
“O Cheiro do Ralo” é o segundo filme do diretor Heitor Dhalia (que co-escreveu o roteiro com Marçal Aquino), que ganhou uma certa projeção nacional com o ótimo “Nina”. Aqui, ele adapta um romance do escritor Lourenço Mutarelli (que participa do filme como ator) que conta a história de Lourenço (Selton Mello), o dono de um antiquário.
Lourenço é um cara estranho, que só compra objetos que possuem uma história por trás deles. O engraçado é que a gente só o vê comprando coisas, mas nunca as vendendo. Parece que ele sente verdadeira paixão em entulhar os seus bens, em consumir estas histórias. O que Lourenço não se dá conta é de que, aos poucos, ele próprio vai sendo consumido pela sujeira do local aonde trabalha – o ralo do banheiro do antiquário solta um cheiro insuportável.
Lourenço não se importa com ninguém. Mas, curiosamente, se preocupa com si mesmo. Ele não quer que seus clientes pensem que o cheiro forte do banheiro vem dele. O que não surpreende nisso tudo é que Lourenço, o cara mais fascinado pelo cheiro ruim do ralo, vá justamente se apaixonar pela bunda de uma garçonete (Paula Braun).
“O Cheiro do Ralo” se apóia no personagem Lourenço. É através do acompanhamento da sua rotina diária, da crise com a ex-noiva (Fabiana Guglielmetti), da relação com os clientes com quem ele estabelece negócios – e, dentre os quais, se destaca a viciada interpretada por Sílvia Lourenço - que iremos conhecê-lo e entender o por quê de tanto fascínio pelo lado podre da vida.
“O Cheiro do Ralo” é um filme que se diferencia da safra normal de filmes brasileiros, não só por ser quase independente, mas por tentar fazer algo único. O roteiro de Heitor Dhalia e Marçal Aquino não tem uma linha pré-definida. São vários pedaços que acabam formando um todo. E isto só faz sentido para a platéia devido ao ótimo trabalho de direção de Dahlia e à fantástica atuação de Selton Mello, um dos atores mais versáteis que temos no Brasil.
Cotação: 6,5
Crédito Foto: Yahoo! Movies
7 comments:
Heitor Dhalia é um dos grandes cineastas que está ajudando a tirar o cinema brasileiro da lama. Foi a partir de “Nina” (meu filme brazuca predileto) que comecei a apostar na nossa indústria cinematográfica. Estou gostando do resultado, pois estão saindo ótimos filmes como “O Maior Amor do Mundo”, “A Máquina” e “Zuzu Angel”, e este “O Cheiro do Ralo” parece ter bastante potencial para se juntar a esta lista.
São nomes como o de Heitor Dhalia, Cao Hamburguer, Fernando Meirelles e Walter Salles que me fazem ter esperança de que, um dia, o cinema brasileiro vai para a frente.
Odeio "O Cheiro do Ralo" e espero que esse filme seja rapidamente esquecido pela crítica que o idolatra.
Kamila, concordo com a sua nota, e até daria uma nota menor. É um filme auto-importante, e é chato, demora pra acabar, enfim, um pseudo-cult.
Da nova geração de cineastas brasileiros, tô botando fé mesmo é em Karim Aïnouz.
bjos!
Túlio, "O Cheiro do Ralo" é um filme chato, sim. Pseudo-cult, sim. O que eu levo em consideração aqui e que me chama a atenção é a vontade de fazer algo diferente.
Quero muito ver esse filme, pq acredito muito no cinema feito assim, por amor.
Essa fixação da bunda da menina é sensacional.
Kamila, mesmo com exemplares intragáveis, acredito que o nosso cinema já está dando os primeiros passos para tornar-se um entretenimento de qualidade.
Cassiano, também acredito muito no cinema feito com amor. A fixação pela bunda é realmente algo muito criativo.
Alex, espero que você esteja certo. Torço muito pelo cinema brasileiro e pelas nossas produções.
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