Quem vivia, no final dos anos 50, na cidade de Baltimore, aprendeu, desde cedo, que ser diferente era muito errado. Por lá, negros e brancos viviam completamente separados. Enquanto estes poderiam fazer de maneira aberta todas as atividades normais do dia-a-dia, aqueles eram obrigados a se esconder nas salas de suspensão ou nos bairros distantes. A realidade era a mesma no programa mais popular da TV de Baltimore, o “The Corny Collins Show”. Por mais que o apresentador (James Marsden) defendesse a integração racial, quem mandava mesmo era a diretora da emissora, a ex-Miss Baltimore Crabs Velma Von Tussle (Michelle Pfeiffer, ótima como a vilã), e os negros tinham somente um dia no mês para mostrar sua cultura, em um programa comandado por Motormouth Maybelle (Queen Latifah).
Inserida nesta realidade, podemos dizer que a jovem Tracy Turnblad (a estreante Nikki Blonsky) era também completamente diferente. Não, ela não era negra; e sim, possuía uma aparência rechonchuda, que fugia dos padrões de beleza vistos no seu tão amado “The Corny Collins Show” – alguma diferença para os dias de hoje?. A característica principal de Tracy é que ela mantém o otimismo e é extremamente sonhadora. Ela acredita piamente que, um dia, poderá fazer parte do grupo descolado de jovens que dançam diariamente no programa de TV. Com o total apoio do pai, Wilbur (Christopher Walken), que a encoraja a ir em busca de seus sonhos; Tracy tem que lidar com o realismo de sua mãe, Edna (John Travolta, numa performance como há muito tempo não se via dele), que não quer que a filha se decepcione.
Baseado no filme de John Waters e no popular musical da Broadway vencedor de oito prêmios Tony, “Hairspray – Em Busca da Fama”, do diretor Adam Shankman, acompanha a pequena revolução que acontece na cidade de Baltimore quando a jovem de pensamento aberto Tracy Turnblad consegue fazer com que seu maior sonho se realize. Entretanto, aqui, a roteirista Leslie Dixon (de “Sexta-Feira Muito Louca” e “A Corrente do Bem”) foge do erro cometido por Bill Condon (que adaptou “Dreamgirls – Em Busca de um Sonho”, um outro popular musical da Broadway, e inseriu a luta dos movimentos sociais negros na história de seu filme). Ao tratar da discussão de integração racial, ela aborda o tema com a característica maior do musical: a alegria e a verdade, de um jeito que a situação não fique solta dentro da história de “Hairspray – Em Busca da Fama”.
De vez em quando, o cinema nos apresenta filmes que fazem com que a gente se sinta bem mais leve e totalmente felizes. “Hairspray – Em Busca da Fama” é um desses filmes. Nele, o diretor Adam Shankman – cujo currículo, até agora, constava de filmes bastante regulares, como “Operação Babá”, “O Casamento dos Meus Sonhos” e – o mais famoso deles – “Um Amor Para Recordar” – realiza um trabalho surpreendente com reconstituição de época perfeita e números musicais extremamente vibrantes e muito bem executados.
Além disso, a maior força de “Hairspray – Em Busca da Fama” vem do seu elenco – que está excelente nas cenas dramáticas e musicais. E, no grupo, quem brilha é a estreante Nikki Blonsky. A personalidade de sua Tracy lembra em muito a de outra deslocada famosa do momento: a adorável Betty Suarez (America Ferrera), personagem principal do seriado “Ugly Betty”. As duas vêm de uma família que possui fortes valores; são inocentes, mas não ingênuas; acreditam na verdade e no talento; e, principalmente, aceitam – e se orgulham – de suas diferenças. É impossível não torcer por Tracy ou por Betty. Ainda mais quando o que elas nos dizem é que o mais importante é sermos nós mesmos, não importa o que os outros tenham a dizer.
