
Além dessa discussão sobre o poder, o roteiro do filme – que é baseado no poema épico “Beowulf” – fala sobre as figuras do herói e do mártir. No primeiro ato de “A Lenda de Beowulf”, quando Hrothgar – um governante que adorava festas e bebidas – era o rei, uma pessoa como Beowulf – um guerreiro destemido e pronto para morrer em troca de glória – era o ideal máximo que alguém poderia atingir. Já no segundo ato, quando Beowulf assume o poder e o posto de marido da rainha Wealthow (Robin Wright Penn), os heróis estão fora de moda. As pessoas idealizam os mártires – aqueles que dão sua vida em grandes batalhas e passam a fazer parte das grandes lendas, cantos e poemas épicos.
“A Lenda de Beowulf” é o segundo filme feito pelo diretor Robert Zemeckis (cujas obras mais famosas são “Náufrago”, “Revelação” e “Forrest Gump – O Contador de Histórias”) com o uso da técnica de captação de performances – quando sensores são colocados nos atores para captar seus movimentos e os traços de seus rostos para termos uma sensação o mais próxima possível da realidade. O experimento é bastante interessante e já provou dar resultados excelentes – como foi o caso da criatura Gollum na trilogia “O Senhor dos Anéis”, de Peter Jackson. No entanto, em “A Lenda de Beowulf”, mesmo com a excelente qualidade técnica do trabalho em animação que é feito por Robert Zemeckis, existe ainda muito trabalho a ser feito pela sua equipe, no que diz respeito ao aprimoramento deste conceito, já que, não importa se os personagens estão tristes, felizes, apreensivos ou nervosos, a face deles continua impassível – o que faz com que seja difícil a gente se entregar à trama do filme.
Cotação: 6,0
A Lenda de Beowulf (Beowulf, EUA, 2007)
Diretor(es): Robert Zemeckis
Roteirista(s): Neil Gaiman, Roger Avary
Elenco: Robin Wright Penn, Anthony Hopkins, John Bilezikjian, Brice H. Martin, Sonje Fortag, Sharisse Baker-Bernard, Charlotte Salt, Julene Renee, Greg Ellis, Rik Young, Sebastian Roché, Leslie Harter Zemeckis, John Malkovich, Woody Schultz, Tyler Steelman
12 comments:
Concordo com sua ressalva no último paragrafo, no mais, achei um empolgante, divertido e genuíno filme de aventura. O visual cativou muito, o elenco, e a trama me conquistou, principalmente os personagens, dos quais adorei. Porém, consigo entender as pessoas que não irão gostar.
Nota 8,0
Ciao!
Wally, a minha ressalva maior em relação ao filme foi essa que eu citei em meu texto, mas achei a história bem conduzida pelo Zemeckis e os personagens bem interessantes.
É Kamila, eu passo longe desse Beowulf, essa coisa do Zemeckis transformar ator em desenho, ou desenho em ator, sei lá, acho piração demais, e ainda acho que ele concentra esforços demais na tecnologia em detrimento do conteúdo, coisa mais importante num filme.
Como diria Marlon Brando em APOCALIPSE NOW: "O horror... o horror..."
;-)
Cassiano, sua impressão é correta. O Zemeckis privilegia mesmo a técnica em detrimento do conteúdo. O que é uma pena.
Otavio, não é tão horrível assim, mas poderia ser melhor. :-)
Beijos.
Eu fiz sessão dupla com Encantada e esse filme
eu achei um deslumbre visual sem duvida e que Jolie está sensacional, eu vi gritos para ela e tudo mais.
porém achei o roteiro muito limitado mas pelo menos manteve a linguagem épica da trama ...
e não ver esse filme no cinema é vacilo
beijos e abraços ...
Kamila, eu acho que o Zemeckis sempre foi fascinado por inovações de linguagem.
Antes, ele transformava essa paixão em filmes criativos e divertidíssimos. Agora, pelo menos em BEOWULF (pq até gosto de O EXPRESSO POLAR), ele acha que o motion capture vale um filme inteiro. Acho que a criatura (o Grendel) até valeria um esforço, como o Gollum, de O SENHOR DOS ANÉIS. Mas daí a digitalizar todos os atores??
Estou muito triste com o Sr. Zemeckis...
Bjs!
Kamila, estava com vontade de ver o filme por causa dessa proposta do diretor, mas a sua afirmacao final me deixou com o pe atras..Do que adianta a qualidade exemplar da tecnica se os personagens nao transmitem a emocao que deveriam passar? Vou pensar a respeito..
Ah, vi que vc assistiu Piaf!:-) Apesar de nao ter comentado aqui ha um tempinho, quase que diariamente visitei o seu blog (e varios outros). Eh incrivel como a maioria dos que viram o filme concorda no mesmo ponto, de que apesar de algumas falhas, o filme se salva pela Cotillard.
É extraordinário o avanço da técnica entre EXPRESSO POLAR e BEOWULF. Textura da pele, cabelo, tecido, etc. O estrabismo ainda é um ponto fraco, mas acho que será resolvido. Zemeckis está realmente empolgado com a técnica.
João, na sessão em que eu estava também tivemos gritos para Angelina Jolie. Gostei do roteiro e do visual. O que me incomodou mesmo foi o olhar morto dos "atores".
Otavio, eu gosto de "Expresso Polar" e do experimento do Zemeckis. Acho interessante ver os atores digitalizados. Se todos os personagens de "Beowulf" tivessem os mesmos sentimentos que o Grendel, minha impressão do filme seria totalmente diferente.
Romeika, a Marion Cotillard é "Piaf". Acho que o filme atua contra ela.
Marfil, também estou empolgada com a técnica do Zemeckis. Acho que houve sim a evolução entre os dois filmes que ele fez com essa técnica. Por isso, estou otimista por melhoras no que diz respeito ao sentimento dos atores digitais.
Beijos.
Pelo que vejo, as opiniões a respeito do filme estão bem diversificadas, mas parece que todos encontraram algum aspecto de decepção em "Beowulf". Gosto muito de "O Expresso Polar" e devo ver essa nova aventura do Robert Zemeckis ainda nessa semana.
Vinícius, eu adoro "O Expresso Polar" e acho que "Beowulf" melhora certos aspectos da técnica de captação de performance, mas precisa mesmo ver essa questão do olho morto dos atores digitais.
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