Tuesday, November 07, 2006

O Grande Truque (The Prestige, 2006)


“A platéia quer ser enganada. Eles não estão prestando a devida atenção”. Essa é a última frase do filme “O Grande Truque”, do diretor Christopher Nolan (que foi co-autor do roteiro do filme com o irmão Jonathan Nolan). Esta afirmação também poderia muito bem ser um complemento do monólogo final de Robert Angier (Hugh Jackman), no qual ele faz um longo discurso sobre o fascínio dele em subir noite após noite nos palcos para fazer o seu show de magia. A razão maior por trás de tanta obsessão era não só o olhar da platéia, mas sim a questão de fazê-los entrar em dúvida, num determinado momento, tentando imaginar se o que ela estava vendo era uma ilusão ou uma realidade.

Os dois discursos poderiam muito bem se referir ao cinema, uma arte que – de certa maneira – ilude e transporta o público para uma outra realidade. No entanto, as palavras de Robert Angier e de seu engenheiro Cutter (Michael Caine) se aplicam à magia, que ganha um status de arte no filme de Christopher Nolan. É através da mágica que a trama de “O Grande Truque” se desenrola, que os conflitos surgem e que Nolan mostra a sua mensagem e os seus dois personagens centrais – homens que tentam ultrapassar um ao outro, sem medo de enfrentar o impossível.

Robert Angier e Alfred Borden (Christian Bale) nunca foram aquilo que podemos chamar de amigos. Apesar de terem convivido juntos por boa parte de sua vida, o que se estabeleceu entre eles foi uma rivalidade nada sadia. A princípio, Borden e Angier trabalhavam como assistentes de um famoso mágico e ambos esperavam a sua chance de brilhar sozinhos em um palco. Eventualmente, os dois conseguirão essa chance. Mas, até ela chegar, o abismo, a disputa e a animosidade que existiam entre eles ficam ainda mais profundas.

Isso acontece em decorrência de várias razões. A esposa de Robert, Julia (Piper Perabo), morre em decorrência de um acidente de trabalho – que pode ou não ter sido causado intencionalmente por Alfred. Quando os dois se reencontram, depois de algum tempo, Alfred está casado e com uma filha; enquanto Robert continua sozinho. Quando Alfred se torna um mágico de sucesso, graças ao seu truque do “Homem Transportado”, Robert não hesita em gastar todo o seu dinheiro e em viajar pelo mundo para encontrar uma maneira de superar o truque do “amigo”, numa luta que não chegará ao fim, pois nenhum dos dois nunca estará satisfeito.

De acordo com Cutter, uma mágica é feita de três atos. No primeiro, que tem o nome de “a promessa”, o mágico mostra à platéia uma coisa que é comum, quando, obviamente, ela não o é. No segundo, chamado “a virada”, o mágico transforma sua coisa comum em algo extraordinário. Já no terceiro ato, que se chama “o grande truque”, a platéia presencia algo cheio de mudanças e reviravoltas, em que a vida fica por um fio, e você vê algo chocante e nunca visto antes.

O filme “O Grande Truque”, na realidade, possui todos estes três elementos; o que o faz ser considerado como uma grande mágica. As reviravoltas da trama criada por Christopher e Jonathan Nolan (com base no livro de Christopher Priest), mesmo sendo previsíveis em alguns casos, chegam a surpreender nos momentos mais importantes da trama. Por esta razão, “O Grande Truque” é um filme que merece uma segunda visita, para que as peças do quebra-cabeça montado pelos irmãos Nolan sejam encaixadas de maneira mais clara.

Este é mais um grande trabalho do diretor Christopher Nolan. Aqui, encontramos alguns elementos que são recorrentes em sua curta – e expressiva – obra. Mais uma vez, o diretor e roteirista trabalha com personagens que não têm medo de entrar em contato com seu lado obscuro e de testar os seus limites. Neste sentido, Nolan contou com a extraordinária colaboração de sua dupla de atores centrais. Hugh Jackman e Christian Bale entregam as melhores performances de sua carreira.

Além do trabalho expressivo de roteiro, direção e atuação, vale a pena prestar atenção também na direção de arte, na edição, na fotografia, na trilha sonora original e nos figurinos de “O Grande Truque”, pois eles são primorosos e muito contribuem para essa atmosfera de ilusão e realidade que predominam durante o filme. Ah, e fique de olho na pequena (e ótima) participação do cantor David Bowie como o famoso inventor Nikolas Tesla.

Cotação: 9,5

Crédito Foto: Yahoo! Movies

15 comments:

Museu do Cinema said...

Kamila, filmão, entretenimento de ótima qualidade, tb adorei o filme, gostei do uso da frase! Em breve estarei comentando no meu blog

Kamila said...

Concordo, Cassiano. Esse filme foi uma grande surpresa para mim. Não esperava que fosse ser tão bom.

Aguardo, agora, o outro filme sobre mágicas, "O Ilusionista", com meu querido Edward para fazer a comparação.

Não sei se na sua sessão, passou o trailer desse filme. Mas, eu gostei bastante e espero que ele estréie logo nos cinemas brasileiros.

Kamila said...

Ah, e espero seu comentário sobre o filme!

Anonymous said...

Aê! Um filme que realmente valha a pena ver...

A conferir e depois, a comentar!

Bjs!

Anonymous said...

Kamila,

Vc sabe algum blog tipo o seu que fale sobre séries?

Bjs!

Anonymous said...

