitos dos homens e dos animais.

O filme “A Colheita do Mal”, do diretor Stephen Hopkins, se passa na cidade de Haven, Estado de Louisiana; quando a professora Katherine Winter (Hilary Swank) e seu auxiliar Ben (Idris Elba) são convidados pelo professor Doug (David Morrissey, o parceiro de Sharon Stone em “Instinto Selvagem 2”) para investigar uma série de fenômenos estranhos que estão acontecendo na cidade e que estão diretamente relacionados às dez pragas bíblicas e que podem – ou não – ter sido causados por uma garotinha chamada Loren McConnell (Anna-Sophia Robb, que interpretou a menina que mascava constantemente um chiclete no filme “A Fantástica Fábrica de Chocolate”).

Uma das discussões mais freqüentes entre aqueles que se dedicam a fazer pesquisas é aquela que diz respeito à equação metodologia X fé. Talvez, esse seja um dos maiores desafios dos cientistas, pois eles preferem acreditar na explicação lógica e exata dos fenômenos que investigam, ao invés de crer numa explicação que ultrapassa os limites do ser humano. Katherine é uma dessas pessoas. No entanto, nem sempre foi assim.

Como outros personagens de filmes de terror – como o Padre Damien Karras de “O Exorcista” e Ethan Thomas, o promotor de “O Exorcismo de Emily Rose” –, Katherine perdeu a fé. A crença em Deus foi perdida quando ela ainda era uma ministra e servia em uma missão no continente africano. Foi lá que aconteceu algo que transformaria a vida dela: a morte do marido e da única filha. De uma certa maneira, a vivência em Haven também a modificará, afinal a busca por uma explicação para o que ocorre lá fará com que ela reencontre aquilo que ela havia perdido.

“A Colheita do Mal” é um filme que possui muitas qualidades. A direção de Stephen Hopkins – que retorna ao cinema depois de uma passagem bem-sucedida pela televisão, aonde dirigiu episódios do seriado “24”, a minissérie “Traffic” e o telefilme “Vida e Morte de Peter Sellers” – é muito boa. Os efeitos visuais são bem interessantes. Hilary Swank está muito bem no papel de Katherine. O roteiro do filme é que é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo em que cria uma trama que prende a atenção, desenha situações que ficam perdidas na ação principal (como as alucinações de Katherine). Mesmo assim, isto não é nada que prejudique o resultado final obtido pelo diretor Stephen Hopkins. “A Colheita do Mal” é um filme para ser enfrentado sem medo.

Cotação: 5,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Tuesday, April 17, 2007

Caixa Dois (2007)


O prólogo do filme “Caixa Dois”, de Bruno Barreto, é bastante importante. É nele em que toda a história da película é definida. De um lado, temos os ricos – e inescrupulosos – Luiz Fernando (Fúlvio Stefanini), o dono do Banco Federal; seu fiel escudeiro, Romeiro (Cássio Gabus Mendes), um cara formado em Harvard; e Carlão (Zedu Neves), especialista em lavagem de dinheiro. De outro, temos aqueles que formam a classe trabalhadora: Roberto (Daniel Dantas), o gerente de uma das agências do Banco Federal; sua esposa Lina (Zezé Polessa), que trabalha como professora; o filho deles Henrique (Thiago Fragoso), estudante universitário; e a namorada deste, Ângela (Giovanna Antonelli), que trabalha como secretária de Luiz Fernando na sede do Banco Federal.

Todos estes personagens se verão envolvidos em uma trama engenhosa, que foi escrita por Márcio Alemão (tendo como base a peça de Juca de Oliveira). Luiz Fernando, Carlão e Romeiro estão armando um esquema para lavar 50 milhões de reais. No entanto, eles precisam de um laranja para o negócio ser concretizado sem maiores suspeitas. Ângela, que tem sonhos de ascensão social, é a pessoa perfeita para a função. No entanto, tudo dá errado quando Romeiro confunde o número da conta corrente da secretária e o dinheiro acaba caindo nas mãos de Lina, uma mulher honesta e trabalhadora, que tem a maior vontade de viver sem se preocupar com as dívidas que só fazem aumentar.

“Caixa Dois” foi uma bem-sucedida peça teatral que estreou em 1997 e ficou em cartaz por seis anos, atraindo um público de quase seis milhões de pessoas. O sucesso da peça aconteceu, pois a sua trama trata de um tema que é recorrente na realidade brasileira: a corrupção. Através de seus personagens, “Caixa Dois” revela aquilo que a gente está cansado de saber pelos jornais, tevês e revistas. Ao mesmo tempo, a trama nos mostra que a honestidade ainda está presente no meio de tanta lama.

