Desde a primeira cena de “Leões e Cordeiros”, do diretor Robert Redford, fica bem claro a importância que a imprensa teve para os desdobramentos de tudo o que aconteceu nos últimos seis anos dentro dos Estados Unidos da América. A partir do momento em que começaram a colocar no ar as primeiras imagens dos atentados de 11 de Setembro, a imprensa foi o termômetro oficial da opinião pública norte-americana: após a dor e o luto pelas vítimas, veio o apoio irrestrito à Guerra Contra o Terror (que começou no Afeganistão e, hoje, está no Iraque) e, posteriormente, a contestação a tudo o que consistia a política interna e externa dos Estados Unidos – a ponto de o governo atual ser considerado como tudo aquilo que os norte-americanos devem evitar daqui para a frente.
O roteiro de Matthew Michael Carnahan entra no coração do Partido Republicano, símbolo da moralidade e segurança, para contar uma história em que se olha para trás para consertar os erros do presente. Portanto, o roteirista nos leva de volta ao Afeganistão, país aonde uma tropa comandada pelo Coronel Falco (Peter Berg) vai colocar em prática o plano criado pela estrela republicana – o Senador Jasper Irving (Tom Cruise, numa atuação muito boa) – para recolocar a Guerra Contra o Terror nos eixos, ou seja, para devolver aos norte-americanos um sentimento de vitória que eles tanto precisam.
É a partir desta trama central que vemos uma série de outras histórias se desenrolando. Em Washington, o Senador Irving tenta vender sua nova estratégia de guerra à jornalista Janine Roth (Meryl Streep). Em uma universidade da Califórnia, o professor de Ciências Políticas Stephen Malley (Robert Redford) tenta fazer com seu aluno descrente Todd Hayes (Andrew Garfield) volte a se importar e a acreditar que mudanças podem ser possíveis. Já no Afeganistão, acompanhamos o desenrolar do plano de Irving, especialmente as complicações dele envolvendo a dupla de amigos – e ex-alunos de Malley – Ernest Rodriguez (Michael Peña) e Arian Finch (Derek Luke).
“Leões e Cordeiros” é um filme que sofre bastante com a transição entre certos pontos das histórias, mas, no geral, o resultado obtido por Robert Redford é bom. O ponto alto do filme, além do roteiro de Matthew Michael Carnahan (que toca mesmo na atual grande ferida da sociedade norte-americana), é o elenco. No ano que antecede as eleições para presidente dos Estados Unidos, a mensagem que o roteiro deixa para os norte-americanos é muito importante e ressoa de maneira profunda na última cena do filme, em que a face pensativa do estudante Todd Hayes é o reflexo de tudo aquilo que o diretor Robert Redford quer causar em seu público. Ele quer que os norte-americanos reflitam e, principalmente, decidam qual é papel deles no meio disso tudo.
Cotação: 7,0
Leões e Cordeiros (Lions for Lambs, EUA, 2007)
Diretor(es): Robert Redford
Roteirista(s): Matthew Michael Carnahan
Elenco: Robert Redford, Meryl Streep, Tom Cruise, Michael Peña, Andrew Garfield, Peter Berg, Kevin Dunn, Derek Luke, Larry Bates, Christopher May, David Pease, Heidi Janson, Christopher Carley, George Back, Kristy Wu
O roteiro de Matthew Michael Carnahan entra no coração do Partido Republicano, símbolo da moralidade e segurança, para contar uma história em que se olha para trás para consertar os erros do presente. Portanto, o roteirista nos leva de volta ao Afeganistão, país aonde uma tropa comandada pelo Coronel Falco (Peter Berg) vai colocar em prática o plano criado pela estrela republicana – o Senador Jasper Irving (Tom Cruise, numa atuação muito boa) – para recolocar a Guerra Contra o Terror nos eixos, ou seja, para devolver aos norte-americanos um sentimento de vitória que eles tanto precisam.
É a partir desta trama central que vemos uma série de outras histórias se desenrolando. Em Washington, o Senador Irving tenta vender sua nova estratégia de guerra à jornalista Janine Roth (Meryl Streep). Em uma universidade da Califórnia, o professor de Ciências Políticas Stephen Malley (Robert Redford) tenta fazer com seu aluno descrente Todd Hayes (Andrew Garfield) volte a se importar e a acreditar que mudanças podem ser possíveis. Já no Afeganistão, acompanhamos o desenrolar do plano de Irving, especialmente as complicações dele envolvendo a dupla de amigos – e ex-alunos de Malley – Ernest Rodriguez (Michael Peña) e Arian Finch (Derek Luke).
