Em uma das cenas do drama “As Leis de Família”, do jovem roteirista e diretor argentino Daniel Burman (que foi co-produtor de “Diários de Motocicleta”, filme do brasileiro Walter Salles), o advogado Ariel Perelman (o ator uruguaio Daniel Hendler, numa ótima atuação) pergunta à esposa Sandra (Julieta Díaz) o por quê de ela ter se apaixonado por ele. A resposta dela: enquanto ela ainda estava perdida, sem saber ao certo o que seria; ele já tinha certeza do que era e passava uma segurança tremenda para os outros.
Na realidade, como nós bem veremos no decorrer do filme, Ariel pouco sabe sobre ele mesmo. Ele seguiu a mesma profissão que o pai, Bernardo Perelman (Arturo Goetz, também em uma ótima atuação): a advocacia; mas, na essência, os dois são muito diferentes um do outro. Enquanto este leva uma vida alegre, atendendo a uma série de pequenos – e fiéis – clientes; aquele leva uma vida completamente organizada e sem muitas emoções ao desempenhar as funções de defensor público e de professor universitário – para termos uma idéia, o momento em que Ariel mais se arriscou foi quando quis conquistar Sandra, que foi sua ex-aluna na faculdade e deixou os estudos para se tornar professora de Pilates.
A trama de “As Leis de Família” segue um momento particular da vida de Ariel em que ele está com bastante tempo livre, por causa da interdição do prédio aonde ele trabalha. Sabendo disso, seu pai começa a procurá-lo com mais urgência, querendo dividir seu dia-a-dia com ele e interessado em uma maior proximidade. E a esposa Sandra começa a exigir que seu marido participe mais da vida escolar e das atividades extraclasses do filho Gastón (o fofíssimo Eloy Burman). E, entre um e outro, Ariel descobre a sua verdadeira identidade, aquilo que ele é de verdade.
O cinema é cheio de histórias que retratam a tão peculiar relação que se estabelece entre uma mãe e uma filha – “Lembranças de Hollywood”, “Laços de Ternura”, “Um Amor Verdadeiro”, “Lado a Lado”, “Minha Mãe Quer que Eu Case” e “Volver” são somente alguns exemplos de filmes assim. No entanto, foram poucas as obras que exploraram a relação entre pai e filhos – “O Sol Nasce Para Todos”, “Kramer vs Kramer”, “Sobre Pais e Filhos”, “Tempo de Recomeçar” e “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas” podem ser citados nesse grupo. “As Leis de Família” é um filme que aborda um diferente lado da relação entre pai e filho. Quando fala da dinâmica entre Ariel e Bernardo, vemos o filho como uma extensão do pai. Quando mostra a relação entre Gastón e Ariel, exalta a tentativa do que um dia virá a ser esta influência do pai – ela não pode ser forçada, tem que ser natural. E o filme é um daqueles que vão pegando a gente aos poucos, a ponto de chegarmos na última cena (que mostra a encenação da pecinha escolar da turma de Gastón) e não podermos segurar as lágrimas.
Cotação: 8,0
As Leis de Família(Derecho de Familia, Argentina, Itália, Espanha, França, 2006)
Diretor(es): Daniel Burman
Roteirista(s): Daniel Burman
Elenco: Daniel Hendler, Arturo Goetz, Eloy Burman, Julieta Díaz, Adriana Aizemberg, Jean Pierre Reguerraz, Dmitry Rodnoy, Luis Albornoz, Darío Lagos, Damián Dreizik, Gerardo del Águila, Eduardo Santoro, Ismael Troitiño, Pablo Razuk, Marcos Montes
Na realidade, como nós bem veremos no decorrer do filme, Ariel pouco sabe sobre ele mesmo. Ele seguiu a mesma profissão que o pai, Bernardo Perelman (Arturo Goetz, também em uma ótima atuação): a advocacia; mas, na essência, os dois são muito diferentes um do outro. Enquanto este leva uma vida alegre, atendendo a uma série de pequenos – e fiéis – clientes; aquele leva uma vida completamente organizada e sem muitas emoções ao desempenhar as funções de defensor público e de professor universitário – para termos uma idéia, o momento em que Ariel mais se arriscou foi quando quis conquistar Sandra, que foi sua ex-aluna na faculdade e deixou os estudos para se tornar professora de Pilates.
A trama de “As Leis de Família” segue um momento particular da vida de Ariel em que ele está com bastante tempo livre, por causa da interdição do prédio aonde ele trabalha. Sabendo disso, seu pai começa a procurá-lo com mais urgência, querendo dividir seu dia-a-dia com ele e interessado em uma maior proximidade. E a esposa Sandra começa a exigir que seu marido participe mais da vida escolar e das atividades extraclasses do filho Gastón (o fofíssimo Eloy Burman). E, entre um e outro, Ariel descobre a sua verdadeira identidade, aquilo que ele é de verdade.