A transição de linguagem teatral para linguagem cinematográfica foi feita de maneira competente pelo diretor Bruno Barreto e pelo roteirista Márcio Alemão. “Caixa Dois” é um filme que prende a atenção e que vai crescendo na medida em que a trama do filme vai sendo desenvolvida. Além do roteiro, o ponto alto do filme são as atuações do elenco. Fúlvio Stefanini está excelente como Luiz Fernando. Cássio Gabus Mendes retrata com perfeição os conflitos pelo qual passa Romeiro. Já Daniel Dantas, Zezé Polessa, Giovanna Antonelli e Thiago Fragoso dão um show na pele de personagens que provam que a esperteza popular às vezes vale mais do que diplomas de faculdades conceituadas.

Cotação: 8,0

Crédito Foto: E-Pipoca

Monday, April 16, 2007

Deu a Louca em Hollywood (Epic Movie, 2007)


Já virou meio que uma tradição cinematográfica de início de ano. Sempre após o término da temporada do Oscar, o ano do cinema começa, nos Estados Unidos e no Brasil, com um filme de paródia. Foi assim em outros anos com a série “Todo Mundo em Pânico” e com o filme “Uma Comédia Nada Romântica”. Pois, eis então que a dupla formada pelos diretores e roteiristas Jason Friedberg e Aaron Seltzer volta com mais um crime contra o cinema: “Deu a Louca em Hollywood”. O alvo deles, dessa vez, são os filmes épicos.

A trama principal do filme é uma união de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” com “As Crônicas de Nárnia – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”. Quatro órfãos – Edward (Kal Penn), Peter (Adam Campbell), Lucy (Jayma Mays, um cover da pior qualidade da ótima Anna Faris) e Susan (Faune A. Chambers) – ganham um bilhete premiado para viverem uma aventura épica. O local dessa aventura? A fábrica de chocolates de Willy (Crispin Glover). Os quatro jovens se assustam com a personalidade de Willy e com seu método de fazer chocolates (ele utiliza partes do corpo humano na sua receita) e, para fugir do louco empresário, entram em um guarda-roupas e se deparam com o mundo de Gnarnia. E lá, não vai ser diferente. Edward, Peter, Lucy e Susan descobrem que são parte de uma profecia que diz que quatro seres humanos, com a ajuda de Aslo (Fred Willard), vão derrubar a Vagabunda Branca (Jennifer Coolidge) do poder.

Assim como nos outros filmes de paródia da dupla Jason Friedberg e Aaron Seltzer, a platéia pode encontrar referências a vários outros filmes, como “Código da Vinci”, “Nacho Libre”, “Serpentes a Bordo”, “X-Men”, “Scarface” (!), “Missão: Impossível”, “Superman – O Retorno”, “Harry Potter”, “Piratas do Caribe”, “Borat” e “Click”. Além disso, como de costume, o filme brinca com várias personalidades da cultura pop, como Tom Hanks, Angelina Jolie, Brad Pitt, Paris Hilton, Nicole Richie, Diddy, Ashton Kutcher e Mel Gibson. Sobra até para personagens como Jack Sparrow (que vira Jack Swallows) e Mística.

“Deu a Louca em Hollywood” não é um filme feito para todo mundo. Ele é perfeito para a geração MTV, Internet, MySpace, Orkut, TiVo. Uma fatia de mercado que gosta desses filmes requentados e que representem, no mínimo, uma boa hora de diversão. Ao mesmo tempo, ao brincar com um gênero e com filmes que representam grande parte da bilheteria anual da indústria cinematográfica, “Deu a Louca em Hollywood” só revela o quanto algumas fórmulas adotadas pelas produtoras estão desgastadas. Então, se for mesmo para se divertir, que fiquemos com o título do filme. Poucas vezes, os tradutores acertaram tanto. E, se está dando a louca em Hollywood, só nos resta pedir socorro.

Cotação: 0,1

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Saturday, April 14, 2007

A Estranha Perfeita (Perfect Stranger, 2007)


A Internet meio que revolucionou a maneira pela qual as pessoas se relacionam entre si. Com a proteção de uma tela, cada um tem a identidade que quer e, principalmente, cada um revela as pequenas facetas de sua personalidade ao outro sem ter medo de sofrer julgamentos. A jornalista Rowena (Halle Berry), personagem principal do filme “A Estranha Perfeita”, do diretor James Foley (de “Confidence – O Golpe Perfeito”), faz tudo isso no mundo real.

