Saturday, February 04, 2006

Memórias de uma Gueixa (Memoirs of a Geisha, 2005)



Desde os primeiros momentos de “Memórias de uma Gueixa”, filme do diretor Rob Marshall (“Chicago”), já dá para notar que o sofrimento será a maior tônica da vida da garota Chiyo. Vendida pelo pai para um senhor, Chiyo é separada de sua irmã mais velha e é obrigada a morar na casa de uma senhora que só lhe trata mal. A mulher em questão só acolhe em sua casa garotas que, quando crescerem, possam vir a se tornar gueixas. Ela enxerga esse potencial em Chiyo, pois ela tem algo diferente das outras garotas: um par de olhos azuis, que fizeram com que sua mãe só lhe chamasse pelo nome de “Água”.

Porém, Chiyo não quer se transformar em uma gueixa. Tudo pelo que ela anseia é voltar para casa e estar novamente ao lado da irmã mais velha. O tempo mostrará para Chiyo que nem sempre os seus desejos podem se transformar em realidade e, assim como a água que ela carrega em seus olhos, Chiyo saberá como encontrar os caminhos certos para desaguar em algum local.

A platéia também começará a entender o por quê de Chiyo não querer se transformar em uma gueixa. A razão atende pelo nome de Hatsumomo (Gong Li, de “Lanternas Vermelhas”, fantástica), a gueixa adotada como filha pela mulher que acolheu Chiyo em sua casa. Hatsumomo é uma gueixa famosa e temperamental, cuja maior rival é Mameha (Michelle Yeoh, de “O Tigre e o Dragão”), uma gueixa mais velha e mais digna, vamos dizer assim, da tradição milenar japonesa.

Apesar de seu ódio pela pessoa de Hatsumomo, Chiyo sente uma grande atração pelo fascínio que a gueixa exerce nos homens e pelo luxo e beleza que ela carrega consigo. Acostumada a um tratamento ríspido dentro de casa, Chiyo toma a decisão de se transformar efetivamente em uma gueixa para ficar à altura do homem que lhe tratou com maior bondade (Ken Watanabe, de “O Último Samurai”).

Acolhida por Mameha como sua protegida, Chiyo aprende, em poucos meses, o que muitas meninas japonesas levam anos estudando e, dessa maneira, se transforma em Sayuri (Ziyi Zhang), a futura maior gueixa daqueles tempos. Como Sayuri, Chiyo irá conhecer um mundo misterioso, exótico e fascinante; mas, também conhecerá um outro lado cheio de inveja, rivalidade e no qual nem sempre “o mais forte vence”. Como gueixa, Chiyo devotará a sua vida a entreter os homens, a ser “uma obra de arte em movimento” e a esconder os seus desejos e vontades.

A partir do momento em que Chiyo se transforma em Sayuri, os elementos estéticos de “Memórias de uma Gueixa” começam a ganhar força, especialmente a fotografia de Dion Beebe. Preste atenção na cena em que Sayuri dança em um espetáculo feito especialmente para ela, e no qual ela tem que seduzir os homens e dar início a um leilão pelo bem mais precioso que ela tem – a sua virgindade. A fotografia, nessa cena, ganha tons diversos – no começo, ela é predominantemente azul e no final, vermelho. A dança de Sayuri é um dos poucos momentos poderosos de “Memórias de uma Gueixa”.

Baseado no romance internacionalmente aclamado de Arthur Golden, “Memórias de uma Gueixa” era para ser um filme sedutor e arrebatador, mas acaba não sendo nada disso. O roteiro do filme, escrito por Robin Swicord, é frio e não consegue envolver o espectador por inteiro na história da menina Chiyo. De nada adianta o filme ser visualmente rico (os figurinos e a direção de arte, além da já citada fotografia, são estupendas – tanto que estas foram três das seis categorias em que o filme foi indicado ao Oscar 2006), quando ele é fraco de conteúdo. No final de “Memórias de uma Gueixa”, a impressão que se tem é a de que acabamos de assistir a um produto em que só a embalagem é bonita, quando o que tem dentro dele é simplesmente oco.

Crédito Foto: Yahoo! Movies

4 comments:

Anonymous said...

Vixe, o filme é só embalagem mesmo?:( Ainda assim estou louca pra vê-lo, vi o trailer semana passada, adorei. Só rever a Gong Li já vale o ingresso.:) Vc já viu "Lanternas Vermelhas"?

Kamila said...

Vi "Lanternas Vermelhas" há muito tempo, Romeika. Tanto tempo que nem me lembro do filme direito. Preciso revê-lo. A Gong Li é o melhor do filme. A atuação dela é MUITO boa. Mas, o filme é só beleza mesmo. É o "Fantasma da Ópera" deste ano.

Anonymous said...

eu tb vi há séculos:( Acho que em 95, e amei o filme. Foi a única vez que o vi, me emocionei muito com a história e me apaixonei pela atuação da Gong Li. Se vc achar o dvd em alguma locadora me avisa, viu?

Kamila said...

Pode deixar que eu te aviso. :-)