A primeira cena de “Medo da Verdade”, do diretor Ben Affleck, se passa na – aparentemente – pacata vizinhança de Dorchester, na cidade de Boston (Massachussetts). Ao fundo, a narração do detetive particular Patrick Kenzie (Casey Affleck): “eu sempre acreditei que as coisas que você não escolhia eram as que faziam de nós o que somos. Sua cidade, seu bairro, sua família. As pessoas aqui se orgulham disso, como se fosse algo que eles conquistaram. Os corpos que rodeiam as suas almas, as cidades que as envolvem. Eu vivi neste lugar a minha vida toda; a maioria dessas pessoas também. Quando o seu trabalho é encontrar gente que está desaparecida, ajuda saber aonde eles começaram. Eu encontro as pessoas que se entregaram ao vício e, depois, sucumbiram. Esta cidade pode ser difícil. Quando eu era mais jovem, eu perguntei ao meu padre como você poderia chegar ao céu e, mesmo assim, ficar protegido de todo o mal do mundo. Ele me disse o que Deus falou para as Suas crianças. “Você é uma ovelha no meio dos lobos. Seja esperto como as serpentes, mas inocente como as pombas””.
É neste local que se dá o misterioso desaparecimento da menina Amanda McCready (Madeline O’Brien), de quatro anos de idade. Com a polícia – representada aqui pelo Capitão Jack Doyle (Morgan Freeman) e os Detetives Remy Bressant (Ed Harris) e Nick Poole (John Ashton) – perdida e sem qualquer pista segura, Beatrice (Amy Madigan) e Lionel McCready (Titus Welliver) – os tios da garota – decidem contratar Patrick Kenzie e sua namorada e sócia Angie Gennaro (Michelle Monaghan) para tentar encontrar Amanda.
Baseado no livro de Dennis Lehane (autor também de “Sobre Meninos e Lobos”), “Medo da Verdade” acompanha justamente a investigação feita por Patrick e Angie. E este processo será muito difícil, já que – ao se depararem com as idiossincrasias do caráter de Helene McCready (Amy Ryan, numa performance que lhe rendeu uma indicação ao Oscar 2008 de Melhor Atriz Coadjuvante), a mãe relapsa de Amanda – a dupla será confrontada com uma verdadeira discussão entre o que é certo e o que é errado e que faz uma referência direta àquilo que escutamos de Patrick Kenzie na primeira cena do filme – sua escolha final, com certeza, nos deixará pensando no desfecho da obra por um bom tempo.
“Medo da Verdade” é o filme que marca a estréia do ator Ben Affleck como diretor de um longa-metragem (ele também co-escreveu o roteiro da obra com Aaron Stockard). Escolher a trama de Dennis Lehane foi uma decisão segura por parte do ator/diretor, já que ele – como nativo de Boston – conhece bem o bairro de Dorchester e os personagens que ali habitam. O que impressiona no filme – além das boas mudanças que Affleck e Stockard imprimiram à trama criada por Dennis Lehane – é a segurança do diretor em fazer a transição correta entre momentos de tensão e de drama. A mão dele nunca é pesada demais. O tom do filme é o adequado. No entanto, a grande surpresa vem do fato de que o diretor (que, venhamos e convenhamos, é somente um ator mediano) consegue arrancar desempenhos expressivos de seu elenco, especialmente do irmão Casey Affleck (que teve um ano de 2007 excelente com esse filme e “O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford” – que lhe rendeu uma indicação ao Oscar 2008 de Melhor Ator Coadjuvante), Ed Harris e Amy Ryan (todos os méritos vão para Affleck pela descoberta dessa excelente atriz, que tem uma carreira consagrada no teatro nova-iorquino e cujo crédito mais conhecido – até então – era o da detetive Beadie Russell no fantástico seriado “The Wire”, da HBO).
