Friday, November 02, 2007

Lendo - As Mentiras que os Homens Contam

“A melhor política é sempre contar a verdade – a não ser, é claro, que você seja um mentiroso excepcional” (Jerome K. Jerome)

Na linguagem jornalística, a crônica é um texto que possui grande influência literária (na medida em que permite ficção, fantasia e crítica em suas linhas) e que tem como objetivo dialogar com o leitor através do retrato de uma situação que faz parte do dia-a-dia das pessoas. No Brasil, o escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo é, sem dúvida alguma, um dos maiores nomes da crônica brasileira.

Nascido em Porto Alegre, Veríssimo teve uma grande influência no pai, o escritor Érico Veríssimo (autor de obras como “Clarissa” e “O Tempo e o Vento”), e fez, na realidade, da observação da rotina diária a sua maior fonte de inspiração. O livro “A Mentira que os Homens Contam” faz justamente uma reunião de todas as crônicas que Veríssimo publicou a respeito do tema mentira.

Em comum entre todas as crônicas, o fato de que homens protagonizam as histórias. Ou seja, o tempo todo Veríssimo brinca com esse senso comum de que os homens são uns mentirosos. Mas, o que chama a atenção é o fato de que são poucas as crônicas que tratam de relacionamentos amorosos, de homens que enrolam suas mulheres para curtir o carnaval, de homens que mentem na hora da cantada ou de homens que levam uma vida dupla.

No geral, as crônicas tratam mesmo de situações do dia-a-dia, de mentiras que são contadas por uma questão de sobrevivência ou em prol do bom convívio social: pessoas que confundem os nomes umas das outras, ou que fingem saber os segredos de outras, ou que fingem estar bem para outras, ou que querem parecer cultas (quando não o são), entre tantos outros casos.

Assim como num filme que reúne diversas histórias, dirigidas por vários diretores, o livro “As Mentiras que os Homens Contam” sofre com o fato de que algumas crônicas são excelentes, algumas são medianas e outras chegam a ser esquecíveis. De qualquer maneira, o livro é perfeito para aqueles que querem somente um pouco de diversão. Uma leitura leve, rápida e que é marcante justamente pelo olhar descontraído que seu autor joga em cima do cotidiano brasileiro.

“As Mentiras que os Homens Contam” (2000)
Autor: Luís Fernando Veríssimo
Editora: Objetiva

15 comments:

Andressa Cangussú said...

Conheço crônicas muito boas de Verrisimo, mas não li "As mentiras..."

Na faculdade não só aprendi a admirar mais esse gênero, mas percebi o quanto é necessário talento para ser um bom cronista!

Abraços

Anonymous said...

Kamila, procure consegui As comédias da vida privada e As novas comédias da vida privada. As crônicas d'A mesa voadora, As mentiras que os homens contam e Comédias para se ler na escola foram retiradas daí...

Kamila said...

É verdade, Andressa. Quando eu cursei a faculdade, também vi a dificuldade que é fazer crônicas. A gente pensa que é fácil.

Rômulo, obrigada pela dica. Não sabia que as crônicas tinham sido tiradas destes dois livros. Vou procurar encontrá-los.

Bom final de semana!

Museu do Cinema said...

O Veríssimo é craque, pena que ele torça pelo Internacional, mas ele mesmo reconhece esse deslize de sua carreira.

Gostei do inicio do seu texto Kamila, como jornalista que é, nos deu uma pequena amostra do seu universo.

Kamila said...

Cassiano, é mesmo. O Veríssimo é colorado doente. Gosto muito dos textos dele e obrigada!

Bom final de semana!

Romeika said...

Kamila, ótimo texto! Acho que esse problema que vc apontou ao fim é comum nesses livros que apresentam uma colagem de diversos materias da carreira de um escritor. Bom fds!

Kamila said...

Obrigada, Romeika. Como você mesma disse, esse é um problema mais que comum neste tipo de obra.

Bom final de semana para você também!

Anonymous said...

Não sou muito fã desse estilo literário, talvez por não ter lido muita coisa do gênero - aliás mal conheço as obras do Veríssimo. De qualquer forma seu texto está muito bom! E legal você estar lendo esse sobre o 11 e Setembro (já me recomendaram, mas foi outro que ainda não conferi).

Abraço ;-)

Kamila said...

Vinícius, minha irmã que me emprestou esse livro. O meu cunhado gosta do trabalho do Ivan Sant'anna (leu "Caixa Preta", o outro livro dele) e me recomendou a leitura deste aqui. Estou só no começo e espero que eu goste.

Victor said...

Veríssimo manda muito! Mas não cheguei a ler nenhum livro dele...
O problema é que na internet o que andam divulgando de texto que não é dele como se fosse, é brincadeira!
And so it is...

Beju kamila! E...Ótimo texto mais uma vez!

Kamila said...

Obrigada, Victor. Realmente, o que tem de gente se fazendo passar por Veríssimo por aí, não é brincadeira. Esse negócio de divulgação de texto na Internet é uma coisa séria.

Beijos.

Matheus Pannebecker said...

Já li bastantes livros de Luis Fernando - entre eles A Mesa Voadora, Comédias Para se Ler na Escola, O Analista de Bagé e O Melhor das Comédias da Vida Privada. O meu favorito dele é A Mentira Que Os Homens Contam. Apesar de eu achar suas crônicas bem bobas (prefiro mil vezes a obra de seu pai, Érico, que escreveu a histórica trilogia de O Tempo e o Vento), me diverti bastante lendo esse livro.

Kamila said...

Matheus, eu gosto das crônicas do Veríssimo, mas concordo. A obra do pai dele é bem melhor. Adoro "Clarissa", um livro que li de um fôlego só.

Rafael Carvalho said...

Foi com esse livro que eu descobri o talento do Veríssimo e sua capacidade que fazer graça com o cotidiano. Conheço um pessoal que faz teatro e adapta muita coisa do veríssimo no palco. Muito bom.

Kamila said...

Rafael, o Veríssimo é craque em fazer graça com o cotidiano. As crônicas dele são excelentes. Se não me engano até, "As Mentiras que os Homens Contam" foi adaptada em uma peça teatral.