Assim como muitas heroínas românticas – em uma época em que o casamento era visto como uma verdadeira obrigação para as mulheres –, Kitty Fane (Naomi Watts) colocou na sua cabeça que só se casaria por amor. No entanto, na medida em que ficava mais velha, maior era a preocupação (especialmente de sua mãe) com o fato de que Kitty continuava solteira. Quando a irmã mais nova dela consegue um noivo, Kitty acorda para a realidade e aceita a proposta de casamento do bacteriologista Walter Fane (Edward Norton) – um homem que ela mal conhece e, principalmente, não ama.
Começar uma vida nova a dois é sempre muito difícil, não importa a circunstância. Imagine então se você for “obrigada” a ir a um novo país (China), aonde você não conhece a língua, a cultura e se sente entediada. A vida de Kitty se torna um pouco mais interessante quando ela conhece Charlie Townsend (Liev Schreiber), um homem completamente diferente de Walter e com quem Kitty começa a ter um romance. Walter, que mantinha as esperanças de que, um dia, Kitty viesse a amá-lo também cai na realidade e, num ato totalmente intransigente, embarca com sua esposa para um vilarejo chinês completamente arrasado por uma epidemia de cólera.
É a partir deste momento que o filme “O Despertar de uma Paixão”, do diretor John Curran, começa a ficar bem interessante. A partir do ato da traição, Curran começa a trabalhar com vários temas que foram vistos em seu trabalho anterior, o drama “Tentação” (que também contava com Naomi Watts no elenco). São eles: a culpa que Walter sente por ter sido tolo em acreditar que poderia ser feliz ao lado de Kitty; e a visão um tanto realista que Kitty tem sobre toda a vida que leva ao lado de Walter – chama a atenção o fato de que, em nenhum momento, ela demonstra arrependimento pelos seus atos. O verdadeiro interesse dela é tentar convencer Walter de que é a distância existente entre os dois a principal causa pela infelicidade profunda que eles experimentam.
No geral, “O Despertar de uma Paixão” é um filme sobre a jornada de Kitty, que deixa de ser uma mulher mimada, e cresce para se tornar alguém que entende que amor e obrigação andam um ao lado do outro. O filme consegue passar isso de maneira perfeita para a platéia, através da congruência das atuações excelentes de Edward Norton e Naomi Watts (bem como do elenco de apoio formado por Liev Schreiber, Toby Jones e Diana Rigg), da ótima direção de John Curran, da belíssima fotografia de Stuart Dryburgh e da trilha sonora vencedora do Globo de Ouro composta por Alexandre Desplat – “A La Claire Fontaine” não é uma música do compositor francês, mas a parte final de “O Despertar de uma Paixão” ao som desta canção tem que ser uma das mais belas sequências do ano passado: as palavras “Il y a longtemps que je t’aime. Jamais je ne t’oublierai” ficaram comigo por um bom tempo.
Cotação: 8,7
O Despertar de uma Paixão (The Painted Veil, China, EUA, 2006)
Diretor(es): John Curran
Roteirista(s): Ron Nyswaner
Começar uma vida nova a dois é sempre muito difícil, não importa a circunstância. Imagine então se você for “obrigada” a ir a um novo país (China), aonde você não conhece a língua, a cultura e se sente entediada. A vida de Kitty se torna um pouco mais interessante quando ela conhece Charlie Townsend (Liev Schreiber), um homem completamente diferente de Walter e com quem Kitty começa a ter um romance. Walter, que mantinha as esperanças de que, um dia, Kitty viesse a amá-lo também cai na realidade e, num ato totalmente intransigente, embarca com sua esposa para um vilarejo chinês completamente arrasado por uma epidemia de cólera.
É a partir deste momento que o filme “O Despertar de uma Paixão”, do diretor John Curran, começa a ficar bem interessante. A partir do ato da traição, Curran começa a trabalhar com vários temas que foram vistos em seu trabalho anterior, o drama “Tentação” (que também contava com Naomi Watts no elenco). São eles: a culpa que Walter sente por ter sido tolo em acreditar que poderia ser feliz ao lado de Kitty; e a visão um tanto realista que Kitty tem sobre toda a vida que leva ao lado de Walter – chama a atenção o fato de que, em nenhum momento, ela demonstra arrependimento pelos seus atos. O verdadeiro interesse dela é tentar convencer Walter de que é a distância existente entre os dois a principal causa pela infelicidade profunda que eles experimentam.
No geral, “O Despertar de uma Paixão” é um filme sobre a jornada de Kitty, que deixa de ser uma mulher mimada, e cresce para se tornar alguém que entende que amor e obrigação andam um ao lado do outro. O filme consegue passar isso de maneira perfeita para a platéia, através da congruência das atuações excelentes de Edward Norton e Naomi Watts (bem como do elenco de apoio formado por Liev Schreiber, Toby Jones e Diana Rigg), da ótima direção de John Curran, da belíssima fotografia de Stuart Dryburgh e da trilha sonora vencedora do Globo de Ouro composta por Alexandre Desplat – “A La Claire Fontaine” não é uma música do compositor francês, mas a parte final de “O Despertar de uma Paixão” ao som desta canção tem que ser uma das mais belas sequências do ano passado: as palavras “Il y a longtemps que je t’aime. Jamais je ne t’oublierai” ficaram comigo por um bom tempo.
Cotação: 8,7
O Despertar de uma Paixão (The Painted Veil, China, EUA, 2006)
Diretor(es): John Curran
Roteirista(s): Ron Nyswaner
Elenco: Naomi Watts, Edward Norton, Liev Schreiber, Toby Jones, Diana Rigg, Catherine An, Bin Li, Anthony Wong Chau-Sang, Bin Wu, Alan David, Marie-Laure Descoureaux, Sally Hawkins, Juliet Howland, Lorraine Laurence, Johnny Lee
20 comments:
Grande post, Kamila!