Cotação: 8,7
Medo da Verdade (Gone Baby Gone, EUA, 2007)
Diretor(es): Ben Affleck
Roteirista(s): Ben Affleck, Aaron Stockard (com base no livro de Dennis Lehane)
Elenco: Casey Affleck, Michelle Monaghan, Morgan Freeman, Ed Harris, John Ashton, Amy Ryan, Amy Madigan, Titus Welliver, Michael K. Williams, Edi Gathegi, Mark Margolis, Madeline O'Brien, Slaine, Trudi Goodman, Matthew Maher
Lançamento em DVD: 05 de Abril de 2008
É neste local que se dá o misterioso desaparecimento da menina Amanda McCready (Madeline O’Brien), de quatro anos de idade. Com a polícia – representada aqui pelo Capitão Jack Doyle (Morgan Freeman) e os Detetives Remy Bressant (Ed Harris) e Nick Poole (John Ashton) – perdida e sem qualquer pista segura, Beatrice (Amy Madigan) e Lionel McCready (Titus Welliver) – os tios da garota – decidem contratar Patrick Kenzie e sua namorada e sócia Angie Gennaro (Michelle Monaghan) para tentar encontrar Amanda.
Baseado no livro de Dennis Lehane (autor também de “Sobre Meninos e Lobos”), “Medo da Verdade” acompanha justamente a investigação feita por Patrick e Angie. E este processo será muito difícil, já que – ao se depararem com as idiossincrasias do caráter de Helene McCready (Amy Ryan, numa performance que lhe rendeu uma indicação ao Oscar 2008 de Melhor Atriz Coadjuvante), a mãe relapsa de Amanda – a dupla será confrontada com uma verdadeira discussão entre o que é certo e o que é errado e que faz uma referência direta àquilo que escutamos de Patrick Kenzie na primeira cena do filme – sua escolha final, com certeza, nos deixará pensando no desfecho da obra por um bom tempo.
“Medo da Verdade” é o filme que marca a estréia do ator Ben Affleck como diretor de um longa-metragem (ele também co-escreveu o roteiro da obra com Aaron Stockard). Escolher a trama de Dennis Lehane foi uma decisão segura por parte do ator/diretor, já que ele – como nativo de Boston – conhece bem o bairro de Dorchester e os personagens que ali habitam. O que impressiona no filme – além das boas mudanças que Affleck e Stockard imprimiram à trama criada por Dennis Lehane – é a segurança do diretor em fazer a transição correta entre momentos de tensão e de drama. A mão dele nunca é pesada demais. O tom do filme é o adequado. No entanto, a grande surpresa vem do fato de que o diretor (que, venhamos e convenhamos, é somente um ator mediano) consegue arrancar desempenhos expressivos de seu elenco, especialmente do irmão Casey Affleck (que teve um ano de 2007 excelente com esse filme e “O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford” – que lhe rendeu uma indicação ao Oscar 2008 de Melhor Ator Coadjuvante), Ed Harris e Amy Ryan (todos os méritos vão para Affleck pela descoberta dessa excelente atriz, que tem uma carreira consagrada no teatro nova-iorquino e cujo crédito mais conhecido – até então – era o da detetive Beadie Russell no fantástico seriado “The Wire”, da HBO).
Cotação: 8,7
Medo da Verdade (Gone Baby Gone, EUA, 2007)
Diretor(es): Ben Affleck
Roteirista(s): Ben Affleck, Aaron Stockard (com base no livro de Dennis Lehane)
Elenco: Casey Affleck, Michelle Monaghan, Morgan Freeman, Ed Harris, John Ashton, Amy Ryan, Amy Madigan, Titus Welliver, Michael K. Williams, Edi Gathegi, Mark Margolis, Madeline O'Brien, Slaine, Trudi Goodman, Matthew Maher
Lançamento em DVD: 05 de Abril de 2008
18 comments:
um filme que já está na minha lista para assisti-lo rapidamente.. li boas criticas dessa estreia do ben... e acho que ele deveria largar a carreira de ator e amadurecer ainda mais nessa area...ehhe, eu honestamente nãosentirar falta de ve-lo em algum filme, heheh
e oq eu falar do irmão dele, é irmão o Casey Affleck né?!?
o cara tá excente no filme com o Brad pitt.. outro ponto forte para eu asssitir esse aí..
beijos
Rodrigo, eu acho que o Ben encontrou a verdadeira vocação dele nesse filme. Eu também não sentiria saudades do Ben ator. :-)
Ainda não assisti "O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford", mas estou com o DVD do mesmo aqui em casa.
Dennis Lehane só tem livros bons. Que bom que Affleck soube como adaptar às telas, o fez muito bem.
E Casey é o cara...