Ela trabalha como repórter investigativa em um grande jornal de Nova York, mas, pelo bem de suas investigações, ela utiliza um pseudônimo masculino. O jornal oferece para Rowena uma baita estrutura, bem como um profissional chamado Miles (Giovanni Ribisi), uma espécie de anjo da guarda da repórter, afinal fornece para ela novos nomes e profissões, além de descobrir todo tipo de informação a respeito de seus investigados.

Depois de entrar em conflito com seu editor por causa de uma matéria que revelaria a verdadeira opção sexual de um político que lutava contra os direitos dos gays, Rowena é colocada no regime de férias forçadas. Mas, aquela curiosidade que move todo jornalista, a leva de volta ao campo de trabalho quando Grace (Nicki Aycox), uma de suas amigas de infância, aparece morta alguns dias depois de procurar Rowena para pedir que ela investigasse Harrison Hill (Bruce Willis), um poderoso empresário do ramo de Publicidade, com quem ela teve um caso virtual.

E a Rowena jornalista segue o princípio de que vale tudo para conseguir fazer a sua matéria. Ela entra no mundo das salas de bate-papo virtuais e também começa a trabalhar como estagiária na agência de Harrison. A investigação se torna ainda mais pessoal para a jornalista, quando, talvez, alguém muito próximo de Rowena também se torna suspeito do assassinato de Grace.

Ganhar uma estatueta do Oscar pode ser muito benéfico para um profissional que trabalha no cinema. No entanto, vencer um Oscar pode ser também ruim para aqueles que não souberem aproveitar as oportunidades que ele traz. Halle Berry é uma representante perfeita desse último caso. Desde que ganhou uma estatueta de Melhor Atriz, em 2002, pela sua performance em “A Última Ceia”, Berry mais errou do que acertou. “A Estranha Perfeita” é mais um equívoco para a sua carreira. O filme é deveras previsível e, parece que até mesmo o roteirista Todd Komarnicki sabe disso, pois no quarto final de “A Estranha Perfeita”, ele começa a colocar uma série de reviravoltas desnecessárias na trama, que, no lugar de melhorar, só faz complicar o resultado final obtido pelo diretor James Foley.

Cotação: 1,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Thursday, April 12, 2007

Arthur e os Minimoys (Arthur et les Minimoys / Arthur and the Invisibles, 2006)


O diretor, roteirista e produtor francês Luc Besson é considerado, por muitos, como o Steven Spielberg da França. Não sei ao certo o por quê dessa comparação, mas um fato inegável é que Besson possui uma obra cinematográfica muito diversa. Ele já mergulhou em dramas densos, como “Imensidão Azul” e “Joana D’arc”; já se aventurou pelo universo da ação em filmes como “O Quinto Elemento” e também trabalhou com as relações humanas em “O Profissional”. Agora, ele embarca no universo infantil, com a aventura fantástica “Arthur e os Minimoys”.

O filme conta a história de Arthur (Freddie Highmore), um menino de dez anos, que tem uma vida extremamente solitária. A sua única companhia é a avó (Mia Farrow), que o cria desde que seus pais o deixaram na casa dela. O passatempo predileto de Arthur é construir engenhocas experimentais, uma característica que ele herdou do avô (Ron Crawford) – que está desaparecido há três anos.

Arthur tem um verdadeiro fascínio pelas histórias que sua avó lhe conta, especialmente sobre aquelas que são protagonizadas pelos Minimoys, pequenos seres que habitam o seu jardim. O espírito aventureiro de Arthur é aguçado quando ele decide partir em busca de um tesouro na terra dos Minimoys para salvar a casa da sua família de ser tomada por um construtor inescrupuloso. A viagem de Arthur acaba sendo também importante para os Minimoys, que terão uma ajuda inestimável na sua luta contra Malthazar (dublado por David Bowie), que quer dominar as terras subterrâneas.