Somando sua opinião a do Rogério, acredito que esse seja um grande filme.
Agora este filme será uma prioridade!
"Imagine então se você for “obrigada” a ir a um novo país, aonde você não conhece a língua, a cultura e se sente entediada", parece a descrição do meu primeiro mês em Randers! kkkkkkkkkkkkkkkkk Mas graças a Deus, com muito amor tudo se resolve:-)
Brincadeiras à parte, eu gostei muito desse filme, como vc já sabe. Li o livro depois e achei que o material foi muito bem adaptado pra tela, apesar de algumas modificações bem relevantes, a essência do livro (a transformação de Kitty) permanece no filme. É aquela história que à primeira vista parece convencional, mas nos conquista. Concordo em tudo que vc disse no último parágrafo, Kamila.
Já começo a ficar com vergonha...É mais um que não vi...
Mas pelo seu post me parece bem interessante!!
"Despertar de uma Paixão"
"Despertar de uma Paixão"
"Despertar de uma Paixão"
Me lembrarei de assistir sim!!..hehe
Beju!
Mas eu então, se for ficar com vergonha de cada filme que ainda não vi... morro e não pago essa conta, hahaha. =P
Boa segunda, beijos!
Que bom que gostou, Kamila, realmente é um dos melhores filmes desse ano (top 10 com certeza). E um filme não precisa ter eventos extraordinários para encantar o espectador - a trama me conquistou completamente, a exemplo de outro filme nesse estilo, "Orgulho e Preconceito". A trilha é soberba e "A La Claire Fontaine" é maravilhosa.
Abraço!
Ramon, o filme é lindo mesmo. Recomendaria a todos.
Romeika, rsrsrsrsrsrsrs. Ainda bem que você não é Kitty, que o John não é um Walter. E que vocês dois têm amor. Isso é o mais importante. Eu ainda não li o livro, mas é uma das minhas prioridades para os próximos meses.
Victor e Marcus, eu também não vi muitos filmes citados pelos colegas cinéfilos. O melhor que a gente faz é anotar o nome e ver na mais próxima oportunidade. :-)
Exatamente, Vinícius. Concordo plenamente com seu comentário. "O Despertar de uma Paixão" é um desses filmes que encantam a gente simplesmente por encantarem. Não existe explicação melhor para isso.
Beijos.
Ahh Kamila, demorou pra ver o filme hein hehehehe, ja achei que tinhas esquecido. Sabendo que vc é fã do Norton, nao tinhas como nao gostar desse.
Apesar de que a Naomi está melhor que ele nesse filme.
O Post ficou otimo tb, espero que todo mundo veja esse filme, pq pra mim foi um dos melhores do ano até aqui.
Bjao e boa semana.
Rogerio, sou fã do Norton, mas sei reconhecer quando alguém está melhor que ele. E concordo com seu comentário: a Naomi está excelente no filme.
Tô doido para ver esse filme há um tempão, mas inexplicavelmente não fui aos cinemas, vou agora conferir no dvd.
Lembro do Tentação, comentei sobre ele até quando fiz um avant-première de Despertar!
Me lembro muito bem do seu post sobre "O Despertar de Uma Paixão", Cassiano. E assista ao filme. :-)
Eu realmente adorei esse filme, que fica nos meus 5 favoritos do ano. Tudo é muito bem aproveitado - paisagens, elenco, trilha e roteiro. Ainda que de Desplat eu prefira a trilha de "The Queen", essa também é muito linda.
As cenas finais são emocionantes, e A La Claire Fontaine é lindíssima.
NOTA: 8.5
Pois é, Kamila, o amor cura (quase) tudo:-p O livro é bom, quando vc ler, verá como os personagens foram bem incorporados no filme. A descrição de Kitty, Walter etc..é o que se vê na tela.
Kamila, ainda não vi o filme. Mas depois te conto o que achei.
Bjs!
Forte filme que me conquistou por completo, desde o visual, às atuações, ao roteiro à trilha sonora impecável. Belo e contundente, uma obra primorosa e marcante.
Nota 8,5
Matheus, das trilhas do Desplat, em 2006, prefiro a de "The Painted Veil", cuja melancolia casa perfeitamente com o filme.
Romeika, tomara que eu encontre o livro por aqui.
Otavio, vou aguardar a sua opinião.
Disse tudo de novo, Wally. :-)
Esse filme é mesmo uma preciosidade Kamila.Sensível na medida certa e repleto de possibilidades para o público.Gosto muito do caminho percorrido por Katty, principalmente pela condução firme q Naomi Watts deu a personagem.E o relacionamento entre ela e Walter é narrado de maneira maginifica.A trilha é tb é impecável.Pena que naum tenha sido distribuido como devia aqui no Brasil.
Eu também adorei a jornada da Kitty. Achei que tudo no filme foi tratado de uma maneira sensível e coerente. Adorei o final do filme. E "O Despertar de uma Paixão" foi mal distribuído em todo o mundo. Deveria ter conquistado algumas indicações ao Oscar.
Belo romance contado com leveza e graça, e sem exageros. Interessante que dessa vez achei o título traduzido melhor que o original. Os personagens, com suas personalidades fortes e marcantes, vão aprendendo aos poucos os segredos e virtudes do amor, mesmo que isso possa doer. Edward Norton é ótimo, mas Naomi Watts está formidável.
Rafael, adorei seu comentário, que acho que representa bem mesmo o filme. Só discordo do tradução do título. Se bem que é melhor que "O Véu Pintado". Mas, "O Despertar de uma Paixão" é tão clichê.
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