Thursday, November 17, 2005

Marcas da Violência (A History of Violence, 2005)



O diretor David Cronenberg faz parte de uma escola cinematográfica em que ele e o diretor David Lynch são os membros mais ilustres. Tanto Lynch quanto Cronenberg são conhecidos pelos filmes que fogem de uma temática mais convencional e que, por isso mesmo, são cultuados com fervor pelos cinéfilos de gosto mais apurado. Em 1999, David Lynch flertou com um cinema mais acessível com o belo e sensível “História Real”. Agora, é a vez de David Cronenberg provar que também sabe fazer filmes para a massa.

Baseado em uma graphic novel, “Marcas da Violência” conta a história de Tom Stall (Viggo Mortensen, na melhor atuação de sua carreira), um homem que vive em uma cidade pacata ao lado da esposa Edie (Maria Bello, também excelente) e dos dois filhos. Tom é o proprietário de um restaurante e membro distinto da comunidade local. Quando o seu estabelecimento é assaltado, Tom reage e mata os dois assaltantes. Alçado à condição de herói local e tendo o seu rosto estampado em jornais e matérias de TV, Tom recebe a visita de um homem misterioso (Ed Harris), que revela um grande segredo de seu passado.

A partir destes acontecimentos, David Cronenberg começa a fazer de seu filme uma grande peça de reflexão. De uma maneira ou de outra, o diretor coloca os seus personagens em contato com a violência, seja na forma do assalto, de brigas entre colegas de escola ou entre casais e de um xingamento no trânsito – até mesmo o ato sexual ganha contornos mais fortes. Ao entrarem em contato com estes atos, os personagens passam a ser definidos pelas reações que eles têm e começam a ser vistos com outros olhos não só dentro do filme, como fora dele (pelos espectadores).

“Marcas da Violência” carrega em si o característico talento visual de David Cronenberg. O apelo para imagens fortes é totalmente justificável, pois reforça a maior intenção do filme: mostrar quais os efeitos que um ato de violência podem ter na vida de uma família aparentemente perfeita, ao mesmo tempo em que incita outro tipo de debate: claramente a violência já está dentro de cada ser humano, mas o que os leva a querer colocá-la para fora?

3 comments:

Anonymous said...

Sabia que vc iria fazer o paralelo desse filme com "história real"! Vc tirou as palavras da minha boca: sem dúvida a melhor atuação da carreira dele, e já tá na minha lista de melhores atuações do ano (e Maria Bello também)

Adorei a estréia de "cidade baixa", tô supercuriosa pra ver esse filme...e acho que o filme do Russel Crowe não vai mais passar aqui,não:/..

Afff

Vou ser visita frequente por aqui, viu?

bjos

Kamila said...

Romeika, eu tinha que fazer um paralelo com "História Real". Pois tanto este filme quanto o "Marcas de Violência" destoam das filmografias de seus diretores sem manchar a obra deles.

Acho que só vou começar a colocar as cotações quando for colocar meu top 10 no final do ano. Aí, vai dar para se ter uma idéia do que eu achei da maioria dos filmes que eu vi neste ano.

Assista mesmo "Cidade Baixa". É um filme diferente, interessante e um dos melhores que eu vi neste ano.

Seja mesmo uma visitante frequente. Gosto muito dos seus comentários!

Pedro Henrique Gomes said...

Após o sucesso de Senhores do Crime, Marcas da Violência deve ser mais procurado agora por quem não viu esse belo filme.