Tudo o que você precisa saber sobre Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis, numa performance que lhe rendeu o Oscar 2008 de Melhor Ator), o personagem principal de “Sangue Negro”, filme do diretor e roteirista Paul Thomas Anderson, está nas primeiras cenas da obra. Plainview é dedicado, trabalhador, obstinado e um visionário. Em poucos anos, sai da posição de um mísero garimpeiro para a de magnata do petróleo. E, para chegar a esse ponto, Daniel segue fielmente princípios que considera importantes como família, ambição e riqueza nos negócios.
Estas características não só marcam a personalidade de Daniel Plainview. Tais valores são extremamente familiares à sociedade norte-americana. Desde cedo, eles são acostumados à competição e, por isso, são estimulados a continuarem seguindo o propósito de tantas outras gerações: seguir uma boa carreira e ter um padrão de vida imponente. Para ilustrar essa gana norte-americana, Paul Thomas Anderson centra toda a sua trama em uma matéria-prima tão cobiçada pela terra do Tio Sam: o petróleo.
Baseado livremente no livro “Oil”, de Upton Sinclair, “Sangue Negro” mostra a ascensão social – e comercial – de Daniel Plainview. Dono de um negócio familiar – seu sócio é o filho H.W. Plainview (Dillon Freasier) –, Daniel vai em busca de oportunidades em uma pequena comunidade chamada Little Boston. Lá, o empresário compra praticamente todos as fazendas e expande seus negócios. Na medida em que vai sendo, cada vez mais, consumido pela ganância, Daniel começa a ser confrontado com a figura antagônica de Eli Sunday (Paul Dano, excelente), pastor de uma igreja local, e que tem a função de relembrar Daniel dos pecados que ele tenta tão bem esconder.
Cinco anos separam “Embriagado de Amor” de “Sangue Negro”. Nesse meio tempo, Paul Thomas Anderson ajudou Robert Altman (diretor com quem ele é constantemente comparado) a finalizar “A Última Noite”. O que este último trabalho do diretor e roteirista nos mostra é muita maturidade. Anderson fez um verdadeiro épico sobre como a ganância e a ambição podem consumir tanto um homem a ponto de ele não ter medo de tirar ninguém de seu caminho. O filme não é daqueles que causa um efeito imediato na platéia. Ele exige tempo, consideração e vontade de compreender suas nuances. Características essas que fazem de um filme uma obra permanente e que ultrapassará a barreira do tempo.
Cotação: 8,5
Sangue Negro (There Will Be Blood, EUA, 2007)
Diretor(es): Paul Thomas Anderson
Roteirista(s): Paul Thomas Anderson (com base no livro de Upton Sinclair)
Elenco: Daniel Day-Lewis, Paul Dano, Martin Stringer, Kevin J. O'Connor, Jacob Stringer, Matthew Braden Stringer, Ciarán Hinds, Dillon Freasier, Joseph Mussey, Barry Del Sherman, Russell Harvard, Harrison Taylor, Stockton Taylor, Colleen Foy, Paul F. Tompkins, Kevin Breznahan
Estas características não só marcam a personalidade de Daniel Plainview. Tais valores são extremamente familiares à sociedade norte-americana. Desde cedo, eles são acostumados à competição e, por isso, são estimulados a continuarem seguindo o propósito de tantas outras gerações: seguir uma boa carreira e ter um padrão de vida imponente. Para ilustrar essa gana norte-americana, Paul Thomas Anderson centra toda a sua trama em uma matéria-prima tão cobiçada pela terra do Tio Sam: o petróleo.
Baseado livremente no livro “Oil”, de Upton Sinclair, “Sangue Negro” mostra a ascensão social – e comercial – de Daniel Plainview. Dono de um negócio familiar – seu sócio é o filho H.W. Plainview (Dillon Freasier) –, Daniel vai em busca de oportunidades em uma pequena comunidade chamada Little Boston. Lá, o empresário compra praticamente todos as fazendas e expande seus negócios. Na medida em que vai sendo, cada vez mais, consumido pela ganância, Daniel começa a ser confrontado com a figura antagônica de Eli Sunday (Paul Dano, excelente), pastor de uma igreja local, e que tem a função de relembrar Daniel dos pecados que ele tenta tão bem esconder.
Cinco anos separam “Embriagado de Amor” de “Sangue Negro”. Nesse meio tempo, Paul Thomas Anderson ajudou Robert Altman (diretor com quem ele é constantemente comparado) a finalizar “A Última Noite”. O que este último trabalho do diretor e roteirista nos mostra é muita maturidade. Anderson fez um verdadeiro épico sobre como a ganância e a ambição podem consumir tanto um homem a ponto de ele não ter medo de tirar ninguém de seu caminho. O filme não é daqueles que causa um efeito imediato na platéia. Ele exige tempo, consideração e vontade de compreender suas nuances. Características essas que fazem de um filme uma obra permanente e que ultrapassará a barreira do tempo.
