Thursday, December 28, 2006

Lista de Desejos para 2007

Para finalizar, como é de costume nessa época, as pessoas tendem a fazer listas com aquilo que gostariam de fazer ou de conquistar no ano novo que se inicia. Para ser coerente com o tema deste blog – cinema – vou fazer minha lista de desejos, com os filmes que eu mais anseio assistir em 2007.

Lista de Desejos Para 2007 (aqui, a ordem é de preferência mesmo)

01. Dreamgirls (EUA, 2006)
Diretor: Bill Condon
Elenco: Jamie Foxx, Beyoncé Knowles, Eddie Murphy, Danny Glover, Anika Noni Rose, Keith Robinson, Sharon Leal e apresentando Jennifer Hudson.
Se você quiser assistir ao trailer de “Dreamgirls”, clique aqui.

02. Shut Up and Sing (EUA, 2006)
Diretoras: Barbara Kopple e Cecilia Peck (filha do ator Gregory Peck)
Elenco: Martie Maguire, Natalie Maines e Emily Robison.
Se você quiser assistir ao trailer de “Shut Up and Sing”, clique aqui.

03. The Painted Veil (EUA, 2006)
Diretor: John Curran
Elenco: Naomi Watts, Edward Norton, Liev Schreiber, Diana Rigg, Toby Jones.
Se você quiser assistir ao trailer de “The Painted Veil”, clique aqui.

04. Babel (EUA, México, 2006)
Diretor: Alejandro Gonzalez-Iñarritu
Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Gael Garcia Bernal, Adriana Barraza, Rinko Kikuchi.
Se você quiser assistir ao trailer de “Babel”, clique aqui.

05. Zodiac (EUA, 2007)
Diretor: David Fincher
Elenco: Jake Gyllenhaal, Mark Ruffalo, Robert Downey Jr., Brian Cox, Anthony Edwards, Chloe Sevigny.
Se você quiser assistir ao trailer de “Zodiac”, clique aqui.

06. The Bourne Ultimatum (EUA, 2007)
Diretor: Paul Greengrass
Elenco: Matt Damon, Joan Allen, David Strathairn, Julia Stiles, Paddy Considine.

07. Letters From Iwo Jima (EUA, 2006)
Diretor: Clint Eastwood
Elenco: Ken Watanabe, Kazunari Ninomiya, Shido Nakamura.

08. Evening (2007)
Diretor: Lajos Koltai (diretor de fotografia de filmes como “Adorável Julia” e “Malèna”)
Elenco: Eileen Atkins, Glenn Close, Toni Collette, Hugh Dancy, Claire Danes, Vanessa Redgrave, Natasha Richardson, Meryl Streep, Patrick Wilson.

09. Grind House (EUA, 2007)
Diretores: Robert Rodriguez e Quentin Tarantino
Elenco: Naveen Andrews, Josh Brolin, Rosario Dawson, Rose McGowan, Freddy Rodriguez, Kurt Russell, Marley Shelton, Tracie Thoms.
Se você quiser assistir ao trailer de "Grind House", clique aqui.

10. American Gangster (EUA, 2007)
Diretor: Ridley Scott
Elenco: Russell Crowe, Denzel Washington, Josh Brolin, Carla Gugino.

Faltou espaço para "Notes on a Scandal" (2006, Inglaterra, dir. Richard Eyre), "Little Children" (EUA, 2006, dir. Todd Field), “The Last King of Scotland” (EUA, Inglaterra, 2006, dir. Kevin MacDonald), “Half Nelson” (EUA, 2006, dir. Ryan Fleck), “Pride & Glory” (EUA, 2007, dir. Gavin O’Connor), “Atonement” (2007, dir. Joe Wright), “The Assassination of Jesse James” (EUA, 2007, dir. Andrew Dominic), “A Mighty Heart” (2007, dir. Michael Winterbottom), “Sin City 2” (EUA, 2007, dir. Robert Rodriguez e Frank Miller), “My Blueberry Nights” (2007, dir. Wong Kar Wai), “Curse of the Golden Flower” (Hong Kong, China, 2006, dir. Zhang Yimou), “The Good German” (EUA, 2006, dir. Steven Soderbergh), “The Good Shephard” (EUA, 2006, dir. Robert de Niro), “Goya’s Ghosts” (Espanha, 2006, dir. Milos Forman), “Fur – An Imaginary Portrait of Diane Arbus” (EUA, 2006, dir. Steven Sheinberg), “The Pursuit of Happyness" (EUA, 2006, dir. Gabriele Muccino), dentre muitos outros, que fazem parte do meu interesse cinematográfico para o próximo ano, e merecem uma citação.

