Saturday, September 01, 2007

Paranóia (Disturbia, 2007)

O prólogo de “Paranóia”, suspense dirigido por D.J. Caruso (de “Roubando Vidas” e “Tudo Pelo Dinheiro”) é muito importante para o desenrolar do filme. Nele acompanhamos Kale Brecht (Shia LaBeouf, ótimo) em uma pescaria com seu pai (Matt Craven). Na volta para casa, os dois sofrem um acidente de carro, no qual o pai de Kale morre. Ao longo do ano seguinte, Kale – que dirigia o carro no momento do acidente – vai lidar com o sentimento de culpa e meio que se perde. Ele chega a ser preso por três vezes e vai passar as férias de Verão cumprindo três meses de prisão domiciliar.

É óbvio que para um adolescente como Kale, passar estes três meses dentro de casa seria um verdadeiro pesadelo. Mas, logo ele encontra uma maneira para se divertir: ele começa a observar a rotina de seus vizinhos e encontra um prato cheio nesse sentido: o vizinho de frente trai a esposa com a empregada, os garotos da casa de trás assistem filmes pornográficos escondidos da mãe. Entretanto, nenhum deles será tão intrigante para Kale quanto Mr. Turner (David Morse, excelente), o qual tem hábitos bastante estranhos e que coincidem exatamente com o de um assassino que vem aterrorizando a região – fato este que faz com Kale fique meio que obcecado com o homem para tentar provar que é ele o assassino que a polícia tanto procura.

Quando estreou nos cinemas dos Estados Unidos, foi até natural a comparação entre “Paranóia” e o clássico “Janela Indiscreta”, de Alfred Hitchcock. Afinal, os dois filmes tratam de um tema comum: a sensação de impotência de dois homens, que vêem algo sinistro acontecendo ao seu redor, mas, que por suas limitações, não podem fazer nada para mudar aquilo. No caso particular de “Paranóia” e de Kale, o filme adiciona um elemento de redenção, no sentido de que Kale (que não pôde evitar a morte do pai) tem uma segunda chance para salvar alguém que ele ama.

Em um filme como “Paranóia”, existem alguns elementos que são bastante importantes. O primeiro deles é o roteiro. O do filme, que é escrito por Christopher Landon e Carl Ellsworth é muito bom – e sabe equilibrar as situações leves com as de pura tensão. O segundo deles, é a direção – e nesse ponto, D.J. Caruso não compromete. O terceiro deles é o elenco. E o de “Paranóia” cumpre bem o seu papel. Desde Shia LaBeouf, passando por David Morse, até chegar aos coadjuvantes Carrie-Anne Moss (que interpreta a mãe de Kale), Sarah Roemer (que interpreta Ashley, a vizinha bonitona de Kale) e Aaron Yoo (que interpreta Ronnie, o melhor amigo de Kale) – todo mundo está bem.

Cotação: 7,2

18 comments:

Wanderley Teixeira said...

Kamila,eu gostei de Paranóia.Mas na verdade acho que o filme é bem nem fede nem cheira.Perto de tanta coisa boa que já vi este ano,acho que passa na média sem muito louvor.Atende bem às exig~encias do gênero mas em nada acrescenta.Sobre Shia tb acho que ele é uma grande promessa,mas por enquanto prefiro atribuir seus bem sucedidos desempenhos a um carisma do que a boas intepretações,quero vê-lo em outros personagens que naum os adolescentes de classe média americano para poder avaliá-lo melhor.

Kamila said...

Wanderley, concordo com seu comentário. "Paranóia", se comparado aos bons filmes do ano, é somente mediano. Mas, no meio dessa safra ruim, até que ele se destaca.

Quanto ao Shia: ele tem muito carisma mesmo. E empresta isto aos seus personagens. Também espero que ele saiba dirigir sua carreira da melhor maneira possível.

Anonymous said...

Não gostei muito desse filme. É um suspense relativamente bom para se ver sábado a noite, quando não tem nada para fazer, mas como o Wanderley disse, nem "fede" nem "cheira". Vale pelo Shia que é um bom ator, mas poderiam ser um pouco mais fiel à "Janela Indiscreta" (no sentido de tudo ser apenas uma paranóia). Daria uma nota 5,5.

Abraço!

Museu do Cinema said...

A premissa do filme é interessante mesmo, e guardadas as diferenças, parece mesmo o clássico do Hitchcock, como vc diz no texto Kamila.

