Thursday, March 01, 2007

Uma Verdade Inconveniente (An Inconvenient Truth, 2006)


Muitas pessoas devem ter pensado, logo após ele ter perdido aquela controversa eleição para presidente dos Estados Unidos, em 2000, que a carreira política de Al Gore havia terminado. Entretanto, o mundo dá muitas voltas. Gore tomou a derrota política como estímulo para se dedicar por completo a uma causa que sempre foi muito próxima de seu coração: o ambientalismo. Desde então, ele tem viajado o mundo, apresentando por mais de mil vezes uma série de slides que versam sobre a interferência nociva do homem no meio-ambiente e sobre quais os efeitos que essa intervenção terá nas nossas vidas. Foi justamente dessas palestras que nasceu o documentário vencedor do Oscar 2007, “Uma Verdade Inconveniente”, do diretor Davis Guggenheim.

No documentário, Guggenheim equilibra imagens da palestra de Al Gore com vídeos e depoimentos do dia-a-dia do ex-vice-presidente dos Estados Unidos em que ele enumera o seu histórico com o tema do meio-ambiente (numa paixão que começou ainda pequeno na vivência na fazenda da família e se consolidou mais tarde na faculdade e na luta no congresso e na vice-presidência do país), bem como momentos cruciais de sua vida pessoal (o acidente com o filho caçula e a morte da única irmã) que o fizeram lutar ainda mais por essa causa.

Toda a argumentação de Al Gore parte de uma simples pergunta: “qual o mundo que você gostaria de deixar para os seus filhos?”. Esse é um questionamento pertinente e todas as respostas que Gore oferece são muito bem fundamentadas em índices, pesquisas, artigos e reportagens. O ex-vice-presidente refuta as críticas aos teóricos que defendem a urgência da preservação do meio-ambiente. Gore ainda soluciona as dúvidas gerais do público sobre o tema e faz com que a gente entenda a importância de brigar por esta causa.

“Uma Verdade Inconveniente” é um documentário informativo, elucidativo e impressionante em certos momentos. A idéia por trás do filme é muito interessante. Se Al Gore não pode dar as palestras em todas as cidades do mundo, com o filme ele poderá fazer com que a sua mensagem alcance um número muito maior de pessoas. Ao fazer com que nós tomemos uma atitude positiva diante do tema do aquecimento global e dos danos do homem no meio-ambiente, “Uma Verdade Inconveniente” acaba dialogando muito com “A Rainha”, um outro filme que mostra que um ato pode fazer muita diferença em se tratando da política.

“Uma Verdade Inconveniente” é o tipo de filme que deve ser visto por todos e que deve ser passado nas escolas, faculdades e associações comunitárias. O cuidado com o planeta é uma necessidade urgente. Ainda não se convenceu? Fique então com as palavras de Al Gore ao receber o Oscar de Melhor Documentário no último dia 25 de fevereiro: “Meus caros americanos e pessoas ao redor do mundo, nós precisamos resolver o problema da crise climática. Essa não é uma questão política, é uma questão moral. Nós temos tudo que nós precisamos para começar, com a exceção da vontade de agir. E este é um recurso renovável, vamos renová-lo”.

Cotação: 9,5

Crédito Foto: Yahoo! Movies

10 comments:

Otavio Almeida said...

Chegou na locadora, né??? Tenho que alugar. Ainda mais pq vc deu nota 9,5!!!!!!

bjs!

Kamila said...

Chegou na locadora, Otávio. Mas, eu assisti ao documentário no cinema mesmo. Pode alugar o filme sem medo.

Beijo!

Otavio Almeida said...

Outra coisa, gosto muito dos seus textos. Acho que já disse isso, não? Mesmo discordando algumas vezes (o q é normal), considero suas opiniões relevantes e tentarei alugar o DVD neste final de semana...

Falando em cinema, hoje estreou em SP os seguintes filmes: MOTOQUEIRO FANTASMA, LETRA E MÚSICA e NOTAS SOBRE UM ESCÂNDALO.

Bjs!

Kamila said...

Otávio, muito obrigada pelo elogio. Também adoro os textos que você escreve. As discordâncias são naturais e bem aceitas. Gosto é de discutir cinema.

Aqui em Natal, as estréias foram "Letra e Música" e "Motoqueiro Fantasma".

Beijo e bom final de semana!

Túlio Moreira said...

As estréias de Natal foram as mesmas de Goiânia, Kamila!

Há muito tempo um documentário não dava tanto o que falar (Michael Moore, alguém?), e esse Uma Verdade Inconveniente me pareceu bastante sincero. Kamila, já percebi que você gosta muito de política: deu 10 para A Rainha e 9,5 para esse que dialoga com o filme do Frears.

bjo e grande fim de semana!

Kamila said...

Túlio, não sou fã dos políticos, mas gosto de discutir política e gosto de filmes que se posicionam, como "A Rainha" e "Uma Verdade Inconveniente".

E você foi mais do que feliz ao dizer que "Uma Verdade Inconveniente" é um filme muito sincero. O que é bom é que o Al Gore, ao contrário do Michael Moore em seus filmes, não é o foco do documentário. O importante é a mensagem que ele tem para passar.

Beijo.

Museu do Cinema said...

Oi Kamila, eu ainda não vi esse filme, mas fiquei muito desapontado em saber que a casa do Al Gore consome 20 vezes mais energia que uma família média norte-americana, a sua equipe não desmentiu e disse que ele tentará mudar isso, ou seja, faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço, é um pouco demais.

Vejam a noticia nesse link: http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2007/02/28/ult1766u20541.jhtm

Anonymous said...

Kamila, também gosto muito de filmes que tomam posição, mesmo que eu não concorde com ela.

E também a música desse documentário é belíssima. Torci muito pela vitória dessa canção no Oscar, porque a apresentação da Melissa E. foi o momento-reflexão da noite.

bjo!

Kamila said...

Cassiano, li essa notícia e fiquei extremamente decepcionada. Pensava que o Al Gore colocava em prática o que prega (uso de energias alternativas, e de equipamentos eletrônicos econômicos)....

É aquela velha história do "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço".

Túlio, a canção da Melissa é muito bonita e casa perfeitamente com o filme - o que é mais legal ainda. Mesmo assim, ainda torcia por "Love You I Do" no Oscar.

Beijo.

Museu do Cinema said...

Tb fiquei Kamila, e me desmotivou muito para ver esse filme.