Monday, July 17, 2006

Os Sem-Floresta (Over the Hedge, 2006)


Se há um ou dois anos atrás, os filmes de animação preferiam abordar temas mais leves para agradar à criançada, o mesmo não pode ser dito dos filmes de animação produzidos no ano de 2006, que parecem querer conscientizar os pimpolhos. “A Era do Gelo 2”, do diretor brasileiro Carlos Saldanha, fala dos efeitos do aquecimento global na vida humana. “Carros”, dos diretores John Lasseter e Joe Ranft, mostra as conseqüências para as cidades pequenas das construções das freeways nos Estados Unidos. Já “Os Sem-Floresta”, dos diretores Tim Johnson e Karey Kirkpatrick (que também co-escreveu o roteiro do filme com outros três roteiristas), tenta mostrar ao público uma visão diferente sobre a cultura do fast food (um assunto que já foi abordado no documentário “Super Size Me – A Dieta do Palhaço”, de Morgan Spurlock).

No filme, RJ (dublado por Bruce Willis na versão original) é um animal completamente apaixonado por junkie food. Ele vê todo um estoque de comida que está sendo armazenado por um urso que ainda está em hibernação e tenta roubar tudo para si. Quando o urso acorda, RJ se assusta e acaba perdendo todo o estoque. O urso, então, o ameaça: se RJ não trouxer de volta para ele tudo que ele possuía, quem será o prato principal da primeira refeição do urso pós-hibernação será o próprio RJ.

No entanto, a ação propriamente dita de “Os Sem-Floresta” só começa quando RJ avista uma turma de animais que é liderado pela tartaruga Verne (dublado por Garry Shandling na versão original) e que ainda está meio perdida depois de acordarem do período de hibernação. Eles tentam se organizar para partirem em busca dos alimentos para a próxima temporada de sono. Entretanto, o que essa turma de animais não sabe é que a floresta deles se transformou em um condomínio fechado e, em conseqüência disso, eles não terão aonde buscar seu alimento.

Astuto como só ele é, RJ vê a oportunidade perfeita para conseguir em tempo recorde toda a comida que ele roubou do urso (e que está presente em abundância em cada uma das casas do condomínio). Mas, para conseguir isso, RJ tem antes que convencer a turma de Verne (que ainda possui hábitos alimentares saudáveis) sobre as maravilhas advindas de uma boa dose de junkie food. Essa situação irá render cenas memoráveis à “Os Sem-Floresta” – como aquela que mostra os efeitos hipnóticos que a abertura de um simples saco de salgadinhos causa nos olhos inocentes da turma de Verne. Mas nem só de críticas vive “Os Sem-Floresta”. A película segue a boa tradição da escola dos filmes de animação e deixa a seguinte lição para a criançada: manipular as pessoas para conseguir algo para o seu próprio bem é muito ruim.

“Os Sem-Floresta” é – até agora – o melhor filme de animação lançado em 2006. A trama da película não é complicada e os personagens (que são dublados na versão original por uma excelente turma de atores como William Shatner, Wanda Sykes, Nick Nolte, Allison Janney, Thomas Haden Church, Eugene Levy, Catherine O’Hara e até mesmo a cantora Avril Lavigne) são extremamente carismáticos. Assistir à “Os Sem-Floresta” no cinema traz para esse filme um significado até mesmo muito irônico, afinal as salas de cinema são um prazer que praticamente exigem a companhia do bom e velho saco de pipocas ou de um saco de salgadinhos, de um copo de refrigerante e de uma pequena barra de chocolate.

Cotação: 8,5

Crédito Foto: Yahoo! Movies

2 comments:

Museu do Cinema said...

Legal os filmes infantis darem esse enfoque às crianças. Acaba conscientizando e criando esperança para o futuro.

Kamila said...

Com certeza, Cassiano. É bom mesmo que os filmes (que têm um poder enorme) conscientizem as crianças e ajudem na formação delas.