“Leões e Cordeiros” é um filme que sofre bastante com a transição entre certos pontos das histórias, mas, no geral, o resultado obtido por Robert Redford é bom. O ponto alto do filme, além do roteiro de Matthew Michael Carnahan (que toca mesmo na atual grande ferida da sociedade norte-americana), é o elenco. No ano que antecede as eleições para presidente dos Estados Unidos, a mensagem que o roteiro deixa para os norte-americanos é muito importante e ressoa de maneira profunda na última cena do filme, em que a face pensativa do estudante Todd Hayes é o reflexo de tudo aquilo que o diretor Robert Redford quer causar em seu público. Ele quer que os norte-americanos reflitam e, principalmente, decidam qual é papel deles no meio disso tudo.
Cotação: 7,0
Leões e Cordeiros (Lions for Lambs, EUA, 2007)
Diretor(es): Robert Redford
Roteirista(s): Matthew Michael Carnahan
Elenco: Robert Redford, Meryl Streep, Tom Cruise, Michael Peña, Andrew Garfield, Peter Berg, Kevin Dunn, Derek Luke, Larry Bates, Christopher May, David Pease, Heidi Janson, Christopher Carley, George Back, Kristy Wu
10 comments:
Kamila, tivemos percepções diferentes do filme, mas acho que chegamos a um senso comum no final das contas.
Já vi que as opiniões em relação a esse filme estão bem diversificadas, por isso não sei o que esperar... Já ficarei feliz se o Tom Cruise tiver essa atuação muito boa ;-)
Abraço!
Como não sou norte-americano, eu só queria ir ao cinema. Achei chato e não me disse coisa alguma. Vale pela Meryl.
Bjs!
Gostei bastante da reflexão que o filme proporciona. Apesar de ser mais uma aula de política do que entretenimento cinematográfico, é um dos poucos filmes que realmente consegue causar algum tipo de questionamento no espectador. Afinal, quais são os filmes atualmente que realmente conseguem fazer isso?
NOTA: 8.0
Cassiano, sei que você adorou o filme. Achei "Leões e Cordeiros" um filme bom e acho que o maior problema dele é mesmo a edição, as transições entre uma história e outra.
Vinícius, eu não sou a maior fã do Cruise, mas acho que ele esteve muito bem nesse filme. Fiquei ansiosa para ver o que ele pode fazer em "Operação Valquíria". E acho que é bom quando um filme divide opiniões, o que é o caso desse "Leões e Cordeiros".
Otavio, me permita discordar, mas eu acho que este filme fala muitas coisas - seja você norte-americano, ou não. A Meryl está bem (a melhor cena do filme é dela), mas o Cruise, para mim, foi o melhor do elenco.
Matheus, concordo plenamente com seu comentário. Gostei desse filme justamente por causa disso.
Beijos.
Lógico que permito. Essa é a graça. Mas o Tom Cruise não precisava sorrir a cada dez segundos. ;-)
Bjs!
Otavio, claro, esse é um velho cacoete do Cruise. :-)
Mas, eu acho que fazia tempo que não o via tão bem numa atuação.
Beijos.
Achei a discussão brilhante, com ótimas reflexões, pontos interessantes e a engenhosidade do roteiro foi grande. Gostei também do elenco, com Meryl despontando como a melhor. Mesmo assim, acho que Redford poderia ter feito um trabalho melhor na dramaticidade do filme, e a todo momento parece que o filme planeta tomar vôo, mas nunca chega a bater as asas. Mesmo assim, como eu já disse, adorei o roteiro, valeu a sessão, fiquei satisfeito.
Nota 7,5
Kamila, quero muito ver esse filme, gosto desses filmes que discutem questões políticas contemporâneas. Sua resenha me animou, pq eu já tinha visto umas críticas bem negativas na imprensa.
Wally, concordo que falta mais dramaticidade a este filme. Gostei da Meryl (a melhor cena do filme é dela), mas o Tom foi que ficou comigo depois da sessão.
Romeika, também gosto de filmes assim. E também de filmes que dividem opiniões. :-)
Post a Comment