A trama de “Arthur e os Minimoys” faz um apanhado geral dos elementos principais de vários outros filmes. Nela, encontramos traços de “O Mágico de Oz” (no sentido de que, assim como Dorothy, Arthur passará por uma jornada de auto-conhecimento longe de casa), de “Excalibur” (o futuro governante da terra dos Minimoys será aquele (a) que conseguir retirar a espada fincada no solo); bem como referências a filmes como “Pulp Fiction – Tempo de Violência”, na excelente cena de luta que acontece na boate do excêntrico personagem dublado pelo rapper Snoop Dogg.

O grande atrativo de “Arthur e os Minimoys” é o elenco reunido por Luc Besson. Além de Freddie Highmore e Mia Farrow, que aparecem na parte live action do filme; um verdadeiro time de estrelas emprestam a sua voz à parte de animação do filme. Além dos já citados David Bowie e Snoop Dogg, podemos perceber a voz de Madonna, Jimmy Fallon, Robert de Niro, Harvey Keitel, Chazz Palminteri, Emilio Estevez, Anthony Anderson e Jason Bateman. Só deixo um aviso para os pais, cuidado com certas passagens da trama de “Arthur e os Minimoys”, que são um tanto inconvenientes para as crianças.

Cotação: 4,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Wednesday, April 11, 2007

Um Beijo a Mais (The Last Kiss, 2006)

Paul Haggis é, provavelmente, a maior revelação do cinema norte-americano nos últimos cinco anos. Os filmes que ele produz, escreve ou dirige são presenças constantes nas listas de melhores do ano ou até mesmo entre as indicações às diversas premiações. Mesmo tendo um nome cheio de credibilidade perante os cinéfilos, um de seus roteiros recentes – o do filme “Um Beijo a Mais”, dirigido pelo ator Tony Goldwyn (de quem o público brasileiro irá se lembrar como o vilão do filme “Ghost – Do Outro Lado da Vida”) – passou totalmente despercebido.

O filme é baseado na película italiana “O Último Beijo”, do diretor Gabriele Muccino (o mesmo de “À Procura da Felicidade”), e retrata um pouco da crise existencial pela qual passa o arquiteto Michael (Zach Braff, do seriado “Scrubs”). Prestes a completar 30 anos, ele se considera um cara feliz e realizado na vida profissional e pessoal – afinal, tem ao seu lado, Jenna (Jacinda Barrett), uma mulher praticamente perfeita. No entanto, quando Michael recebe a notícia de que sua namorada está grávida, ele começa a repensar a sua vida e tudo aquilo que conseguiu até agora.

Os questionamentos se tornam ainda mais freqüentes a partir do momento em que Michael percebe que todos aqueles que estão ao seu redor – os amigos Chris (Casey Affleck), Izzy (Michael Weston) e Kenny (Eric Christian Olsen); bem como seus sogros Anna (Blythe Danner) e Stephen (Tom Wilkinson) – também passam por uma crise em seus relacionamentos. Uma saída mais fácil para tudo isso acontece quando Michael conhece a jovem estudante de música Kim (Rachel Bilson, do seriado “The O.C.”), que só pensa em aproveitar o agora, sem se preocupar com o futuro.

O cinema é cheio de filmes que analisam as diversas fases complicadas pelas quais as pessoas passam em suas vidas. Mas, são poucos os filmes que analisam aquele momento crucial em que estamos diante de um instante em que é decidido se construir uma vida juntos e se dedicar a cultivar um relacionamento que pode durar uma vida toda. “Um Beijo a Mais” fala justamente sobre o preço que a felicidade tem e sobre a capacidade que temos de nos magoar, de nos sabotar quando algo nos é favorável. O filme mostra de maneira real que os momentos definidores de nossas vidas podem ser bem mais doces. A única coisa que falta em “Um Beijo a Mais” é um protagonista mais carismático. É muito difícil levar a sério um ator como Zach Braff. Ele não se encaixa no perfil de Michael.

Cotação: 6,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Tuesday, April 10, 2007

300 (2007)


As aulas de História nos ensinaram que o povo espartano era muito ligado na questão da educação dos seus filhos. O Estado controlava e obrigava seus jovens a serem educados para a guerra. As primeiras cenas de “300”, filme do diretor Zack Snyder, explicam bem direitinho como isso acontecia. Desde cedo, o jovem espartano é preparado para aquilo que ele irá saber fazer melhor: guerrear. Ele é afastado da sua família e, principalmente, da sua mãe e tem inserido, dentro de si, os conceitos de responsabilidade, sacrifício e dedicação – os quais são fundamentais para aqueles que vão dar a vida pelo seu país.

