Não tem o fascínio da Terra Média. Ou a magia de Nárnia. Mas, o universo no qual se situa a história de “A Bússula de Ouro”, do diretor Chris Weitz (que também escreveu o roteiro baseado na obra de Philip Pullman), tem seu próprio charme. Por mais que nele habitem grupos exóticos, feiticeiras, animais com vida e vontade próprias e exista aquela obrigatória profecia, chama a atenção o fato de que o mundo de “A Bússula de Ouro” é muito próximo daquilo que chamamos de realidade.
E este não seria um mundo se não tivesse um grande conflito. O de “A Bússula de Ouro” concentra dois elementos que são bastante contraditórios: a fé e a ciência. De um lado, o Magistério com sua vontade de controlar os seres humanos. De outro, os estudiosos que lembram ao primeiro time que a influência deles não será aceita tão facilmente.
No meio disso, encontramos a garota órfã Lyra Belacqua (a talentosa Dakota Blue Richards, que faz a sua estréia como atriz). Criada pelo tio Lorde Asriel (Daniel Craig) na Faculdade Jordan, Lyra – como toda criança – é bastante curiosa e tem avidez pelo conhecimento. Quando é tomada como protegida por Marisa Coulter (Nicole Kidman), criadora do projeto que molda crianças de acordo com a vontade do Magistério, Lyra se revela uma predestinada. Escolhida como a guardiã da última Bússula de Ouro do universo (o objeto é bastante cobiçado pelos membros do Magistério, pois tem a capacidade de revelar a verdade absoluta), Lyra tem como primeira luta acabar com o projeto de Coulter – e, conseqüentemente, resgatar seus dois amigos Billy Costa (Charlie Rowe) e Roger (Ben Walker).
“A Bússula de Ouro” não é uma adaptação tão redonda quanto a trilogia “O Senhor dos Anéis”. Ou possui uma história tão violenta quanto “As Crônicas de Nárnia – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”. E isso, necessariamente, não é um bom sinal. A excelência técnica do filme – em que se destacam a fotografia de Henry Braham; a direção de arte de Dennis Gassner, Richard L. Johnson, Chris Lowe e Andy Nicholson; os figurinos de Ruth Myers e os efeitos visuais – não consegue mascarar o grande problema de “A Bússula de Ouro”: o roteiro. Com exceção de Lyra Belacqua e do urso cachaceiro Iorek Byrnison (dublado por Ian McKellen), os personagens restantes são muito mal construídos. Isso é notável nos casos de Marisa Coulter, Lorde Asriel e da feiticeira Serafina Pekkala (a francesa Eva Green). Se os produtores de “A Bússula de Ouro” prestarem atenção ao filme, saberão que este é o elemento a melhorar nas continuações.
Cotação: 6,5
A Bússola de Ouro (The Golden Compass, EUA, Inglaterra, 2007)
Diretor(es): Chris Weitz
Roteirista(s): Chris Weitz com base no livro de Philip Pullman
Elenco: Nicole Kidman, Daniel Craig, Dakota Blue Richards, Ben Walker, Nonso Anozie, Eva Green, Jim Carter, Tom Courtenay, Charlie Rowe, Clare Higgins, Steven Loton, Sam Elliott, Simon McBurney, Jack Shepherd, John Bett
E este não seria um mundo se não tivesse um grande conflito. O de “A Bússula de Ouro” concentra dois elementos que são bastante contraditórios: a fé e a ciência. De um lado, o Magistério com sua vontade de controlar os seres humanos. De outro, os estudiosos que lembram ao primeiro time que a influência deles não será aceita tão facilmente.
No meio disso, encontramos a garota órfã Lyra Belacqua (a talentosa Dakota Blue Richards, que faz a sua estréia como atriz). Criada pelo tio Lorde Asriel (Daniel Craig) na Faculdade Jordan, Lyra – como toda criança – é bastante curiosa e tem avidez pelo conhecimento. Quando é tomada como protegida por Marisa Coulter (Nicole Kidman), criadora do projeto que molda crianças de acordo com a vontade do Magistério, Lyra se revela uma predestinada. Escolhida como a guardiã da última Bússula de Ouro do universo (o objeto é bastante cobiçado pelos membros do Magistério, pois tem a capacidade de revelar a verdade absoluta), Lyra tem como primeira luta acabar com o projeto de Coulter – e, conseqüentemente, resgatar seus dois amigos Billy Costa (Charlie Rowe) e Roger (Ben Walker).
“A Bússula de Ouro” não é uma adaptação tão redonda quanto a trilogia “O Senhor dos Anéis”. Ou possui uma história tão violenta quanto “As Crônicas de Nárnia – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”. E isso, necessariamente, não é um bom sinal. A excelência técnica do filme – em que se destacam a fotografia de Henry Braham; a direção de arte de Dennis Gassner, Richard L. Johnson, Chris Lowe e Andy Nicholson; os figurinos de Ruth Myers e os efeitos visuais – não consegue mascarar o grande problema de “A Bússula de Ouro”: o roteiro. Com exceção de Lyra Belacqua e do urso cachaceiro Iorek Byrnison (dublado por Ian McKellen), os personagens restantes são muito mal construídos. Isso é notável nos casos de Marisa Coulter, Lorde Asriel e da feiticeira Serafina Pekkala (a francesa Eva Green). Se os produtores de “A Bússula de Ouro” prestarem atenção ao filme, saberão que este é o elemento a melhorar nas continuações.