Gostaria de desejar a todos e às suas famílias um 2007 cheio de realizações e de bênçãos. Obrigada pela visita, pelas discussões e, espero que, em 2007, possamos ver e debater uma maioria de boas histórias, para variar um pouco.

26 comments:

Flávia said...

Oi, Kamila

Parabéns pelo blog, está muito legal. Eu ajudo uum amigo com o blog dele, sobre cinema também, quando puder passe lá pra conhecer: www.hollywoodiano.blogspot.com
Feliz 2007!

Kamila said...

Obrigada, Flávia. Assim que puder, passarei lá.

Feliz Ano Novo!

Museu do Cinema said...

Isso não é uma lista de desejos, é quase uma lista do Oscar.

Feliz 2007 Kamila, que seus desejos se realizem realmente.

Anonymous said...

Concordo com o Cassiano. Que seleção! Vou até imprimir essa lista pra ir marcando, hehehehehehe. Só incluiria (é incrível como nós cinéfilos nunca estamos satisfeitos) Os Simpsons e Stardust. No mais, ótimo ano novo, Kamila!

Kamila said...

Cassiano, olha que eu tive enormes problemas selecionando isso. Quando pensava que tudo estava pronto, eis que surgia um novo filme e eu tinha que refazer tudo. Tenho certeza de que, no decorrer de 2007, essa lista vai mudar novamente.

Não sei se conseguirei assistir a todos estes filmes em 2007, mas, se conseguir ver metade deles, me darei por satisfeita.

Kamila said...

Túlio, assisti ao trailer de "Os Simpsons", mas não sei se iria assistir ao filme no cinema. Quanto à "Stardust" provavelmente irei assisti-lo, mas estou mais interessada no outro filme da Michelle, que é dirigido por Amy Heckerling ("As Patricinhas de Beverly Hills") e no qual ela contracena com Paul Rudd.

Kamila said...

Ah, e obrigada aos dois pelos desejos de feliz ano novo.

Wanderley Teixeira said...

Compartilho boa parte de sua lista Kamila...Principalmente Babel,Pecados Íntimos ou Little Children,Notes on a scandal e Fur:An imaginary portrait of Diane Arbus,isso só para começar!
Tb desejo uma boa passagem de ano e muitos filmes excelentes para 2007!

Anonymous said...

Muitos filmes desses que vc citou eu quero ver tb! Não sabia desse novo filme do Tarantino, vi e não gostei muito do trailer..parece um trash bem ao estilo "Um drink no inferno". Esse do David Fincher parece bem interessante, bem ao estilo David Fincher mesmo, que eu gosto muito...E um novo filme do Wong Kar Wai e do Zhang Yimou tb? Que máximo. Fora Little Children, e tantos outros...Todo ano eu desejo ver tantos filmes na telona, mas nunca acontece:( blehhhhh cinéfilo sofre...

Kamila said...

Obrigada pelo comentário, Wanderley, e pelos desejos de Feliz Ano Novo.

Romeika, mas lembre-se que, em 2007, você estará na Dinamarca. Verá todos esses filmes, tenha certeza, e com pouquíssimo atraso. Nós, que ficamos no Brasil, é que iremos sofrer.

Anonymous said...

kkkkkkkkkk Deus te ouça, Kamila!! Mas eu não estarei na capital, não. A cidade que eu vou ficar é pequena e tem poucas salas de cinema. Se eu quiser assistir outros filmes, são 30-45 minutoos de ônibus. E nada de baixar filmes como eu e meu irmão fazemos aqui, pois lá é crime e dá prisão mesmo kkkkkkkkkkkk
:)

Kamila said...

