Tuesday, August 07, 2007

Correndo Com Tesouras (Running With Scissors, 2006)

Em um determinado momento de “Correndo com Tesouras”, filme do diretor e roteirista Ryan Murphy, Deirdre Burroughs (Annette Bening) olha para o seu psiquiatra, o Dr. Finch (Brian Cox), e fala sobre a sua ansiedade. Ela se sente sufocada, oprimida e, por causa disso, não consegue colocar para fora tudo aquilo que ela é. Essa definição não só se aplica a Deirdre, como também a todos os personagens que fazem parte desta trama baseada no livro de memórias de Augusten Burroughs. Pessoas que se apóiam na loucura, em estereótipos, em certas atitudes que, na realidade, escondem o que estas pessoas sentem ou são.

“Correndo com Tesouras” é narrado por Augusten (Joseph Cross), filho de Deirdre e Norman Burroughs (Alec Baldwin), um garoto que, desde cedo, foi muito acostumado a um ambiente familiar incomum. A mãe, que era mais preocupada em escrever algo especial e alcançar a fama; e o pai, um alcoólatra, não eram os melhores exemplos. Mesmo assim, o garoto Augusten se espelha – até demais – na sua mãe. Portanto, imagine a decepção do garoto quando ela – sob orientação do Dr. Finch – o deixa na casa do psiquiatra e de sua família – a esposa Agnes (Jill Clayburgh) e os filhos Hope (Gwyneth Paltrow), Natalie (Evan Rachel Wood) e Neil (Joseph Fiennes) –, a qual Augusten verá que também é cheia de problemas.

A questão que o filme aborda é até interessante. Enquanto muitos jovens sonham em crescer num tipo de ambiente como o que Augusten viveu (livre, sem limites ou imposições), chega um momento em que o que Augusten quer é justamente o contrário. Ele quer ser normal, quer ter um horário para chegar em casa, quer ser colocado de castigo, quer receber um “não”, enfim, ele quer ser preparado para o mundo. Mas, antes de chegar neste estágio, o primordial para Augusten é sobreviver no meio de tanta loucura.

Para colocar esta trama na tela, realmente não poderia ser outra pessoa que não o diretor e roteirista Ryan Murphy. A marca registrada de seu trabalho é colocar elementos que fazem parte do nosso dia-a-dia, como o colegial (na subestimada série “Popular”), um mundo em que a beleza é fundamental (no seriado “Nip/Tuck”) e, no caso de “Correndo com Tesouras”, o ambiente familiar; e mostrá-los de uma maneira um tanto exagerada, mas, nem por isso, menos real. Ele retrata pessoas que – ao lutarem para passar uma imagem daquilo que não são – só estão em busca de sua verdadeira identidade.

Em “Correndo com Tesouras”, para alcançar este efeito, Ryan Murphy precisava ter um bom elenco, que mostrasse de maneira adequada esta linha delicada que separa o exagero do real. E, para a sorte dele, todos os atores do filme (com exceção de uma apática Gwyneth Paltrow) estão muito bem. Os destaques positivos, além de Annette Bening (uma quase especialista na interpretação de tipos como os de Deirdre Burroughs), são Brian Cox, Jill Clayburgh e a revelação Joseph Cross.

Cotação: 6,5

Crédito Foto: Yahoo! Movies

19 comments:

Arthur said...

Parece ser uma daqueles filmes excêntricos e interessantes... o elenco já vale uma conferida!

Boa Semana

Gustavo said...

Aluguei a algumas semanas atrás e não consegui passar da primeira hora. Se for pra ficar com uma família execentrica, fico com "Os Execentricos Tenembauns".

Kamila said...

Arthur, o filme é excêntrico e só vale mesmo pelo elenco, que dá um show.

Gustavo, eu também não me empolguei muito com a primeira hora do filme, mas, depois, o filme fica bem interessante. E "Os Excêntricos Tenembauns" é bem melhor do que este "Correndo com Tesouras".

Museu do Cinema said...

Tô louco para ver esse filme Kamila, saiu em DVD?

Marcus Vinícius said...

Hmm, eu ainda preciso assistir 'Os Excêntricos Tenembauns'... mas concordo que o elenco desse é muito bom, gosto muito do Brian Cox, baita ator.