Cotação: 6,5
A Bússola de Ouro (The Golden Compass, EUA, Inglaterra, 2007)
Diretor(es): Chris Weitz
Roteirista(s): Chris Weitz com base no livro de Philip Pullman
Elenco: Nicole Kidman, Daniel Craig, Dakota Blue Richards, Ben Walker, Nonso Anozie, Eva Green, Jim Carter, Tom Courtenay, Charlie Rowe, Clare Higgins, Steven Loton, Sam Elliott, Simon McBurney, Jack Shepherd, John Bett
11 comments:
Kamila, esse filme me decepcionou tanto que fico muito triste só de comentar a respeito.
Vc quer saber? Depois de discordar tanto do Cassiano (por muitas vezes, é verdade), eu começo a ver o cinemão cada vez mais artificial e burocrático.
Acho que o Chris Weitz nunca assistiu a O MÁGICO DE OZ...
Pode me chamar de vintage, mas eu sou eu.
E seja bem-vinda de volta, querida Kamila!
Bjs!
Obrigada, Otavio. Estou feliz de estar de volta, com todas as baterias recarregadas e pronta para mais um ano de cinema.
A BÚSSULA DE OURO não foi uma decepção para mim, porque eu nem tinha muitas expectativas em relação ao filme.
E o cinemão sempre foi artificial e burocrático. Só se torna diferente quando um talento melhor está próximo ao projeto, caso da trilogia do Jason Bourne.
Mas, não perca as esperanças. Teremos cinemão bom em 2008 com Indy e, se Deus quiser, "The Incredible Hulk".
Beijos.
Eu também não tinha muitas expectátivas Kamila, e acabei gostando. Tem suas falhas, inúmeras por sinal, sejam os buracos no roteiro, personagens mal desenvolvidos e tramas mal exploradas. Mas o fato é que me consgeuiu divertir com seu escapismo e seus cativantes visuais e uma parte técnica maravilhosa. Realmente não é nenhuma Terra Média, mas fica no mesmo nível de Narnia. Alias, achei a Bússola um filme de fantasia muito mais maduro, mesmo que falte um pouco mais de senso mágico.
Nota 7,5
E sim, esqueci, sobre Cidade dos Sonhos. Me apaixonei pelo filme Kamila, pois apesar de imensamente complexo, é um filme que trabalha nos sentimentos. E ele me deixou sentindo como pouquíssimos filmes deixam. A cena do "Silencio" acabou de se tornar uma das mais belas do cinema, me arrepio todo. E é um filme que foge do convencional, burla as regras, imagina, ousa e inventa. Adoro isso, e não resisti. Para mim, isto que é cinema de verdade.
ps: sempre achei Ewald Filho uma enganação, basta ler uma de as críticas onde ele ataca até mesmo os traços dos atores (isso, traços, não expressões). Me desculpe se voce gosta dele, mas eu não perco meu tempo.
Ciao!
Até que não considero esse filme uma decepção. Quer dizer, assim como todos esperava mais, porém nunca pensei que pudesse chegar ao nível de um "Senhor dos Anéis", por exemplo. Concordo com muito do que você escreveu aqui, especialmente em relação à construção dos personagens - ainda assim, a menina Dakota Richards e Nicole Kidman conseguem se destacar (ao contrário do Daniel Craig e da Eva Green, desperdiçados). A parte técnica acaba sendo o ponto mais alto mesmo, infelizmente...
Abraço e bem-vinda!
Wally, eu ainda gosto bem mais de "As Crônicas de Nárnia". A BÚSSULA DE OURO foi um filme agradável, divertido e acho que, corrigindo os erros de desenvolvimento de personagens, pode se transformar numa boa franquia.
Não gosto do Ewald Filho, mas acho que a frase dele sobre o David Lynch resume bem o que eu sinto em relação ao trabalho do diretor. CIDADE DOS SONHOS, para mim, como te disse, só vale mesmo pela atuação da Naomi Watts. No resto, ainda continuo sem entender nada.
Vinícius, também achei a Nicole Kidman meio desperdiçada no filme. Tinha a impressão de que Marisa Coulter seria uma personagem muito mais importante para a história do que acabou sendo. A BÚSSULA DE OURO vale mesmo pela parte técnica.
Beijos e obrigada.
É, pelo visto Bússola Dourada é mais mediano do que imaginei. Pelo menos achei melhor que Nárnia, muito aquém de toda a força que a história original propõe, sem falar no elenco terrível do filme. A Bussola de Ouro é um filme, mais ou menos, mas ainda assim supera alguns que prometeram bem mais.
FELIZ ANO NOVO!!! ^^
Luciano, me permita discordar porque eu ainda considero AS CRÔNICAS DE NÁRNIA o melhor dos filhotes de O SENHOR DOS ANÉIS.
Obrigada e feliz ano novo para você também!
Kamila, concordo em todos os pontos que vc tocou, e só acrescentaria a edição apressada do filme e a falta do didatismo do mesmo, com aquela questão do pó (nem lembro mais..) etc..
Adorei o urso cachaceiro e a menina se saiu muito bem no papel, ainda que não tenha me conquistado tanto quanto a Georgie Henley na época do lançamento de Nárnia (que tb concordo, é melhor do que esse filme). Adorei a introdução do texto!
Beijos e bom fds
:-)
Romeika, eu até agora estou sem entender o que é o pó. Talvez, na continuação a gente possa compreender o que é isso.
A Dakota Blue Richards é muito talentosa. Mas, falta a ela o carisma da Georgie Henley.
Beijos e bom final de semana para você também!
Eu não sou muito chegado a estes épicos mágicos. Nem não acho a adaptação de Senhor dos Anéis tão boa assim. Eu li o livro quando era moleque, e lembro de ter ficado bem impressionado. No trabalho de Peter Jackson, o que me impressionou foi só a recriação do Condado. E só. Aquela vontade de não terminar a leitura passa longe no filme.
Nem me animo de ver esse aí...
Bjs!
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