Tome cuidade, então!! hehehehehehehe

Romeika, mesmo assim, garanto que, nas poucas salas de cinema da cidade na qual você estará, você verá muitos desses filmes bem antes de nós...

Anonymous said...

Olá Kamila. Sou o Leonardo e faço parte da dupla de um blog que vc talvez ainda não conheça. Diário de Dois Cinéfilos. VI o link do seu blog através do blog do Wanderley e decidi entrar. Parabéns pelo blog, está excelente.
Muito bom conhecer mais uma parceira cinéfila. Virei semre aqui. Da uma passada la no blog também.
Em relação ao post também estou esperando muito alguns desses filmes Babel, Cartas de Iwo Jima e Grind House. O Zodiac tbm parece ser ótimo, mas o filme ta cheio de problemas pra estreiar. O The Painted Veil não chama muito minha atenção. Estou bem ansioso por outros tmb como: 300, Goya's Ghosts, Assassinato de Jesse James, Transformes (filme pipoca, hehehe), entre outros.
Abraços do amigo cinéfilo

Kamila said...

Bob, para mim, tanto faz assistir aos dois filmes que você citou. :-)

Oi, Leonardo. Muito obrigada pela visita e pelo comentário. Assim que puder, passarei no seu blog.

Otavio Almeida said...

Olá Kamila! Meu nome é Otavio Almeida! Queria convidá-la para conhecer o meu blog HOLLYWOODIANO (www.hollywoodiano.blogspot.com)

Seu blog está ótimo!!! Vou passar por aqui mais vezes... Vc viu A RAINHA? É realmente tudo isso?

Bjs,

Otavio

Kamila said...

Oi, Otávio. Tudo bem? Tive realmente o privilégio de assistir "A Rainha" e o filme é realmente tudo isso que o povo fala. O roteiro é muito bom, a direção é ótima e as atuações são maravilhosas. O filme faz uma bela metáfora sobre a vontade de sair da tradição e entrar na modernidade. Além de ser um belo tratado sobre as relações humanas.

Vou passar no seu blog.

Um beijo!

Otavio Almeida said...

Obrigado! Aliás, vejo hj A RAINHA em uma pré... depois te conto o que achei. E segunda-feira, verei BABEL.


Bjs!

Kamila said...

Vou esperar sua opinião sobre "A Rainha", Otávio. E que inveja boa sinto de você por poder assistir "Babel". :-)

Espero poder assistir ao novo filme do Inarritu logo...

Beijos.

Otavio Almeida said...

Oi Kamila! Vi A RAINHA ontem em uma pré para convidados. Sou assessor de imprensa e, às vezes, os colegas me chamam...

Bom, eu gostei bastante do filme. Acho que a Helen Mirren é mesmo a força do longa do Stephen Frears, mas fiquei surpreso com esse Michael Sheen, que fez o Tony Blair. Não sabia que o filme abordaria o início do relacionamento (conflito?) entre a Rainha e Blair, e muito menos que usaria a morte da Lady Di como pano de fundo. Gostei desse confronto de ideais entre os dois. Ela olha primeiro para a família, ele para o povo. Mas ele age como um político para o bem ou para o mal. Já a Rainha se considera uma... mãe da Inglaterra. As cenas em que ela se preocupa com o sol batendo no pátio do palácio, o veado que morre por culpa de um caçador... isso é preocupação com a "terra". É uma mulher de princípios que carrega um fardo que por mais que não seja seu sonho de vida, ela o cumpre com muita seriedade. Mas antes, ela é mãe. Primeiro do filho e dos netos, depois da Inglaterra. O Blair é mais político e se julga modernista. Muito interessante esse "choque". Não acha? Mas a cena inicial é o meu momento preferido. O Stephen Frears filma a TV mostrando Tony Blair acabando de votar (corta) e depois aparece a Rainha em primeiro plano assistindo à matéria (corta) e mostra que há um homem pintando o seu quadro (corta) e a cena já mostra os dois dentro do mesmo plano. Maluquice da minha cabeça, mas a narrativa funciona como cinema puro. É a liguagem cinematográfica ganhando vida. Naquele momento, ela confessa ao pintor uma certa vonta de se "modernizar", mas ela fala isso para um homem do povo. Jamais deixa essa "vontade" ser descoberta durante o resto do filme. Nem para a própria família.

