O trailer de “Dália Negra” vendeu o filme como sendo o relato da história da investigação do assassinato de Elizabeth Short (Mia Kirshner, do seriado “The L Word”, que vai ao ar no Brasil pela Warner Channel), uma das muitas aspirantes à estrela que viviam em Hollywood. Na época em que o crime ocorreu, o caso mexeu com a imprensa e causou comoção popular. No entanto, “Dália Negra” se prende mais aos efeitos da investigação deste crime na vida de dois detetives de homicídios.
O mais velho deles, Lee Blanchard (Aaron Eckhart), ou Mr. Fire (a sua alcunha nos ringues de boxe), é um sujeito passional, que não hesitará em fazer o que for necessário para conseguir o que quer e cumprir o seu papel – seja como boxeador, detetive ou marido. O mais novo deles, Dwight “Bucky” Bleichert (Josh Hartnett), ou Mr. Ice (o apelido que ele usava nos ringues de boxe), é um cara mais racional e analítico, do tipo que mede bem os seus passos antes de agir.
“Dália Negra” retrata todo o conflito que vai existir entre eles dois no decorrer da investigação do assassinato de Elizabeth Short. O conflito deles irá ultrapassar os limites do ringue (os dois irão lutar para conseguir mais benefícios para os policiais) e chegará até o trabalho deles e, mais tarde, vai abranger também o lado pessoal, quando os dois começarão a brigar pela atenção – e pelo amor – de uma mesma mulher, Kay Lake (Scarlett Johansson).
Lee e Bucky serão, portanto, os veículos perfeitos para que a platéia possa perceber todos os conflitos clássicos dos filmes noir: a lei X o arbítrio, a inocência X a corrupção, o mundo selvagem X o mundo primitivo. Todos os personagens de “Dália Negra” têm características ambíguas e podem ser bons ou maus, mocinhos ou vilões (às vezes eles são tudo isso ao mesmo tempo). No final, um deles tem que tomar iniciativa e sair de sua passividade – e é essa a grande transformação que a investigação do assassinato de Elizabeth Short vai trazer para um dos detetives.
"Dália Negra” é um filme muito bom do ponto de vista estético. A fotografia de Vilmos Zsigmond é boa (o filme não é em preto e branco, como a maioria dos clássicos noir, mas consegue criar – com a ajuda da trilha de Mark Isham – um acentuado clima de suspense). A direção de arte (o design da produção ficou a cargo de Dante Ferretti, o colaborador habitual de Martin Scorsese) e os figurinos de Jenny Beavan reconstroem com perfeição uma época. O único problema de “Dália Negra” é o roteiro de Josh Friedman. Algumas cenas do filme eram dispensáveis e acabam prejudicando o andamento da película – o que deixa a impressão, em certos momentos, de que “Dália Negra” é um filme lento.
Cotação: 6,5
Crédito Foto: Yahoo! Movies
5 comments:
A história do filme (salvo as cenas dispensáveis) é ótima. Esteticamente, o filme é perfeito. O elenco foi outro ponto forte. Eu gostei do Hartnett, do Eckhart e da Johansson. Hilary Swank foi muito bem. A única atriz de quem eu não gostei foi Fiona Shaw, que interpreta a mãe da personagem de Swank. Ela, sim, estava exagerada.
Caramba, que filme lento e complicado. Na realidade, acho que eu é que não tenho inteligência suficiente pra entendê-lo. É bom, mas não consegui entender. Fica pra próxima... Hehehehe...
Felipe, o filme não é muito difícil de se entender. Talvez, se você assistí-lo uma segunda vez, você compreenda melhor a história.
Beijos!
Kamila, Dália Negra é um filme sensacional, uma aula de cinema com certeza, seu estilo Noir não agrada ao grande público realmente, mas é um filme repleto de nuances inesqueciveis.
Valeu pelo comentário, Cassiano. Acho que o filme vai passar meio despercebido nas salas de cinema brasileiras, mas todos deveriam dar uma espiada no filme. Não só por ele recriar esse estilo fantástico que é o noir, como também para ver o que é um filme bem feito do ponto de vista estético.
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