Tuesday, August 15, 2006

Click (2006)


Hoje em dia, cada vez menos as pessoas têm tempo para se dedicar com afinco às suas atividades pessoais e profissionais. Em conseqüência disso, as pessoas acabam privilegiando – em diferentes momentos de suas vidas – ou o lado profissional ou o lado pessoal. Esse não é o caso do arquiteto Michael Newman (Adam Sandler), que coloca sempre o trabalho (e a possibilidade de se tornar sócio da empresa em que está empregado) em primeiro lugar, em detrimento de sua esposa Donna (Kate Beckinsale, que tem seu talento completamente mal aproveitado neste filme) e dos filhos Ben (Joseph Castanon) e Samantha (Tatum McCann).

Enquanto controla a mão de ferro a sua vida profissional, tomando cuidado com cada passo que dá, Michael experimenta um certo descontrole em sua vida pessoal. Ele não consegue nem dar a atenção certa à esposa e aos filhos, quanto mais descansar em seu próprio lar. Por isso, em um momento de raiva, Michael sai pela noite em busca de uma loja que lhe venda um controle remoto universal – do tipo que controla todos os equipamentos eletrônicos. Ele encontra o tal produto na loja “Bad, Bath & Beyond” com o “vendedor” Morty (Christopher Walken). No entanto, ao invés de facilitar a vida de Michael, o controle remoto universal vai só trazer ainda mais descontrole para a vida do arquiteto, afinal o produto tem a capacidade de controlar todos os acontecimentos de sua vida.

Quem assistiu ao trailer de “Click”, filme do diretor Frank Coraci, e teve a oportunidade de assistir ao filme em si, saberá que o trailer vende um filme completamente diferente daquele que a platéia acaba assistindo. Enquanto a platéia assiste Michael se divertindo feito uma criança ao descobrir os recursos infinitos do seu controle remoto universal, “Click” é um filme bastante engraçado. No entanto, quando o filme entra em um viés mais dramático em que é mostrado o preço que Michael paga ao avançar no tempo para conseguir de maneira mais rápida aquilo que ele mais desejava (a promoção no trabalho), “Click” se perde nas suas próprias armadilhas para querer ser levado mais à sério.

Ao que tudo indica, o ator e produtor Adam Sandler tomou como exemplo profissional o seu amigo (e também) comediante Jim Carrey. Tanto Sandler quanto Carrey tiveram um começo de carreira parecido e participaram de programas de televisão antes de alcançarem a fama e o sucesso fazendo filmes de comédia. Carrey deu um passo à frente de seus companheiros comediantes quando abraçou papéis de cunho mais dramático (como os do filme “O Show de Truman” e “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”) alcançando o reconhecimento que lhe faltava – o da crítica. Já Sandler colheu elogios pela sua performance em “Embriagado de Amor”, filme do diretor Paul Thomas Anderson; e, desde então, só tem feito os filmes que são produzidos pela sua própria produtora (a Happy Madison). “Click” é o seu “Todo Poderoso” (filme em que Carrey interpreta um jornalista que recebe os poderes divinos das mãos do próprio Deus), mas ainda falta a Sandler o carisma que Carrey possui – e isso, infelizmente, Sandler não pode copiar do amigo.

Cotação: 3,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies

5 comments:

Anonymous said...

Esse filme me lembra uma redação que fiz na 7ª série onde contava uma história muito bonita e no final das contas era tudo sonho. Kkkkkk...

Museu do Cinema said...

Kamila, o filme tem lá seus momentos, mas a ideia (originalissima) se perde para virar The Family Man (2000) com Nicolas Cage.

Colocando em bom português, prefiro o segundo.

Kamila said...

Eu também prefiro "Um Homem de Família", Cassiano. Um filme muito mais bonito e que emociona muito mais.

Anonymous said...

Kamila, não poderia deixar de concordar com a nota que vc deu ao filme. Fui ao cinema esperando assistir a uma comédia (bobinha, diga-se de passagem, como denunciava o trailer), mas o rumo que tomou o roteiro, com aquelas reviravoltas sem sentido foi abaixo do que eu esperava. O que danado era aquilo? *SPOILER* Primeiro o Morty era um "vendedor", ou quem sabe, um cientista maluco no melhor estilo "De Volta para o futuro", depois o cara vira um "anjo", depois quando pensamos que tudo aquilo não passou de um sonho, vem aquele bilhetinho no final "sugerindo" que aquilo de fato aconteceu e ele recebeu "uma nova chance" de voltar ao passado e começar de novo :-S (!!!) Quando o filme se volta para o dramático, o resultado é tão caricato e artificial (aquela cena na chuva é podre, e acredite, ouvi gente chorando no cinema..rsrsrs..)..

Kamila said...

Concordo plenamente, Romeika. O filme vai indo bem, mas quando começam as reviravoltas, o diretor perde o rumo de vez e, quando ele tenta consertar as coisas, o soneto sai pior do que a encomenda.