Eu sabia que vc iria adorar este filme!! Eu não dou esse notaço, não, pq achei propositalmente confuso em algumas cenas (preciso rever este filme algum dia) e não gostei muito da interpretação do Bale..achei muito 'subtitle' para o papel complexo que ele interpreta. Mil vezes mais o Hugh Jackman! E Rebecca Hall, que surpresa maravilhosa foi aquela?? Um papel tão singelo e uma interpretação tão poderosa!! Aplausos para ela..:)

Mudando de assunto, vi agora seu comentário lá no fotolog, que maravilha!!!! Eu só tinha visto hj aquela aparição dela no Letterman e já achei um tanto chocante se considerarmos que faz menos de dois meses que ela teve o bebê.. Uma inspiração pra certas pessoas acima do peso como eu..hehe.. Espero que agora a vida dela entre nos eixos..:)

Quando nos encontrarmos quero falar mais desse filme, fiquei com uma dúvida besta, e tenho certeza que vc poder tirá-la...:)

Anonymous said...

Mais uma coisa..este filme tem infinitas interpretações que fazem a minha cabeça doer...Eita, riqueza!! Pelo menos um filmão comercial para se pensar, pra variar..:)

Kamila said...

Felipe, conheço um blog sobre séries chamado Zapeatrix:
http://zapeatrix.blig.ig.com.br

Esse é um blog oficial sobre seriados, de uma jornalista que escreve pro IG.

Romeika, sou tão previsível assim?? Hahahahaha Estou brincando. A gente se conhece bem, então dá para notar quando uma vai gostar ou não de um filme. Como você bem sabe, adoro esses filmes cheios de camadas, que nos obrigam a tentar desvendá-las. Por isso, digo que “O Grande Truque” é um filme para se ver mais de uma vez. Pois, as sensações serão diferentes, ainda mais depois de saber o grande truque do filme do Nolan.

Sobre a nossa amiga nova solteira lá. Eu fico muito feliz por ela mesmo. Sinto pelos bebês, que, afinal não terão uma família junta dentro de casa; mas, tenho certeza de que, quando eles crescerem, vão ver que a mamãe deles tomou a decisão mais correta. Aquele homem é um acidente da natureza! Tomara que ele volte para a obscuridade – local de onde ele nunca deveria ter saído! Kkkkkkk Agora, vamos esperar a grande volta dela, quem sabe num grande evento, com uma apresentação monumental e que cause polêmicas do jeito que ela gosta. Mas, admito que a aparição dela em Letterman foi desastrosa. Pareceu uma doida varrida. Mas, que ela está ótima depois do nenê, isso é verdade.

Bob, eu me decepcionei muito com “Encontros e Desencontros”, mas gosto bastante da Scarlett Johansson. Realmente, ela faz inúmeros filmes por ano, alguns bons, outros ruins, mas ela tem tido sorte em 2006. A imprensa pega no pé dela porque ela é uma estrela mesmo, mas acho que ela tem que tomar cuidado com a super-exposição. Já já ninguém agüenta mais nem ouvir falar dela. E não se preocupe a respeito de nossas divergências em relação aos filmes, estamos aqui para isso mesmo: discutir. Vou aguardar seus comentários sobre “O Grande Truque”, assim que você assisti-lo.

Anonymous said...

Foi meio tosca aquela aparição mesmo, ela estava desesperada para chamar a atenção: "olha aqui como estou bonitona agora" hehe..mas foi bem feito ela ter se separado..:)

Eu sabia que vc ia gostar do filme, mas ao mesmo tempo pensei que talvez não, me lembrei que vc não gosta de muitas reviravoltas na história e tal..mas algo dizia que vc iria gostar..

Gastrite bombando, fui parar no pronto-socorro hj de madrugada de novo=/ Desde segunda que não vou trabalhar...tomara que essa noite seja melhor...

não vou perguntar a minha dúvida aqui pq vai que alguém leia..é uma coisinha besta..queria ver o filme de novo....vou pedir ao meu irmão pra baixar:p hehe brincadeira..

Kamila said...

Nossa, Romeika. Que gastrite braba, essa! Se cuida!

Anonymous said...

Que filmão, hein?!
Muito bom, deveras legal!

Só tive dificuldade de entender um negócio lá, depois lhe pergunto por MSN. Beijos!

Anonymous said...

Olá Kamila , não vais lembrar de min , mas sou o Fernando do antigo cinejubs
pois é
estamos de volta só que agora com o http://arrozcompus.blogspot.com/
entra lá
:]

Anonymous said...

filmasso,muito bom to indo uma segunda vez!!e fiquei sabendo hoje que existe o livro,demais!!melhor do ano!!

Unknown said...

melhor de 2006!

Unknown said...

Vale a pena a história. "The Prestige" oferece uma série de atividades para competição profissional extrema no espírito de vingança e tom familiar de mistério, a propósito me lembra de "O Hipnotizador" uma nova série de televisão que têm temas semelhantes. Em suma, o filme é uma história divertida, em primeira instância, com diálogos bombásticas e tomaram conjecturas nosso diretor executa um enigma estilo de trabalho, mas sem ir aos extremos, com a fotografia cuidadosa, cenários apresentados com o requinte de um grande arquiteto, fazer precisas e confiáveis, é óbvio que toda a produção se esforça para fazer o trabalho à tona sem a desvantagem de falta de ajuste, mas com a intenção de delicadeza, suspense e tensão, amantes taquicardia cuja percepção inspecionar mesmo o menor pormenor, que vai ser crucial no filme. As virtudes do filme são óbvios, o script é uma obra escapista / ilusionista com o único propósito de enganar o espectador e fazê-lo sentir emoções diferentes; direção de atores é requintado