Acho o David Morse um excelente ator, dos melhores mesmo, gosto tb da Carrie-Anne, de resto não conheço ninguém...

Kamila said...

Vinícius, eu acho que tentar ser mais fiel à trama de "Janela Indiscreta" poderia prejudicar o filme. Ao colocar a possibilidade de redenção do personagem do Shia, o filme ganha uma certa identidade própria. Mas, não vamos levar um filme como esse a sério, porque, como você mesmo disse, é uma ótima diversão.

Cassiano, o David Morse, para mim, é quem dá a melhor atuação neste filme. E ele é sempre constante nos seus trabalhos. A Carrie-Anne está bem diferente no filme, aparece pouco, mas tem papel importante - especialmente para o desfecho de "Paranóia".

Beijos.

Romeika said...

Kamila, desde que vi que esse filme tinha estreado por aqui e li o plot, tive vontade de assistir, mas quando soube que era o diretor de "Roubando Vidas" desisti na mesma hora e resolvi esperar pelo dvd, apesar de ter a Carrie-Anne Moss, que há tempos não via.

P.S.:Te dei um prêmio em reconhecimento ao seu blog, passe lá no meu pra ver.

Bom domingo!
^^

Anonymous said...

Até agora, das críticas que eu li, somente Vinicius não gostou, por isso, ainda aquardo algo bom. Devo ver hoje ou amanhã.

Kamila said...

Romeika, muito obrigada mesmo pela menção no seu blog. :-)

E "Paranóia" é um filme que vai funcionar nos dois formatos: cinema e DVD.

Wally, aparentmente, o Vinícius, foi o único que não gostou do filme. Vou aguardar sua opinião sobre "Paranóia".

Dr Johnny Strangelove said...

é bom e não passa diss ... o bom do filme são as boas atuações de Shia Le Beouf que prova o por que do investimento, um roteiro que funciona e uma boa direção ... algumas vezes isso não é tão bom ... mas neste filme funciona como uma luva ... vale a pena ver no cinema só por divertimento.

Kamila said...

Exatamente, João. Concordo com o comentário.

Rogerio said...

Olá Kamila, gostei da semelhança com Janela Indiscreta(filme que sou apaixonado). Vou conferir esse filme.
Boa semana.

Kamila said...

Rogerio, o filme se inspira em "Janela Indiscreta", mas muda um pouco os rumos da história e atualiza a trama do filme do Hitchcock.

Obrigada e boa semana para você também.

Dr Johnny Strangelove said...

mas se o filme ficasse só na sugestão ... ai sim ... seria um filme bala ...

Kamila said...

Você é a segunda pessoa já, a dizer que o filme deveria ficar só na sugestão da paranóia. Eu, por exemplo, gostei dos rumos tomados pelo roteiro.

Otavio Almeida said...

Então é bom, é?

Não é um JANELA INDISCRETA teen?

Bjs!

Kamila said...

Otávio, eu gostei de "Paranóia", e não achei o filme um "Janela Indiscreta" teen - até mesmo porque, como eu disse no meu texto, o filme acrescenta a possibilidade do personagem do Shia se redimir.

Mas, como você mesmo pôde ler aqui nos comentários, temos duas opiniões que gostariam que "Paranóia" se detivesse somente à paranóia do personagem do Shia.

Beijos.

Anonymous said...

Sobre Paranóia, concordo com o que você quis dizer, mas acredito que o longa deveria ter focado mais na paranóia e no disturbio do personagem principal, ao invés de tomar esse rumo de redenção, que apesar de interessante, não foi algo que eu esperava. Mesmo assim, gostei bastante do filme.
Nota 7,5

Foi um alívio e tanto ouvir você elogiando Crash, Kamila. É dificil achar um bloqueiro que realmente goste do filme e parece que você gostou tanto quanto eu. Das duas primeiras vezes que assisti-lo não segurei a emoção e fiquei chocado pelas duas cenas que destaquei no longa. Acho um filme extremamente incompreendido e fiquei imensamente orgulhoso do Oscar quando decidiram premia-lo sobre Brokeback Mountain, uma escolha muito ousada, mas completamente aceitável.

Grande abraço.

Kamila said...

Wally, eu adoro 'Crash' e, ao assistir a este filme, foi uma das poucas vezes que eu me emocionei de verdade, no cinema. Eu também sou uma das pessoas que ficou extremamente orgulhosa do Oscar quando decidiu premiá-lo.

Beijos.