Cotação: 9,6
Hairspray - Em Busca da Fama (Hairspray, EUA, 2007)
Diretor(es): Adam Shankman
Roteirista(s): Leslie Dixon
Elenco: John Travolta, Michelle Pfeiffer, Christopher Walken, Amanda Bynes, James Marsden, Queen Latifah, Brittany Snow, Zac Efron, Elijah Kelley, Allison Janney, Nicole Blonsky, Taylor Parks, Paul Dooley, Jerry Stiller, Darren Frost
Inserida nesta realidade, podemos dizer que a jovem Tracy Turnblad (a estreante Nikki Blonsky) era também completamente diferente. Não, ela não era negra; e sim, possuía uma aparência rechonchuda, que fugia dos padrões de beleza vistos no seu tão amado “The Corny Collins Show” – alguma diferença para os dias de hoje?. A característica principal de Tracy é que ela mantém o otimismo e é extremamente sonhadora. Ela acredita piamente que, um dia, poderá fazer parte do grupo descolado de jovens que dançam diariamente no programa de TV. Com o total apoio do pai, Wilbur (Christopher Walken), que a encoraja a ir em busca de seus sonhos; Tracy tem que lidar com o realismo de sua mãe, Edna (John Travolta, numa performance como há muito tempo não se via dele), que não quer que a filha se decepcione.
Baseado no filme de John Waters e no popular musical da Broadway vencedor de oito prêmios Tony, “Hairspray – Em Busca da Fama”, do diretor Adam Shankman, acompanha a pequena revolução que acontece na cidade de Baltimore quando a jovem de pensamento aberto Tracy Turnblad consegue fazer com que seu maior sonho se realize. Entretanto, aqui, a roteirista Leslie Dixon (de “Sexta-Feira Muito Louca” e “A Corrente do Bem”) foge do erro cometido por Bill Condon (que adaptou “Dreamgirls – Em Busca de um Sonho”, um outro popular musical da Broadway, e inseriu a luta dos movimentos sociais negros na história de seu filme). Ao tratar da discussão de integração racial, ela aborda o tema com a característica maior do musical: a alegria e a verdade, de um jeito que a situação não fique solta dentro da história de “Hairspray – Em Busca da Fama”.
De vez em quando, o cinema nos apresenta filmes que fazem com que a gente se sinta bem mais leve e totalmente felizes. “Hairspray – Em Busca da Fama” é um desses filmes. Nele, o diretor Adam Shankman – cujo currículo, até agora, constava de filmes bastante regulares, como “Operação Babá”, “O Casamento dos Meus Sonhos” e – o mais famoso deles – “Um Amor Para Recordar” – realiza um trabalho surpreendente com reconstituição de época perfeita e números musicais extremamente vibrantes e muito bem executados.
Além disso, a maior força de “Hairspray – Em Busca da Fama” vem do seu elenco – que está excelente nas cenas dramáticas e musicais. E, no grupo, quem brilha é a estreante Nikki Blonsky. A personalidade de sua Tracy lembra em muito a de outra deslocada famosa do momento: a adorável Betty Suarez (America Ferrera), personagem principal do seriado “Ugly Betty”. As duas vêm de uma família que possui fortes valores; são inocentes, mas não ingênuas; acreditam na verdade e no talento; e, principalmente, aceitam – e se orgulham – de suas diferenças. É impossível não torcer por Tracy ou por Betty. Ainda mais quando o que elas nos dizem é que o mais importante é sermos nós mesmos, não importa o que os outros tenham a dizer.
Cotação: 9,6
Hairspray - Em Busca da Fama (Hairspray, EUA, 2007)
Diretor(es): Adam Shankman
Roteirista(s): Leslie Dixon
Elenco: John Travolta, Michelle Pfeiffer, Christopher Walken, Amanda Bynes, James Marsden, Queen Latifah, Brittany Snow, Zac Efron, Elijah Kelley, Allison Janney, Nicole Blonsky, Taylor Parks, Paul Dooley, Jerry Stiller, Darren Frost
23 comments:
Adorei esse filme, um dos melhores do ano. Além das ótimas canções (torço para que You Can't Stop The Beat esteja no Oscar), tem um elenco impecável. Sem falar em toda pureza mostrada daquele tempo que não volta mais. Totalmente nostálgico.
