Thursday, August 02, 2007

Em Nome da Honra (Catch a Fire, 2006)

Quando uma pessoa se depara com um regime autoritário, ela pode agir de duas maneiras. Na primeira, mesmo se não concordar com os preceitos do regime, a pessoa decide viver sua vida normalmente, de maneira pacífica, como se nada de anormal estivesse acontecendo. Na segunda, ao invés de ficar presa ao conformismo, a pessoa decide agir e tenta contestar e/ou modificar o que está acontecendo. Na África do Sul dominada pelo Apartheid, Patrick Chamusso (numa atuação fantástica de Derek Luke) faz parte do grupo que age da primeira maneira. Ele tem um bom emprego, é casado com Precious (Bonnie Henna, excelente) e pai de duas garotinhas. Com elas, vive em uma casa própria, tem o seu carro e alguns luxos. A sua atitude mais controversa é manter um segredo de sua esposa: ele tem um filho com uma mulher com quem ele teve um caso extraconjugal.

Tudo isto vai mudar quando Patrick é acusado, injustamente, de orquestrar um ataque terrorista na empresa aonde trabalhava. Mantido prisioneiro por vários dias e depois de muita tortura (até a esposa dele é vítima dos temidos agentes do governo da África do Sul), Patrick é, finalmente, liberado por Nic Vos (Tim Robbins, ótimo) – o líder dos agentes – e volta para casa. Mas, a vida dele nunca será a mesma. Num ímpeto, Patrick decide ir para Moçambique e se alista no exército revolucionário para receber treinamento e aí sim fazer aquilo de que foi erroneamente acusado de cometer.

Os cinéfilos costumam prestar muita atenção nos filmes que recebem espaço na mídia e, por conseqüência, tem uma abertura maior no mercado dos exibidores de cinema. No entanto, existe muito filme bom sendo produzido por aí sem receber a devida atenção de imprensa e, principalmente, da indústria. “Em Nome da Honra” é um deles. O filme é a terceira investida do diretor australiano Phillip Noyce no terreno das tramas políticas. E ele tem se saído muito bem nesse “gênero”, provando que é um dos melhores diretores em atividade. Somente em 2002, ele lançou dois filmes nesse estilo: “Geração Roubada”, que conta a história de três meninas aborígenes que seguem o caminho de uma enorme cerca em busca de sua tribo; e “O Americano Tranquilo”, que relata o conflito que se estabelece entre um repórter inglês no Vietnã e um médico que lutam pela mesma mulher.

Baseado na história real de Patrick Chamusso, “Em Nome da Honra” investe em cima do Apartheid, regime adotado a partir de 1948, na África do Sul e que colocava os brancos (minoria) como detentores do poder, enquanto que os povos restantes eram obrigados a viver de forma separada e seguindo uma série de regras. Tal regime só acabou quando Nelson Mandela foi declarado o presidente do país, em 1994. A partir deste contexto social e político, o roteirista Shawn Slovo e o diretor Phillip Noyce constroem um filme brilhante sobre um tipo de herói como Paul Rusesabagina (que foi retratado no filme “Hotel Ruanda”, de Terry George) ou Oskar Schindler (que foi nos apresentado no filme “A Lista de Schindler”, de Steven Spielberg): aquele que defende o que é correto e que não espera que o pior aconteça. Ele age no agora.

Cotação: 10,0

Crédito Foto: Yahoo! Movies

13 comments:

Museu do Cinema said...

Ouvi falar desse filme Kamila, li até uma crítica falando bem no Variety, mas ele não chegou por aqui.

Anonymous said...

A respeito de alguns filmes anteriores:

Ela é Poderosa: Que bomba, não? E olha que eu a-d-o-r-o a Lindsay Lohan. Ultimamente anda sendo dificil acreditar num filme que tem no elenco o Dermot Mulroney.

Transformers: Gostei bastante. Michael Bay subiu no meu conceito. O melhor dos blockbusters até o momento.

Rogerio said...

� talvez eu n�o tenha percebido a essencia do filme. Sei que o tema � mais do que nobre, mas acho que o Philip Noyce podia ter acelerado um pouco a trama.

Parabens pelo blog Kamila, tens bastante informa�ao nos posts.
Da uma olhada no meu, que estamos come�ando devagarinho.
abra�o.

Gustavo said...

Aluguei esse filme já tem alguns meses mas não consegui ve-lo. Sua critica me animou para aluga-lo novamente, kamila!

Anonymous said...

Puxa, você gostou mesmo desse filme, não? Confesso que só ouvi falar dele apenas uma vez, na época em que o Derek Luke estava cotado para o Oscar. Nem sabia que foi lançado em DVD. Me interessei pela trama, geralmente gosto desse tipo de filme.

Abraço!

Kamila said...

Cassiano, o filme nem estreou nos cinemas daqui também. Assisti-o em DVD.

Rodrigo, eu também adoro a Lindsay Lohan e fiquei decepcionada com essa escolha dela, até porque ela tinha acertado tanto nos filmes que fez em 2006. O Michael Bay também subiu no meu conceito depois de 'Transformers'.

Bombaata, obrigada pela visita e pelo comentário.

Que bom, Gustavo, que você se interessou em assistir ao filme. É isso mesmo que eu queria fazer: com que mais pessoas descubram esta obra.

Vinícius: pode alugar sem medo o filme. Um dos melhores que eu assisti neste ano e que poderia, sim, ter levado o Derek Luke a uma indicação ao Oscar.

Beijos e bom final de semana!

Wanderley Teixeira said...

Gostou mesmo desse novo do Noyce.Me lembro dele na época do Oscar deste ano.Muitos mencionaram Derek Luke como um dos possíveis indicados,naum foi para frente...Já se passaram duas idas na locadora e quase pego ele,mas sempre aparece algo q chame mais minha atenção.Darei uma conferida assim q puder.

Gustavo said...

Acabei de ver ele Kamila. Gostei bastante, daria um 8 pra ele, acho que até poderia ter sido um pouco mais longo, achei bastante interessante a história, o elenco estava muito bem, principalmente o Derek Luke.

Kamila said...

Wanderley, eu adorei mesmo. Fui duas vezes na locadora somente nesta semana atrás desse filme e dei sorte na minha segunda ida. E a locação valeu a pena.

Gustavo, se você gostou bastante, por quê só dar um 8,0??? :-)

Gustavo said...

Prq não merece nem um 9 nem um 10. =D

Falando sério, apesar de ser um ótimo filme, tem um problema de um tim robbins meio caricato, e de passar essa eterna ideia de "homem branco ruim, negro bom". esses pequenos detalhes me irritam um pouco.

Museu do Cinema said...

Ah sim Kamila, já estava me perguntando se comi mosca.

Anonymous said...

Por incrível que pareça, esse filme não me conquistou, mas darei uma nova chance à ele, vi ele muito mal humorado e com pressa (odeio ver filme com pressa), mas eu até que gostei. Derek Luke ta ótimo, mas senti que faltou algo na direção, apesar do relevante roteiro.

Nota 7,0

Kamila said...

Gustavo, eu não achei um retrato caricato de "homem branco ruim, negro bom". Como o filme é um retrato do Apartheid tem que ser fiel mesmo a estes estereótipos, até porque era isso que acontecia de verdade por lá.

Wally, não é porque eu achei o filme maravilhoso, mas, se eu fosse você, daria uma nova chance ao filme.