Falamos mais depois... ainda estou processando o filme na minha cabeça...

Bjs!

Kamila said...

Otávio, a gente concorda que o ponto mais importante do filme do Stephen Frears é justamente esse choque entre modernidade e tradição. No entanto, discordamos a respeito da cena inicial do filme. Para mim, o que o Frears mostra ali é que a Rainha é tradicional dos pés a cabeça. A cara dela com um tanto de asco para o que ela vê na TV é somente reforçada pela declaração do pintor (“só para a senhora saber, eu não votei nele”).

No entanto, como a gente vai muito bem ver no filme, não é só o choque entre modernidade e tradição o grande ponto de “A Rainha”. A questão é que a forma como Tony Blair e a Rainha exercem o poder são muito diferentes. O Blair é mais público, faz tudo como se fosse parte de um show para os seus eleitores. O exercício de poder da Rainha é mais privado, e eu acredito que ela sinceramente pensava o tempo todo em estar fazendo o bem para a sua família, em primeiro lugar, e depois para os seus súditos. A solidão do poder da Rainha, que pouco pede conselhos (a não ser à sua idosa mãe), é o que Blair mais compreenderá, por isso a Rainha cresce tanto aos olhos dele. E, por outro lado, ao ver que, talvez, aquilo que ela imaginava ser o melhor estava errado, a Rainha escuta também o que Blair pode lhe dizer.

A contribuição maior que o filme do Stephen Frears faz é mostrar que a Rainha é uma mulher muito altiva (a minha maior curiosidade é saber se o roteiro é baseado no que realmente aconteceu ou se tudo não faz parte de uma fértil imaginação por parte do excelente roteirista Peter Morgan). Ela não escolheu exercer o poder que tem, mas o faz de maneira que possa ser digna aos olhos de, novamente, sua família e seus súditos. E, por sua esfera de poder ser muito privada, é que ela é vista com tanto desdém pelos ingleses (que a julgam fria e distante). Acho que não está nas mãos de nenhum de nós julgar as decisões dela naquele período, pois ela os fez como mãe e avó.

E, para mim, o momento de brilhantismo do filme do Stephen Frears é a cena em que a Rainha vai ao encontro dos netos e do marido na caça e seu carro enguiça no rio. Ali, sozinha, no meio do nada, a Rainha – que, antes, se mantinha irredutível nos seus princípios e propósitos – esmorece e chora. É uma metáfora linda para o que ela estava vivendo na sua esfera política (ou seria privada?). O veado, então, aparece e a Rainha entende que precisa de ajuda. É aí a mudança de pensamento fundamental, o ponto de transformação; algo que faz com que a gente perceba aquela mudança de atitude que a Rainha começa a ensaiar – mesmo que ela, é bom que se diga, se mostre contrariada pelo que isso implica.

Para terminar, o Michael Sheen é fantástico mesmo no filme. Merece nosso total reconhecimento. E processe bem muito esse filme em sua cabeça – ele nos incita a fazer isso mesmo, o que é excelente.

Beijo.

Otavio Almeida said...

É verdade... vc tem razão! Nesse início, quando o pintor diz "Só para a senhora saber, eu não votei nele”, ela completa: "Então, o sr. não é modernista". Talvez essa vontade dela em votar tenha sido colocada para testar o próprio pintor, que disse ali o que ela queria ouvir para se sentir maior do que o futuro Primeiro Ministro. Não?

