Monday, February 20, 2006

Syriana - A Indústria do Petróleo (Syriana, 2005)



A primeira cena de “Syriana – A Indústria do Petróleo”, do diretor e roteirista indicado ao Oscar 2006 de Melhor Roteiro Adaptado Stephen Gaghan, já é bastante emblemática. Vemos o agente da CIA Robert Baer (George Clooney, indicado ao Oscar 2006 de Melhor Ator Coadjuvante e também produtor executivo do filme) numa festa, confraternizando com o homem com quem ele pretende fazer negócios. A cena mostra meticulosamente o método de trabalho adotado por Baer: se aproximar das pessoas certas, mas se for traído por algumas delas, ele não irá hesitar em assassiná-las ou, na melhor das hipóteses, em acabar com todos os seus planos.

Robert Baer é só o primeiro vértice de uma narrativa dividida em vários personagens – bem ao estilo de “Traffic”, o outro filme escrito por Stephen Gaghan. São eles: Bryan Woodman (Matt Damon), um analista de energia que é dono de uma pequena empresa de derivados na Suíça e que, depois de uma tragédia familiar, se afunda no trabalho e ganha a confiança do filho do governante máximo de um país do Oriente Médio; Bennett Holiday (Jeffrey Wright, mais conhecido pelo seu trabalho como o enfermeiro da premiada peça e série de TV “Angels in America”), um advogado que está investigando a fusão entre duas empresas que se dedicam à exploração de petróleo no Oriente Médio, a Connex e a Killen; e um jovem muçulmano, que trabalhava em uma empresa de extração de petróleo, mas, depois que perdeu o emprego, fica sem qualquer possibilidades de arrumar um outro trabalho.

Estes quatro personagens possuem alguns elos entre si: todos eles estão brigando – alguns sabendo e outros não – pelos direitos de extração de petróleo em um país do Oriente Médio, além de estarem em busca de algum tipo de poder (seja ele político ou econômico). “Syriana – A Indústria do Petróleo” mostra que esta luta pelo poder é um embate ainda mais grave, pois envolvem interesses (políticos e, em alguns casos, pessoais) que estão além de qualquer escrúpulo que o ser humano pode ter.

Nesse sentido, “Syriana – A Indústria do Petróleo” é um veículo de crítica a várias organizações. A primeira delas, é claro, é o governo dos Estados Unidos, que é o país que mais consome petróleo no mundo, mas não produz o suficiente para atender à sua demanda interna. Por isso que existe tanto interesse dos políticos e dos grupos econômicos norte-americanos para que o país exerça uma influência decisiva dentro do Oriente Médio - a área mais rica em produção de petróleo no mundo, além de ser um local cheio de países altamente manipuláveis. Em segundo lugar, o filme faz uma crítica à CIA, a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, por deixar que suas ações sejam pautadas por um fim mais político e que favoreça a entrada dos Estados Unidos nos países em que eles tenham mais interesses econômicos e comerciais.

Em alguns momentos, “Syriana – A Indústria do Petróleo” parece mais um ensaio teórico e crítico do que com um filme. Por esta razão, o que se sobressai mais na película não são as boas atuações de seu elenco ou a segura direção de Stephen Gaghan, e sim o roteiro escrito pelo diretor. “Syriana – A Indústria do Petróleo” é um grande tratado sobre a corrupção nos Estados Unidos e, para tanto, Gaghan entrega à platéia um roteiro rico em informações – o que exige atenção máxima da platéia, pois, cada dado perdido, pode resultar num mau entendimento das histórias que compõem o filme. O final de “Syriana – A Indústria do Petróleo” é extremamente pessimista e não mascara a realidade; mas, Stephen Gaghan não se propôs a apresentar soluções com seu filme, e sim a relatar fatos e a contar uma história – e ele fez isso de uma maneira incrível.

Crédito Foto: Yahoo! Movies

1 comment:

Anonymous said...

eu, que já tinha abuso dos EUA, passei a desprezá-lo ainda mais.. Coisas que já sabíamos, mas saídas de um livro baseado em fatos reais é outra coisa..Um tapa na cara do Governo Bush e nas indústrias de petróleo de lá.