NOTA: 8.5
Matheus, infelizmente "You Can't Stop the Beat" não pode ser indicada ao Oscar porque não é original. Já fazia parte do musical da Broadway.
Adorei este filme. O elenco é maravilhoso e a trilha sonora é contagiante.
Quero conferir esse filme, alias, estou em falta com o cinema!
Cassiano, este filme é divertidíssimo. MUITO melhor do que eu esperava. E a fase boa para ir ao cinema é agora. As estréias mais esperadas estão começando a acontecer.
Infelizmente esse é um dos muitos filmes que não chegaram por aqui. Depois esse povo reclama de filmes piratas rodando por aí (do qual não concordo) e de gente baixando filme da net (confesso que recorro). Além desse filme, Stardust chegou dublado, entre outros erros. Todos eles consequentemente serão baixados por mim. Uma pena, pois queria dar dinheiro a eles.
Ciao!
Só para acertar de soou errado, eu não concordo é com pirataria tá? Digo, vendendo filmes ilegais e alguma pessoa comprando.
Até hoje me lembro da garota do meu lado quando via esse filme. Com certeza não era a primeira vez que ela assistia. A empolgação da garota foi tanta que no final estava contagiado por ela e nós dois já estavamos no mesmo embalo em "You Can't Stop The Beat"... claro que eu não cantava.
Fazia tempo que não me sentia tão envolvido por um musical, o último foi Moulin Rouge (meu recorde pessoal de vezes vistas no cinema, 8). Como você disse, o elenco foi essencial para a criação de um clima extremamente amigável para o expectador. Todo mundo exalava carisma, e aqueles que tinham pouco eram auxiliados por quem era nato no assunto. Ótimo texto... me deu vontade de ouvir a trilha hehehe
Que bela nota, hein?
Eu sou fanático pelo trabalho de John Waters, de "Pink Flamingos" até "Cry baby", passando por "Serial mom".
Todo mundo está falando bem deste remake. Preciso conferir!
Belo texto, Kamila! E bela nota também...
Sem dúvida é o melhor musical que vejo em muito, muito tempo - talvez o mais empolgante desde "Moulin Rouge". Achei que você foi certeira no comentário em relação ao roteiro comparando com "Dreamgirls". E me surpreendi com o trabalho do Shankman da direção, pois a única coisa considerável que ele já tinha feito era "Um Amor Para Recordar". Por último, gostei da relação que você fez entre a Tracy e a Betty, realmente têm tudo a ver.
Abraço!
PS: vi seu comentário com o Matheus. Não sabia que essa música não era original (já procurei e é mesmo da Broadway, hehehe). Enfim, queria saber se alguma canção do filme é elegível - como a ótima "I Know Where I've Been", que a Queen Latifah canta naquele momento emocionante.
Não estou muito para comédias. Mas foi ótima sua resenha. A nota então, nem se fala! É a melhor nota do ano?
Pois é Kamila, tô doido para ver Mandando Bala, acho que o titulo é esse, Shoot Up, com a Bellucci, e quero ver esse Hairspray e Superbad, q vc comentou aqui!
Kamila, vi teu comentário lá no blog. Eu acho que HAIRSPRAY é o musical do ano (incluindo ACROSS THE UNIVERSE na briga).
Bom, eu torço ou pelo John Travolta ou pelo Robert Downey Jr. na categoria de coadjuvante. Eles nem serão indicados?? E fiquei sem fôlego ontem pelo momento do velhinho Hal Holbrook, em INTO THE WILD...
Aliás, Kamila do céu, o que é esse INTO THE WILD, hein? Estou impressionado até agora...
Bjs!