Ali, a câmera do Stephen Frears mostra o rosto da Rainha sem explicar que ela É a Rainha. Antes de qualquer diálogo, a expressão de Helen Mirren mostra ao público desavisado que ela É a Rainha. Ao término dessa seqüência inicial, vemos que trata-se de uma mulher que prefere a vida privada e que mesmo assim exerce seu papel público de forma séria. Daí em diante, A RAINHA é narrado quase que com cenas pequenas de conflitos pessoais. O filme passa a sensação de como procede o backstage da monarquia: A Rainha é sempre mostrada em companhia do Príncipe Philip e da Rainha Mãe ao lado de criados, enquanto Blair está ao lado de assessores ou da família em sua própria casa em um cenário tipicamente doméstico. Reparou nas cenas de Blair em sua casa? Um cenário totalmente classe média. Ninguém parece ter mais do que a Rainha...

E você colocou muito bem: concordo com a mudança (ou a percepção de que podemos mudar?) da Rainha na cena da montanha. É o momento em que Helen Mirren prova que o Oscar é dela. Não se trata apenas de caracterizar fisicamente a Rainha. É tudo coração e alma. Essa é a cena que diz isso.

A RAINHA é a história de uma mulher (Ou duas? E a Rainha Mãe?)forte e leal às doutrinas de suas crenças à respeito da monarquia, e de um homem muito mais pragmático.

Tecnicamente, a Rainha estava certa em não fazer um funeral Real para a divorciada Diana. Mas em termos de modernidade, ela estava errada. Essa aceitação da Rainha no final pode (ou não) significar progresso. É um mérito de Helen Mirren segurar a dúvida no público em perceber se ela achou que fez o certo ou não.

Agora, vem o que ainda estou processando e talvez vc possa me ajudar: Sei que o filme não julga, mas não sei se engoli a admiração do Tony Blair pela atitude da Rainha no final. Mas é um mérito de Peter Morgan pelo belo roteiro.

Bj!

Kamila said...

Otávio, a cena inicial de “A Rainha” tem muito disso que você falou. Quando ela conversa com o pintor e ele diz aquilo que ela gostaria de ouvir, ela se sente bem maior do que a figura do Primeiro Ministro. E é esse sentimento de superioridade que marca também o primeiro encontro entre ela, Tony e Cherie Blair. Depois de tudo, quando a gente vê o outro encontro dos dois naquele mesmo gabinete, a situação é oposta. Os dois, mesmo em posições diferentes, são quase iguais.
Realmente, Stephen Frears não dá nenhum tipo de dica para a gente perceber que a Helen é a Rainha. Quem faz isso é a própria atriz quando dirige seu olhar de nojo para a TV que mostra as imagens de Tony Blair e família. Amo também aquele movimento de câmera que nos apresenta ao crédito com o nome do filme. A expressão contida, serena da Mirren mostra somente uma das facetas do excelente trabalho de composição física da personagem.

Concordo também com sua interpretação acerca da forma de narração de “A Rainha”. Enquanto a gente vê que a esfera de influência da Rainha é bem menor (somente o Príncipe Phillip e a Rainha Mãe), a do Blair é bem maior (todos da sua equipe e, especialmente, a sua mulher dão pitaco naquilo que ele deve fazer). Isso denota muito aquilo que falei anteriormente sobre a questão do exercício do poder público e do privado.

Mostrar Blair como somente mais um inglês, na sua casa, vestindo a camisa de seu time de futebol, acho que foi mais uma estratégia do Morgan para valorizar o momento de grandiosidade vivido pelo primeiro ministro naquele momento em que ele ainda nem havia ascendido ao poder de fato.

E, se a gente for analisar com cuidado a performance de Helen Mirren como a Rainha, ela é muito mais sutil do que a gente pensa. Muito da Rainha de Mirren é visto e sentido por nós na maneira como ela se porta e como ela reage às situações que lhe são colocadas. A postura da Mirren já impõe um respeito muito grande em nós e, quando a gente vê a Rainha realmente se posicionando em relação à todo aquele acontecimento é que a gente percebe que ela tem uma noção muito grande daquilo que é esperado dela.

