Saturday, September 09, 2006

O Maior Amor do Mundo (2006)


Durante a maior parte de “O Maior Amor do Mundo”, filme dirigido e roteirizado por Carlos Diegues, o personagem principal Antônio (José Wilker quando mais velho e Max Fercondini quando mais novo) é um mistério para a platéia – e, talvez, até para ele próprio. Também pudera, afinal Antônio passou a vida fugindo de conflitos, de relacionamentos e, principalmente, do envolvimento emocional com as pessoas com quem compartilhava o seu dia-a-dia. Ou seja, falta a Antônio uma identidade própria, pois ele se esconde por trás de sua personalidade introvertida.

Por esta razão, é importante mencionar que “O Maior Amor do Mundo”, na realidade, retrata uma grande jornada de autodescoberta pela qual Antônio passará. Para ser mais clara, as atitudes que Antônio têm no decorrer do filme são mais uma reação à primeira notícia que irá mudar a sua vida: a descoberta de um tumor inoperável no cérebro – o que o deixa na terrível situação de ter que conviver com a noção de que sua morte é somente uma questão de tempo.

A descoberta da doença coincide com uma viagem – a última – que Antônio vai fazer ao Brasil, país natal que ele deixou para trás. Antônio é um astrofísico que mora em Boston e que vai receber uma medalha de honra ao mérito, provavelmente, das mãos do próprio presidente da República. Ele, portanto, aproveita a ocasião para visitar seu pai, o maestro Antônio (Sérgio Britto quando mais velho e Marco Ricca quando mais novo) – um homem tão distante quanto seu filho –, e divide com ele o seu destino.

A revelação faz com que o pai de Antônio dê para ele a segunda notícia que irá abalar a sua vida: ele gostaria que seu filho tivesse conhecido a mãe biológica – tendo em vista que Antônio foi adotado pelo maestro e sua esposa Carolina (Deborah Evelyn) quando ainda era bebê. Isso desperta algo que andava adormecido em Antônio e ele começa a busca pelo paradeiro de sua mãe, e entra em contato com o mundo e as pessoas – Mãe Santinha (Lea Garcia), Luciana (Taís Araújo), Flora (Ana Sophia Folch) e o garoto Mosca (Sérgio Malheiros) – com as quais ele deveria ter vivido. Em decorrência disso, Antônio encontra a sua identidade quando passa a questionar a sua vida e, de certa maneira, ser grato por todas as oportunidades que ele teve.

“O Maior Amor do Mundo” chega a ser um filme lento e de desenvolvimento meio confuso. No entanto, o filme consegue deixar bem claro para a platéia que os acontecimentos retratados pelo roteiro são um reflexo direto da vida que Antônio teve. O filme muda de curso quando Antônio passa a derrubar as suas barreiras e começa – antes tarde do que nunca – a viver de verdade. Chega a ser incrível ver a transformação pela qual ele passa. Isso é mérito direto da excelente atuação de José Wilker, um ator de personalidade expansiva e, até certo ponto, espalhafatosa. Ele está tão imerso e contido no seu personagem que em nenhum momento nós chegamos a reconhecê-lo. Ele é Antônio.

Cotação: 6,0

Crédito Foto: Yahoo! Cinema

3 comments:

Museu do Cinema said...

Kamila, fugindo totalmente de assunto e até pq não vi o filme, queria saber se vc viu Epitáfios, da HBO? E o que achou?

Quanto ao filme não gosto muito do cinema de Diegues, acho ele muito burocrático.

Kamila said...

Não vi "Epitáfios" na HBO, Cassiano. Das séries produzidas pelo canal na América Latina, só vi mesmo "Mandrake" e "Filhos do Carnaval".

Anonymous said...

....