Eu gosto do Casey, mas acho o irmão dele ruim demais. Quem sabe como diretor ele vinga. Sempre achei que da dupla com o Matt Damon ele era o sem talento. Tô louco para conferir esse filme, ainda mais agora com sua "ordem" praticamente.
Eu acabei de baixar esse filme, agora é esperar e ver!
Sobre o titulo de "A mulher faz o homem", sinceramente nao tenho ideia de onde tiraram. O sentido do filme na verdade, nao se baseia em nada na mulher principal (no caso a secretaria), muito pelo contrario, no começo ela ate nao ajuda a ele. Enfim, vai entender!
Pedro, "Gone Baby Gone" foi o primeiro livro do Dennis Lehane que eu li e me deixou interessada em ler outras obras dele.
Cassiano, concordo plenamente com o que disse a respeito de Ben Affleck.
Isabela, por isso que eu te perguntei aquilo, já que o Sr. Smith não depende de alguma mulher para tomar as decisões que fazem dele o homem que ele é.
Kamila, alugo hoje (se der sorte) e escrevo amanhã sobre o filme. Aí volto aqui.
Bjs!
Aguardo sua opinião, Otavio.
Beijos.
Gostei muito do filme. Minha única ressalva é acerca de algumas cenas de direção muito pesadas. Mas mesmo assim, a direção de Affleck, no final, é muito boa. O roteiro é excelente. Os questionamentos, as nuances de seus personagens, o desafio à audiência e seu poder em deixar a audiência pensando (muito) sobre o que acabou de ver. Achei muito bom e não merecia ter sido apenas lançado em DVD no Brasil.
Nota 8,5
Ciao!
Concordo plenamente com seu comentário, Wally. Exceto sobre o que você diz a respeito da mão pesada do Ben Affleck em algumas cenas.
Estou procurando por este filme como uma mariposa procura a luz, sério. Chegou hoje nas locadoras da minha cidade e não fiz outra coisa senão ligar para as dezenas que têm aqui e tentar reservá-lo. A maioria já tem umas cinco reservas na minha frente. Em uma, me prometeram para sábado. E o jeito é esperar até lá.
A sua cotação está apenas realçando toda a minha ansiedade em conferir "Medo da Verdade"....
Abraço!
Puxa, loquei o filme hoje (02/04) e não quis ler seus coment. para não influenciar - por isso amanha eu volto para comentar!
inté
Incrível como nenhum distribuidor viu algum potencial em "Medo da Verdade" a ponto de lançá-lo nos cinemas brasileiros. Minha opinião pode parecer um tanto exagerada, mas o considero como o filme mais subestimado de 2007. Adorei você postar a narração da primeira cena, fantástica!
Kamila, o Casey é muito melhor que seu irmão. Acho que o Ben faz bem em se jogar para trás das câmeras. O filme é interessante. O que eu senti falta no filme foi uma fotografia mais impactante. É só uma questão de gosto (e idéias), mas acho que a luz poderia ter sido mais bem trabalhada para causar impacto. O visual da obra ficou parecido com seriados tipo Law & Order.
E realmente, a descisão final tomada pelo protagonista levanta aquela questão de olho por olho, dente por dente e tudo mais que não fazemos nos dias de hoje, devido a forte marcação do politicamente-correto em nossas vidas.
Muito bom, hein! Vi ontem à noite. A locadora nem havia cadastrado o DVD ainda. E fiquei lá esperando.
Grande Ben Affleck, hein, grande Ben Affleck...
Bjs!
Weiner, que bom que o filme está sendo bem disputado. Isso é para a distribuidora do filme ver a besteira que fez ao lançar a obra direto em vídeo.
Felipe, aguardo seu comentário.
Vinícius, é justamente essa narração que dá o tom todo do filme. É ali que está o segredo. E eu faço minhas as suas palavras sobre "Medo da Verdade".
Ramon, eu concordo que o Casey é mais talentoso e que o Ben foi esperto ao seguir a carreira de diretor. Entendo o que você quer dizer sobre o visual do filme e concordo.
Otavio, por mim, Ben Affleck vira diretor. Ele é bem melhor nessa função do que como ator.
Beijos.
Ainda não achei para alugar... Mas quero ver essa tão falada interpretação da Amy Ryan!
Marfil, a Amy Ryan está sensacional no papel de Helene McCready. É uma performance curta, porém muito marcante.
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