O cinema é cheio de histórias que retratam a tão peculiar relação que se estabelece entre uma mãe e uma filha – “Lembranças de Hollywood”, “Laços de Ternura”, “Um Amor Verdadeiro”, “Lado a Lado”, “Minha Mãe Quer que Eu Case” e “Volver” são somente alguns exemplos de filmes assim. No entanto, foram poucas as obras que exploraram a relação entre pai e filhos – “O Sol Nasce Para Todos”, “Kramer vs Kramer”, “Sobre Pais e Filhos”, “Tempo de Recomeçar” e “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas” podem ser citados nesse grupo. “As Leis de Família” é um filme que aborda um diferente lado da relação entre pai e filho. Quando fala da dinâmica entre Ariel e Bernardo, vemos o filho como uma extensão do pai. Quando mostra a relação entre Gastón e Ariel, exalta a tentativa do que um dia virá a ser esta influência do pai – ela não pode ser forçada, tem que ser natural. E o filme é um daqueles que vão pegando a gente aos poucos, a ponto de chegarmos na última cena (que mostra a encenação da pecinha escolar da turma de Gastón) e não podermos segurar as lágrimas.
Cotação: 8,0
As Leis de Família(Derecho de Familia, Argentina, Itália, Espanha, França, 2006)
Diretor(es): Daniel Burman
Roteirista(s): Daniel Burman
Elenco: Daniel Hendler, Arturo Goetz, Eloy Burman, Julieta Díaz, Adriana Aizemberg, Jean Pierre Reguerraz, Dmitry Rodnoy, Luis Albornoz, Darío Lagos, Damián Dreizik, Gerardo del Águila, Eduardo Santoro, Ismael Troitiño, Pablo Razuk, Marcos Montes
11 comments:
Também gostei muito desse filme! Não conhecia nenhum trabalho do diretor Burman, por isso me surpreendi com o estilo da narrativa - depois vi "O Abraço Partido" e comprovei sua habilidade para contar histórias de tema familiar, especialmente nesse sentido da relação pai/filho. Estava gostando tanto do filme que até desconfiei que ele iria cair para o melodrama na sua última parte - felizmente isso não ocorreu e também não segurei as lágrimas.
Na minha lista, deve ser "indicado" para melhor filme em língua não-inglesa e ator - achei o Daniel Hendler ótimo, ainda melhor do que em "O Abraço Partido". Nota: 8,0 ;-)
Abraço!
Vinícius, eu também nem conhecia o trabalho do diretor Burman. "As Leis de Família" é um filme muito bonito. Vai no seu próprio ritmo, nos envolvendo e, na última cena, nós estamos totalmente entregues ao filme. Não conhecia o outro filme dele que você citou ("O Abraço Perdido"), mas se repete a dobradinha com o Daniel Hendler (que é um ótimo ator), com certeza irei assistir. Obrigada pela dica.
Beijos e bom final de semana!
Opa Kamila, anotadissimo aqui, o cinema argentino vem ganhando espaço justo na midia. Eu confesso que conheço muito pouco ainda, mas curiosidade não falta, esse tá mais do que anotado!
Bom, quanto ao post, concordo contigo, esse tipo de relação pais (mãe e pai) com filhos foi muito explorado mesmo, mas penso que sempre rendem bons argumentos, como parece ser esse.
Só tenho um a acrescentar, um que me marcou muito por algumas semelhanças e principalmente para expor alguns fantasmas, o genial Elizabethtown.
Eu era outro que não conhecia o trabalho do Burman e fiquei satisfeito com o trabalho dele nesse filme (***1/2). E aproveitei para ver o trabalho anterior dele, O Abraço Partido (***) que mesmo sendo inferior a As Leis de Família me agradou, apesar de algumas falhas. E gostei da atuação do Handler, só não achei tão sensacional assim, em ambos os filmes. Mas sem dúvida, os dois são uma dupla e tanto.
Tá anotada a dica!
Vou esperar pra ver quando passar no telecine!
Adoro cinema argentino!
Bom fim de semana!
Abs!
Cassiano, eu gosto muito do cinema argentino porque ele sempre nos mostra filmes com temas universais. E me esqueci mesmo de "Tudo Acontece em Elizabethtown". O filme é um bom exemplo dessa relação pai/filho.
Rafael, eu gostei muito do Daniel Hendler e do diretor Burman. Não conhecia o trabalho dos dois e foi uma agradável surpresa entrar em contato com eles. Vou assistir "O Abraço Partido".
Diego, obrigada e bom final de semana para você também!
Kamila, adoro dramas familiares, além de gostar muito de ver e conhecer mais do cinema latino atual. Vou procurar esse filme, me interessei muito.
Não conheço este filme....mas senti um ar sentimental semelhante a Pequena Miss Sunshine, se estiver correto irei logo ver então!
Bacana o texto!
xD
Romeika, tente encontrar este filme mesmo porque é maravilhoso.
William, "As Leis de Família" não tem um lado sentimental semelhante ao de "Pequena Miss Sunshine". Os dois filmes, na realidade, são bem diferentes e ótimos. E, obrigada.
Não me empolgo muito com o gênero. Mas devido a sua boa nota vou anotar a dica.
Adorei sua lembraança de Peixe Grande; Que filmaço!
Ramon, eu adoro "Peixe Grande". Acho um filme super sensível e muito bonito.
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