Baseado na graphic novel de Frank Miller e Lynn Varley, “300” conta – através da narração de Dilios (David Wenham) – a história do exército espartano de 300 homens que, sob a liderança do Rei Leônidas (Gerard Butler), lutou contra o exército numeroso de Xerxes (Rodrigo Santoro), o poderoso governante da Pérsia.

Desde a sua estréia nos cinemas dos Estados Unidos, “300” tem estimulado diversas interpretações. Alguns afirmam que o filme tem elementos que remetem à sexualidade, ao mostrar o culto ao corpo masculino, a excessiva camaradagem que existia entre os soldados e ao fazer o retrato dos persas como sendo seres andróginos.

No entanto, talvez, a interpretação mais adequada seja aquela que coloca “300” como um ensaio sobre o tipo de política externa adotada pelo governo George W. Bush. Podemos encontrar traços do presidente norte-americano tanto no lado dos mocinhos, como no lado dos bandidos. Em alguns momentos, “300” soa até como uma peça de defesa da invasão norte-americana no Iraque, mostrando onde Bush errou (indo à guerra sem o apoio do conselho, assim como Leônidas) e onde ele acertou (lutando pela liberdade de seu povo frente a um governante tirano). A defesa se torna ainda mais evidente na cena em que a esposa do Rei Leônidas, a Rainha Gorgo (Lena Headey), se dirige ao conselho de Esparta.

“Sin City – A Cidade do Pecado” mudou a cara das adaptações de graphic novels. O filme dirigido por Robert Rodriguez e Frank Miller era calcado no forte apelo visual e no perfeito desenho de cada cena. Em “300”, Zack Snyder prova que bebeu muito na fonte de “Sin City – A Cidade do Pecado”. Seu filme é muito estilizado e visualmente tem momentos geniais – como as cenas em que o menino Leônidas mata o lobo e no confronto final entre persas e espartanos. “300” pode ser um pouco cansativo, pode pecar pelo excesso de testosterona e pelo uso de frases de efeito que são batidas (“hoje à noite, nós jantamos no inferno”), mas deixa gravado na memória dos cinéfilos algumas das cenas mais sensacionais que veremos no ano de 2007.

Cotação: 7,3

Crédito Foto: Yahoo! Movies

Sunday, April 08, 2007

American Idol - Season 6

Depois de seis temporadas, o programa “American Idol” virou muito mais do que um reality show ou um concurso de talentos cuja audiência é a maior dos Estados Unidos. O programa se transformou em uma verdadeira fonte de revelação de talentos, que ultrapassam os limites da realidade e passam a ser respeitados dentre as grandes lendas. Nos últimos anos, duas ex-vencedoras do programa, Kelly Clarkson e Carrie Underwood, ganharam Grammys (o maior prêmio da indústria da música). O sucesso chega até para os perdedores, tendo em vista que Jennifer Hudson – participante da terceira temporada de “American Idol” – ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pela sua performance em “Dreamgirls – Em Busca de um Sonho”’; e, no exato momento em que esta blogueira digita estas palavras, três ex-participantes da quinta temporada do programa (Katharine McPhee, Chris Daughtry e Elliott Yamin) vêem seus discos na lista dos mais vendidos de acordo com a revista Billboard.

Na última quarta-feira, com três semanas de atraso, o canal Sony Entertainment Television levou ao ar o primeiro programa “pra valer” da sexta temporada de “American Idol”. Na ocasião, os doze participantes selecionados pelo público dentre os 24 escolhidos pelos jurados Randy Jackson, Paula Abdul e Simon Cowell, se apresentaram em um grande palco perante a audiência do mundo todo para apresentarem canções de Diana Ross, uma verdadeira lenda da música norte-americana. O primeiro programa foi só uma pequena amostra daquilo que veremos ao longo dessa temporada.

Como sempre, já dá para a gente notar a divisão de “papéis” entre os participantes. Existe aquele grupo formado pelos cantores cuja verdadeira vitória é o tanto de tempo que eles conseguem permanecer no programa (os chamados “figurantes”). São eles: Gina Glocksen, a garota rocker de atitude e piercing na língua, mas que mais grita do que canta; a carismática – e favorita dos meninos – Haley Scarnato, ex-cantora de casamentos; o pai de família Phil Stacey, que conta com o apoio da Marinha norte-americana; e o ex-backing vocal Brandon Rogers, que já trabalhou para artistas do porte de Christina Aguilera.