Wally, "Hairspray" estreou aqui somente um mês após debutar nacionalmente. Também sou contra a pirataria e não recorro aos downloads de filmes. Ou seja, sou totalmente dependente dos cinemas daqui de Natal, que adoram uma coisa mainstream. Eu sofro, Wally. :-)
Luciano, a primeira coisa que eu fiz quando cheguei em casa foi baixar a trilha sonora de "Hairspray". E escuto-a todos os dias. Desde "Chicago" que eu não gosto tanto de um musical. E eu me peguei várias vezes, durante o filme, cantando e mexendo os pés, querendo dançar. :-)
Dudu, não conheço muito o trabalho do John Waters, mas sei que a versão dele para "Hairspray" é totalmente cultuada. Fiquei com curiosidade de conhecer mais o trabalho dele.
Vinícius, obrigada. Faço de suas palavras as minhas. "Hairspray" é o melhor musical que eu vi desde "Chicago". Um filme contagiante e que, com certeza, eu verei sempre. São três músicas originais no filme: "Ladies Choice", do Zac Efron; "The New Girl in Town", da Brittany Snow; e "Come So Far (Got So Far to Go)", que toca nos créditos finais.
Ainda não é a melhor nota do ano. Dei alguns 10, Ramon.
Cassiano, esse "Mandando Bala" nem me atrai muito. E olha que o elenco é ótimo. Estou doida para assistir "Piaf", "A Mighty Heart".
Otavio, acho difícil os dois que você citou serem indicados. O Hal Holbrook tem sido bem citado nas listas de previsões e há quem diga que "Into the Wild" é o melhor filme norte-americano em muito tempo.
Beijos.
INTO THE WILD é o melhor filme que eu vi nesse ano. Estou chapado!
Gostei mais do que o livro... Eu gosto do livro, mas não tanto quanto seu personagem. Mas o filme não é só o Emile Hirsch...
Bjs!
Minha torcida fica para Come So Far (Got So Fa To Go), então, que curiosamente era a minha segunda favorita!
:)
Nao é muito meu estilo de filme, mas pela sua resenha, fiquei bem interessado. Vou conferir esse filme quando chegar as locadoras.
Sério Kamila? Eu tô doido para ver os 3, simultaneamente!
Tb quero ver "Mandando Bala"! Deve ter muito tiro e Monica Belucci.
Otavio, que bom que gostou de "Into the Wild". Aguardo a sua crítica com ansiedade. :-)
Matheus, eu acredito que, das três músicas originais, "Come So Far" é a que tem mais chances de ser indicada ao Oscar.
Rogerio, confira mesmo porque o filme é ótimo.
Cassiano e Otavio, "Mandando Bala", para mim, tem jeito de bomba. Posso até estar enganada sobre isso...
Cassiano, já assistiu "Por Amor ou Por Dinheiro?" com sua musa Monica Bellucci???
Esse tá na lista pra ser visto em breve, adoro musicais, e esse aí promete, só vejo gente comentando bem o filme, adorei sua crítica Kamila, depois q assistir volto aqui pra dizer o q achei.
Adorei essa crítica, Kamila, mal posso esperar pra que esse filme chegue aqui. Fiquei surpreendida quando vc comentou o passado cinematográfico do diretor, esse filme foi uma virada, então! E gostei principalmente de quando vc faz a comparação com a Betty do seriado. Acho que eu vou adorar essa Tracy!
Diego, AMO musicais e "Hairspay" é um filme perfeito para fãs do gênero. Aguardo seu retorno sobre o filme.
Romeika, você vai adorar "Hairspray". Os figurinos são maravilhosos e o filme é contagiante e divertido. O filme é mesmo uma virada na carreira do Adam Shankman. E você vai AMAR a Tracy.
A força de Hairspray está mesmo na forma descompromissada, espontânea e divertida com q o musical é conduzido.Nada é artificial e o elenco possui um dos melhores trabalhos em conjunto.Ótima comparação entre Betty e Tracy.PS:Michelle Pfeiffer e John Travolta reacenderam suas carreiras aqui.
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