
Porém, Chiyo não quer se transformar em uma gueixa. Tudo pelo que ela anseia é voltar para casa e estar novamente ao lado da irmã mais velha. O tempo mostrará para Chiyo que nem sempre os seus desejos podem se transformar em realidade e, assim como a água que ela carrega em seus olhos, Chiyo saberá como encontrar os caminhos certos para desaguar em algum local.
A platéia também começará a entender o por quê de Chiyo não querer se transformar em uma gueixa. A razão atende pelo nome de Hatsumomo (Gong Li, de “Lanternas Vermelhas”, fantástica), a gueixa adotada como filha pela mulher que acolheu Chiyo em sua casa. Hatsumomo é uma gueixa famosa e temperamental, cuja maior rival é Mameha (Michelle Yeoh, de “O Tigre e o Dragão”), uma gueixa mais velha e mais digna, vamos dizer assim, da tradição milenar japonesa.
Apesar de seu ódio pela pessoa de Hatsumomo, Chiyo sente uma grande atração pelo fascínio que a gueixa exerce nos homens e pelo luxo e beleza que ela carrega consigo. Acostumada a um tratamento ríspido dentro de casa, Chiyo toma a decisão de se transformar efetivamente em uma gueixa para ficar à altura do homem que lhe tratou com maior bondade (Ken Watanabe, de “O Último Samurai”).
Acolhida por Mameha como sua protegida, Chiyo aprende, em poucos meses, o que muitas meninas japonesas levam anos estudando e, dessa maneira, se transforma em Sayuri (Ziyi Zhang), a futura maior gueixa daqueles tempos. Como Sayuri, Chiyo irá conhecer um mundo misterioso, exótico e fascinante; mas, também conhecerá um outro lado cheio de inveja, rivalidade e no qual nem sempre “o mais forte vence”. Como gueixa, Chiyo devotará a sua vida a entreter os homens, a ser “uma obra de arte em movimento” e a esconder os seus desejos e vontades.
A partir do momento em que Chiyo se transforma em Sayuri, os elementos estéticos de “Memórias de uma Gueixa” começam a ganhar força, especialmente a fotografia de Dion Beebe. Preste atenção na cena em que Sayuri dança em um espetáculo feito especialmente para ela, e no qual ela tem que seduzir os homens e dar início a um leilão pelo bem mais precioso que ela tem – a sua virgindade. A fotografia, nessa cena, ganha tons diversos – no começo, ela é predominantemente azul e no final, vermelho. A dança de Sayuri é um dos poucos momentos poderosos de “Memórias de uma Gueixa”.
Baseado no romance internacionalmente aclamado de Arthur Golden, “Memórias de uma Gueixa” era para ser um filme sedutor e arrebatador, mas acaba não sendo nada disso. O roteiro do filme, escrito por Robin Swicord, é frio e não consegue envolver o espectador por inteiro na história da menina Chiyo. De nada adianta o filme ser visualmente rico (os figurinos e a direção de arte, além da já citada fotografia, são estupendas – tanto que estas foram três das seis categorias em que o filme foi indicado ao Oscar 2006), quando ele é fraco de conteúdo. No final de “Memórias de uma Gueixa”, a impressão que se tem é a de que acabamos de assistir a um produto em que só a embalagem é bonita, quando o que tem dentro dele é simplesmente oco.
Crédito Foto: Yahoo! Movies
4 comments:
Vixe, o filme é só embalagem mesmo?:( Ainda assim estou louca pra vê-lo, vi o trailer semana passada, adorei. Só rever a Gong Li já vale o ingresso.:) Vc já viu "Lanternas Vermelhas"?
Vi "Lanternas Vermelhas" há muito tempo, Romeika. Tanto tempo que nem me lembro do filme direito. Preciso revê-lo. A Gong Li é o melhor do filme. A atuação dela é MUITO boa. Mas, o filme é só beleza mesmo. É o "Fantasma da Ópera" deste ano.
eu tb vi há séculos:( Acho que em 95, e amei o filme. Foi a única vez que o vi, me emocionei muito com a história e me apaixonei pela atuação da Gong Li. Se vc achar o dvd em alguma locadora me avisa, viu?
Pode deixar que eu te aviso. :-)
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