Cotação: 8,5
Sangue Negro (There Will Be Blood, EUA, 2007)
Diretor(es): Paul Thomas Anderson
Roteirista(s): Paul Thomas Anderson (com base no livro de Upton Sinclair)
Elenco: Daniel Day-Lewis, Paul Dano, Martin Stringer, Kevin J. O'Connor, Jacob Stringer, Matthew Braden Stringer, Ciarán Hinds, Dillon Freasier, Joseph Mussey, Barry Del Sherman, Russell Harvard, Harrison Taylor, Stockton Taylor, Colleen Foy, Paul F. Tompkins, Kevin Breznahan
14 comments:
Bom, Kamila... Eu daria nota 10! Mas vc disse bem aí no fim: "O filme não é daqueles que causa um efeito imediato na platéia. Ele exige tempo, consideração e vontade de compreender suas nuances. Características essas que fazem de um filme uma obra permanente e que ultrapassará a barreira do tempo."
Muito bem!
Bjs!
Esse AINDA nao chegou aqui. Uma pena. Belo texto e me deixou ainda mais intrigado. Quem sabe chega essa semana?
Ciao!
Otavio, "Sangue Negro" é um ótimo filme, mas eu não daria nota 10.
Wally, foi uma grande sorte "Sangue Negro" ter estreado em Natal. Espero que o filme chegue logo por aí!
Palmas para seu último parágrafo, Kamila. Considero Sangue Negro um filme imortal justamente por lidar com traços humanos inalteráveis e brincar com isso de uma forma singular. Sangue Negro é o melhor filme de 2008, para mim.
Abraço!
Kamila,
Parabéns pelo texto inteligente. Como não sei seu e-mail,
utilizo-me deste espaço para lhe solicitar uma entrevista para o meu blogue Crônica de Cinema.
O meu e-mail é: m7fonseca@bol.com.br
Agradecido,
Marcelo
Luciano, obrigada. Acho que eu ainda preciso de mais consideração para ver "Sangue Negro" como o melhor de 2008, até agora.
Marcelo, obrigada. Entrarei em contato com você.
Kamila, pelo final do seu texto, pensei que vc tinha dado uma nota bem alta ao filme. Ateh agora vi todos os indicados ao Oscar de melhor filme, menos esse, que eu espero, seja o melhor entre todos, como dizem por aih.
Romeika, por incrível que pareça, meu filme favorito entre os indicados ao Oscar desse ano é "Juno".
Kamila, para "Sangue Negro" eu dei nota 9,5. É um filme assustadoramente perfeito tecnicamente, abusa de um roteiro bastante universalizado, conta com atuação arrasadora de Day-Lewis e um excelente Paul Dano, sem falar da direção pra lá de competente de Paul Thomas Anderson.
Gostei muito, é um filme com ares de clássico, e ao classificá-lo como "obra permanente que ultrapassará o tempo", creio que você foi bem feliz. É isto mesmo; como "Cidadão Kane", filme que por muitas vezes "Sangue Negro" é comparado, esta adaptação do livro "Oil" deve imprimir-se como um dos grandes filmes da atualidade, e vai merecer, pois ele realmente o é.
Abraços e boa noite!
Perfeito, Kamila! Adorei a resenha. Principalmente por ter lembrado de Paul Dano. Realmente foi uma injustiça ele não estar entre os indicados para Ator Coadjuvante.
Sangue Negro é um filme diferenciado e, bem como você disse, exige tempo. Inclusive vi muita gente deixar o cinema na metade do filme. Mas, fiquei com pena deles...
9,0
Abraço!!!
Kamila, não achei que gostaste muito dessa obra, mas enfim...
O grande lance do filme é que ele tem esse leque de entendimento amarrado nele. Vc enxergou essa coisa do capitalismo enraizado na cultura norte-americana, que é evidente na obra de Upton, mas que achei apagado no filme, é uma obra de discussão, o que por si só já o torna uma obra-prima.
Discutir esse filme, mais do que uma necessidade, é um prazer para mim.
Li alguns comentários aqui sobre sua nota, eu nem vi, confesso, (vi agora), mas esse filme é muito além disso! Um socialista discutiria o capitalismo, um humanista discutiria a personalidade de Plainview, um poeta discutiria a vida mundana dele e um matemático ficaria horrorizado com tamanha falta de sensibilidade.
Kamila, ótima resenha, como sempre.
Suas ultimas frases resumenm bem oque ele é: Uma obra que será analisada com diferentes tempos, e por diferentes visoes.
Me chamou muita a atençao , a trilha sonora, que lembra muito filmes de Kubrick com sua parceria com Ligetti.
Vi o filme e contnuei pensando nele por uns 5 dias, analisando e fazendo as consideraçoes.Estou louco pra ver novamente.
Weiner, concordo em tudo, menos na nota! :-)
Ramon, também achei uma injustiça o Dano ter ficado de fora do Oscar. Ele não se intimidou com o Daniel Day-Lewis e o enfrentou de igual para igual.
Pedro, isso não aconteceu durante a minha sessão de "Sangue Negro". Ocorreu durante a sessão de "Jogo de Cena" - o que me impressionou bastante.
Cassiano, como eu disse na minha resenha, "Sangue Negro" não causa uma reação imediata. Precisamos de tempo para compreendê-lo. Esta foi a minha primeira reação. Depois, pensando melhor sobre o filme, posso mudar - de maneira positiva - muitas de minhas opiniões a respeito da obra.
Rogerio, eu também preciso assistir a "Sangue Negro" novamente. Acho que ainda tenho muita coisa a ver no filme.
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