Quem já teve a oportunidade de ler o livro “O Código Da Vinci” sabe que esta é uma obra que dialoga muito com a linguagem cinematográfica. A narrativa de Dan Brown é ágil, sabe prender a atenção do leitor e, principalmente, segue um estilo bastante figurativo (se apoiando muito nas ilustrações). Ou seja, em praticamente cada capítulo do livro, o leitor pode visualizar de maneira muito clara toda a ação da história. Seria inevitável – ainda mais depois do fenômeno cultural que o livro se tornou, ocasionando o lançamento de programas de TV e de livros que se dedicavam a destrinchar cada pista do código criado por Dan Brown – que esta obra fosse adaptada por um grande estúdio cinematográfico. E foi justamente isto que aconteceu quando o diretor Ron Howard, o produtor Brian Grazer e o roteirista Akiva Goldsman (que trabalharam juntos em “Uma Mente Brilhante” e “A Luta Pela Esperança”) uniram suas mentes para transpor para as grandes telas esta história naquele que é o mais aguardado filme de 2006.
Para aqueles que não entraram em contato com o fenômeno “O Código Da Vinci”, a história do livro/filme é a seguinte: o curador do Museu do Louvre, Jacques Saunière, é assassinado pelo monge Silas (Paul Bettany, excelente) – que está a serviço da Opus Dei e de um misterioso mestre. O diretor da polícia francesa Bezu Fache (Jean Reno) entra em contato com o professor de Simbologia Religiosa da universidade de Harvard Robert Langdon (Tom Hanks) – que estava em Paris dando uma palestra – para que ele possa ajudá-los a desvendar uma série de símbolos que foram deixados por Saunière na cena do crime. Sem saber que é considerado o suspeito número um da polícia francesa, Langdon recebe a ajuda da neta de Saunière e criptógrafa Sophie Neveu (Audrey Tautou) para tentar provar a sua inocência e, por tabela, desvendar as pistas deixadas pelo curador do Louvre.
As pistas que Jacques Saunière deixou no museu do Louvre faziam parte de um plano do curador para manter escondido um segredo que poderia abalar as bases da religião mais popular do mundo – a Católica. Saunière era o Grão-Mestre de uma sociedade secreta conhecida como Priorado de Sião. De acordo com a história do livro/filme, um dos membros mais importantes do Priorado de Sião foi o pintor Leonardo Da Vinci e, nas suas obras, ele deixou inúmeras pistas que levavam a crer que Jesus Cristo foi casado com Maria Madalena e que os dois tiveram uma filha; formando, assim, uma dinastia secreta que foi protegida com afinco pelos Cavaleiros Templários e, posteriormente, pelos membros do Priorado. E, ao longo dos anos, uma guerra foi travada entre os conhecedores do segredo e os membros da Igreja – que, obviamente, gostariam que o segredo fosse completamente destruído. Essa é a guerra que também será travada por Robert Langdon e Sophie Neveu no decorrer do livro/filme.
O filme “O Código Da Vinci” faz realmente uma transposição perfeita da obra literária para a linguagem cinematográfica. O diretor Ron Howard e o roteirista Akiva Goldsman souberam condensar toda a trama do filme em uma história que se faz compreensível tanto para aqueles que leram e que não leram o livro de Dan Brown. Howard e Goldsman ainda conseguem simplificar a apresentação de tramas que demoram uma eternidade para serem elucidadas por Dan Brown no livro – como a origem de Silas, a razão por trás da claustrofobia de Robert Langdon e o por quê de Sophie Neveu ter cortado relações com o avô Saunière. No entanto, a maior contribuição que Howard e Goldsman fazem com o seu filme é mostrar como o código criado por Dan Brown é simples e não tem nada de extraordinário. Isso levanta uma grande questão: por quê, então, o livro (e, certamente, o filme) obtiveram tanto sucesso? Talvez a resposta por trás de tudo isso esteja no fato de que as pessoas buscam constantemente acreditar e crer em alguma coisa que esteja além daquilo que nós conseguimos realmente enxergar – mesmo que essa crença esteja baseada em fatos verdadeiros ou ficcionais.
Cotação: 7,5
Crédito Foto: Yahoo! Movies
6 comments:
Faz realmente uma transposição imperfeita, isso sim!!! Esse roteirista foi tirado do inferno!!! Não consigo entender como alguém escreveu 'uma mente brilhante' e 'batman & robin", olha aí:
http://www.imdb.com/name/nm0326040/
O Langdon se transformou num "herói" apático e sobre a Sophie, sem comentários..
Kamila, acabei de ler seu comentário em meu blog e agora li sua crítica do filme e não entendi nada. Por aqui você adorou o filme, e sinceramente adorei o seu post, principalmente o poder de resumo que teve ao explicar a trama da pelicula. Agora vou me atrever a discordar de vc, de simples o livro não tem nada. Alias, se tivesse seria impossivel render tanta polêmica.
Romeika, você está sendo um pouco radical na sua interpretação do filme. A transposição feita pelo Howard e pelo Goldsman está perfeita. Tudo que existe de mais importante no livro foi colocado na tela, sem qualquer distorção.
As mídias livro e filme são muito diferentes, tem características de linguagem próprias e, na minha opinião, a adaptação foi feita da melhor maneira possível, pois o foco da trama foi colocado no ponto certo: a descoberta do tal segredo de Saunière.
Sobre as atuações: tenho certeza de que foi uma decisão do Hanks interpretar Langdon de forma tão apática. Eu acho que ele encontrou o personagem dessa maneira. E a Tautou está regular, mas, quando é mais exigida, não dá conta do recado.
pois é
bob
realmente eu tive que pergunatr algumas coisas que eu não entendi
mais o filmne é bom, só meio confuso é muita informação para assimilar.
mais me motivou a ler o livro
e concordo com sua nota para o filme!
Oi Kamila! Gostei muito do filme, a transposição do livro para o filme foi "quase perfeita". Acredito que vc tenha lido o livro, lembra de onde Langdon recebe a notícia da morte de Jacques Saunière? Ele já estava no hotel, e no filme mostrou ele recebendo a notícia ainda no local da conferência, quando ele estava dando autógrafos. Além disso, acho que realmente quem não leu o livro ficou um pouco perdido no roteiro, talvez pq tinha muitas informações que eram necessárias explicações históricas e que se não conhecidas anteriormente, tornaram difícil o entendimento. Mais acho que não poderia ser diferente. Para uma história que se desenrola em aproximadamente 24 horas, e que requer muitos cortes históricos, a adaptação ficou muito boa.
Ah, Dyego essas modificações são comuns para justamente fazer com que a história seja desenvolvida de maneira mais rápida. O importante é que a adaptação enfatiza os pontos mais importantes do livro. Isso prova que existiu um cuidado por parte da equipe responsável pela transposição da obra literária para o cinema.
E eu continuo a achar que o roteiro é explicativo demais. Muitas cenas tinham diálogos longuíssimos. Dá para entender completamente o que está sendo dito na tela.
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