Beijos e inté! =P

Kamila said...

Saiu, sim, Cassiano, Já está nas locadoras.

Marcus, "Correndo com Tesouras" vale a pena mesmo por causa do elenco.

Beijos.

Anonymous said...

Até que gostei do trabalho do Ryan Murphy, a história do filme é muito interessante, mas achei um pouco mal conduzida, sem grande inspiração. Adorei a trilha e a atuação da Annette Bening e do Joseph Cross, mas no geral fiquei bem decepcionado. Minha nota é 4,5

Abraços!

Anonymous said...

Eu gostei desse filme, mais pelo elenco, o visual, o estilo e pela trilha, mas achei a direção competente, apesar do roteiro exagerado em momentos.

Nota 7,5

Otavio Almeida said...

Ainda não vi. Vou alugar o DVD. E depois te digo o que achei...

Bjs!

Kamila said...

Vinícius, eu também fiquei meio decepcionada com esse filme, mas, depois de assistí-lo até entendi porque foi esquecido na temporada de premiações.

Wally, a trilha sonora desse filme é muito boa mesmo. Me esqueci de destacar isso no meu texto. Fora isso, o elenco, como eu disse, é o ponto alto do filme.

Vou esperar sua opinião, Otávio.

Beijos.

Anonymous said...

Há dias que pego esse DVD e coloco novamente na prateleira da locadora. Hoje, por exemplo, troquei ele por "Miss Potter".

Nao me arrependi.

Kamila said...

Rodrigo, eu quero ficar longe de "Miss Potter". :-)

Bom final de semana!

Anonymous said...

Porque? hehehe

Kamila said...

ODEIO Renee Zellweger!!!!

rsrsrsrsrsrsrsrsrsr

Romeika said...

Vi o filme hj, Kamila, e quase tive a impressão de que Annete Benning e Evan Rachel Wood repetiram seus papéis de filmes anteriores (não que essa seja uma observação negativa, pelo contrário, elas estão bem). Mas achei interessante ver o Joseph Fiennes como um homossexual esquizofrênico, e quanto à Gwyneth Paltrow, ela é a mais apagadinha do elenco mesmo... Acho que ela não consegiu encontrar a personagem, não sei.

Eu ouvi dizer que no livro, os personagens descritos por Augustin são essencialmente humanos, apesar de suas loucuras. Algo que o Ryan Murphy ignorou, optando por mostrar todos na flor da sua loucura e excentricidades. Com exceção do menino, o mais normalzinho na história.

Kamila said...

Romeika, como eu disse, o Ryan Murphy gosta dessas questões de excentricidade. Ele exagera mesmo.

Eu também não acho ruim ter uma sensação de deja-vu quando a gente vê novamente a Annette Bening na pele de uma mulher em crise e a Evan na pela de uma adolescente rebelde.

Assim como você, adorei rever o Joseph Fiennes. E quanto à Gwyneth: desde "De Caso com o Acaso" que eu não vejo uma boa atuação dela.

Romeika said...

Kamila, mas esse filme da Gwyneth (que eu não assisti) não é um antigo, de 1998, mesmo antes de "Shakespeare in love" (que eu pensei que vc gostava e muito da atuação dela nesse). Vixe, se for, faz tempo. Com relação às atuações recentes, eu gostei dela em "Sylvia", e das antigas, gosto dela em "O Talentoso Ripley".

Wanderley Teixeira said...

Joseph Cross superou todas as minhas expectativas.Achei q foi um dos desempenhos mais subestimados do ano.Já Annette dá seu show rotineiro como Deirdre.Tive uma boa avaliação do filme,ao contrário da maioria que o viu e naum com bons olhos.Gostei do relacionamento entre mãe e filho proposto e os personagens principais são interpretados com excentricidade única por seus atores.

Kamila said...

Romeika, "De Caso com o Acaso" é um filme lançado depois de "Shakespeare Apaixonado". Em "Sylvia", ela está bem também, mas eu gosto mais dela no primeiro filme que eu citei.

Wanderley, concordo com o que você disse sobre o Joseph Cross. A Annette é uma especialista neste tipo de personagem.