Também acho que o retrato feito da família real inglesa por Peter Morgan foi muito interessante. Philip é totalmente arcaico em seus pensamentos e atitudes. Não compreenderia e nem poderia a decisão posterior tomada pela sua esposa. A Rainha Mãe, tadinha, viu os planos que ela fez com tanto esmero serem dirigidos à outra pessoa; mas a grandeza dela é mostrada ao apoiar incondicionalmente as decisões que sua filha toma. O Príncipe Charles, ao contrário da visão que possuíamos dele, é retratado como um homem de visão e de vontade próprias, mas que precisa da ajuda do seu auxiliar mais próximo para fazer as coisas acontecerem. Falta à Charles a coragem e a altivez demonstradas por sua mãe.

E, por mais que a decisão dela em oferecer um funeral real à Princesa Diana tenha mostrado um certo ar de progresso, eu acho que a Rainha estava contrariada em ter que fazer isso. Acho que é só quando ela se aproxima mais de seus súditos naquele passeio na porta do Palácio de Buckingham é que ela nota que, talvez, tomou a decisão correta (a cena da menininha oferecendo flores para a Rainha também é de matar).

Eu acho que Tony Blair não chega a admirar a Rainha, e sim, passa a respeitá-la. Ele vê que ela é uma pessoa comprometida com seus valores e princípios e com aquilo que ela acredita que esperam dela. Ele vê o esforço que ela faz em se modificar um pouco. E, acredito que ele reconhece essa vontade dela em ser amada e aceita pelas pessoas. Em ser lembrada de maneira correta. E, pela última conversa dos dois, a gente percebe que a grande força motriz da Rainha é ser bem lembrada pelo seu povo. Ajudei você? :-)

Beijo!

Otavio Almeida said...

Sim, mas ainda não sei se essa idéia sobre o Blair parece correta, Kamila. Sei que é apenas um filme e sei separar isso da realidade. Mas há um cenário mundial muito ambíguo (e contundente) hj em dia e ver o Tony Blair surgir na tela como... humano e, até certo ponto, bonzinho. Sei não... humano ele é, mas...

Mas vc colocou tudo muito bem... É um prazer conversar sobre cinema com vc. Gostaria de colocar seu link lá no meu blog. Posso?

Mas voltando ao filme, sabia que o Peter Morgan tb escreve O ÚLTIMO REI DA ESCÓCIA? Ele acaba de ser indicado ao BAFTA. E a fotografia de A RAINHA é do carioca Affonso Beato. Viu isso nos créditos finais? E o Stephen Frears vai presidir Cannes...

Bjs!

Kamila said...

Otávio, de bonzinho o Blair não tem nada. Quando vejo hoje o legado que ele vai deixar de seus anos à frente da Inglaterra, não consigo parar de me lembrar da frase da Rainha à ele naquele encontro final: "você ainda tem X semanas para arruinar isso". Quando ela se refere à boa imagem que ficou dele depois do funeral real da Princesa Diana.

Eu sabia que o Peter Morgan tinha escrito "O Último Rei da Escócia" (é incrível como esse povo que a gente nunca ouviu falar aparece de vez com tanta coisa boa para nos mostrar) e também sabia do Affonso Beato e do Stephen Frears presidente do júri em Cannes. Tomara que ele chame a Dame Helen Mirren para fazer parte do júri ao seu lado.

Para mim também é um prazer conversar sobre cinema com você e pode adicionar o link no seu blog. Isso me deixa muito feliz!

Beijos!

Otavio Almeida said...

Farei isso então... Bom final de semana!

E já deixei minha impressão à respeito de MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO lá no blog. Não sei se vc vai concordar, mas depois dê uma olhada... E veja o filme antes, pq não consegui escrever sem citar algumas partes importantes... ok?

E vejo BABEL terça... segunda é dia de Globo de Ouro e te disse o dia errado lá em outro post.

Bjs!

Kamila said...

Otávio, vou deixar para ler as suas impressões sobre "Mais Estranho do que a Ficção" depois de eu ver o filme, para não estragar a surpresa.

"Babel" eu quero muito ver. E espero assistí-lo na próxima semana, que é quando o filme estréia no Brasil.

E, com certeza, assistirei ao Globo de Ouro. Também vou conferir o tapete vermelho no E!, que eu adoro!

Beijos e bom resto de final de semana!