Existe também aqueles participantes que parecem meio deslocados em meio à competição, como Chris Sligh, o sósia de Jack Osbourne, e filho de pais missionários. Uma dupla se destaca por ser uma cópia de artistas que já se encontram no mercado: Stephanie Edwards, a garota que sempre gostou de cantar, soa muito como Beyoncé; e Chris Richardson tem o mesmo corte de cabelo, a mesma voz e a mesma chatice de Justin Timberlake.

No entanto, a sexta temporada de “American Idol” é cheia de casos únicos. Tome-se, por exemplo, Blake Lewis, um cantor razoável, mas que esbanja modernidade (sua marca é colocar beat-box nas músicas que apresenta). Um perfeito caso de participante que, talvez se dê bem no programa, mas terá muito sucesso comercial. Entretanto, jurados, produtores e nem o público do programa estavam preparados para o fenômeno que se tornaria Sanjaya Malakar. O jovem de 17 anos e carisma inegável conquistou o público jovem norte-americano não por causa de seus talentos vocais, e sim pelo seu cabelo. Semanalmente, o público liga a televisão só para ver qual o próximo penteado de Sanjaya. O caso se tornou tão impressionante que o público fiel do “American Idol” já está se irritando e boicotando a audiência do programa (que vem caindo semanalmente) tendo em vista a campanha que foi deflagrada pelo site VotefortheWorst.com e pelo radialista Howard Stern, que querem sacanear o “programa número 01 dos Estados Unidos” levando Sanjaya à vitória.

Polêmicas a parte, a sexta temporada de “American Idol” tem uma disputa até bem interessante pelo título de ídolo. O trio de ferro dessa edição vem representado por três garotas de talento e carisma impressionantes. São elas:

- Jordin Sparks, 17 anos. Filha de um ex-jogador profissional da NFL, liga de futebol americano. Jordin foi modelo e venceu a edição do “Arizona Idol”, ganhando uma passagem aérea e hospedagem para fazer o teste para o programa nacional. A jovem agrada em cheio ao público jovem, tem uma voz potente e uma maturidade impressionante para alguém de sua idade. É uma grande favorita a uma das duas vagas na final de “American Idol”.

- Lakisha Jones, 27 anos. Mãe solteira, ex-bancária e, como cantora, tem um estilo bem clássico e parece ter saído direto dos anos 50. Era a favorita inicial do programa, mas perdeu muito do seu brilho a partir do momento em que o terceiro vértice desse trio começou a crescer na preferência do público norte-americano.

- Melinda Doolittle, 29 anos. A mais velha participante dessa temporada do “American Idol”. Trabalhou como backing vocal de artistas como Michael McDonald, Aaron Neville, Jonny Lang, Vanessa Bell Armstrong e CeCe Winans. Melinda é, provavelmente, a melhor cantora que o programa já teve em todos os tempos. Sua técnica é de mestre, a maneira de entoar os versos das canções que apresenta é única. Um trunfo a favor de Melinda é a sua personalidade humilde e autêntica. Ela é a favorita disparada ao título de novo ídolo norte-americano.

De uma certa maneira, este trio de ferro lembra muito outro trio que passou na história do programa. Na terceira temporada de “American Idol”, o público foi presenteado com o talento de Fantasia Barrino (uma mãe solteira e dona de uma belíssima história de vida), LaToya London (a participante de técnica refinada) e Jennifer Hudson (a personalidade impetuosa e jovial em pessoa). As três dividiram as atenções e a preferência do público, bem como um caso polêmico naquele ano. No episódio que levou à eliminação precoce de Jennifer Hudson, as três foram as menos votadas numa semana em que tudo foi um desastre. A produção do programa disse que houve uma pane nas linhas telefônicas. Elton John acusou os norte-americanos de racismo.

Na próxima terça-feira, nos Estados Unidos, os 8 participantes restantes vão cantar músicas latinas e terão a orientação da “mentora” Jennifer Lopez. Os fãs de “American Idol” já estão temerosos de que o que aconteceu na terceira temporada se repita agora. Num ano em que as coisas mais bizarras têm acontecido, isso nem seria surpreendente. A verdadeira surpresa, afirmam os especialistas em "American Idol", seria ver Melinda Doolittle sair derrotada desse programa. Como diz o Ryan Seacrest, América, por favor, se manifeste da maneira correta.

American Idol
Quando: Quartas, às 20hs.; Quintas, às 21hs.; Sábados, às 17hs.
Onde: Sony Entertainment Television